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Afinal, quem deve usar máscaras de proteção contra o coronavírus?

Afinal, quem deve usar máscaras de proteção contra o coronavírus?

Com a pandemia de Covid-19 se alastrando dia após dia, há um grande alarde entre as pessoas e, consequentemente, um aumento gradual na demanda por mecanismos de prevenção. Além do álcool em gel, as máscaras de proteção também são um dos itens mais procurados e, a prova disso, é que ambos estão em falta no mercado.

Mas a pergunta que cabe é: quem realmente precisa usar máscaras, tendo em vista que a procura está maior que a oferta? A reportagem entrou em contato com o médico Enrique Falceto de Barros, que é Médico de Família e Comunidade na Clínica da Família Teewald, em Santa Maria do Herval, para entender há quem se estende a necessidade prioritária do uso do equipamento.

De acordo com Enrique, de forma geral o usa de máscaras é restrito para os ambientes da saúde. “A Organização Mundial da Saúde recomenda que as pessoas deixem o uso de máscaras para os profissionais da saúde”, disse, destacando que o pico da pandemia ainda não chegou no Brasil. “Há uma onda de pânico entre as pessoas, até entre os profissionais da saúde. Eu até entendo o temor, mas se continuar assim, vai faltar máscaras para quem trabalha na saúde e nós ainda nem chegamos no pico da proliferação do vírus. E se isso acontecer, haverá um colapso no sistema da saúde”, explicou.

De acordo com a OMS, as máscaras faciais descartáveis devem ser utilizadas por profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães que estão amamentando e pessoas diagnosticadas com o coronavírus. As demais pessoas devem utilizar lenço descartável para higiene nasal. Deve-se cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo.

Prioridade

“Quem está usando máscaras indevidamente nesse momento, está queimando a máscara de um profissional da saúde”, alerta o médico, ressaltando que, na Itália, 10% dos contaminados (de acordo com os dados mais recentes da Federação Nacional da Ordem dos Médicos) são dos profissionais que atuam na área da saúde já em consequência da falta de equipamentos de proteção. O médico teme que a mesma situação possa acontecer no Brasil, devido à falta de material para os profissionais que terão que trabalhar desprotegidos, sem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.

“Quem está usando máscaras indevidamente nesse momento, está queimando a máscara de um profissional da saúde”

Colapso

Enrique destaca que até mesmo a própria equipe médica dos profissionais de Saúde da Família só deve usar máscaras caso estejam diante de um paciente sintomático. “Se não fizermos algo o sistema de saúde vai entrar em colapso. Vai ser um ‘salve se quem puder’. E se isso acontecer, teremos que adotar a Medicina de Guerra, na qual os médicos terão que escolher quem vai para o respirador e quem vai morrer”, disse, dando como exemplo novamente a situação da Itália.

Máscaras de pano

O médico orienta que, quem se sentir mais seguro usando uma máscara, pode faze-las de forma manual. “As pessoas podem produzir máscaras em casa, usando pano ou, até, filtro de café”, disse ele, enfatizando que todos os procedimentos para evitar o alastramento do vírus são importantes pois apesar de a maioria ser assintomática, podem contaminar mais pessoas, inclusive que possuem algum tipo de vulnerabilidade. “Todos precisam ajudar para que o sistema de saúde não entre em colapso”, disse.

O médico destaca que quem tiver alguma dúvida relacionada ao assunto, pode buscar esclarecimentos no Protocolo de  Manejo Clínico do Coronavírus, que segue em anexo no final da reportagem.

Produção de máscaras parada

A reportagem entrou em contato com uma das principais empresas de fabricação desses materiais de segurança na área da saúde do país, que possui sua matriz em Limeira-SP e fornece o material para todo o Brasil. Na entrevista, se confirmou o temor do médico Enrique. De acordo com a empresa, a produção de máscaras – assim como de outros produtos, está parada devido à falta de matéria prima. A empresa informou ainda que não há prazo de quando as atividades serão retomadas.

Protocolo de  Manejo Clínico do Coronavírus: Protocolo de  Manejo Clínico do Coronavírus

Fonte: O Diário

O que o coronavírus pode nos ensinar no enfrentamento à crise climática?

O que o coronavírus pode nos ensinar no enfrentamento à crise climática?

Mesmo com ações negligentes por parte do governo federal e da população diante do avanço do coronavírus Covid-19, iniciativas globais e unilaterais frente ao cenário têm sido muito mais rápidas e eficazes do que aquelas em resposta à crise climática. Há cerca de 30 anos, a comunidade científica internacional busca coordenar esforços para reverter o aumento da temperatura média do planeta. A resposta coletiva à pandemia atual, por sua vez, pode trazer importantes lições para o enfrentamento das mudanças climáticas e demais desafios deste século.

Os coronavírus são um grupo de vírus comuns em humanos e responsáveis por até 30% dos resfriados comuns. Corona vem do latim “coroa”, pois sua superfície se parece com uma coroa quando observada em um microscópio eletrônico. O surto da Covid-19 começou na China no final de 2019 e alcançou o status de pandemia em 11 de março de 2020. Uma semana depois, casos confirmados da doença já passavam da marca de 200 mil no mundo, atingindo mais de 150 países. Embora 81% dos casos tenham sido leves, mais de 8 mil pessoas já morreram em decorrência de pneumonia severa que tem atingido, principalmente, pessoas com 80 anos ou mais.

Surtos como SARS, em 2003, e MERS, em 2012, resultaram juntos em menos de 2 mil mortes pelo mundo. A média global, contudo, oculta mais do que revela. Países como China e Coréia do Sul adotaram medidas restritivas que têm diminuído com sucesso a contagem de novos casos. Por outro lado, em países como Itália e Espanha, os números continuam subindo rapidamente.

O coronavírus tem transformado a vida cotidiana de maneira tão significativa que os efeitos são visíveis do espaço. Os satélites de monitoramento de poluição da NASA e da Agência Espacial Européia (ESA) detectaram reduções significativas de dióxido de nitrogênio (NO2) sobre a China. A partir do dia 23 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas começaram a bloquear Wuhan (local de origem do surto) e outras cidades da região a fim de reduzir a propagação da doença, o que resultou em reduções significativas na poluição do ar.

Em termos econômicos, tais medidas resultaram em reduções de 15% a 40% na produção dos principais setores industriais da China, comparados com o mesmo período do ano passado. Em conjunto, as reduções no consumo de carvão e petróleo na China indicam uma redução nas emissões de CO2 de 25% ou mais, o que equivale a cerca de 6% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) globais.

Medidas internacionais que visam reduzir a propagação da Covid-19 podem salvar mais vidas devido à redução da poluição do ar e da intensidade das mudanças climáticas do que complicações de saúde causadas pelo vírus. Estima-se que só na China, por esse motivo, já foi possível salvar vinte vezes mais o número de vidas do que as que foram perdidas pelo vírus até agora.

É incorreto e imprudente concluir que pandemias são benéficas para o clima ou para a própria saúde da humanidade, tendo em vista todo o sofrimento e demais consequências negativas de interrupção social e econômica. Contudo, tais estimativas funcionam como um lembrete dos custos ocultos, de curto e longo prazo, que envolvem o nosso modo de viver moderno.

Em vários países do mundo, à medida que o número de casos da Covid-19 cresce rapidamente, empresas têm autorizado funcionários a trabalharem de casa, há cancelamento de conferências internacionais e de aulas em escolas e universidades, bem como orientações de governos para evitar ambientes com aglomerações populacionais. Tais mudanças repentinas são impulsionadas pelo amplo reconhecimento de uma emergência.

A comunidade científica está oferecendo avisos claros sobre o que fazer, tanto diante da pandemia quanto da crise climática. Ambas as questões envolvem saúde pública, dado que mudanças no clima já estão causando escassez de comida e água, problemas migratórios e outros desastres naturais causados pela própria humanidade. Mudanças no clima também devem aumentar ainda mais o número de epidemias, sobretudo doenças infecciosas, como malária e dengue.

Além do seu alcance global, as crises compartilham também uma causa em comum: o consumo de alimentos de origem animal. No caso da crise climática, alimentos de origem animal, principalmente a carne de gado, apresentam elevada pegada de carbono e têm contribuído para elevar a concentração de GEE na atmosfera. Já o coronavírus tem como principal causa suspeita o consumo de animais silvestres nos mercados chineses. Repensar hábitos alimentares, passando pela redução e substituição de produtos de origem animal, será essencial para conter ambos tipos de crise..

De acordo com artigo recente publicado pela revista Nature, para limitar o aquecimento médio global em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, os países deverão cortar acima de 7% ao ano suas emissões a partir desse ano. Nas taxas atuais (antes do coronavírus), em 10 anos o mundo vai aquecer em média 1,5°C; em 25 anos, 2°C. Isso significa que governos, setor privado e comunidades deveriam trabalhar com um cenário de crise, empenhando quatro vezes mais esforços do que fizeram até o momento – ou três vezes mais rápido – para conseguir cumprir o Acordo de Paris.

Infelizmente, a sociedade parece ainda não estar preparada a choques de realidade como os incêndios na Austrália ou a pandemia da Covid-19. Estamos assistindo ao colapso de sistemas de saúde em muitos países devido a falta de leitos e capacidade de atendimento, o que tem aumentado a letalidade da pandemia. O mesmo pode acontecer com a intensificação das mudanças climáticas nos próximos anos. Resiliência, portanto, passa por uma reflexão sobre a capacidade das próximas gerações em responder mais rapidamente e minimizar danos.

O custo da prevenção sempre será menor do que os gastos oriundos da inação. E no estágio em que as duas crises se encontram, os esforços de prevenção devem ser acompanhados por medidas de adaptação ao impacto existente e projetado.

Se a comunidade internacional tivesse levado mais a sério os seus compromissos assumidos desde Paris em 2015, da mesma forma como para a Covid-19 nas últimas semanas — levando em conta o nível de urgência que a ciência diz ser necessário — provavelmente teríamos uma perspectiva futura drasticamente diferente.

Compreender que tipo de risco se enfrenta, seja como indivíduo, país, empresa ou mundo, é essencial para estarmos preparados para o antes, o durante e o depois em um momento de crise. A pandemia tem mostrado que conseguimos agir rapidamente, promovendo mudanças de comportamento e nas atividades econômicas, quando há interesse da sociedade e vontade política, ao mesmo tempo em que a ciência se esforça para encontrar uma solução. Que saibamos replicar a mesma fórmula para conter a crise climática enquanto ainda há tempo.

Fonte: UOL

*Cassia Moraes é mestre em administração pública e desenvolvimento pela Universidade de Columbia, CEO do Youth Climate Leaders (YCL) e coordenadora de redes e captação no Centro Brasil no Clima.
*Bruno Cunha é pós-doutorando e pesquisador associado do laboratório CENERGIA (PPE/COPPE/UFRJ), revisor especialista do IPCC e membro do conselho acadêmico do Youth Climate Leaders (YCL).

Poluição do ar pode tornar as pessoas mais vulneráveis ao coronavírus

Poluição do ar pode tornar as pessoas mais vulneráveis ao coronavírus

Uma coisa notável sobre o COVID-19, a doença causada por coronavírus que tem se espalhado pelo mundo, é que ela induz condições graves e mortais em algumas pessoas, enquanto outras ficam apenas levemente doentes. Até agora, sabemos que idade avançada ou condições de saúde preexistentes colocam uma pessoa em maior risco de sintomas graves. Infelizmente, para muitas pessoas, o ar poluído que respiram todos os dias provavelmente já danificou seus pulmões e as tornou mais vulneráveis ​​ao novo coronavírus.

A doença COVID-19 tende a apresentar febre e tosse seca. O vírus ataca o sistema respiratório e se torna fatal quando os pacientes sucumbem à síndrome do desconforto respiratório agudo, que faz com que os pulmões se encham de líquido. O vírus tem sido mais mortal para pessoas com mais de 60 anos de idade, além de pessoas com doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias crônicas.• Poluição do ar por combustíveis fósseis mata mais pessoas por ano do que cigarro
• Poluição do ar na China despenca após medidas para conter coronavírus
• Redução de poluição do ar salva vidas em questão de semanas, segundo pesquisa

Adivinhe qual é o principal fator de todas as doenças acima? Poluição do ar. E quem é mais provável de ser exposto à má qualidade do ar nos EUA? Famílias de baixa renda e comunidades de minorias étnicas. Quem tem maior probabilidade de morrer prematuramente devido à qualidade do ar reduzida? Os idosos. Hoje, os negros têm uma probabilidade três vezes maior de morrer de asma do que os brancos. Isso se torna 10 vezes mais provável para crianças negras. Os negros também sofrem as maiores taxas de mortalidade por doenças cardíacas.

É por isso que o surto de COVID-19 é uma questão de justiça ambiental, e a ex-administradora da Agência de Proteção Ambiental Gina McCarthy disse isso no Twitter na segunda-feira (16).

“Esta crise não é simplesmente uma questão de saúde pública. Está diretamente relacionada à equidade social e à justiça ambiental”, escreveu McCarthy. “Está diretamente relacionada à nossa luta por ar limpo, água potável, um ambiente saudável e comunidades saudáveis. #COVID19 está afetando todos nós — nossa saúde e nosso modo de vida, mas comunidades de baixa renda e comunidades de minorias étnicas podem enfrentar riscos adicionais.”

“A estimativa é que haverá taxas muito mais altas de infecção e morte em comunidades de baixa renda e ainda mais em comunidades de baixa renda de minorias étnicas.”

Até o momento, nenhuma pesquisa examinou a demografia das comunidades que observavam maiores incidências do coronavírus. Também não houve nenhuma pesquisa sobre como a má qualidade do ar poderia exacerbar os sintomas do vírus. A ironia do vírus ter começado na China, que tem uma das piores qualidades do ar do mundo, também foi observada por Stephanie Lovinsky-Desir, professora assistente de pediatria no Columbia Medical Center. Ela disse ao Gizmodo:

“É possível que uma das razões pelas quais o vírus tenha sido tão nocivo possa estar ligada a exposições ambientais como a poluição do ar”, disse Lovinsky-Desir.

Sabemos, porém, que a poluição do ar afeta o sistema imunológico respiratório quando partículas tóxicas entram e inflamam os pulmões. A má qualidade do ar mais o COVID-19 podem ser uma mistura mortal para as comunidades que já sofrem nas mãos de uma economia global que depende da queima de combustíveis fósseis tóxicos.

A recente suspensão das atividades diárias normais devido ao COVID-19 causou uma redução drástica na poluição do ar em toda a China e Itália, os dois países com o maior número de casos. No entanto, em situações normais e na ausência de uma crise global de saúde, veículos lançam toxinas no ar regularmente ao nosso redor, enquanto as refinarias e usinas que queimam combustíveis fósseis emitem ativamente material particulado e substâncias cancerígenas nos quintais de alguns selecionados.

“Se você está exposto à poluição, há um risco aumentado. Se houver um número desproporcional de norte-americanos de minorias raciais nessas áreas, então, por extensão, eles ficarão mais doentes, com certeza”, Rey Panettieri, médico do pulmão e vice-chanceler do Instituto de Medicina e Ciência Translacional da Universidade Rutgers, disse ao Gizmodo. “Populações vulneráveis ​​– e eu uso isso em um sentido mais amplo — certamente são desproporcionalmente afetadas por todas as doenças e, com a natureza rápida da disseminação do vírus, acho que essas serão afetadas desproporcionalmente, então sim, estou preocupado.”

O resultado de toda essa poluição do ar, globalmente, é de 7 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Nos EUA, a poluição do ar tem aumentado pela primeira vez em uma década. (Obrigada, Donald Trump.)

As melhorias na qualidade do ar de 1999 a 2013 reduziram o número de mortes prematuras entre os idosos, resultando em US$ 24 bilhões por ano em economia, mas eles continuam sendo os que apresentam maior risco. A poluição do ar é tão mortal que os profissionais de saúde a chamam de pandemia, observando que os combustíveis fósseis são a principal fonte dessa morte e desespero em todo o mundo.

Agora, o COVID-19 provavelmente está aumentando ainda mais o risco de morte para essas comunidades.

“A estimativa é que haverá taxas muito mais altas de infecção e morte em comunidades de baixa renda e ainda mais em comunidades de baixa renda de minorias étnicas por causa de todas as condições pré-existentes — tanto médicas como sociais”, disse Mark Mitchell, um professor associado de mudança climática, energia e saúde ambiental da Universidade George Mason e presidente do Conselho Nacional de Associação Médica de Legislação Médica, ao Gizmodo.

Essas condições sociais incluem taxas mais altas de pobreza, desigualdades na assistência à saúde e disparidades no acesso a férias remuneradas. Existem também práticas de estilo de vida, como moradias multigeracionais, onde avós, filhos e netos podem viver sob o mesmo teto. Isso é mais comum entre famílias de imigrantes e pessoas de minorias étnicas. O mesmo acontece com o uso regular de transporte público.

É por isso que alguns organizadores comunitários em cidades que enfrentam taxas mais altas de poluição do ar devido à atividade da indústria estão fazendo todo o possível para se conectar com os locais e mantê-los informados sobre o vírus.

Em Richmond, Califórnia, sede da Refinaria Chevron Richmond, que foi alvo de críticas nos últimos anos por liberar gases tóxicos, a Rede Ambiental da Ásia e do Pacífico (APEN, na sigla em inglês) tenta fornecer aos membros informações vitais sobre como se proteger contra o vírus.

Muitos dos membros do grupo são idosos e muitos sofrem de asma ou câncer. Até agora, a organização não relatou nenhum caso confirmado de COVID-19. Como a APEN trabalha com asiáticos-americanos, também se preocupa especialmente com o aumento do preconceito racial e crimes de ódio, disse Megan Zapanta, diretora organizadora da rede em Richmond, ao Gizmodo. Por fim, os recursos de que essas comunidades precisam durante o período do COVID-19 — habitação estável, acesso à saúde, empregos seguros — são o que precisam sempre, independente da pandemia.

“Queremos realmente pensar em resiliência em todos os tipos de termos, onde não é apenas resiliência quando há um desastre ou pandemia gigante”, disse Zapanta. “Ou também resiliência quando há uma crise econômica, com todas essas coisas relacionadas, ou quando há uma crise imobiliária.”

O governo dos EUA tem um controle limitado sobre a disseminação do COVID-19. No entanto, a resposta do governo — melhorar a limpeza do transporte público e injetar mais de um trilhão de dólares no mercado — mostra o que é possível, haja uma pandemia ou não. A resposta ao coronavírus nos dá uma ideia do que o governo dos EUA está disposto a fazer quando entra no modo de emergência. A vergonha é que nossos líderes tenham que esperar pelo desastre para implementar essas políticas.

“Sabemos que agora temos a tecnologia para fechar essas instalações [poluentes] e mudar para energias renováveis ​​mais limpas e parar essa exposição que afeta predominantemente comunidades de baixa renda e comunidades de minorias étnicas”, disse Mitchell. “E que isso terá efeito imediato na melhoria da saúde e ajudará a reduzir a suscetibilidade a outras doenças como o COVID-19.”

O governo federal pode optar por salvar vidas o ano todo, se também enfrentar essa pandemia de poluição do ar. Fazer isso pode salvar vidas em semanas. Comunidades mais saudáveis ​​são sempre a resposta certa e estão melhor equipadas para sobreviver a esses tipos de desastres globais de saúde. Vamos começar por aí.

Fonte: Gizmodo

Tudo que você quer saber sobre o coronavírus: sintomas, proteção e tratamento

Tudo que você quer saber sobre o coronavírus: sintomas, proteção e tratamento


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Sintomas e proteção
  • Serviço
  • Tratamento e monitoramento

SINTOMAS E PROTEÇÃO

Como diferenciar entre uma gripe normal e os sintomas do coronavírus?  
Não há diferença nos sintomas entre as infecções virais respiratórias. (por Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Tive 15 dias de gripe e inflamação na garganta com 38°C a 39°C de febre por mais de uma semana. Em nenhum momento, foi pedido exame. Apenas receitaram medicamentos. As unidades particulares estão preparadas para o coronavírus?
Nem toda a febre, dor de garganta ou tosse é devida ao coronavírus. Ao contrário, se você não retornou de viagem nos últimos 14 dias de um país com transmissão sustentada do vírus, nesse momento, a sua doença não foi causada pelo coronavírus. Espera-se que todas as unidades de saúde públicas ou privadas estejam cientes das atualizações que vem ocorrendo na epidemia. A vigilância sanitária tem fornecido o apoio tanto em termos de orientações quanto em suporte para o diagnóstico para todos os casos que são classificados como suspeitos da infecção, sejam clínicas públicas ou privadas. (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento) 

Se tomar a vacina para pneumonia e contrair o coronavírus, vou ter pneumonia também?
A vacina da pneumonia protege contra a bactéria pneumococo, um dos principais agentes causadores da pneumonia bacteriana. Porém, essa vacina não protege de possíveis casos de pneumonia viral associada ao coronavírus.(por André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição)

Para pessoas que possuem mais resistência ao coronavírus, ele pode incubare se manifestar após variação de resistência imunológica ou isso está descartado?
Benedito Bóz, de Farroupilha
A infecção por coronavírus pode ser assintomática ou apresentar sintomas brandos em alguns casos, mas não há possibilidade de alguém que se infectou por esse vírus manifestar sintomas tardios associado a reativação da doença em questão. (por André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição)

A vacina da gripe atual pode ajudar contra o coronavírus?
A vacina contra o vírus Influenza não protege de infecção por coronavírus. Mesmo assim é importante fazer essa vacina, pois a letalidade por Influenza ainda é maior do que por Coronavírus.(por André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Qual o verdadeiro risco de contrair a doença em uma viagem de avião?
É uma pergunta sem resposta. Se imaginarmos que uma das formas de adquirir a infecção é através da inalação de gotículas, poderíamos dizer que estão livres de risco as pessoas que sentarem-se a mais de dois metros de distância do passageiro doente. Por outro lado, o passageiro doente pode caminhar pelo avião, tossir ou espirrar com a mão sobre a boca e depois abrir a maçaneta do banheiro com as mãos sujas. É muito difícil calcular esse risco. De qualquer maneira, os companheiros de voo dos primeiros casos notificados estão sendo monitorados e, talvez, consigamos uma resposta para sua pergunta. (por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Tem possibilidade desse vírus ser transmitido pela picada de um mosquito?
Não. Para que a picada de um inseto possa transmitir uma doença, é preciso de o agente infeccioso (vírus) complete parte do seu ciclo de vida dentro do inseto, como acontece com a Febre Amarela, Dengue, Zika, etc. Isso não acontece com o coronavírus. (por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

No período de incubação, de dois a 14 dias, a pessoa transmite o vírus?
A transmissão se dá desde antes dos sintomas se instalarem. Inclusive, mesmo que sem sintomas, uma pessoa contaminada pode transmitir.(por Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Tenho uma lancheria e preparo muitas refeições, como posso proteger meus clientes e funcionários, devemos usar máscaras na cozinha e na área de atendimento?
Não é necessário usar máscara no preparo dos alimentos. O mais importante é a higienização das mãos daqueles que manipulam os alimentos, desinfecção das superfícies, evitar manipular alimentos se apresenta sintomas respiratórios. Oferecer álcool gel para os clientes desinfectarem as mãos ou pia com água, sabão e papel toalha também está indicado. (André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Trabalho em uma empresa que importa produtos da China.Tem alguma possibilidade desses produtos virem contaminados por alguém que esteja com o vírus e fazer o manuseio dos mesmos?
Especialistas apontam que o envio de embalagens por correio internacional não deverá trazer risco aos consumidores no Brasil, devido ao tempo decorrido da remessa à chegada. Isso porque, em geral, os coronavírus sobrevivem pouco tempo no ambiente. Mais informações no link  

Estou grávida e preocupada. Qual o risco que corro? Trabalho em local salubre de um hospital. Não seria ideal ser afastada do trabalho?  
Ao contrário da gripe, causada pelo vírus Influenza, até o momento o coronavírus parece não apresentar um risco maior para gestantes. Porém, a epidemia é dinâmica e estamos conhecendo e aprendendo com ela em tempo real. Uma recomendação geral é para que pessoas idosas ou com doenças que causam imunossupressão sejam, dentro do possível, remanejadas para trabalho remoto, de casa, o conhecido home office. A gravidez ocasiona uma leve diminuição da imunidade diminuição da imunidade. Então essa recomendação de ficar, dentro do possível, exercendo seu trabalho de casa, serve também para gestantes. Cada caso deve ser avaliado, em cada empresa ou setor de trabalho. Se trabalhadores nessas situações tem realmente contato com muitas pessoas, o melhor é que elas sejam remanejadas de suas funções. (Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento) 

Quais os principais cuidados para as mulheres que estão amamentando?
Ainda não temos informações suficientes a esse respeito. Por enquanto, fica valendo a informação de que o leite materno é o melhor alimento para seu bebê. Sabemos que o aleitamento materno não deve ser interrompido em casos de gripes e resfriados, lembrando que essa é uma forma de proteger a criança, na qual a mãe também passa anticorpos para as crianças. Quanto ao coronavírus, ainda não temos informações que favoreçam a interrupção do aleitamento materno. Como qualquer pessoa, as mulheres que estão amamentando devem seguir as orientações gerais para prevenção da Covid-19. (por  Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Quanto ao procedimento em caso de sintomas da covid-19: vou direto aos hospitais de referência ou marco consulta com meu médico para receita de medicamentos? Há um setor para atendimento direto nesses hospitais?
Os indivíduos que apresentarem sintomas sugestivos de infeccioso por covid-19, tosse e febre, devem fazer contato com seu médico e, se possível ficar em casa. Ao procurar consultório médico, na vigência desses sintomas, usar máscara cirúrgica. Casos com febre, tosse e falta de ar, devem procurar atendimento em âmbito hospitalar e os hospitais estão se preparando para receber tais casos. (André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Eu e minha esposa frequentamos uma academia duas vezes por semana, onde fazemos hidroginástica. Que cuidados devemos ter ao entrar na academia, ao entrarmos e sairmos na/da água, e ao sair da academia? Importante: eu tenho 74 a anos e minha esposa 69.
Solicitar que as janelas fiquem abertas para a circulação de ar, evitar tocar em superfície e após levar as mãos ao rosto, não frequentar espaços públicos se apresentar sintomas respiratórios. (André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Estive na Europa passei pela Itália num cruzeiro e amanhã faz 14 dias da quarentena eu preciso fazer exame? Minha filha tem 17 anos portadora de fibrose cística fez transplante duplo de pulmão. Quais cuidados tenho que ter com minha filha?
Se após 14 dias de observação não houve o surgimento dos sintomas associados ao covid-19, tosse e febre, não está indicado fazer exame. Quanto a pessoas com comorbidades, deve-se ter atenção aos sintomas respiratórios, manter adequada higienização das mãos, fazer a vacina da Influenza e evitar locais aglomerados e fechados. (André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Gostaria de saber qual a diferença entre gripe normal ou coronavírus?
Temos três doenças distintas que podem apresentar sintomas semelhantes:   

a) Resfriado comum: causado por uma série de vírus como o rinovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório e até algumas espécies de coronavírus (não o causador da atual pandemia). No resfriado comum os sintomas costumam ser leves como coriza, espirros, congestão nasal e a febre, se houver, será baixa. O quadro é essencialmente benigno, dura poucos dias e as complicações são raras. Não há vacina.

 b) Gripes são causadas pela infecção por vírus do grupo Influenza. Os sintomas são mais intensos que no resfriado, a febre é um achado frequente e geralmente elevada. As complicações (como pneumonia) são relativamente frequentes e, ainda que pouco frequente, existe o risco de morte, especialmente para populações mais vulneráveis como idosos e pessoas com outras doenças concomitantes, como diabetes, imunodeficiências e neoplasias. Existe vacina, que deve ser administrada anualmente, geralmente durante o outono. Segundo o Ministério da Saúde, a campanha de vacinação contra a Gripe neste ano terá início no final deste mês.  

c)Covid-19: esta é a pandemia atual, causada por um novo tipo de coronavírus (recém descoberto), que aparentemente tem transmissibilidade e letalidade maiores do que a Gripe. Vale lembrar que, até onde sabemos, grande parte da população infectada por esse coronavírus apresenta pouco ou nenhum sintoma (especialmente as crianças e adolescentes). Cerca de 20% dos infectados apresentarão um quadro muito semelhante à Gripe, com maior comprometimento pulmonar, provocando tosse e dificuldade respiratória. Em cerca de 5% das pessoas pode haver evolução do quadro com insuficiência respiratória e necessidade de hospitalização, por vezes em ambiente de Unidade de Terapia Intensiva. O risco de morte, aparentemente, concentra-se na população de idade mais avançada e naqueles portadores de outras doenças como diabetes, hipertensão, doenças pulmonares, tabagistas e imunodeprimidos. (por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Quem tem rinite alérgica é uma pessoa de risco por causa do coronavírus?
Não. Não há registro na literatura até agora que possa elevar o risco na população que tem rinite alérgica. Entretanto, vale a pena lembrar que, mesmo que irresistível, devemos evitar levar as mãos ao rosto, especialmente nariz, boca e olhos. Isso acontece com frequência em quem tem rinite. Mantenha suas mãos limpas!  (por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

SERVIÇO


Gostaria de saber onde fazer exames em caso de sentir sintomas do coronavírus. Fala-se muito em prevenção, mas ninguém, nem autoridades nem imprensa, dão orientações claras de onde procurar ajuda.
Não recomendamos que se faça exame sem consulta médica prévia. Se está com sintoma, a recomendação é que procure a unidade de saúde mais próxima. Procurar emergência de hospital em último caso, apenas se os sintomas estiverem graves, principalmente com falta de ar, para não lotar emergências com casos leves. A partir daí, quando o médico levantar suspeita, pede o exame, e os órgãos de saúde propiciam esse exame. No Estado, todos estão sendo feitos pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública). Existem laboratórios privados que também podem fazer o exame, mas apenas com solicitação medica. Também há a possibilidade de coleta em casa, após a secretaria (da Saúde) ser notificada, para evitar que esse paciente precise retornar ao sistema de saúde. (por Claudio Stadnik, médico infectologista do Controle de Infecção da Santa Casa) 

Devo entrar em contato com quem em caso de suspeita?
Se está com sintomas, procure algum sistema de saúde. Para tirar dúvidas ou comunicar algum fato, pode ligar para a Vigilância Sanitária, que dará orientações. (por Claudio Stadnik, médico infectologista do Controle de Infecção da Santa Casa)

Como se dá a contaminação de talheres em restaurantes?
Nenhum risco, pois o vírus é facilmente desnaturado (desativado) tanto com água e sabão quanto com a água quente utilizada nas cozinhas. (por Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia Hospital Nossa Senhora da Conceição) 

Vou para Salvador na semana que vem e queria saber como me cuidar nos aeroportos. Tenho conexão no Rio e em São Paulo.
Não há nenhuma restrição para viagens. O coronavírus não está circulando entre a população. (por Breno Riegel Santos, chefe do Serviço de Infectologia Hospital Nossa Senhora da Conceição)

Vou ficar aguardando cinco horas no aeroporto internacional de São Paulo. Que cuidados devo ter? Preciso usar máscara? Qual tipo de máscara?
Apesar de ser frequente as imagens de pessoas usando máscaras nas ruas nas cidades com epidemia, trata-se de uma conduta que oferece muito pouco benefício. Amáscara somente será útil se você estiver conversando com alguém a menos de um metro de distância e essa pessoa estiver infectada. Alguns estudos mostram que inclusive a máscara, por gerar uma falsa sensação de proteção, faz com que as pessoas descuidam de outras medidas importantes como ahigienização de mãos e ao manipular a máscara acabam se contaminando. O vírus não permanece no ar de ambientes amplos e ventilados. Além disso, o uso prolongado por várias horas da máscara vai umidificando a mesma, o que reduz a eficácia da máscara. A máscara tem função específica para profissionais de saúde que acabam tendo contato próximo com o paciente, que muitas vezes está espirrando ou tossindo, emitindo, assim, partículas de saliva com vírus a longas distâncias. Para a população, a máscara é útil se usada pela pessoa infectada, pois impede que partículas de saliva sejam emitidas, ficando retidas na máscara. A maneira mais eficaz de se prevenir ainda é lavar as mãos com muita frequência e sempre após tocar emalgum objeto ou superfícies de locais públicos.(por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento)

Quanto tempo o vírus fica ativo em uma superfície como uma maçaneta, por exemplo? O vírus pode ser transmitido através de cédulas e moedas?
Os primeiros estudos com o novo coronavírus estão recém começando a serem conhecidos. Dados preliminares indicam que podem permanecer no ambiente por até 24 horas. Porém, sabemos que isso depende de vários fatores, sendo os principais a umidade do ar, a temperatura ambiente e a incidência de luz solar. Este é um dos principais motivos do porquê no inverno as doenças respiratórias se propagam mais facilmente, pois, especialmente no RS, temos maior umidade, temperaturas baixas e pouco sol. Todos são fatores que facilitam a sobrevivência do vírus. Sim, o vírus pode ser transmitido por cédulas e moedas. Sempre que manipular algum desses objetos, devemos lavar as mãos. (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento)

Andar de bicicleta ou caminhar na rua apresentam risco de contaminação, já que o vírus está no ar quando as pessoas espirram? Quanto tempo ele sobrevive no ar?
vírus não se transmite pelo ar. Pode ficar tranquilo e andar bastante de bicicleta, vai fazer bem, porque vai pegar bastante ar livre e solto. O vírus se transite por gotas pesadas, chamadas de gotículas, que são aquelas gotas que saem quando falamos ou espirramos, mas que caem e não ficam suspensas no ar. Por isso, a medida de precaução é evitar aglomerações. Pessoas muito juntas em um mesmo ambiente propiciam a transmissão. O ar livre é a melhor maneira de evitar coronavírus. (por Claudio Stadnik, médico infectologista do Controle de Infecção da Santa Casa)

Como estão procedendo os supermercados em relação aos carrinhos, onde todos tocam?
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), informa, através da sua assessoria de imprensa, que já existe disposição legal no código de defesa do consumidor que exige a higienização dos carrinhos e cestinhas. A Agas está orientando os associados a reforçarem ações de higienização em suas lojas. 

Como fica o contágio com relação aos pets? Existe algum caso entre cães e gatos? Porto Alegre não vai decretar o cancelamento de shows?  
Variedades do coronavírus são comuns em inúmeras espécies, inclusive aquelas que estão mais próximas dos humanos, como cães, gatos, aves comerciais e bovinos. Quando infectados, esses animais, em geral, apresentam sintomas leves. Além disso, estão providos de algo que ainda não existe para as vítimas do coronavírus: vacinas. Especialistas afirmam que não há motivo para os humanos temerem a circulação da doença entre seus pets. A possibilidade de o vírus pular de uma espécie para outra — como ocorreu com o novo coronavírus humano — é um evento extremamente raro, que depende de muitas condições. Mais informações no link. Em Porto Alegre, alguns shows e espetáculos foram cancelados ou adiados. A lista completa pode ser acessada aqui.

Sou usuária do trensurb , gostaria de maiores informações sobre o coronavírus em relação a esse meio de transporte, pois os trens estão sempre lotados. Como nos protegermos nesse caso?
Os transportes públicos devem mudar a rotina de desinfecção, intensificando a desinfecção das superfícies de contato dos usuários com álcool 70%. De preferência, os ônibus e vagões de trem com janela devem mantê-las abertas pra adequada circulação de ar. Quando não há janelas que possam ser abertas, os aparelhos de ar condicionado devem ter os filtros limpos com mais frequência.(André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição)

TRATAMENTO E MONITORAMENTO

Se ainda não descobriram a cura do coronavírus, qual o tratamento que os infectados recebem? E qual a chance de cura com esses tratamentos?
Ainda não existe um tratamento específico para a covid-19, apesar de que alguns tratamentos experimentais estejam em estudo. Medicamentos já conhecidos como aqueles utilizados contra o HIV e totalmente novos estão sendo utilizados em ensaios clínicos, porém ainda é cedo para que se possa afirmar se há algum efeito benéfico nesses tratamentos. No geral, notamos que aletalidade da covid-19 (percentual de casos que evoluem para o óbito) gire em torno de 2 a 3%. É importante salientar dois aspectos:
a) A letalidade é praticamente zero entre crianças e adolescentes e chega a perto de 20% entre os indivíduos com mais de 79 anos. Doenças preexistentes como diabetes, neoplasias, deficiências imunológicas, cardiopatias e principalmente doenças pulmonares podem contribuir muito com um pior desfecho.
b) Ainda é motivo de estudos o número de pessoas que se infectam com o vírus e não apresentam nenhum sintoma ou sintomas muito leves. Na verdade, podemos estar observando apenas a “ponta do iceberg”, ou seja, somente os casos com sintomas mais evidentes. Ainda poderemos descobrir que um percentual razoável de pessoas que se infectam e não apresentam nenhum sintoma. Se isso acontecer, os índices de letalidade serão, na verdade, muito menores. (por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Sou diabético tipo 1, tenho diabetes desde os meus cinco anos. Gostaria de saber o que pode acontecer se eu pegar esse coronavírus.
Cerca de 80% dos pacientes infectados pelo novo coronavírus vão apresentar uma doença branda, semelhante a um resfriado comum. Entre os fatores de risco para o paciente apresentar um quadro mais grave, está o diabetes. Mas isso não significa que todo o diabético terá doença grave. Além disso, depende muito de como o diabetes vem sendo tratado. Se a glicose vem sendo bem controlada, o risco de ser afetado por uma condição mais grave se assemelha ao risco de quem não tem diabetes(por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento)

Existe idade mínima e máxima para a infecção do vírus?
A infecção por coronavírus pode acometer qualquer indivíduo. Entretanto, dados científicos apontam que a faixa etária dos 30 aos 79 anos é a mais atingida até o momento. Cabe ressaltar que é um vírus novo é que as características da infecção podem modificar no transcorrer da pandemia. (por André Luiz Machado da Silva, médico infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição)

Meu filho teve um quadro de doença autoimune, síndrome de guillain-barré, há cerca de quatro anos. Hoje, sua idade é 15 anos. O risco é maior de infecção desse vírus?
O mecanismo pelo qual a síndrome de guillain-barré é ativada não é conhecido. Muitas vezes ela é desencadeada por uma infecção viral, como o zika vírus, por exemplo. Sabe-se que ela é uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico da pessoa ataca suas células que formam o sistema de condução dos impulsos nervosos, causando debilidade muscular, ou mesmo paralisias. Apesar de que algumas pessoas possam apresentar sequelas, a cura completa é observada em grande parte dos casos, com melhora lenta (até dois anos). Trata-se de uma doença considerada rara e episódica, ou seja, o fato do seu filho ter apresentado essa Síndrome pode ser considerado como um caso isolado, sem comprometimento da imunidade após a cura. Portanto, acredito que seu filho não tenha maior risco de contrair essa infecção, ou mesmo ter um prognóstico pior do que outros adolescentes que se infectarem pelo novo coronavírus.(por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Uma pessoa infectada pode ficar até quantos dias com o vírus no corpo? Com segurança, quanto tempo ela pode voltar ao convívio? Quanto tempo o vírus fica em objetos por exemplo manipulados por alguém contaminado?
Eu queria poder dar uma resposta bem precisa, mas não tenho. Os estudos preliminares mostram que os pacientes podem ter o vírus em seu corpo até duas ou três semanas após o início dos sintomas, mas não é conhecida a capacidade que essas pessoas têm de transmitir o vírus na convalescença. A viabilidade do vírus fora do corpo humano também ainda é motivo de estudo. Um estudo americano, ainda não publicado, diz que, em média, o vírus permanece viável 2,7 horas após ser excretado do corpo humano. Entretanto as condições como: tipo superfície, umidade, temperatura, radiação solar, etc. podem alterar muito esses valores. Nesse estudo, em condições ideais para o vírus, sua viabilidade pode ser mantida por até 24 horas em superfícies de papel e até dois dias em superfícies de plástico ou aço inoxidável. Daí a extrema importância da lavagem frequente das mãos e limpeza das superfícies dos ambientes onde tem pessoas tossindo ou espirrando, além de manter sempre o ambiente bem ventilado (janelas abertas). Também não devemos compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, canudos, copos, narguilé e até o chimarrão. Depois do uso individual, é só lavar com água e sabão e outra pessoa poderá usar o mesmo objeto.(por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Sobre os alimentos crus, que cuidados devo ter na feira e no supermercado? Se um portador da covid-19 espirrar, por exemplo, perto de tomates ou da berinjela, podemos ter problemas?
Como prevenção de infecções respiratórias em geral recomenda-se sempre lavar bem frutas e verduras. Alimentos bem cozidos fazem parte da prevenção de outras doenças como, por exemplo, a toxoplasmose (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS).

A chegada no inverno, temperaturas frias, pode contribuir ou impactar no disseminação do coronavírus  bem como impactar no aumento da mortalidade?
É possível um agravamento da situação com a chegada do frio. Porém, não há uma relação direta entre o frio e um aumento de mortalidade pelo coronavírus (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento e professor da faculdade de medicina da Ufrgs).

Recentemente ouvi a especialista em saúde Crystina Barros mencionar os cuidados que se deve ter em relação ao compartilhamento de talheres, copos e outros utensílios domésticos. Ainda que pareça excesso de zelo, ela alertou que isso inclui até mesmo maridos, esposas, filhos e demais familiares – seja morando juntos ou não. Deve-se evitar, segundo ela, usar o mesmo copo ou talher, até mesmo para oferecer “uma prova” do alimento ou bebida. O que é bem comum no dia a dia das famílias. Gostaria de saber se isso é exagero ou se procede.
Sim, em momentos de epidemia de infecções virais, os cuidados com compartilhamentos como talheres, louças, copos, materiais de higiene pessoal, devem ser adotados com todas as pessoas, inclusive familiares e independente de terem sintomas respiratórios. Já se sabe que o virus pode ser transmitido antes que o paciente apresente sintomas (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento e professor da faculdade de medicina da Ufrgs).

Como fazer o teste se não tenho sintomas ainda mas tive contato com pessoas sintomáticas?
Se você não tem sintomas, você não deve fazer o teste, independente de ter tido contato com pessoa sintomática ou mesmo comprovadamente infectada pelo novo coronavírus. Dependendo do tipo de contato, pode-se até ser necessário uma quarentena, de 7 a 14 dias, isto é, um período de observação sem contato com outras pessoas. É fundamental entender que um resultado negativo para pesquisa de coronavírus em pessoas que não tem sintomas não exclui a possibilidade de infecção, que pode aparecer dentro de até 14 dias após o contato (por Alexandre Prehn Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento e professor da faculdade de medicina da Ufrgs).

Faço uso de Glifage 500 ( 2 capsulas dia), tendo em vista glicemia de 115 pra menos. Convém descontinuar o uso por alguns dias? Algum problema se eu optar por essa conduta?
A metformina (Glifage) é um dos medicamentos mais importantes no controle do diabetes. Não há nenhuma razão para interromper o tratamento, a menos que seu endocrinologista resolva modificar seu tratamento. Converse com ele! Em qualquer infecção é indispensável que a glicemia esteja sob controle. Se você optar pela interrupção do tratamento sem aconselhamento médico pode ter problemas relacionados à elevação da glicemia. Lembre-se de que o diabetes é uma doença silenciosa e traiçoeira! Se não estiver bem controlada pode trazer uma série de problemas à sua saúde. ( por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia) 

Quando o coronavírus se espalhar, como disse o ministro, só os casos mais graves serão submetidos a teste. Como vou saber se estou com gripe comum ou coronavírus? Mesmo tendo sintomas mais brandos serei um transmissor.
Essa é uma questão polêmica! O Ministério da Saúde realmente orienta que os testes devem ser reservados somente aos casos mais graves depois de ser observada a transmissão comunitária da doença naquela cidade ou região. Transmissão comunitária é quando a pessoa adquire o vírus sem ter nenhum risco conhecido, como viagem ao Exterior ou contato com alguém sabidamente infectado pelo vírus. Esse é o caso atual das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Essa medida contraria as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza a testagem em todos os sintomáticos, como medida de reforçar o isolamento domiciliar de casos brandos da doença. O Ministério optou pela estratégia de isolamento domiciliar para todos os sintomáticos respiratórios, mesmo que não se saiba se o quadro é causado pelo coronavírus ou outro vírus qualquer. Não vejo erro nessa medida, especialmente na escassez de kits para o teste. Todas as pessoas com sintomas gripais devem, mesmo, ficar isoladas. Temos outros vírus circulantes na população (Influenza, rinovírus, etc.) que podem ser transmitidos pelos sintomáticos. Na noite de 17 de março o Ministério anunciou ter disponível 26 mil testes (quantidade certamente insuficiente para adoção da orientação da OMS), mas que está trabalhando na aquisição de um novo quantitativo. Ainda assim, não se deve desperdiçar um teste por mera curiosidade ou porque a empresa solicitou para o retorno às atividades profissionais. ( por Wladimir Queiroz, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Fonte: GaúchaZH

Funai atropela regimento e libera acesso a índios isolados por causa de coronavírus

Funai atropela regimento e libera acesso a índios isolados por causa de coronavírus

Decisão ignora o que está previsto no processo de contato com os povos isolados

Fundação Nacional do Índio  (Funai) atropelou o próprio estatuto e autorizou que suas coordenações regionais possam fazer contato direto com povos indígenas isolados na floresta, desde que entendam ser necessário, por causa da pandemia do coronavírus.

A decisão ignora frontalmente o que está previsto no processo de contato com os povos isolados. Por lei, é a Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGiirc) que discute, estuda e decide sobre a necessidade ou não de contato com esses povos. São ações extremamente complexas, por envolver acesso a regiões remotas e, principalmente, por colocar em risco a saúde desses povos indígenas sem convivência com não índios.

A Funai tem hoje 11 frentes de proteção aos isolados em todo o País, que executam as políticas e decisões da coordenação-geral. Já no âmbito regional, há 39 coordenações.

A portaria publicada na terça pelo presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, afirma que esses povos seguirão sem contato, mas que esse comando “pode ser excepcionado caso a atividade seja essencial à sobrevivência do grupo isolado e deve ser autorizada pela CR (coordenação regional)”. 

A portaria publicada pelo presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, determina que “ficam suspensas todas as atividades que impliquem o contato com comunidades indígenas isoladas”, mas adiciona que a esse comando “pode ser excepcionado caso a atividade seja essencial à sobrevivência do grupo isolado e deve ser autorizada pela CR (coordenação regional) por ato”.

A portaria define ainda que o contato entre agentes da Funai, bem com a entrada de civis em terras indígenas, estão “restritas ao essencial de modo a prevenir a expansão da epidemia”.

Hoje, há 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal, área que abrange nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos Estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. A maior presença de povos isolados do Brasil se dá no Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, onde já foram registradas 16 referências desses grupos. A população total da terra oscila entre 3,8 mil e 5,5 mil pessoas, sem incluir as estimativas da população de índios isolados. 

Procurada, a Funai não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem. 

Fonte: Estadão