+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

FT: Megaleilão de petróleo do Brasil cai por terra

O tão esperado megaleilão brasileiro de reservas de petróleo do pré-sal terminou em frustração na quarta-feira (6), quando grupos globais de energia se afastaram das ofertas em quase todas as ofertas.

O desenvolvimento será um golpe para as esperanças da indústria petrolífera brasileira, bem como para o governo do presidente Jair Bolsonaro, que esperava arrecadar US $ 25 bilhões em taxas de licenciamento e dezenas de bilhões a mais em compensação de produção do leilão.

Preços exorbitantes, regras complexas de compartilhamento e uma reticência mais ampla sobre o Brasil parecem ter assustado os principais players mundiais. Após semanas de alta, duas das quatro perspectivas em águas profundas não receberam ofertas e as outras duas receberam os lances mais baixos possíveis.

As empresas de petróleo estão cada vez mais preocupadas com a viabilidade de tais projetos, em meio a um impulso global mais amplo por energia limpa. Muitas grandes petrolíferas ocidentais estão sob pressão dos acionistas para pensar cuidadosamente em grandes desenvolvimentos, disseram diplomatas estrangeiros em Brasília.

“Desde o início, houve uma superação – uma estratégia de leilão para tentar aproveitar ao máximo”, disse Cláudio Porto, fundador da Macroplan Prospectiva, uma consultoria.

Os investidores ainda são muito cautelosos. O governo jogou demais e acabou frustrado.

Cláudio Porto, fundador da Macroplan Prospectiva: “As reservas são realmente muito valiosas, mas um fator é a percepção externa do Brasil. E acho que os investidores – por serem investimentos muito grandes e duradouros – ainda esperam um pouco mais de clareza sobre o cenário e como a política comercial geral e o ambiente econômico evoluirão.”

Roberto Castello Branco, executivo-chefe da Petrobras, acrescentou: “Pensamos que haveria concorrência. Não havia.”

No total, acredita-se que os quatro campos do pré-sal – nomeados para a crosta grossa de sal que fica acima do petróleo – contenham até 15 bilhões de barris de petróleo. As autoridades no Brasil esperavam que o leilão, na década de 2030, provocasse um enorme aumento na produção de petróleo do país – de 3 a 7 milhões de barris por dia – uma perspectiva que agora parece improvável.

Búzios – o maior dos quatro campos – recebeu uma oferta de um consórcio da Petrobras e da China, CNOOC e CNODC da China, oferecendo a taxa de assinatura necessária de US $ 17 bilhões e a quantidade mínima de “óleo de lucro”, a quantia que eles precisam compartilhar com o governo, em 23%. Cada grupo chinês terá uma participação de 5% na parceria.

O segundo prospecto, Itapu, recebeu apenas uma oferta da Petrobras, enquanto o terceiro e quarto, Sépia e Atapu, não receberam nenhuma oferta. Eles devem retornar ao leilão no próximo ano, sob regras diferentes.

Economia brasileira

Esperava-se que o leilão fosse a maior rodada de licitações de petróleo da história e foi anunciado como “histórico” pelas autoridades brasileiras de energia apenas momentos antes do início do evento no Rio de Janeiro, na quarta-feira.

Um diplomata ocidental que se encontrou com as principais petrolíferas antes do leilão disse que as empresas estavam “muito empolgadas” com isso.

“Isso mostrará a grandeza do estado”, disse Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, no início do leilão na quarta-feira.

Analistas estimaram que os projetos resultantes poderiam desencadear a criação de mais de 400.000 empregos e dar início a um renascimento da indústria petrolífera do país, que foi devastada pela investigação de Lava Jato, que dura anos.

Mais de uma dúzia de grupos petrolíferos globais, incluindo ExxonMobil e Royal Dutch Shell, estiveram presentes na cidade litorânea para a licitação.

Um representante da Shell disse que a empresa “continuará avaliando novas oportunidades de investimento no país, alinhadas às nossas expectativas de investimento e capacidade de agregar valor máximo aos nossos acionistas de maneira segura e socialmente responsável”.

O fracasso do leilão também deve diminuir a expectativa dos investidores de que o Brasil esteja a caminho de liberalizar sua economia historicamente protecionista.

“Os investidores ainda são muito cautelosos. O governo jogou demais e acabou frustrado”, disse Porto.

Fonte: Financial Time

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Falta de quórum impede andamento da CPI do Rio Melchior no DF pela terceira vez

A terceira reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a poluição do Rio Melchior, no Distrito Federal, foi cancelada nesta quinta-feira (24), mais uma vez por falta de quórum. Desde a primeira reunião a CPI não consegue ser realizada pelo não comparecimento de todos os deputados distritais. A ausência de parlamentares, incluindo suplentes, gerou críticas por parte

Leia Mais »

Organizações do CONAMA e CNEA se posicionam contra expansão da indústria do petróleo na costa amazônica

Organizações da sociedade civil integrantes do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e do CNEA (Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas), por meio de proposta do Instituto Internacional ARAYARA, manifestaram publicamente sua oposição à expansão da indústria do petróleo no Brasil, destacando especial preocupação com os impactos na costa amazônica. As entidades se posicionaram contra a realização do 5º Ciclo da

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Geração de energia no Brasil vive encruzilhada decisiva entre vanguarda renovável e retrocesso fóssil

A eficiência na geração elétrica não é mais uma escolha técnica. É uma prioridade estratégica diante da crise climática global, das pressões econômicas e das demandas por justiça social. E o Brasil precisa se posicionar. Autor: Anton Schwyter, Doutorando no Instituto de Energia e Ambiente, Universidade de São Paulo (USP) A geração de energia no Brasil vive um momento decisivo.

Leia Mais »