por Nicole Oliveira | 14, nov, 2020 | Mudanças Climáticas |
Nesta segunda-feira, dia 16 de novembro, a luta pela justiça climática inicia um capítulo importante: mais de 70 organizações de todo o mundo assinarão o Acordo de Glasgow, assumindo o compromisso de criar planos nacionais para alcançar cortes de 50% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030.
O acordo será assinado por organizações de mais de 30 países e 5 continentes diferentes, às 12h, tanto offline como online, na iniciativa “From the Ground Up” da Coalizão COP26.
A Arayara é uma das três instituições representando o Brasil na iniciativa, que conta com mais de 50 organizações de mais de 20 países e 3 continentes diferentes.
Há uma necessidade urgente de ação climática por parte de nossos governos? Sim, são suas responsabilidades. Mas não dá mais para continuar aguardando decisões institucionais e burocratizadas.
Assim, o Acordo de Glasgow visa retomar a iniciativa de governos e instituições internacionais sobre ação climática.
Um compromisso da sociedade civil com a mudança
Essas organizações se comprometem com o uso adequado de táticas para conseguir alcançar metas concretas e reconfigurar a economia que os governos e as instituições internacionais fracassaram totalmente em realizar.
O Acordo de Glasgow, que pode ser lido aqui, foi elaborado durante 2020 por várias organizações de todo o mundo.
Ao assinar este acordo, o movimento de justiça climática assume a necessidade de cortar coletivamente as emissões de gases de efeito estufa por meio de uma estrutura política de justiça climática.
Para alcançar esses cortes necessários, as organizações irão produzir inventários territoriais dos principais setores e emissores de gases de efeito estufa e projetos futuros.
A partir disso, eles vão criar uma agenda climática com prioridades de ação para desligamento, transformação e justiça social.
Globalmente, o Acordo de Glasgow propõe a criação de uma agenda climática mais ampla, baseada em prioridades territoriais, para o movimento pela justiça climática.
Cooperação entre organizações mundiais pela justiça climática
Nacional e internacionalmente, as organizações do Acordo de Glasgow apoiarão umas às outras com táticas e conhecimento, a fim de cumprir as agendas climáticas locais e globais.
Entre as mais de 70 organizações inscritas, você pode encontrar nomes como ATTAC Maroc (Marrocos), Justiça Ambiental (Amigos da Terra em Moçambique), Earthlife África (África do Sul), Fridays For Future Uganda, Jovenes por el Clima (Fridays for Future Argentina), Plataforma Bolivariana frente al Cambio Climatico (Bolívia), Arayara (Brasil), MOCICC – Movimiento Ciudadano frente al Cambio Climático (Peru), Alianza Mexicana contra el fracking (México), Make Rojava Green Again (Rojava, norte da Síria), Youth Advocates for Climate Action (Filipinas), Youth for Climate France, An Taisce (Irlanda), Climáximo (Portugal), Divest Strathclyde (Escócia), Ecologistas en Acción (Espanha), Climatestrike Suíça, Code Rood e Extinction Rebellion NL (Holanda ), Global Justice Now (Reino Unido) ou XR Cymru (País de Gales).
Três meses após a assinatura do Acordo de Glasgow, os membros terão produzido seu primeiro inventário nacional dos principais emissores de gases de efeito estufa e futuros projetos que aumentem as emissões, a fim de criar a agenda climática correspondente.
por Rui Ogawa | 15, set, 2020 | Mudanças Climáticas |
A recente onda de queimadas, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, começaram a gerar uma massa de ar quente que impede a condensação de nuvens, consequentemente atrasando o período chuvoso que devia ter iniciado nessas regiões. A situação é grave em especial no Cerrado e no Pantanal.
Essa imagens são do aplicativo Weather Underground.
por Nicole Oliveira | 17, jul, 2020 | Mudanças Climáticas, Mundo, Notícias |
Uma nova nuvem de gafanhotos foi detectada no Paraguai e está a cerca de 300 km da Argentina, informou o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino (Senasa) nesta quinta-feira (16).
O Serviço Nacional de Sanidade Vegetal (Senave) do Paraguai disse aos argentinos que a nova nuvem foi encontrada na área de Teniente Pico, dentro do departamento (equivalente a estado) de Boquerón.
Os paraguaios afirmaram que os insetos estão se deslocando para o sul do Chaco – região que compreende Argentina, Bolívia e Paraguai. Seguindo essa direção, a tendência é que a nuvem de gafanhotos entre em território argentino.
Segundo o jornal paraguaio ABC Color, na terça-feira e nesta quinta-feira, técnicos do Senave realizaram a aplicação de inseticidas por aviões. O resultado será avaliado nos próximos dias.
E a nuvem da Argentina?
Já a nuvem de gafanhotos que estava mais próxima do Brasil segue sendo monitorada pelo país vizinho.
Após diversas aplicações de inseticidas e morte de parte da nuvem, os insetos estavam “escondidos” há quase uma semana.
Com dificuldade para encontrar os gafanhotos, técnicos argentinos conseguiram localizar parte da nuvem nesta quinta-feira em Curuzú Cuatiá, a cerca de 140 km do território brasileiro.
As baixas temperaturas no Sul do país e Argentina, além da passagem de um “ciclone bomba”, impediram um deslocamento maior da nuvem, deixando os gafanhotos “adormecidos”, pois preferem o calor para se reproduzir e locomover.
Fonte: G1
por Nicole Oliveira | 14, jul, 2020 | Mudanças Climáticas, Mundo, Notícias |
As emissões globais de metano, um gás de efeito estufa muito mais potente do que o CO2, aumentaram 9% entre 2006 e 2017, devido sobretudo ao setores energético e agrícola, segundo um estudo que será publicado nesta quarta-feira (15).
Quarenta por cento destas emissões têm origem natural (áreas pantanosas sobretudo) e cerca de 60% se devem a atividades humanas, segundo este estudo realizado por mais de 100 pesquisadores internacionais sob a égide do Projeto Global do Carbono.
O metano é o segundo maior gás de efeito estufa de origem antrópica (relacionada com as atividades humanas), depois do dióxido de carbono (CO2), mas seu efeito no aquecimento global é 28 vezes maior por quilograma do que o do CO2 em um prazo de 100 anos.
Suas concentrações atmosféricas mais que dobraram desde o começo da era industrial, até representar 23% do aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa.
O aumento calculado pelos pesquisadores (a partir das atividades produtivas observadas e as medidas atmosféricas) corresponde a cenários climáticos com um aquecimento elevado, entre 3 e 4 graus centígrados em 2100.
Esses valores estão acima dos objetivos do Acordo de Paris de 2015 de manter a elevação da temperatura global “consideravelmente abaixo dos 2°C com relação aos níveis pré-industriais, continuando com as ações para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau centígrado”. Para alcançar este último objetivo, as emissões de gases estufa deveriam diminuir 7,6% por ano, segundo a ONU.
“Se quisermos responder ao Acordo de Paris, não devemos nos contentar em limitar as emissões de dióxido de carbono, é preciso reduzir também as de metano”, adverte Marielle Saunois, do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais, que coordenou o estudo.
A cientista defende uma quantificação mais regular (este é o segundo estudo do tipo) das emissões de metano, como se faz com o CO2, “porque a diminuição das emissões pode ser rapidamente benéfica para o clima”, especialmente devido à sua duração mais curta na atmosfera em relação ao CO2.
No período estudado, segundo os pesquisadores, a agricultura foi responsável pela maioria das emissões antrópicas de metano, sendo 30% provenientes dos rebanhos (fermentação digestiva e esterco) e 8% do cultivo de arroz.
Quanto às energias fósseis, a exploração de petróleo e gás representa 22% das emissões antrópicas e a extração de carvão, 11%.
A gestão de resíduos sólidos e líquidos representa 18% das emissões, a queima de biomassa e biocombustível, 8%, e o restante está relacionado com o transporte e a indústria.
As regiões tropicais são as que mais emitem (64% do total, principalmente devido às regiões pantanosas).
As emissões aumentam em todas as regiões do mundo, exceto na Europa. As que têm as maiores emissões são América do Sul, África, sudeste asiático e China.
Os pesquisadores também se preocupam com a possibilidade de as emissões aumentarem muito nas áreas de permafrost (solos congelados por longos períodos), devido ao aquecimento, mas “por enquanto não há sinais” de que esteja ocorrendo.
Fonte: AFP
por Nicole Oliveira | 29, jun, 2020 | Mudanças Climáticas, Mundo |
Cientistas do mundo inteiro têm alertado que a Terra caminha rapidamente para um ponto de não retorno e por isso medidas urgentes são imprescindíveis. Sem o fim do desmatamento das superfícies verdes do planeta e a substituição da queima de combustíveis fosseis por fontes renováveis, dizem, será impossível deter as alterações climáticas em curso e evitar catástrofes de enormes proporções.
Infelizmente, foram poucos os governantes que ouviram os alertas e alteraram comportamentos ou políticas. Catástrofes começaram a acontecer, cada vez com mais intensidade. O que era percebido como algo estritamente relacionado a florestas longínquas tornou-se verdadeiro problema social nas grandes cidades, quando as populações urbanas em situação de maior vulnerabilidade passaram a ser as mais atingidas pelos efeitos das mudanças climáticas.
Ainda temos algum tempo, é verdade. E temos Greta para nos lembrar que o retorno é possível, embora mais difícil e urgente a cada dia. Mas agora a humanidade tem mais outro desafio com o qual se preocupar, que mata mais rápido e se espalha de forma mais veloz por todo o globo.
Estamos diante da maior emergência sanitária contemporânea. A COVID-19 alcançou números alarmantes de vítimas. É uma tragédia de proporções inestimáveis. Impacta diretamente cada pessoa que adoece, falece, seus familiares e conhecidos. Impacta os mais velhos, mais vulneráveis, com doenças preexistentes ou com deficiência. Impacta todos nós que conseguimos ficar em casa ou temos de andar pelas ruas esvaziadas ou não.
Cenas chocantes invadem nossas telas e nossas mentes com imagens que parecem saídas de algum filme distópico futurista. Caixões transportados em caminhões militares. Valas coletivas cavadas às pressas enquanto sepultamentos ocorrem. Agentes sanitários paramentados com roupas de proteção aferindo a temperatura em espaços públicos mundo afora.
É uma catástrofe social gigante. No Brasil que não dorme, o desmonte das políticas públicas sociais mostra o impacto da brutal desigualdade. Atinge notadamente os mais pobres e os que dependem da saúde pública nos 90% dos municípios do país que não possuem UTIs; ou não têm acesso à alimentação de qualidade, moradia digna, saneamento básico, direitos trabalhistas, energia elétrica, informação verdadeira ou internet.
É um daqueles momentos em que a humanidade pergunta-se coletiva e individualmente qual é o sentido da vida. Questão fundamental da filosofia, parece de difícil resposta em um mundo deteriorado, no qual os contatos físicos desapareceram e o outrora pulmão do mundo transformou-se em um dos lugares mais difíceis para se respirar.
Mesmo quem vive em espaços privilegiados, com mais conforto e segurança, não tem passado incólume. A vida no planeta é coletiva. Vivemos com os outros a nossa volta. O que se passa com os outros nos impacta tanto quanto o que acontece com a natureza. Independentemente de importarmo-nos ou não.
Ao que parece, contudo, há esperança. Mais de nós nos importamos do que o contrário! Sentimos a vida que vale a pena ser vivida também pela conexão com o outro, mesmo quando desconhecido, mesmo com o distanciamento físico. Ficamos em casa por solidariedade, fazemos doações, ajudamos quem podemos e como podemos. Parte de nós sabe que a vida em comunidade é mais feliz. Queremos nossos filhos crescendo em um mundo que possam conhecer e com pessoas que possam amar.
É agora e não um dia, talvez, ou quando tudo isso acabar – mesmo porque sabemos que não acabará tão definitivamente. Como comunidade global devemos tomar decisões e apostar em um futuro diferente, mais sustentável, equilibrado e justo. É premente a necessidade de mudarmos a forma como nos relacionamos com o meio ambiente, acabarmos com a desigualdade social e transformarmos nossos padrões de consumo.
Não é mais possível que normalizemos rotinas extenuantes, em que pessoas dispendam cinco horas no transporte público diariamente para trabalhar. Ou que nos acostumemos a viver em centros urbanos cimentados sem espaços verdes ou rios vivos. Que estejamos anestesiados diante do abismo socioeconômico existente entre as periferias urbanas e os centros de tomada de decisão e de poder econômico.
Mais do que nunca, precisamos ensinar às nossas crianças que o ter não deve se sobrepor ao ser, que o outro está conectado a nós intrinsecamente e que as florestas, os mares, os animais são imprescindíveis para a nossa sobrevivência. Temos que estar alertas para, imediatamente, transformarmos os valores consumistas e materialistas que, como sociedade global, temos passado às crianças por gerações. É hora de acabarmos com a formação de hábitos insustentáveis das crianças de hoje, adultos de amanhã, com relação ao ecossistema, à coletividade e ao trabalho.
Crianças precisam de condições básicas de sobrevivência, afeto, cuidado e ambientes livres de violências. A lógica do hiperconsumo deve ser deixada para trás, a fim de que nasçam novas formas de viver, que privilegiem a cooperação, a partilha e a vida em comum no único planeta de que dispomos para viver.
Especialmente em um país com 1/4 da população, 52,5 milhões de pessoas, vivendo abaixo da linha da pobreza – com rendimentos inferiores a R$420,00 por mês – e no qual 42,3% das crianças de zero a 14 anos estão abaixo da linha da pobreza. Onde as estimativas dizem que, em média, leva-se nove gerações para uma criança de família de renda baixa alcançar a renda média.
É o momento de reconstruirmos no Brasil um Estado de bem-estar social forte, democrático e não autoritário, que provenha infraestrutura, saúde e educação públicas de qualidade, serviços de assistência social robustos e políticas sociais para a imensa parcela da população que vive à margem de tudo. Um país que resgate suas dívidas históricas, acredite na ciência, na cultura e garanta as liberdades individuais. Que disponha de empresas éticas e de uma população verdadeiramente solidária. É chegada a hora de exigirmos um novo país, que promova a equidade e a igualdade. Essa é a única ideia disponível no momento a ser considerada!
Fonte: Estadão | Isabella Henriques, advogada e diretora executiva do Instituto Alana
por Nicole Oliveira | 19, jun, 2020 | América Latina, Mudanças Climáticas |
Mais de 510.000 mortes foram registradas nos últimos 50 anos por desastres naturais relacionados às mudanças climáticas na América Latina. A região é extremamente vulnerável a esse tipo de fenômeno, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que divulgou um relatório nesta quinta-feira (18)
Entre 1979 e 2019, houve 2.309 desastres naturais nessa região, que causaram 510.204 mortes e afetaram um total de 297 milhões de pessoas, além de causar danos de US$ 437 bilhões, de acordo com a Cepal.
Os dados integram o livro “A emergência das mudanças climáticas na América Latina e no Caribe: seguimos aguardando a catástrofe ou agimos?”, apresentado nesta quinta-feira em uma videoconferência na sede da Comissão, em Santiago.
A publicação descreve a América Latina e o Caribe como “uma região extremamente vulnerável às mudanças climáticas, devido à dependência de atividades altamente sensíveis ao clima, à sua baixa capacidade de adaptação e à sua exposição a vários fenômenos hidrometeorológicos extremos”.
A crise climática e também a atual emergência de saúde devido ao coronavírus, que está avançando na América Latina com mais de 87.000 mortes e 1,8 milhão de casos, fazem parte de um modelo de desenvolvimento “insustentável e desigual”, com predominância das elites e a cultura de privilégios que levaram a efeitos negativos para a região, acrescenta o documento da Cepal.
Este modelo, segundo o relatório, foi baseado “em grandes externalidades negativas, como as emissões associadas às mudanças climáticas, que excedem os limites ambientais globais e as vulnerabilidades sistêmicas evidenciadas pela Covid-19”. Segundo Alicia Bárcena, secretária-geral da Cepal, “o horizonte é a igualdade, a mudança estrutural progressiva é o caminho, e a política, o instrumento”.
Fonte: UOL