No dia em que se comemora o Dia do Planeta Terra – com dados muito pouco animadores para celebrar – o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu início à Cúpula de Líderes sobre o Clima, onde ressaltou que esta é uma “década decisiva” para enfrentar a mudança climática.
Os EUA se comprometeram a reduzir as emissões de carbono em 50-52% abaixo dos níveis de 2005 até o ano de 2030. Esta nova meta, que foi revelada em na cúpula virtual com 40 líderes globais, basicamente duplica a promessa anterior.
Já os líderes da Índia e da China, dois dos maiores emissores do mundo, não assumiram novos compromissos.
“Os cientistas nos dizem que esta é a década decisiva – esta é a década em que devemos tomar decisões que evitarão as piores consequências da crise climática”, disse o presidente Biden no discurso de abertura da cúpula.
“Devemos tentar manter a temperatura da Terra em um aumento de 1,5°C. O mundo além de 1,5 graus significa incêndios mais frequentes e intensos, inundações, secas, ondas de calor e furacões – destruindo comunidades, destruindo vidas e meios de subsistência.”
O presidente americano ressalta que há um imperativo moral e econômico para agir imediatamente sobre a mudança climática.
Referindo-se à nova promessa de corte de carbono dos EUA, Biden acrescentou: “Os sinais são inconfundíveis, a ciência é inegável e o custo da inação continua crescendo”.
O Reino Unido está desempenhando um papel fundamental, neste ano, ao presidir a COP26, em Glasgow. O governo tem a tarefa de chegar a um acordo quando os líderes mundiais se reunirem em novembro.
Neste primeiro dia da cúpula, que terá continuidade nesta sexta-feira (23), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, chamou o anúncio do presidente Biden sobre o corte das emissões de gases de efeito estufa dos EUA de “uma mudança no jogo”.
Brasil leva poucas propostas e levanta muitos questionamentos
O presidente Jair Bolsonaro foi o 20° e último entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), falando depois das Ilhas Marshall e da Argentina. A ordem foi elaborada pelo governo americano e o presidente Joe Biden não acompanhou o discurso de Bolsonaro.
Ao invés de anunciar ações concretas no lugar das promessas vagas que tem feito e sem credibilidade nos cenários nacional e internacional, o presidente Jair Bolsonaro usou metade de seu discurso para falar sobre ações ambientais que o Brasil conquistou nos últimos 15 anos – conquistas estas que ele mesmo vem retrocedendo ativamente desde que assumiu a presidência.
Com a maior área de floresta tropical do mundo, o Brasil tem um papel de influência única e responsabilidade entre as nações para manter a saúde do sistema. As florestas do país absorvem uma enorme quantidade da poluição de carbono do mundo todos os anos. Portanto, manter essas florestas intactas é fundamental para atingir os objetivos gerais. Durante o evento, Bolsonaro também disse que as florestas pertencem ao Brasil, não ao mundo.
Um esforço anterior, estabelecido por governos e empresas em 2014, para reduzir o desmatamento ilegal pela metade fracassou no ano passado. O ano de 2020 registrou um recorde no desmatamento na Amazônia. Entre janeiro e dezembro do ano passado, a floresta perdeu mais de 8 mil km² de área verde – um aumento de 30% em comparação com 2019 e a maior perda dos últimos dez anos.
Mudanças no modelo americano
O clima tem sido o foco central dos primeiros meses do governo Biden no cargo.
Além de se juntar novamente ao Acordo de Paris e organizar a cúpula desta quinta-feira, a equipe de Biden tem trabalhado em uma forte promessa de convencer o mundo de que eles falam sério.
O fato de o presidente Biden estar preparado para ir além de um corte de 50% é uma surpresa bem-vinda para muitos cientistas e ativistas.
Mas a nova promessa significará grandes mudanças no estilo de vida americano. O carvão terá de desaparecer da mistura de eletricidade, enquanto os carros e caminhões que consomem muita gasolina terão que se tornar elétricos.
Outros que fizeram novas promessas incluem Canadá, Japão e Coréia do Sul.
*Com informações da BBC e The Guardian