+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

A problemática da extração de óleo e gás através do método de Fracking: Impactos no agronegócio e na exportação de produtos

A extração de petróleo e gás por meio do método de Fracking tem se tornado uma prática cada vez mais comum na indústria de energia, porém, muito problemática. No entanto, é importante ressaltar que essa técnica ainda carece de regulamentação no Brasil, embora existam vários projetos em andamento para sua exploração em diversos estados do país, tais como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Bahia, Piauí, entre outros. A expansão desse método poderá acarretar impactos significativos no setor do agronegócio e nas exportações de produtos, devido à contaminação do solo, água e ar e consequentemente os produtos produzidos pelo agronegócio na região. 

Neste artigo, abordaremos os princípios do Fracking, seus efeitos sobre o agronegócio e a exportação de produtos-chave, como soja, milho, carne e seus derivados. Além disso, examinaremos os conflitos que surgem entre a indústria do petróleo e o agronegócio e, por fim, discutiremos possíveis soluções para evitar a expansão do Fracking no Brasil e na América Latina.

  1. Fundamentos do Fracking:

O Fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, é um método utilizado para liberar óleo e gás não convencional  de formações rochosas. Esse processo envolve a injeção de milhões de litros de água potável e mais de 600 produtos, causando uma grande  pressão nas rochas para fraturas, permitindo assim a extração do gás. O Fracking ganhou relevância ao longo dos anos devido à disponibilidade de reservatórios não convencionais, como o xisto pirobetuminoso causando um grande prejuízo  para o agronegócio e pecuária caso seja explorado no Brasil. 

  1. Impactos no agronegócio:

A extração de óleo e gás através do Fracking tem impactos significativos no agronegócio. Um dos principais problemas é a contaminação do solo e das águas subterrâneas devido à injeção e liberação de produtos químicos prejudiciais, como o benzeno, que é um conhecido agente cancerígeno, tolueno, etilbenzeno, xileno, ozônio, hidrocarbonetos e outras substâncias tóxicas. Além disso, as empresas de extração não revelam quais substâncias são utilizadas, alegando segredo industrial. Autoridades da Pensilvânia documentaram pelo menos 260 contaminações de água pelo fraturamento hidráulico desde 2005.

Em outro estudo de longo prazo em bovinos, foram relatadas associações entre a queima de gás ácido e o aumento do risco de nado-morto em três dos quatro anos estudados, bem como um aumento do risco de mortalidade de bezerros em um dos anos estudados. Num estudo de seleção de habitat. Descobriram que cervos-mula evitavam áreas de desenvolvimento de gás. Em um relatório recente do mesmo autor, a população de cervos diminuiu 45% em um ano, e a taxa de sobrevivência também diminuiu.

É evidente que a contaminação pode afetar significativamente a qualidade e segurança das pecuária e do agronegócio nas áreas afetadas. Além disso, a infraestrutura criada para a extração, como estradas e tubulações, podem restringir  e/ou fragmentar  as propriedades rurais, resultando  na perda parcial ou completa de propriedades rural agrícolas.

Implicações na exportação de produtos:

Os impactos do Fracking na exportação de produtos agrícolas e pecuários também são significativos. Com as preocupações crescentes em relação à segurança alimentar e ao controle de resíduos químicos, muitos países têm requisitos e regulamentações rígidas para a importação de  alimentos advindos de territórios que exploram gás e petróleo através do método do fracking. A contaminação causada pelo Fracking pode levar a restrições comerciais e à perda de mercado, afetando a economia do país.

  1. Conflitos entre a indústria do petróleo e o agronegócio:

Em regiões onde a indústria do petróleo e o agronegócio coexistem, surgem conflitos. Os interesses da indústria do petróleo em explorar reservas de óleo e gás entram em conflito com as  áreas agrícolas. Além disso, a contaminação do Fracking  prejudica significativamente  a produtividade e a rentabilidade das atividades agrícolas.

  1. Alternativas e soluções:

Para que o agronegócio e a pecuária brasileira não tenham perdas de seus produtos, que é a economia deste país,  temos que proibir este método de extração a nível nacional.  O Brasil é rico em alternativas e soluções sustentáveis. Investir em fontes de energia renovável e em tecnologias mais sustentáveis é a alternativa mais viável. Por isso, estamos informando, mobilizando através de audiências públicas no Congresso Nacional, os setores do agronegócio e pecuária para que se mobilizem e exijam a  aprovação PL 1935/2019 de  autoria do Deputado Schiavinato, hoje o relator é o deputado Ivan Valente garantindo assim  a segurança das atividades do agronegócio e  da pecuária brasileira. 

Conclusão:

A extração de óleo e gás através do Fracking tem o potencial de causar impactos irreversíveis no setor do agronegócio e na pecuária, especialmente em relação às exportações de produtos. Podemos tomar como exemplo o caso da Argentina, nosso vizinho, que, devido à contaminação da água e do solo, teve perdas significativas na exportação de produtos como maçãs e peras.

É de extrema importância abordar essa problemática do fracking aqui no Brasil e buscar soluções sustentáveis. Investir em fontes de energia renovável, aprovar o PL 1935/2019 e promover o diálogo e a colaboração entre os diversos setores para proibir o fracking. Isso garantirá que a economia do agronegócio e da pecuária continue se desenvolvendo, ao mesmo tempo em que possibilitará a construção de uma indústria de energia mais sustentável. Além disso, assegurará um futuro mais seguro tanto para o agronegócio quanto para as exportações de seus diversos produtos. Ainda destaco a importância de proibir o fracking através do  PROJETO DE LEI N.º 1.935, DE 2019 Acrescenta o inciso III, no art. 37 do Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967, para proibir a outorga de concessão de lavra para exploração de gás mediante processo de fraturação hidráulica ou fracking.

O PL se encontra em tramitação na Camara dos Deputados e pode ser acompanhado no seguinte link: https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2196375 

Por Suelita Röcker | Instituto Internacional ARAYARA | COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Impasse em Belém: ainda com pendências na agenda oficial, metas de adaptação criam novo entrave na COP30

O presidente da convenção prometeu apresentar novos desdobramentos das conversas até sábado; no domingo tratativas avançaram até o fim da noite Ao abrir a COP30, na segunda-feira, a presidência da conferência prometeu para dali a dois dias uma definição sobre quatro itens que, àquela altura, não se sabia se entrariam na agenda oficial do encontro. Esgotado o prazo nesta terça-feira,

Leia Mais »

Painel Expõe Lobby do Gás e Desmascara a Falsa Transição Energética na América Latina

A expansão desenfreada do gás natural e a urgência de uma Transição Justa foram o foco do painel “Reducción de emisiones de metano en los sectores energía y residuos desde los principios de la Transición Justa”, realizado no ARAYARA Amazon Climate Hub. O debate, organizado por entidades latino-americanas de defesa ambiental, expôs como a indústria fóssil avança no continente, ignorando

Leia Mais »

Belém em Alerta: Painel na COP30 Expõe Racismo Ambiental e o Legado de Violações em Grandes Eventos

A crise climática não é apenas ambiental, é uma crise de direitos humanos, e o seu impacto recai de forma desproporcional sobre populações negras, periféricas e de baixa renda. Essa foi a tese central do debate “Racismo Ambiental e os Impactos Locais de Grandes Eventos: O Caso de Belém e a Justiça Climática Territorial”, promovido pela Anistia Internacional Brasil no

Leia Mais »

Falsa Transição: Debate no Amazon Climate Hub Denuncia Lobby do Gás e a Criação de “Zonas de Sacrifício”

A expansão do gás natural liquefeito (GNL) e as manobras políticas para consolidar a indústria fóssil foram o foco do debate “Zonas de Sacrifício e Falsa Transição: impactos da Infraestrutura de GNL e dos jabutis do gás” no ARAYARA Amazon Climate Hub. O evento, promovido pela Coalizão Energia Limpa, IEMA e Equal Routes, reuniu especialistas para desmascarar a narrativa de

Leia Mais »