Você pode não estar por dentro da transformação que o mundo vem passando por conta das energias renováveis, mas nem pesquisadores, estudiosos e até mesmo organizações internacionais que estudam o tema estavam preparados para o tamanho do crescimento.
No último sábado, o jornal britânico The Guardian dedicou um de seus artigos à impressionante ascensão da energia solar no mundo. De acordo com a publicação, ela se tornou a energia mais barata que a humanidade já viu e está surpreendendo o mundo – sem que ninguém tenha previsto. Eram poucos os que acreditavam que o crescimento da geração de energia limpa fosse se tornar tão intensa nos últimos anos.
Em 2000, a Agência Internacional de Energia (IEA) fez uma previsão de que, em 2020, o mundo teria instalado um total de 18 gigawatts de capacidade solar fotovoltaica. Apenas sete anos depois, a previsão caiu por terra quando cerca de 18 gigawatts de capacidade solar foram instalados em um único ano.
Desde que a agência foi fundada em 1974 para medir os sistemas de energia do mundo e antecipar mudanças, o World Energy Outlook anual tem sido um documento de leitura obrigatória para formuladores de políticas em todo o mundo.
Nas últimas duas décadas, no entanto, a IEA tem falhado em ver o crescimento maciço das energias renováveis chegando. A organização não apenas subestimou a aceitação da energia solar e eólica, mas também superestimou a demanda por carvão e petróleo.
A Agência Internacional de Energia Renovável diz que o custo da eletricidade da energia solar fotovoltaica caiu 82% na última década, enquanto os custos da energia eólica onshore e offshore caíram 39% e 29%, respectivamente.
Hoje, a Forbes destaca um novo relatório que aponta como as energias renováveis, que custam cada vez menos, podem eliminar a eletricidade dos combustíveis fósseis até 2035.
As energias solar e eólica têm o potencial de atender 100 vezes a demanda global de eletricidade, e os custos dessas energias renováveis estão caindo tão rapidamente que os combustíveis fósseis podem ser eliminados da geração de eletricidade até 2035, de acordo com o relatório da organização Carbon Tracker, do Reino Unido.
O relatório revela que as energias solar e eólica têm potencial para produzir milhares de petawatt-hora (PWh) de eletricidade por ano, enquanto a atual demanda mundial de eletricidade é de apenas 27 PWh.
Além disso, o Carbon Tracker mostra que, se todos optassem por obter a nossa energia apenas da energia solar, a terra necessária ocuparia apenas 450.000 km2 – apenas 0,3% da área terrestre total do mundo e menos do que o espaço ocupado atualmente por operações da indústria de combustível fóssil.
Com essa descoberta, a organização afirma que “a era dos combustíveis fósseis acabou”. Nas taxas de crescimento atuais, as energias solar e eólica poderiam eliminar os preços dos combustíveis fósseis dos mercados de eletricidade do mundo em meados da década de 2030 e, em 2050, poderiam substituir totalmente os combustíveis fósseis.
Brasil a caminho da energia solar
No Brasil, estima-se que até 2024 mais de 880 mil sistemas de energia solar estarão em funcionamento.
O mercado de energia solar vem crescendo consideravelmente no país, principalmente para uso residencial, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). A redução dos gastos com faturas de energia contribui para economia do país e geração de empregos.
Vale destacar que uma usina solar de 100 MWp gera energia para 20 mil casas e evita a emissão de 175 mil toneladas de CO2 por ano.
Hoje, a cidade de Porto Alegre deu início a um importante movimento para trabalhar a cidade como um pólo de ações de sustentabilidade e transição energética. O lançamento da Frente Parlamentar das Energias Renováveis e Sustentáveis foi realizado nesta tarde (09), em uma reunião online que contou com a participação do Instituto Internacional Arayara, representantes municipais e organizações.
A proposta da frente foi aprovada em fevereiro e é da vereadora Cláudia Araújo – que vem realizando reuniões periódicas com a Arayara para planejar ações municipais voltadas para as energias renováveis, o meio ambiente e as mudanças climáticas – como incentivar a economia verde, e geração de energia limpa e a geração de empregos dentro da indústria de energias renováveis.
“O que queremos fazer é debater esse tema de extrema importância para o desenvolvimento e inovação da nossa cidade, além de colaborar com a preservação do meio ambiente através de propostas e melhorias, soluções e a economia, que tanto almejamos. Muitas capitais mundiais vêm buscando se adequar a este tema por saber da importância”, ressaltou a vereadora durante o lançamento.
Dentro das questões a serem abordadas pela frente parlamentar – que irá realizar duas reuniões mensais para discutir ações efetivas -, foram destacadas a prevenção de gases de efeito estufa, prevenção a enchentes, placas de energia solar, iluminação inteligente, IPTU verde, rede de transporte, empregos para o clima e inovação de tecnologias limpas.
“A prefeitura de Porto Alegre tem todo o interesse nesta pauta. O meio ambiente não é assunto para amanhã, mas é assunto para ontem e para hoje. Essa discussão sobre as energias renováveis e a geração de energia por combustíveis fósseis está na ordem do dia e nós precisamos, sim, ter muita discussão neste caminho”, disse o secretário de Governança Local e Coordenação Política de Porto Alegre, Cássio Trogildo.
Com apoio do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, se trata de uma importante iniciativa da maior capital da região Sul do Brasil, que toma a decisão de não só investir na qualidade de vida da população, mas incentivar a economia local, já que a proposta pode gerar mais de 100 mil empregos dentro da área de energia e sustentabilidade nos próximos anos.
“Registramos aqui, em nome da Fundação Arayara e do Instituto Internacional Arayara, nosso agradecimento pelo convite de compormos esta iniciativa que inova e coloca a cidade de Porto Alegre no avanço de se tornar uma capital nos trilhos da transição justa, energética, de uma cidade de baixo carbono, com uma cidade de renovação tecnológica e, portanto, criando oportunidades de geração de empregos e empreendimentos no caminho da descarbonização e da geração de uma nova matriz e cultura energética”, ressaltou o engenheiro e diretor da Arayara, Juliano Bueno de Araújo.
“Parabenizo, assim, a Vereadora Cláudia Araujo, o prefeito Sebastião Mello, os demais vereadores, os secretários municipais, e as organizações da sociedade civil, empresas e cidadãos engajados nesta missão”, complementou.
O engenheiro ainda reforçou que o objetivo é alcançar uma economia neutra do ponto de vista climático e ambiental a alcançar o cenário das energias renováveis de baixo custo, com responsabilidade social e justiça
A Arayara acredita que a transição para este modelo implicará alterações estruturais com um forte impacto sobre determinadas regiões, áreas e grupos sociais. Para não deixar ninguém para trás, esta transição deve ser justa, e esta Frente tem este papel importante para tecer caminhos, propor ao Legislativo e Executivo leis e incentivos, construir com a iniciativa privada, a academia científica e as organizações da sociedade civil os desafios, oportunidades e ações a serem feitas.
O cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris significa avançar por uma via de redução de emissões de gases de efeito estufa até atingir emissões líquidas nulas em 2050. O objetivo é conter o aquecimento global em um máximo de 1,5 °C e atenuar os efeitos negativos sobre os ecossistemas, a economia e a sociedade em seu conjunto, os quais já estão acontecendo.
Uma redução alinhada com este cenário (que teria como significado uma diminuição de 45% até 2030 com relação às emissões de 1990) exigirá importantes mudanças estruturais que afetarão todos os setores da economia e, em particular, a consequente eliminação progressiva e firme dos combustíveis fósseis – como carvão e petróleo – da matriz energética.
“A necessidade de acelerar a ação climática, a nova economia verde, as demandas ambientais, a geração de nova matriz de negócios sustentáveis e otimizar seus benefícios concede uma importância vital ao conceito de transição justa. Acarreta a implementação de políticas e quadros de diálogo social necessários para avançar na transição ecológica a partir de uma perspectiva inclusiva, protegendo adequadamente os trabalhadores e criando empregos de qualidade. A transição estará cheia de novas oportunidades: incentivo às energias renováveis, novos serviços de mobilidade, modelos agroalimentares mais sustentáveis e resilientes, indústrias com maior valor agregado”, concluiu Juliano.
A cidade de Porto Alegre dá um passo importante nesta sexta-feira (09), às 15h, com o lançamento da Frente Parlamentar das Energias Sustentáveis e Renováveis. A iniciativa, que contará com a participação do Instituto Internacional Arayara, tem como objetivo debater a geração de energia sustentável e todas as possibilidades econômicas, ambientais e culturais que isso implica para o município.
A proposta é da vereadora Cláudia Araújo (PSD) – que vem realizando reuniões periódicas com a Arayara para planejar ações municipais voltadas para as energias renováveis, o meio ambiente e as mudanças climáticas – como a criação da frente parlamentar e a geração de empregos dentro da indústria de energias renováveis.
Com apoio do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), se trata de uma importante iniciativa da maior capital da região Sul do Brasil, que toma a decisão de não só investir na qualidade de vida da população, mas incentivar a economia local, já que a proposta pode gerar mais de 100 mil empregos dentro da área de energia e sustentabilidade nos próximos anos.
No requerimento, a vereadora destaca que a utilização de recursos renováveis é benéfica para a economia também por exigir menos investimentos que a indústria de combustíveis fósseis.
Ressalta, ainda, que fontes limpas de energia são aliadas do meio ambiente, por preserveram recursos esgotáveis, garantirem a manutenção dos ecossistemas e ainda reduzirem a emissão de gases poluentes. A criação da frente parlamentar foi aprovada por unanimidade.
“Hoje, a energia limpa é extremamente urgente e necessária. Falamos em fontes renováveis de energia, como a solar, eólica, fonte de biomassa, que estão disponíveis através dos nossos recursos naturais. Temos algumas discussões importantes para trazer com essa frente e esse assunto precisa ser incluído cada vez mais porque é o futuro”, ressaltou a vereadora na aprovação do projeto.
Com intuito de criar e debater as novas formas de buscar e gerar energia, a Frente Parlamentar das Energias Sustentáveis e Renováveis buscará acolher as discussões para ampliar as benfeitorias para o município.
Queremos avançar com esta pauta, que é extremamente importante e irá proporcionar ganhos quanto à redução das emissões de gases de efeito estufa, sobre a alto geração de energia e a geração de empregos para o clima. Quando realizamos uma política pública consistente de descarbonização, estamos gerando uma transição justa de energia que beneficia todos”, reforça o engenheiro e diretor do Instituto Internacional Arayara, Juliano Bueno de Araújo.
Vale lembrar o estudo recente liderado pelo WRI Brasil e pela iniciativa New Climate Economy, que apontam que, ao integrar a sustentabilidade como uma política transversal no planejamento e implementação de decisões de investimento, o Brasil pode se beneficiar das tendências dos mercados financeiros e ampliar o acesso ao financiamento privado.
Após analisar uma série de ações sustentáveis, como implementação de veículos híbridos a etanol e elétricos, ônibus elétricos, caminhões a célula de combustível, biocombustível e eficiência energética, alguns resultados constatam que o Brasil pode obter benefícios econômicos cumulativos de R$ 2,8 trilhões em valor do PIB até 2030 – o dobro da poupança obtida pela reforma da Previdência.
“Responder de forma integral como o Brasil deve construir uma economia mais eficiente, resiliente, justa e sustentável é algo a ser feito em sociedade. O que este estudo se propõe é mostrar uma série de elementos contundentes que evidenciam como o Brasil nunca esteve tão apto a implementar esta novo economia e o quanto o país e seu povo têm a ganhar com ela”, aponta.
Uma contradição, uma oportunidade, um risco e algumas omissões. Assim técnicos e ambientalistas avaliaram o convite da ONU para o Brasil liderar o Diálogo de Alto Nível Sobre Transição Energética, em um Grupo de Trabalho (GT) que inclui Colômbia, Dinamarca, Alemanha, Índia, Espanha e Reino Unido. O convite seria uma oportunidade para o governo do Brasil, o pária global em mudanças do clima devido à disparada nas emissões de Gases do Efeito Estufa sob Bolsonaro (2019/20), apresentar propostas energéticas limpas.
“Somos um estado membro das Nações Unidas com trajetória importante na agenda de matriz energética. Os painéis são de diálogo e importantes para esclarecer esse governo retrógrado como o mundo funciona e como os negócios podem ser impactados se o Brasil não tiver um alinhamento com o novo mundo que está vindo”, avaliou a bióloga Izabella Teixeira, que ocupava o cargo de Ministra do Meio Ambiente quando o País assinou em 2015 o Acordo de Paris Sobre Mudanças Climáticas.
A ONU dividiu os países do Diálogo de Alto Nível sobre Energia em Grupos de Trabalho. São eles Acesso à energia (China, Japão, Quênia, Holanda e Rússia), Transição energética (Brasil, Colômbia, Dinamarca, Alemanha, Índia, Espanha e Reino Unido), Habilitar objetivos do desenvolvimento sustentável por meio de transições inclusivas e justas (Nauru e Emirados Árabes Unidos), Inovação, tecnologia e dados (Ilhas Maurício e Rússia) e Finanças e investimento (República Dominicana, Holanda e Paquistão).
“É comum a cooperação internacional fazer esse tipo de convite justamente para engajar países que não muito ativos na discussão. Apesar de o Brasil ter no atual governo uma reputação muito ruim nas questões ambientais e na mudança do clima, ele também tem um histórico e uma estrutura de energia renovável muito superior a muitos países e isso é visto como fruto de uma estratégia de políticas públicas que foram montadas lá atrás e que vem rendendo frutos”, acredita a mestra em administração pública Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa.
“O Brasil tem track record para ocupar esse lugar. Mas, vai ser cobrado a mostrar liderança que está caminhando rumo à descarbonização do setor de energia. Isso é algo em questão porque não estamos adaptando a nossa matriz à mudança do clima e usamos cada vez mais (usinas) térmicas. Não há uma estratégia de longo prazo. As hidrelétricas que a gente espera que produzam energia no futuro já estão comprometidas em função da mudança no regime de chuvas e na vazão dos rios para as próximas décadas, principalmente na região norte”, avalia Natalie Unterstell. “O País vai ser instado a liderar e mostrar compromisso doméstico”.
Perto de 83% de matriz elétrica brasileira referem-se a fontes qualificadas de “renováveis”, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME) – as aspas se devem ao fato de, entre renováveis, encontrar-se a energia produzida por desastres ambientais e sociais como a hidrelétrica Belo Monte, no Pará. Hidrelétricas produzem 63,8% da eletricidade no Brasil, seguida da fonte eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar (1,4%). A matriz energética – que envolve petróleo e gás natural -, mais ampla do que a matriz elétrica, é considerada menos poluentes do que a do restante do mundo. Quase metade da energia (47%) consumida no Brasil provêm de recursos renováveis no curto prazo, quando comparado, por exemplo, ao carão mineral, de longe, o mais poluente de todos os combustíveis fósseis, que leva milhjões e anos para se formar.
A contradição entre o convite da ONU e um governo que aumenta a geração de energia a partir do uso de carvão, gás natural e óleo diesel, consideradas fontes extremamente poluidoras e não renováveis, fica mais evidente quando se observa os leilões de áreas de exploração de petróleo, como estes que a Agência Nacional de Petróleo (ANP), vem realizando – o próximo ocorrerá em outubro. Na contramão de vários países que antecipam as metas de redução de emissões a partir da queima de combustíveis fósseis, como consta do Acordo de Paris, o governo do Brasil não só aposta em mais emissões como o faz de maneira muito questionável.
Segundo doutor em geografia e técnico do Instituto Arayara, Luciano A. Henning, “o governo está dificultando o acesso às informações e facilitando aquilo que disse o atual Ministro do Meio Ambiente: “passar a boiada”. Este leilão (de outubro) claramente não segue as melhores normas internacionais, pois não foram realizadas as Avaliações Ambientais de Áreas Sedimentares, ocasionando uma insegurança jurídica para as empresas que eventualmente vierem a comprar estes blocos”, analisa.
Estranhamente, a ONU omitiu se as discussões sobre transição energética incluirão o debate sobre a exploração dos minerais considerados ultracondutores de energia, utilizados em redes de transmissão e que têm perdas próximas a 0%. Esse é o caso, por exemplo, do nióbio, um mineral utilizado também na fabricação de ligas metálicas ultrarresistentes, como aquelas que equipam os bicos de caças supersônicos, usinas atômicas, naves espaciais, aparelhos de ressonância magnética, além dos motores a explosão de último tipo.
Mais de 98% das reservas mundiais comprovadas de nióbio estão no Brasil, em sua maioria em Minas Gerais, e vêm sendo exploradas sob licença controversa dada pelo Governo de Minas Gerais (a competência legal para permitir a extração de minérios é da União) à Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), controlada pela família Moreira Salles, também sócia do Itaú-Unibanco.
Outro minério que está no centro da parte interditada do debate sobre transição energética é o grafeno – que tem capacidade de conduzir energia ainda maior do que o nióbio. Todas as pesquisas indicam que o grafeno é ótimo condutor de calor, em breve vai substituir com muita vantagem o silício de chips de computador e celular, aumenta a eficiência de pilhas e de baterias, é leve e resistente e já é usado em pás de cataventos para geração de energia eólica e na produção de aviões mais leves. As maiores reservas mundiais do grafite, de onde é extraído o grafeno, estão no Brasil, na China e no Canadá.
A notícia boa é que a previsão é sombria para as emissões de carbono e o consumo de carvão e petróleo no mundo. A ruim é que ainda caminhamos para um aquecimento global de mais de 3 graus em menos de 100 anos, e devemos fazer o que for preciso para mudar esse cenário.
É o que aponta a New Energy Outlook 2020 – análise anual da BloombergNEF sobre o futuro da economia de energia.
De acordo com o estudo, as emissões globais de carbono relacionadas ao consumo de energia caíram 8% em 2020.
Apesar de subirem novamente com a recuperação da economia, nunca mais irão atingir os níveis de 2019.
A queda na demanda de energia durante a pandemia removerá cerca de 2,5 anos de emissões do setor até 2050.
A demanda de carvão também está em queda livre em toda a Europa e nos Estados Unidos, tendo atingido seu pico em 2018. A de petróleo vai atingir o pico em 2035 e tecnologias de energia limpa só tendem a avançar.
Novas alternativas de energia
O crescimento dos veículos elétricos compensa o crescimento da demanda na aviação, navegação e petroquímica, e molda o futuro do petróleo. A eficiência energética em outros setores só aumenta.
As energias eólica e fotovoltaica crescerão para atender 56% da demanda mundial de eletricidade em 2050. Os países líderes podem chegar a 80%.
Essas formas de energia limpa – junto às baterias – vão levar 80% dos 15,1 trilhões de dólares investidos em nova capacidade de energia nos próximos 30 anos, de acordo com a análise.
Fonte: BloombergNEF New Energy Outlook 2020
Altas temperaturas e mudanças climáticas
O mundo ainda caminha para um aumento de temperatura.
Apesar da recente queda, as emissões de carbono aumentam novamente com a recuperação econômica em 2027. Depois diminuem 0,7% ano a ano até 2050, levando o mundo a caminho de um aquecimento de 3,3 graus até 2100.
Segundo o relatório, para conter as mudanças climáticas e manter o aquecimento global abaixo de dois graus, as emissões precisam cair 10 vezes mais rápido, em 6% ano a ano até 2050. Para 1,5 grau, a taxa exigida é 10%.
Um dos principais componentes da NEO 2020 é buscar direções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Este ano, a energia limpa e o hidrogênio verde foram os pontos de abordagem para encontrar direções que levem à descarbonização profunda.
Temos um longo caminho pela frente para pular de 0,7% para 10% na queda das emissões. Por isso, a sociedade precisa agir e cobrar agora.
O Instituto Arayara vem buscando todas as formas de mudar essa previsão, através de ações públicas, petições, elaborando iniciativas com a população e organizações, e participando de movimentos mundiais de combate às mudanças climáticas, como o Acordo de Glasgow.
Depois de mais de 20 dias, foi concluída a instalação do 2º transformador e a energia voltou – por enquanto – no Amapá. Mas todos acompanhamos a situação do estado com angústia, tristeza e o sentimento de que muita coisa está errada.
Além da eletricidade, da água e da comida, faltou também fiscalização, responsabilidade, competência e conhecimento para entender que outras formas de energia não só são possíveis, como são necessárias.
Você sabe por que Laranjal do Jari está entre as poucas cidades do Amapá que não foram afetadas pelo apagão? Porque as comunidades da região foram abastecidas a partir de um sistema de energia solar.
A SS Solar, em parceria com a SMA Solar, instalou um sistema fotovoltaico com armazenamento de energia.
Os sistemas de armazenamento de energia podem ser usados em diferentes aplicações, podendo melhorar a estabilidade da rede, aproveitar a geração fotovoltaica para carregar as baterias ao longo do dia e ainda fornecer energia nos momentos de pico de demanda. Para este tipo de aplicação, a segurança é maior na rede de distribuição, pois diminui incidência de apagões como o que está acontecendo no estado do Amapá”, disse o Pedro Alvez, country manager da SMA Brasil, ao Canal Solar.
O Brasil é um dos poucos países no mundo a receber incidência solar superior a 2000 horas por ano. No nordeste, a incidência média diária varia de 4,5 a 6 kWh.
São números importantes, que colocam nosso país em destaque em termos de potencial solar, e em ótimas condições para investimento em energia solar.
Precisamos de energia eficiente e sustentável
Sabemos que a eletricidade de recursos renováveis é uma importante aliada no combate às mudanças climáticas e poluição do ar local.
A queima de combustíveis fósseis representa cerca de três quartos das emissões globais de gases de efeito estufa.
No Brasil, a falta de planejamento no setor elétrico reina e leva ao uso de usinas térmicas e geradores a diesel, que não só são extremamente poluentes, mas também mais caros, refletindo diretamente na conta de luz dos brasileiros.
A energia que polui e encarece os bolsos também deixa milhares sem luz e sem perspectivas.
Comunidades viram exemplos de energia limpa
Na Vila Restauração, uma reserva extrativista no Rio Juruá, no Acre, tem 750 moradores que hoje usam gerador a diesel para ter energia elétrica.
A Energisa está desenvolvendo um projeto no local que vai substituir o diesel caro e poluente pela energia solar e, ao mesmo tempo, garantir o suprimento contínuo de energia.
A unidade terá armazenamento em baterias e poderá ser operada à distância, além de contar com um sistema reserva à base de biodiesel.
Em comunidades ribeirinhas da Amazônia, placas solares vêm transformando a realidade. A energia limpa foi levada à região pelo programa Soluções Inovadoras, da Fundação Amazonas Sustentável.
Os geradores movidos a combustível foram substituídos pelas placas solares, o que resultou não só na economia financeira, mas em uma redução significativa dos impactos ambientais.
É mais do que hora de se pensar na população, na gestão e em mudanças. O nosso papel, como sociedade, é cobrar solução, responsabilidade e planejamento.
Junte-se a essa campanha. Precisamos exigir que seja traçado um plano de energia descentralizada renovável. A transição para uso de energia limpa precisa ser colocado em pauta. Já.
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