No dia em que a Europa interditou os voos de e para Maputo, Moçambique tinha registado cinco novos casos de infeção, zero internamento e zero morte por COVID-19. Nos restantes países da África Austral a situação era semelhante. Em contrapartida, a maioria dos países europeus enfrentava uma dramática onda de novas infecções.
Cientistas sul-africanos foram capazes de detectar e sequenciar uma nova variante do SARS Cov 2. No mesmo instante, divulgaram de forma transparente a sua descoberta. Ao invés de um aplauso, o país foi castigado. Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecerem para trabalharem juntos com os africanos, os governos europeus viraram costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos.
Não se fecham fronteiras, fecham-se pessoas. Fecham-se economias, sociedades, caminhos para o progresso. A penalização que agora somos sujeitos vai agravar o terrível empobrecimento que os cidadãos destes países estão sendo sujeitos devido ao isolamento imposto pela pandemia.
Mais uma vez, a ciência ficou refém da política. Uma vez mais, o medo toldou a razão. Uma vez mais, o egoísmo prevaleceu. A falta de solidariedade já estava presente (e aceite com naturalidade) na chocante desigualdade na distribuição das vacinas. Enquanto a Europa discute a quarta e quinta doses, a grande maioria dos africanos não beneficiou de uma simples dose. Países africanos, como o Botswana (que pagaram pelas vacinas) verificaram, com espanto, que essas vacinas foram desviadas para as nações mais ricas.
O continente europeu que se proclama o berço da ciência esqueceu-se dos mais básicos princípios científicos. Sem se ter prova da origem geográfica desta variante e sem nenhuma prova da sua verdadeira gravidade, os governos europeus impuseram restrições imediatas na circulação de pessoas. Os governos fizeram o mais fácil e o menos eficaz: ergueram muros para criar uma falsa ilusão de proteção. Era previsível que novas variantes surgissem dentro e fora dos muros erguidos pela Europa. Só que não há dentro nem fora. Os vírus sofrem mutações sem distinção geográfica. Pode haver dois sentimentos de justiça. Mas não há duas pandemias.
Os países africanos foram uma vez mais discriminados. As implicações económicas e sociais destas recentes medidas são fáceis de imaginar. Mas a África Austral está longe, demasiado longe. Já não se trata apenas de falta de solidariedade. Trata-se de agir contra a ciência e contra a humanidade.
Prefeito da cidade que simboliza o caos na saúde brasileira utiliza pandemia para fazer lobby para projeto que ameaça porção intocada da floresta no Amazonas: “Se for aberta para invasão, é um desastre”, alerta pesquisador do Inpa
A cidade Manaus, no coração Amazônia brasileira, simboliza a tragédia do enfrentamento à pandemia em todo o Brasil, porque a prefeitura local usa o mesmo negacionismo genocida operado pelo governo federal. Na falta de oxigênio hospitalar para atender os doentes internados na cidade, devido à suspensão do envio do insumo pelo Ministério da Saúde, o prefeito manauara, David Almeida (Avante), tentou esconder a situação nesta capital do Amazonas. Preferiu culpar ambientalistas por atrasos na reconstrução da estrada BR-319, que liga Manaus a Santarém. Almeida diz que, se a BR-319 funcionasse integralmente, o oxigênio seria entregue.
Mas, o prefeito Almeida preferiu deixar de lado outras tragédias enfrentadas por Manaus – e onde a omissão do poder público é, literalmente, um caso de vida ou de morte.
“Em Manaus vivem 30 mil indígenas de 47 povos que falam 16 línguas e se articulam em 100 organizações . A cidade tem a maior população indígena do Pais, mas o fato de estarmos em uma grande cidade não significa que se tenha acesso aos principais serviços de saúde. A pandemia não trouxe apenas a doença. Trouxe também a fome e principalmente violação de direitos para os indígenas”, reclama Marcivania Sateré, coordenadora da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Comipe).
Marcivânia denuncia que, apesar de suas características marcadamente indígenas, Manaus não desenvolveu um plano de contingência específico para esse recorte da população. “No dia 6 de janeiro encaminhamos através do Ministério Público Federal , nosso grande parceiro, um documento solicitando o plano”, informa.
“Na primeira onda (de COVID-19), mapeamos 35 óbitos em Manaus , entre abril a junho de 2020. Não entraram nos números oficiais no Ministério da Saúde. Em 2021, já tivemos dois óbitos que também não entraram nos números. Essas pessoas estavam ligadas a uma organização indígena, mas grande parte da população indígena não está ligada a nenhuma organização. São famílias isoladas por todas as zonas de Manaus”, denuncia.
“O caos é muito grande nas unidades de saúde e tem um número muito grande de pessoas morrendo em casa. A economia indígena na cidade de Manaus está centrada na produção e venda do artesanato e nas apresentações culturais para o turismo”, explica, observando que todas essas atividades foram suspensas durante o isolamento social necessário para enfrentar o coronavírus.
“A gente se pergunta: por onde andam deputados estaduais, vereadores e prefeito. Na primeira onda, tivemos ainda algumas articulações com as equipes de médicos da Secretaria Municipal (de Saúde). Eles atenderam algumas comunidades onde estavam os contaminados. Em Manaus não há representatividade indígena (na Câmara Municipal)”, reclama Marcivânia.
Marcivania Sateré (de azul), coordenadora da Comipe. ?: Cáritas
A Arayara.org tentou contato na tarde de terça-feira (19) e na manhã de quarta (20) com as Secretarias de Comunicação e da Casa Civil da Prefeitura de Manaus para perguntar sobre a existência ou não do plano de contingência para indígenas. Até a publicação desta matéria. Nenhum dos órgãos respondeu à nossa solicitação. Se o fizerem mais tarde, atualizaremos este texto.
“A campanha de imunização do governo federal deixa de fora os indígenas que estão nas cidades. É uma imunização voltada apenas para os indígenas aldeiados. Estamos muito vulneráveis. Indígenas apresentam taxas (de contaminação e de letalidade) muito superiores em relação a outros segmentos da população brasileira. A Covida-19 afeta diretamente as nossas raízes culturais, levando a óbito os guardadores das nossas memórias ancestrais que são os nossos anciões”, alerta a coordenadora da Copime, observando que a culpa da tragédia também é do governo federal.
No relatório “Covid-19 e Povos indígenas – O enfrentamento das violências durante a pandemia”, de novembro de 2020, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB, organização de âmbito nacional que reúne sete entidades regionais nos 27 estados brasileiros) contabiliza que “até dezembro de 2020, mais de 41 mil indígenas foram contaminados pelo novo coronavírus, atingindo mais da metade dos 305 povos que vivem no Brasil (…) “Foi entre os meses de março à novembro de 2020, que as violências contra os povos indígenas aumentaram dentro e fora de nossos territórios. Os criminosos que invadem nossas terras não fizeram quarentena e, muito menos, “home office”. Afirmamos que o agravamento das violências contra os povos indígenas, durante a pandemia, foi incentivado por Bolsonaro”, continua o relatório.
A entrevista completa de Marcivânia está aqui :
A BR-319 é instrumento eleitoral dos políticos de Manaus, diz Fearnside – “Esse tema da estrada BR-319 ameaça não apenas Manaus, mas o Brasil inteiro”, observa Philip Fearnside. “Aquele grande bloco de floresta na parte oeste do (Estado do) Amazonas está segurando a situação ambiental no País hoje. Se for aberto para invasão, por essas mesmas pessoas que passaram por Rondônia, sul do Pará etc, é um desastre. Sua função (da região) é a reciclagem de água transportada para o sudeste e o sul do Brasil através dos chamados rios voadores”.
Fearnside se refere à construção da estrada federal BR-319, que vai ligar Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e que está em processo de licenciamento ambiental . O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) submetido ao Ibama “está recebendo tratamento acelerado pelo que parece ser uma aprovação predeterminada. A aprovação apressada de um projeto que implique uma grande expansão da área na Amazônia que está exposta ao desmatamento é extremamente imprudente”.
Biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Fearnside. ?: Divulgação
Se concluído integralmente o plano do governo federal de reconstruir e ampliar a BR-319, a estrada vai bordear toda a extensão a que Fearnside se referiu, e que até hoje conseguiu ficar livre das queimadas e derrubaras de florestas do assim chamado Arco do Desmatamento – uma enorme região no norte do mato Grosso e sul do Pará, onde o grande negócio agrícola associados a grileiros nacionais e internacionais puseram enormes porções de floresta abaixo.
“Aquele é o último grande bloco de floresta intacta na Amazônia brasileira”, costuma dizer o pesquisador, estadunidense de nascimento que há quase 50 anos trabalha no Brasil.
A entrevista completa com o professor Fearnside está aqui:
? destaque: Vatican News
Manaus alberga la mayor población indígena urbana de Brasil, pero no tiene un plan de contingencia específico, dice el líder Sateré
El alcalde de la ciudad que simboliza el caos en la salud brasileña utiliza la pandemia para presionar por un proyecto que amenaza a la porción virgen de la selva amazónica: “Si se abre para la invasión, es un desastre”, advierte el investigador del Inpa
La ciudad de Manaus, en el corazón de la Amazonia brasileña, simboliza la tragedia de enfrentar la pandemia en todo Brasil porque el gobierno local utiliza el mismo negacionismo genocida operado por el gobierno federal. Ante la falta de oxígeno hospitalario para atender a los pacientes internados en la ciudad, debido a la suspensión del envío del insumo por parte del Ministerio de Salud, el alcalde de Manaus, David Almeida (del partido llamado Adelante), trató de ocultar la situación en esta capital del Estado de Amazonas. Prefirió culpar a los ecologistas por los retrasos en la reconstrucción de la autopista BR-319, que conecta Manaus con Santarém. Almeida dice que si la autopista BR-319 funcionara a pleno rendimiento, se entregaría oxígeno.
Estos argumentos fueron refutados por los científicos – entre ellos, el biólogo del Instituto Nacional de Investigaciones de la Amazonia (Inpa), Philip Fearnside, uno de los más respetados del país. Fearnside, nativo de los Estados Unidos de América, ha sido una referencia en el estudio del funcionamiento de la selva amazónica durante casi 50 años – al final de este texto, Fearnside aborda las amenazas ambientales que se esconden bajo la propuesta de reconstruir y ampliar la carretera BR-319. Al final de este texto, Fearnside explica estos impactos con más profundidad.
Sin embargo, el alcalde Almeida prefirió dejar de lado otras tragedias que enfrenta Manaus – y donde la omisión del poder público es literalmente un caso de vida o muerte.
“Manaus es el hogar de 30.000 de 47 pueblos que hablan 16 idiomas y están articulados en 100 organizaciones. La ciudad tiene la mayor población indígena del país, pero el hecho de que estemos en una gran ciudad no significa que tengamos acceso a los principales servicios de salud. La pandemia no sólo ha traído la enfermedad. También ha traído el hambre y especialmente la violación de los derechos de los pueblos indígenas”, se queja Marcivania Sateré, coordinadora de la Coordinación de Pueblos Indígenas de Manaus y Entorno (Comipe).
Marcivânia denuncia que, a pesar de sus características marcadamente indígenas, Manaus no ha desarrollado un plan de contingencia específico para este recorte de la población. “El 6 de enero enviamos un documento solicitando el plan a través del Ministerio Público Federal, nuestro principal compañero”, dijo.
“En la primera oleada (de COVID-19), hemos cartografiado 35 muertes de indígenas en Manaus, entre abril y junio de 2020. No han introducido los números oficiales en el Ministerio de Salud. En 2021, ya teníamos dos muertes que tampoco entraron en los números. Estas personas estaban vinculadas a una organización indígena, pero una gran parte de la población indígena no está vinculada a ninguna organización. Son familias aisladas en todas las áreas de Manaus”, dijo.
“El caos es muy grande en las unidades de salud y hay un gran número de personas que mueren en casa. La economía indígena en la ciudad de Manaus se centra en la producción y venta de artesanías y presentaciones culturales para el turismo”, explica, señalando que todas estas actividades se han suspendido durante el aislamiento social necesario para hacer frente al coronavirus.“Nos preguntamos dónde van los diputados estatales, los concejales y el alcalde. En la primera ola, también tuvimos algunas articulaciones con los equipos de médicos de la Secretaría Municipal (Salud). Sirvieron a algunas comunidades donde estaban los contaminados. En Manaos, no hay representación indígena (en la Cámara Municipal)”, se queja Marcivânia.
Marcivania Sateré (en azul), coordenadora da Comipe. ?: Cáritas
Arayara.org trató de ponerse en contacto el martes por la tarde (19) y el miércoles por la mañana (20) con los Departamentos de Comunicación y la Casa Civil del Ayuntamiento de Manaus para preguntar sobre la existencia o no del plan de contingencia para los indígenas. Hasta la publicación de este artículo, ninguna de las agencias respondió a nuestra petición. Si lo hacen más tarde, actualizaremos este texto.
“La campaña de inmunización del gobierno federal deja fuera a los indígenas que están en las ciudades. Se trata de una inmunización dirigida únicamente a los habitantes de las aldeas indígenas. Somos muy vulnerables. Los indígenas tienen tasas mucho más altas (de contaminación y letalidad) que otros segmentos de la población brasileña. Covida-19 afecta directamente a nuestras raíces culturales, lo que lleva a la muerte de los guardianes de nuestras memorias ancestrales que son nuestros mayores”, advierte el coordinador de Copime, señalando que el gobierno federal también tiene la culpa de la tragedia.
Con efecto, el informe “Covid-19 y los Pueblos Indígenas – La confrontación de la violencia durante la pandemia” de noviembre de 2020, la Articulación de los Pueblos Indígenas de Brasil (APIB, una organización de ámbito nacional que reúne a siete entidades regionales en los 27 estados brasileños) informa de que “en diciembre de 2020, más de 41.000 indígenas habían sido contaminados por el nuevo coronavirus, lo que afecta a más de la mitad de los 305 pueblos que viven en Brasil (…)
“Fue entre los meses de marzo y noviembre de 2020, que la violencia contra los pueblos indígenas aumentó dentro y fuera de nuestros territorios. Los criminales que invaden nuestras tierras no han sido puestos en cuarentena, y mucho menos en “home office”. Afirmamos que el empeoramiento de la violencia contra los pueblos indígenas durante la pandemia fue alentado por Bolsonaro”, continúa el informe.
La entrevista completa (en Portugués) de Marcivania está aquí:
La autopista BR-319 es un instrumento electoral para los políticos de Manaus, dice Fearnside – “Este tema de la autopista BR-319 amenaza no sólo a Manaus, sino a todo Brasil”, señala Philip Fearnside. “Ese gran bloque de bosque en la parte occidental del (estado de) Amazonas está frenando la situación ambiental del país hoy en día. Si se abre para la invasión, por esas mismas personas que pasaron por Rondonia, sur de Pará, etc., es un desastre. Su función (de la región) es el reciclaje del agua transportada al sudeste y al sur de Brasil a través de los llamados ríos voladores”.
Fearnside se refiere a la construcción de la carretera federal BR-319, que unirá Manaus (AM) con Porto Velho (RO) y que está en proceso de autorización ambiental. El Estudio de Impacto Ambiental (EIA) presentado al Ibama “está recibiendo un tratamiento acelerado para lo que parece ser una aprobación predeterminada. La aprobación apresurada de un proyecto que implica una gran expansión de la zona del Amazonas que está expuesta a la deforestación es extremadamente imprudente”.
Biólogo del Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Fearnside. ?: Divulgação
Si el plan del gobierno federal para reconstruir y ampliar la carretera BR-319 se completa en su totalidad, la carretera bordeará toda la extensión a la que se refería Fearnside, y que hasta el día de hoy ha logrado mantenerse libre de la quema y la tala de bosques en el llamado Arco de la Deforestación – una enorme región en el norte del Mato Grosso y el sur de Pará, donde el gran negocio agrícola asociado a los grillos nacionales e internacionales ha puesto enormes porciones de bosque debajo.
“Ese es el último gran bloque de bosque intacto en la Amazonia brasileña”, dice el investigador, un estadounidense de nacimiento que ha trabajado en Brasil durante casi 50 años.
La entrevista completa (en Portugués) con el profesor Fearnside está aquí:
Amazonas’ capital, Manaus hosts the largest urban indigenous population in Brazil, but has no specific contingency plan, says Sateré leadership
The city of Manaus, in the heart of the Brazilian portion of the Amazon region, symbolizes the tragedy of fighting against COVID-19 pandemic across Brazil, as the local city hall uses the same genocidal denialism operated by the federal government.
With the lack of oxygen cylinders to assist hospitalized patients in the city – due to the Ministry of Health’s supply suspension –, Manaus mayor, David Almeida (who belongs do Forward political party), tried to hide the situation in this capital city of Amazonas State. He blamed environmentalists for delays in rebuilding the BR-319 road, which connects Manaus to the city of Santarém. Almeida says that if BR-319 were to function fully, oxygen would be delivered.
These arguments were challenged by scientists – including the biologist at the National Institute of Amazonian Research (Inpa), Philip Fearnside, one of the most respected in the country. American by birth, Fearnside has been, for almost 50 years, a reference in the study of the Amazon forest functioning – at the end of this text, Fearnside addresses the environmental threats hidden under the proposal to rebuild and expand BR-319.
However, Mayor Almeida preferred to put aside other tragedies faced by Manaus – and where the public power omission is literally a case of life or death.
“Thirty thousand indigenous people of 47 ethnicities who speak 16 different languages and are articulated in 100 organizations live in Manaus. The city has the largest indigenous population in the country, but the fact that we are in a large city does not mean that we can access the main health services. The pandemic didn’t just bring the disease. It also brought hunger and, above all, violation of rights for indigenous people”, complains Marcivania Sateré, head of the Coordination of Indigenous Peoples in Manaus and Surroundings (Comipe).
Marcivania says that, despite its markedly indigenous characteristics, Manaus did not develop a specific contingency plan for this population segment. “On January 6th, we sent a document, through the Federal Prosecution Office, our great partner, requesting the plan,” she informs. “In the first wave (of COVID-19), we mapped 35 deaths in Manaus, between April and June 2020. They did not enter the official numbers at the Ministry of Health. In 2021, we already have two deaths that also did not enter the statistics. These people belonged to indigenous organization, but a large part of the indigenous population didn´t join any organization. They are isolated families all over Manaus”, she denounces.
“In the first wave (of COVID-19), we mapped 35 deaths in Manaus, between April and June 2020. They did not enter the official numbers at the Ministry of Health. In 2021, we already have two deaths that also did not enter the statistics. These people belonged to indigenous organization, but a large part of the indigenous population didn´t join any organization. They are isolated families all over Manaus”, she denounces.
“Chaos is huge in the health units, and many people are dying at home. The indigenous economy in Manaus is centered on the production and sale of handicrafts and cultural presentations for tourists”, she explains, noting that all these activities were suspended during the social isolation necessary to face the coronavirus.“We wonder where are state deputies, councilors, and the mayor. During the first wave, we still had some articulations with the doctors of the Municipal Secretariat (of Health). They attended some communities where the contaminated ones were. In Manaus, there is no indigenous representation (in the City Council)”, complains Marcivânia.
Marcivania Sateré (in azul), Comipe coordinator. ?: Cáritas
Arayara International Institute has tried to contact on Tuesday afternoon (19) and on Wednesday morning (20) both the Communication Service and the Civil Cabinet of Manaus City to ask about the contingency plan for indigenous peoples. Until the publication of this article, none of the agencies responded to our request. If they do so later, we will update this text.
“The federal government’s immunization campaign leaves out indigenous people who live in cities. It is an immunization aimed only at indigenous villagers. We are very vulnerable. Indigenous people have much higher rates (of contamination and lethality) than other segments of the Brazilian population. Covid-19 directly affects our cultural roots, leading to the death of the ones who guard our ancestral memories, that are our elders”, warns the Copime coordinator, noting that the blame for the tragedy is also on the federal government.
In the report “Covid-19 and Indigenous Peoples – Facing violence during the pandemic”, of November 2020, Brazil’s Indigenous People Articulation (APIB), a nationwide organization that brings together seven regional entities in the 27 Brazilian states, says that “Until December 2020, more than 41,000 indigenous people were infected with the new coronavirus, affecting more than half of the 305 indigenous populations living in Brazil (…) “It was between March and November 2020, that violence against indigenous peoples increased inside and outside our territories. The criminals who invade our lands have not been quarantined, let alone remote work. We affirm that the worsening of violence against indigenous peoples, during the pandemic, was encouraged by Bolsonaro,” continues the report.
Marcivania’s full interview (in Portuguese) is here:
BR-319 is an electoral tool for Manaus politicians, says Fearnside – “This BR-319 road discussion threatens not only Manaus but the whole country,” notes Philip Fearnside. “That large block of forest in the western part of the (State of) Amazonas is holding the environmental situation in the country today. If it is opened for invasion by the same people who passed through Rondônia, south of Pará, and other places, it will be a disaster. Its function (in the region) is to recycle water transported to the southeast and south of Brazil through the so-called flying rivers”. Fernside refers to the reconstruction of the federal road BR-319, which connects Manaus (in Amazonas State) to Porto Velho (in Roraima State) and is in the process of environmental licensing. The Environmental Impact Study (EIA) submitted to Ibama – Brazil’s environmental agency – “is receiving accelerated treatment for what appears to be a predetermined approval. The hasty approval of a project that implies the expansion of areas in the Amazon exposed to deforestation is extremely imprudent”.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Biologist, Philip Fearnside. ?: Divulgação
If the federal government’s plan to rebuild and expand BR-319 was fully completed, the road would border the entire regionFearnside referred to, and which until today has managed to be free from burning and clearing of forests as in the so-called Deforestation Arch – a huge region between northern Mato Grosso and southern Pará States where the great agricultural business associated with national and international land grabbers put huge portions of forest down.
“That is the last large block of intact forest in the Brazilian Amazon”, says the researcher. You can find the full interview (in Portuguese) with Professor Fearnside here:
O mundo superou oficialmente na noite deste domingo (28/06) a marca de de meio milhão de mortes por covid-19 desde que a epidemia foi declarada na China em dezembro, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Mais cedo, o planeta também havia atingido a marca de 10 milhões de casos da doença.
O número de mortos no mundo dobrou em pouco menos de dois meses. Em 5 de maio eram 250 mil. Nos últimos dias, foram registradas 50 mil mortes.
Já a cifra de infecções declaradas em nível global dobrou desde 21 de maio, e foram detectados mais de um milhão de novos casos de covid-19 entre a última segunda-feira e domingo.
Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia, tanto em número de mortos (125.803) quanto de casos (2.549.028). Embora a cifra de mortes diárias tenha diminuído sutilmente em junho com relação a maio, os contágios aumentaram em 30 dos 50 estados do país, sobretudo nos maiores e mais populosos do sul e do oeste: Califórnia, Texas e Flórida.
As previsões atuais do Instituto para a Métrica e a Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês) preveem que os EUA poderiam alcançar os 150 mil óbitos em meados de agosto.
O Brasil aparece em segundo lugar no mundo, tanto em número de mortes quanto de casos, considerando os número absolutos, com 57.622 óbitos e 1.344.143 casos da doença. Neste domingo, o país registrou mais 552 mortes e 30.476 casos, segundo o Ministério da Saúde.
O novo coronavírus atingiu primeiro a China e depois se espalhou por parte da Ásia. A partir de março, se espalhou pela Europa e depois avançou rapidamente pelos Estados Unidos. Atualmente, o epicentro da pandemia está na América Latina e especialmente no Brasil, onde desde o fim de maio, os balanços diários costumam passar das mil mortes em 24 horas.
Nos últimos sete dias, quase metade dos óbitos foi registrada na América Latina. A região também contabiliza mais de 400 mil novos casos de contágio no mesmo período, ou seja, mais de um terço dos detectados em uma semana em todo o mundo (mais de 1,1 milhão).
Depois dos Estados Unidos e Brasil; os países mais afetados são Reino Unido (43.634 mortes e 312.640 casos); Itália (34.738 e 240.310) e França (29.781 e 199.476).
Entre os países mais afetados, a Bélgica tem o maior número de mortos com relação à sua população, com 84 por 100.000 habitantes, à frente de Reino Unido (64), Espanha (61), Itália (57) e Suécia (52).
Estes balanços só refletem parte do número real de contágios. Os Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, por exemplo, estimam que mais de 20 milhões de americanos foram infectados, ou seja, dez vezes mais que o registrado, o que equivale de 5% a 8% da população.
Passados quase três meses desde o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil (em 26 de fevereiro) e pouco mais de dois meses desde que foi registrada a primeira morte em decorrência da doença (17 de março), o Brasil alcançou ontem a marca de mil mortes registradas em 24 horas. Também bateu o recorde de casos notificados em um dia. O País já responde por 14%, um em cada sete, dos novos casos em todo o mundo.
Segundo o Ministério da Saúde, 17.971 pessoas perderam a vida no País por complicações da covid-19 (foram 1.179 registros nas últimas 24 horas, o maior relato até agora). O recorde anterior havia ocorrido na terça-feira passada, quando 881 novas mortes confirmadas para covid-19 foram registradas. No total, oficialmente 271.628 pessoas já foram infectadas. Houve 17.408 novos registros em 24 horas.
Apesar dos recordes, o ministério, que está sem um titular desde a saída de Nelson Teich, na última sexta-feira, usou a coletiva de imprensa de ontem para apontar somente que houve queda na doação de leite durante a pandemia. Não houve manifestação do governo sobre o crescimento dos casos.
Considerando a evolução da pandemia em todo o mundo, o Brasil parece estar se tornando o novo epicentro da doença. Na última semana (entre os dias 12 e 18), o País respondeu por algo entre 12% e 14% dos novos casos notificados em todo o mundo – dependendo da fonte, se a Organização Mundial da Saúde ou a Universidade Johns Hopkins (que tem buscado dados mais recentes da pandemia). Isso significa que a cada 7 pessoas identificadas com a doença no planeta, uma delas estava no Brasil. Os números do País, porém, são bastante subnotificados. Estudo recente feito em São Paulo, com testes de sorologia, indicou que pelo menos 5% da população da capital pode já ter se contaminado.
Em números totais, o Brasil é o terceiro em número de casos (atrás de Estados Unidos e Rússia) e o sexto em mortes (atrás de Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha). Nesta semana que passou, entre as nações que ainda estão com taxas crescentes da doença, o Brasil também se destaca como aquele em que o crescimento está mais acelerado, à frente de Índia, Arábia Saudita, Peru e Rússia. Os EUA, apesar de serem o país com mais notificações no total (1,5 milhão) e ainda baterem o recorde de casos e de mortes por dia, parecem estar entrando em curva descendente, assim como ocorreu com os países europeus
Já o Brasil ainda apresenta uma taxa de transmissão crescente. Estudo feito pelo Imperial College de Londres sobre o País, publicado no dia 8, estimou que o chamado número de reprodução está acima de 1, o que significa que cada pessoa infectada está transmitindo a doença para mais de uma, o que faz com que o número de casos novos seja sempre maior. Os autores alertam que a epidemia ainda não está sob controle no Brasil e é preciso tomar medidas mais dramáticas. O lockdown vem sendo recomendado por vários pesquisadores, enquanto o governo federal deseja afrouxar o isolamento.
Fora de controle
“O número de casos está dobrando, em média, a cada 12 dias. Em dois meses, nesse ritmo, vai crescer 30 vezes”, diz o matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp, que trabalha com modelagens da expansão da doença. “Não é impossível imaginar que poderemos acabar superando os Estados Unidos em casos. Não temos política coesa do governo federal com Estados e municípios, cada um faz uma coisa diferente. A situação pode sair do controle completamente.”
Ele divulgou na semana passada um cálculo baseado na expansão observada em abril, indicando que a taxa de contágio para o Estado de São Paulo é de 1,49, e para a capital, de 1,44. O número é semelhante ao obtido no cálculo do Imperial College, de 1,47 para o Estado. Ou seja, cada 100 paulistas infectados transmitiam o novo coronavírus para quase 150 pessoas, em média – o Estado também registra recorde casos diários.
O Brasil se junta ao grupo de quatro países no mundo que superaram a marca de mil óbitos atestados para a doença em um dia. Segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas Estados Unidos, Reino Unido, França e China chegaram a ter mais de mil mortes confirmadas para o novo coronavírus em 24 horas.
O País, porém, foi o que levou mais tempo entre todos para chegar à marca de mil óbitos registrados em 24 horas. No 30.º dia após a primeira morte por coronavírus, o Reino Unido superou a barreira dos mil mortos em 24 horas. Já os EUA alcançaram o recorde em 33 dias. A França, por sua vez, atingiu pela primeira vez os mil mortos 50 dias após seu primeiro registro de óbito. Já o Brasil chegou aos mil mortos no 64.º dia.
O cacique Raoni Metuktire, figura emblemática da luta contra o desmatamento da Amazônia, lançou neste domingo (26) um pedido internacional de doações para que os povos indígenas do Brasil possam sobreviver ao isolamento durante a pandemia do novo coronavírus.
“Precisamos receber alimentos básicos, produtos de higiene, medicamentos e também combustível para transportá-los” (os indígenas) para as comunidades, disse o líder caiapó em um vídeo postado pela ONG francesa Planète Amazone, que lançou a campanha internacional.
O cacique pediu “apoio financeiro” para adquirir estes produtos. “Sem a sua ajuda, os povos indígenas do Brasil não serão capazes de lidar com esta terrível doença”, acrescentou em dialeto caiapó, segundo tradução ao francês divulgada pela ONG em sua página na internet.
A organização lançou a campanha “COVID-19: protegendo os Guardiões da Amazônia” para financiar suas operações de ajuda a comunidades e que estas possam garantir seu “autoconfinamento” durante a pandemia.
“O respeito estrito ao isolamento é ainda mais vital, já que os nativos, devido à sua fragilidade imunológica e sua extrema precariedade em termos de acesso ao atendimento médico, são vítimas ideais para a COVID-19”, destacou a ONG.
Doenças importadas por colonos europeus dizimaram mais de 95% da população indígena das Américas.
“Vou ficar confinado na minha aldeia até que a situação se estabilize”, acrescentou Raoni, que tem perto de 90 anos. Depois, o cacique prevê organizar uma viagem à França.
A ONG justificou a campanha “ante o abandono dos povos indígenas da Amazônia por parte dos poderes públicos brasileiros” em plena crise sanitária.
Raoni tem criticado o governo de Jair Bolsonaro, que pretende autorizar as atividades de mineração em territórios indígenas e se nega a demarcar mais territórios para os povos ancestrais.
No Brasil, onde vivem 800.000 indígenas, pelo menos três nativos morreram de COVID-19 e mais d3 30 estão contagiados, razão pela qual as autoridades sanitárias proibiram as visitas às aldeias indígenas.
Na sexta-feira, líderes dos povos indígenas da COICA – que reúne os nove países amazônicos – pediram ajuda humanitária internacional ante o abandono em que se encontram e o risco que correm com o novo coronavírus.
Como organização comprometida em promover os direitos das crianças e adolescentes e a igualdade para as meninas, a Plan International Brasil enfatiza que essa pandemia tem enormes consequências, especialmente para mulheres e meninas, tanto a curto como a longo prazo, com impactos devastadores de amplo alcance. Não é exagero ressaltar que essa pandemia tem o potencial de atrapalhar e, de fato, reverter ganhos globais alcançados para a igualdade de gênero e os direitos de mulheres e meninas.
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