+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Dia Mundial da Água: Como a exploração de combustíveis fósseis ameaça nosso bem mais vital

Dia Mundial da Água. Dia de conscientizar, mobilizar, alertar e ressaltar a importância de proteger o bem mais precioso do planeta e que corre riscos de contaminação e escassez por todos os lados.

Dados da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde apontam que uma em cada três pessoas no mundo não possui acesso à água potável e três bilhões de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos de forma adequada.

Além disso, o mundo ainda enfrenta, diariamente, questões urgentes ligadas à contaminação e poluição dos recursos hídricos, ainda mais agravadas pela exploração de combustíveis fósseis e, consequentemente, as mudanças climáticas.

Não é nenhuma novidade que a exploração de combustíveis fósseis está diretamente ligada à contaminação da água por todo o mundo. O desenvolvimento de carvão, petróleo e gás representa inúmeras ameaças aos cursos de água e lençóis freáticos.

Derramamentos e vazamentos de óleo durante a extração ou transporte poluem as fontes de água potável e colocam em risco toda a água doce e ecossistemas oceânicos.

Vale lembrar que ainda nem se completaram dois anos do mega acidente petroleiro que atingiu mais de 2 mil quilômetros do litoral das regiões Nordeste e Sudeste, gerando prejuízos bilionários para a indústria do Turismo, a indústria da Pesca e ao Meio Ambiente.

Agora, enfrentamos um novo desafio. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) quer colocar em risco as águas que banham o Parque Nacional de Fernando de Noronha e outros santuários naturais para explorar petróleo e gás. Junte-se à nossa campanha e #SalveFernandodeNoronha.

Os perigos da exploração

Todas as operações de perfuração, fraturamento e mineração geram enormes volumes de águas residuais, que podem ser carregadas com metais pesados, materiais radioativos e outros poluentes.

As operações de mineração de carvão impactam o abastecimento de água, geralmente com efeitos de longa duração. A questão fundamental envolve a contaminação de rios, lagos e aquíferos próximos à mina de carvão – geralmente água altamente ácida contendo metais pesados ​​como arsênico, cobre e chumbo.

A maioria das cinzas de carvão ainda é armazenada em tanques ou fossos sem revestimento. Com o tempo, os metais pesados ​​nas cinzas podem escapar para os cursos d’água próximos e contaminar a água potável.

No Rio Grande do Sul, estamos lutando contra a instalação de uma mina de carvão que traz riscos graves de abastecimento e contaminação da água que abastece milhões de pessoas, além de uma série de danos ambientais que podem ser irreversíveis na região.

O licenciamento ambiental concedido para a Mina Guaíba não previu uma série de riscos e impactos na qualidade da água do Rio Jacuí, responsável por 86,3% da vazão média de aporte ao Lago Guaíba, ou seja, é o maior responsável pela quantidade de água. Participe da campanha.

O fracking – fraturamento hidráulico – e seus fluidos tóxicos também contaminam a água potável. Dentre os químicos estão benzeno, diesel, naftaleno, cloreto de benzilo, formaldeído, bário e chumbo.

Estes são só alguns dos problemas causados pelo fracking:

  • Declínio de água de lençóis freáticos
  • Altas concentrações de químicos nos lençóis freáticos devido a derramamentos de fluídos de fracking e químicos, e à injeção em poços
  • Injeção de fluídos de fracking diretamente nos lençóis freáticos
  • Despejo de fluído de fracking em águas de superfície
  • Despejo de fluído em lagoas não impermeabilizadas que levam à contaminação dos lençóis freáticos

As indústrias ainda armazenam resíduos de fracking em fossos a céu aberto ou poços subterrâneos que podem vazar ou transbordar para os cursos d’água e contaminar os aquíferos com poluentes ligados ao câncer, defeitos congênitos, danos neurológicos e muito mais.

A queima do petróleo, carvão e gás ainda é responsável pela alteração química básica do oceano, tornando-o mais ácido. Nossos mares absorvem até um quarto de todas as emissões de carbono causadas pelo homem. As mesmas emissões estão diretamente ligadas às mudanças climáticas que ameaçam o planeta.

Forte impacto das mudanças climáticas

Para quem não sabe, a água é o principal meio pelo qual sentiremos os efeitos das mudanças climáticas. A disponibilidade de água está se tornando menos previsível em muitos lugares, e o aumento da incidência de inundações ameaça destruir os pontos de água e instalações de saneamento, além de contaminar as fontes de água.

Em algumas regiões, as secas estão aumentando a escassez de água, afetando a saúde e a produtividade das pessoas. Garantir que todos tenham acesso a serviços sustentáveis ​​de água e saneamento é uma estratégia crítica de mitigação das mudanças climáticas para os próximos anos.

Já passou da hora de tratarmos as mudanças climáticas como pauta prioritária e urgente. Elas não esperam por consensos institucionais, afetam toda a vida do planeta e o nosso recurso mais vital, que é a água. Estamos falando de um futuro muito próximo em que se chega ao fim da vida como conhecemos hoje”, ressalta Nicole Oliveira, diretora do Instituto Internacional Arayara.

A Arayara é uma das organizações que fazem parte do Acordo de Glasgow, um compromisso de pessoas e organizações em todo o mundo com a tomada de medidas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma estratégica.

Conheça alguns dados importantes sobre o impacto das mudanças climáticas:

  • Os impactos das mudanças climáticas são mais sentidos por meio de mudanças nas condições hidrológicas, incluindo mudanças na dinâmica da neve e do gelo. (ONU, 2020)
  • As mudanças climáticas terão seu impacto mais direto na sobrevivência infantil por meio de três canais diretos: mudança no ambiente de doenças, maior insegurança alimentar e ameaças à água e ao saneamento. (UNICEF, 2019).
  • As mudanças climáticas devem aumentar o número de regiões com escassez de água e exacerbar a escassez em regiões já com escassez de água. (ONU, 2020)
  • Em 2050, o número de pessoas em risco de inundações aumentará de seu nível atual de 1,2 bilhão para 1,6 bilhão. Do início a meados da década de 2010, 1,9 bilhão de pessoas, ou 27% da população global, vivia em áreas com potencial de escassez de água. Em 2050, esse número aumentará para 2,7 a 3,2 bilhões de pessoas. (ONU, 2020)
  • Mais de um quinto das bacias do mundo experimentaram recentemente aumentos rápidos em sua área de água superficial indicativo de enchentes, um crescimento em reservatórios e terras recentemente inundadas; ou declínios rápidos na área de água superficial, indicando o esgotamento de lagos, reservatórios, pântanos, várzeas e corpos d’água sazonais. (UN-Water 2021)

O que se projeta é que temperaturas mais altas e condições climáticas mais extremas e menos previsíveis afetem a disponibilidade e distribuição da chuva, derretimento da neve, fluxos dos rios e lençóis freáticos, deteriorando ainda mais a qualidade da água.

Comunidades de baixa renda, que já são as mais vulneráveis ​​a quaisquer ameaças ao abastecimento de água, provavelmente serão as mais afetadas.

Prevêem-se mais inundações e secas severas. Mudanças na disponibilidade de água também afetarão a saúde e a segurança alimentar e já provaram desencadear a dinâmica dos refugiados e a instabilidade política.

Neste Dia Mundial da Água, reforçamos ainda mais a urgência de se tratar tantas pautas que são vitais para o planeta e a vida.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Seleções do Pacífico sofrem com o risco de desaparecer do futebol

Consequência das mudanças climáticas, elevação do nível do mar na região provoca suspensão de jogos e competições, além de enchentes, erosão do solo e deslocamentos forçados Por Rodrigo Lois — Rio de Janeiro Jordi Tasip tem o sonho de jogar a Copa do Mundo. Ele é o camisa 10 da modesta seleção de Vanuatu, país no Oceano Pacífico formado por cerca

Leia Mais »

Copelmi: mineradora terá que prestar esclarecimentos sobre o impacto da Mina do Cerro nas comunidades indígenas da região

O Instituto Internacional Arayara protocolou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), na semana passada, um pedido formal de esclarecimentos sobre a ausência de detalhes cruciais sobre o componente indígena no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de mineração de carvão da Mina do Cerro, da mineradora Copelmi. O empreendimento, situado no município de

Leia Mais »

Comunidade e Câmara Municipal de Caçapava unidas contra a instalação da maior termelétrica de gás fóssil da América Latina

No dia 29 de outubro, a geógrafa e doutora Raquel Henrique, especialista em Planejamento Urbano e Regional, foi à Tribuna Livre da Câmara Municipal de Caçapava para atualizar a comunidade e os vereadores sobre o avanço da oposição à Usina Termelétrica São Paulo.  Proposta pela empresa Natural Energia, a usina  Termelétrica São Paulo de 1,74 GW, enfrentou forte resistência local

Leia Mais »