A experiência de comunidades tradicionais do Brasil e da Indonésia converge na luta pela justiça climática. Essa foi a força motriz do evento “Vozes da Indonésia: Conhecimento Indígena, Alimentos Azuis e Narrativas Climáticas”, que transformou o ARAYARA Amazon Climate Hub em um palco de intercâmbio Sul-Sul na noite de sábado, 15 de novembro.
Promovido pelo The Climate Reality Project Indonesia, o encontro uniu jovens líderes, o Movimento Escoteiro e o público da COP30 para debater soluções e narrativas de resistência, focando no poder da comunicação e da identificação global.
Um Espelho de Vulnerabilidade Global
As falas de abertura, conduzidas por Arefah Handayani (Gerente de Ação Comunitária do Climate Reality Indonesia) e Pedro Jesús (Organização Mundial do Movimento dos Escoteiros), destacaram a semelhança dos desafios enfrentados pelos dois países.
“Os problemas que o Brasil enfrenta são parecidos com os que a Indonésia enfrenta em relação à emergência climática,” observaram os painelistas, que reforçaram que a juventude deve estar à frente da luta.
Eles lembraram a urgência do momento, dez anos após o Acordo de Paris, ressaltando que “os níveis do mar já subiram, o 1,5º já está alcançado”, o que exige que projetos de adaptação e mitigação se transformem em “implementação e ações concretas” nos territórios.
O Poder Político da História Contada
O ponto central da noite foi a exibição do documentário Demokrasi. A diretora, Ahgnetta, destacou em mensagem de vídeo a relação do título com a justiça climática, criticando a “falha dos sistemas de governos e instituições em assistir às populações mais vulneráveis” e a fragilidade da democracia no Sul Global.
O filme ilustrou como a crise é sentida em três ambientes diferentes da Indonésia – urbano, costeiro e de povos originários – gerando forte conexão com o público brasileiro. O potencial da comunicação para gerar identificação foi ressaltado por Isaura Rodriguez (Organização Mundial do Movimento dos Escoteiros).
“Eu acredito muito no poder de contar histórias. E contar histórias em vídeo tem um potencial muito forte, é diferente de falar aqui sobre isso,” afirmou Isaura.
A emoção na plateia refletiu essa conexão. Uma participante, de uma comunidade tradicional de pesca do Rio Grande do Norte, compartilhou:
“Me senti muito representada, me emocionou… É incrível como a minha vivência se conecta com as vivências de pessoas do outro lado do mundo.”
Os relatos difíceis do filme abriram o debate sobre ecoansiedade, reforçando que falar sobre os impactos nos territórios e os sentimentos gerados pela crise é parte crucial da ação climática.
O evento buscou conectar saberes tradicionais com as políticas globais, promovendo um diálogo sobre o Conhecimento Indígena como base de resiliência e as dietas de Alimentos Azuis como estratégias de adaptação.














