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Fake news atrapalham médicos em meio à pandemia

Fake news atrapalham médicos em meio à pandemia

Tratando exclusivamente de pacientes com covid-19 em um hospital de São Paulo, uma médica intensivista viu sua rotina se transformar há duas semanas em um caso de polícia. Familiares de um doente na faixa dos 40 anos, que estava sob sua responsabilidade e entubado, quiseram obrigá-la a ministrar um medicamento específico. Eles haviam lido sobre o tratamento em redes sociais.

Diante da resistência da médica, os parentes do doente chamaram a polícia e foram ao hospital ameaçando invadir a UTI.

Antes, por telefone, ela havia esclarecido  para os parentes que diante daquele quadro — “potássio estava baixo, cálcio estava baixo”, entre outros indicadores —, os efeitos colaterais poderiam ser graves.

“Ele teria arritmia e poderia morrer”, contou a médica — que pediu para não ser identificada. à DW Brasil. “Eles alegavam que eu estava sendo negligente e queria matar o paciente por não oferecer a ele a hidroxicloroquina.”

Ao chegarem, os policiais compreenderam a situação e a confusão foi resolvida. Mas o episódio somou-se a tantos que têm dificultado o trabalho dos médicos em meio a tantas fake news, informações sem base científica e a transformação da saúde em uma arena de disputa política.

Dentre dez médicos brasileiros ouvidos pela DW Brasil nos últimos dias, a pressão social pela prescrição da cloroquina, com argumentos sustentados por informações compartilhadas em redes sociais, foi a maior reclamação.

Nos últimos dias, a pressão ganhou um ingrediente a mais: o novo protocolo do Ministério da Saúde, divulgado na quarta, 20, sem embasamento científico e recomendando o uso do fármaco inclusive em casos iniciais, após incentivo do presidente Jair Bolsonaro, um entusiasta do remédio.

Diretor da medicina intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual, o médico Ederlon Rezende diz que desmentir informações controversas virou um trabalho incorporado à sua rotina junto aos pacientes e familiares. “A empolgação com que nosso presidente fala sobre a droga [hidroxicloriquina], muitas vezes utilizando notícias falsas para apoiar suas recomendações, teve grande influência sobre a opinião pública”, avalia ele.

Mas a cloroquina não é a única solução milagrosa que, espalhada nas redes sociais, acaba influenciando a relação paciente-médico. Atuando em diversos hospitais paulistanos —entre eles o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e o hospital de campanha montado no Ibirapuera —, o infectologista Daniel Duailibi conta que também vem ouvindo ameaças constantes de familiares de internados.

“Todos os dias há questionamentos sobre potenciais terapias, seja a hidroxicloroquina ou anticoagulantes. Isso sem falar naqueles boatos de que escovar os dentes com bicarbonato combate o vírus e outras coisas assim que colocam a gente em situações bastante difíceis”, comenta.

Duailibi avalia que a pressão tem dificultado a autonomia técnica de sua profissão. “Gera conflito o tempo todo. O paciente fica insatisfeito porque gostaria de ter recebido a medicação na qual acredita porque leu na internet e esses discursos acabam quebrando o laço de confiança entre médico e família, já fragilizado em um momento em que temos de dar más notícias por telefone”, diz ele.

“Houve um familiar que me falou que se posteriormente houvesse alguma evidência de que o anticoagulante que não prescrevemos teria beneficiado seu pai, ele iria exigir uma prestação de contas de todos os médicos que não o ministraram. Falou em tom de ameaça.”

Ele sentencia a situação com uma frase: acredita que a autonomia técnica dos médicos está sendo violada por achismos.

“Além da carga física, psíquica e emocional, aumentadas de sobremaneira, a gente ainda tem de lidar com ameaças por parte de pacientes e familiares”, comenta a médica intensivista Giovanna Zanatta de Carvalho, que também está atendendo só a casos de coronavírus em um hospital paulistano.

Carvalho ressalta que a questão não é ser contestada. “Como médica, não sou dona da verdade. Mas o problema é ser contestada e, mesmo explicando as razões, receber ameaças e xingamentos do outro lado. Isso é constante. Antes, eu falava com o paciente em um tom amistoso, agora a família quer decidir por si só um tratamento sem evidências científicas”, diz. “Essas coisas não são a gosto do freguês.”

Ela diz que as informações propagadas em redes sociais, sem embasamento científico, tornaram sua rotina “infernal”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já declarou que, junto à covid-19, o mundo enfrenta uma “segunda doença”: a infodemia. Na definição da instituição, trata-se de “uma abundância excessiva de informações — algumas precisas, outras não — que dificultam o acesso a fontes e orientações confiáveis quando as pessoas delas precisam”.

Relatório divulgado pela Unesco informou que, segundo dois estudos internacionais recentes, 40% dos posts relacionados à pandemia em redes sociais não são confiáveis.

“Atendo muita gente acreditando no que vê nessas fake news. Dizendo que se trata de uma doença leve e, portanto, tudo deve ser reaberto, até aqueles que dizem que ela não existe”, relata a intensivista Cristhieni Rodrigues, que atua no Instituto do Coração e no Hospital Santa Paula, ambos em São Paulo. “Então eles se negam a usar máscaras, continuam a fazer festas e aglomerações.”

O médico Ederlon Rezende também conta que tem sido interpelado por aqueles que não acreditam nas estatísticas, dizendo que os números de mortos pela covid-19 são inflados e que “agora todos os que morrem são registrados como vítimas de coronavírus”.

“Vivemos em um mundo onde o acesso à informação é fácil, mas nunca pensei que a desinformação poderia prevalecer com tanta facilidade”, diz ele. “Além de cuidar do paciente, cuidar da família, da equipe e de nós mesmos, temos que dedicar um precioso tempo para desfazer tais conceitos”, completa Novaes.

Há ainda as fotos fora de contexto. Rodrigues vem sendo questionada por gente que vê, nas redes sociais, fotos de hospitais vazios e diz, com base nisso, que não podem ser verdade que as UTIs estejam sobrecarregadas. “Não entendem que são fluxos diferentes, que há uma ala isolada para covid-19. Ou, como em muitos casos, que a foto é de três meses atrás”, ressalta.

Até médicos podem ser disseminadores de fake news

Mas conforme relatos ouvidos pela reportagem não são apenas os pacientes e seus familiares que estão suscetíveis a acreditar em informações sem comprovação científica. A própria classe médica também é vítima de fake news.

Desde a semana passada, por exemplo, circula em grupos de WhatsApp de médicos e outros profissionais da saúde, um arquivo em PDF de 16 páginas, timbrado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e com logotipos da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e do Sistema Único de Saúde (SUS). O documento, intitulado Protocolo Para Tratamento da Covid-19 recomenda o uso de hidroxicloroquina e azitromicina a partir dos primeiros sintomas — com especificações de dosagens, inclusive.

É completamente falso. Na quarta, 20, o conselho publicou uma nota em seu site desmentindo o PDF. “Acho que isso é a pior coisa: tem pessoas fazendo deliberadamente protocolos institucionais falsos, com timbre e tudo, só para divulgar um tratamento”, comenta Giovanna Zanatta de Carvalho. “Eu nunca tinha visto antes fake news de protocolo institucional.”

Claro que médicos também são influenciados pela situação. “Eu adoraria acreditar [na eficiência] da hidroxicloroquina, mas precisamos aguardar as pesquisas que estão saindo agora, com um número grande pessoas”, pontua a intensivista Cristhieni Rodrigues.

 “Muitos médicos argumentam com a falácia de que o medicamento é usado há muito tempo, não causa mal e por isso devemos utilizar. A questão é que a hidroxicloroquina é utilizada em uma população específica de pacientes que, diferentemente dos acometidos pela covid-19, não têm processos inflamatórios muito grandes em especial em células pulmonares e cardíacas.”

Já Rezende afirma que muitos de seus colegas “se esqueceram que a medicina é uma ciência, baseada no fato científico e passaram a acreditar em qualquer boato que oferecesse uma solução simples para um problema complexo.”

Ele relata que no hospital onde atua chegou a atender um médico, internado em UTI por conta de covid-19. “Certamente por conta de fake news, antes de chegar ele havia feito uso, por auto-medicação, de diferentes antibióticos que levaram a uma complicação conhecida como colite pseudomembranosa”, exemplifica, ressaltando que esse cenário tornou a recuperação do colega particularmente difícil.

“O que eu julgo mais deletério é formadores de opinião — profissionais de saúde e políticos, por exemplo — ajudarem a difundir e sustentar conceitos errados”, argumenta a geriatra e paliativista Flavia Gonçalves de Araujo Novaes, que atua num hospital em São Paulo.

Estudioso da disseminação de informações noticiosas em um mundo de algoritmos, o jornalista Daniel Trielli, pesquisador da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, vê o fenômeno como resultado do fato de que a maneira como pesamos as informações recebidas não é completamente racional. “Nossas crenças é que moldam como recebemos as informações. Usamos o que lemos para confirmar nossos vieses, e descartamos o que não se encaixa”, afirma.

“As plataformas digitais tornam mais intenso o processo de exposição seletiva, que é quando a pessoa busca a informação no viés que ela quer”, completa ele “Se é desconfortável para a pessoa acreditar que a crise é grave, que os governos que ela apoia estão falhando, e que por causa de posturas de políticos em quem ela votou mais pessoas podem morrer, essa pessoa vai descartar todas as informações sobre isso e buscar uma fonte que fala coisas mais confortáveis. Que é tudo exagerado, que é uma conspiração, coisas assim.”

Fonte: Deutsche Welle

Salles sugeriu que governo aproveitasse pandemia para ‘ir passando a boiada’ no ministério do Meio Ambiente

Salles sugeriu que governo aproveitasse pandemia para ‘ir passando a boiada’ no ministério do Meio Ambiente

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu que o governo deveria aproveitar a atenção da imprensa na pandemia do novo coronavírus para aprovar “reformas infralegais de desregulmantação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada”. A fala foi dada durante a reunião ministerial divulgada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira.

“Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de COVID e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, disse o ministro, segundo o documento divulgado pelo Supremo.

Salles afirmou que o governo tinha a “oportunidade” de passar reformas infralegais, enquanto a imprensa estava dando “um pouco de alívio nos outros temas”, já que estava focada na cobertura da pandemia.

O ministro do Meio Ambiente diz ainda que seria difícil conseguir o apoio do Congresso Nacional para aprovar as mudanças neste momento, mas que muitas  das reformas não precisariam do aval dos parlamentares.

“Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana”, defende.

Salles afirmou ainda que era necessário deixar o advogado-geral da União, na época André Luiz de Almeida Mendonça, de prontidão, para eventuais contestações do governo na Justiça.

“Então pra isso nós temos que tá com a artilharia da AGU preparada pra cada linha que a gente avança ter uma coi … mas tem uma lista enorme, em todos os ministérios que têm papel regulatório aqui, pra simplificar”, afirmou.

Fonte: O Globo

Brasil responde por 1 em cada 7 novos casos de coronavírus no mundo

Brasil responde por 1 em cada 7 novos casos de coronavírus no mundo

Passados quase três meses desde o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil (em 26 de fevereiro) e pouco mais de dois meses desde que foi registrada a primeira morte em decorrência da doença (17 de março), o Brasil alcançou ontem a marca de mil mortes registradas em 24 horas. Também bateu o recorde de casos notificados em um dia. O País já responde por 14%, um em cada sete, dos novos casos em todo o mundo.

Segundo o Ministério da Saúde, 17.971 pessoas perderam a vida no País por complicações da covid-19 (foram 1.179 registros nas últimas 24 horas, o maior relato até agora). O recorde anterior havia ocorrido na terça-feira passada, quando 881 novas mortes confirmadas para covid-19 foram registradas. No total, oficialmente 271.628 pessoas já foram infectadas. Houve 17.408 novos registros em 24 horas.

Apesar dos recordes, o ministério, que está sem um titular desde a saída de Nelson Teich, na última sexta-feira, usou a coletiva de imprensa de ontem para apontar somente que houve queda na doação de leite durante a pandemia. Não houve manifestação do governo sobre o crescimento dos casos.

Considerando a evolução da pandemia em todo o mundo, o Brasil parece estar se tornando o novo epicentro da doença. Na última semana (entre os dias 12 e 18), o País respondeu por algo entre 12% e 14% dos novos casos notificados em todo o mundo – dependendo da fonte, se a Organização Mundial da Saúde ou a Universidade Johns Hopkins (que tem buscado dados mais recentes da pandemia). Isso significa que a cada 7 pessoas identificadas com a doença no planeta, uma delas estava no Brasil. Os números do País, porém, são bastante subnotificados. Estudo recente feito em São Paulo, com testes de sorologia, indicou que pelo menos 5% da população da capital pode já ter se contaminado. 

Em números totais, o Brasil é o terceiro em número de casos (atrás de Estados Unidos e Rússia) e o sexto em mortes (atrás de Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha). Nesta semana que passou, entre as nações que ainda estão com taxas crescentes da doença, o Brasil também se destaca como aquele em que o crescimento está mais acelerado, à frente de Índia, Arábia Saudita, Peru e Rússia. Os EUA, apesar de serem o país com mais notificações no total (1,5 milhão) e ainda baterem o recorde de casos e de mortes por dia, parecem estar entrando em curva descendente, assim como ocorreu com os países europeus

Já o Brasil ainda apresenta uma taxa de transmissão crescente. Estudo feito pelo Imperial College de Londres sobre o País, publicado no dia 8, estimou que o chamado número de reprodução está acima de 1, o que significa que cada pessoa infectada está transmitindo a doença para mais de uma, o que faz com que o número de casos novos seja sempre maior. Os autores alertam que a epidemia ainda não está sob controle no Brasil e é preciso tomar medidas mais dramáticas. O lockdown vem sendo recomendado por vários pesquisadores, enquanto o governo federal deseja afrouxar o isolamento.

Fora de controle

“O número de casos está dobrando, em média, a cada 12 dias. Em dois meses, nesse ritmo, vai crescer 30 vezes”, diz o matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp, que trabalha com modelagens da expansão da doença. “Não é impossível imaginar que poderemos acabar superando os Estados Unidos em casos. Não temos política coesa do governo federal com Estados e municípios, cada um faz uma coisa diferente. A situação pode sair do controle completamente.”

Ele divulgou na semana passada um cálculo baseado na expansão observada em abril, indicando que a taxa de contágio para o Estado de São Paulo é de 1,49, e para a capital, de 1,44. O número é semelhante ao obtido no cálculo do Imperial College, de 1,47 para o Estado. Ou seja, cada 100 paulistas infectados transmitiam o novo coronavírus para quase 150 pessoas, em média – o Estado também registra recorde casos diários.

O Brasil se junta ao grupo de quatro países no mundo que superaram a marca de mil óbitos atestados para a doença em um dia. Segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas Estados Unidos, Reino Unido, França e China chegaram a ter mais de mil mortes confirmadas para o novo coronavírus em 24 horas.

O País, porém, foi o que levou mais tempo entre todos para chegar à marca de mil óbitos registrados em 24 horas. No 30.º dia após a primeira morte por coronavírus, o Reino Unido superou a barreira dos mil mortos em 24 horas. Já os EUA alcançaram o recorde em 33 dias. A França, por sua vez, atingiu pela primeira vez os mil mortos 50 dias após seu primeiro registro de óbito. Já o Brasil chegou aos mil mortos no 64.º dia.

Fonte: Estadão

Semana Laudato si’: construir juntos um mundo melhor

A Semana Laudato si’ faz parte de uma campanha global por ocasião do 5º aniversário da Encíclica sobre o Cuidado da Casa comum. O tema da semana é “Tudo está conectado”. A Laudato si’ é um documento escrito há cinco anos pelo Papa Francisco.

Teve início hoje, sábado (16/05), a Semana Laudato si’, uma iniciativa promovida pelo Vaticano, que se concluirá em 24 de maio, ao meio dia, hora local, com um Dia Mundial de Oração.

A Semana Laudato si’ faz parte de uma campanha global por ocasião do 5º aniversário da Encíclica sobre o Cuidado da Casa comum. O tema da semana é “Tudo está conectado”. De 16 a 24 de maio, os católicos são convidados a participar de seminários de formação on-line, interativos e colaborativos.

Numa mensagem de vídeo, divulgada recentemente, o Papa Francisco encoraja os fiéis a participar e a pensar no futuro da nossa Casa comum.

“Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que vêm depois de nós, para as crianças que estão crescendo?” A partir dessa pergunta, o Papa renova seu “apelo urgente a fim de responder à crise ecológica, ao grito da terra e ao grito dos pobres que não podem mais esperar. Cuidemos da criação, presente do nosso bom Deus criador. Celebremos juntos a Semana Laudato si’. Que Deus os abençoe e não se esqueçam de rezar por mim”, afirma o Papa na videomensagem.

Brasil

No Brasil, a 350.org está potencializando a luta pela chamada casa comum e sua proteção. Em uma campanha digital, a organização quer alertar as pessoas sobre a conexão de tudo que nos cerca. A ação dura até o dia 5 de junho de 2020, quando é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Para o 5 de junho, às 20h, horário de Brasília, a 350.org convida a todos que acendam uma vela e coloquem na janela de suas casas para sinalizar sua preocupação e cuidado com a casa comum e a saúde da humanidade.

Para Renan Andrade, gestor ambiental e coordenador do programa Fé, Paz e Clima da 350.org no Brasil, o momento mundial pede essa reflexão. “Propusemos uma vigília porque todos precisamos de um momento de reflexão. Precisamos que as pessoas se unam em uma grande corrente de fé e cuidem umas das outras, cuidem do planeta, do próximo e todas as formas de vida. Tudo está interligado, como disse o Papa Francisco na Laudato si`. A pandemia que o mundo enfrenta, hoje, confirma isso”, afirmou Andrade.

Veja, a seguir, a mensagem do Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, sobre a Semana Laudato si’.

Com informações do Vaticano

Em meio ao coronavírus, emissões de CO2 da Índia caem pela primeira vez em quatro décadas

Em meio ao coronavírus, emissões de CO2 da Índia caem pela primeira vez em quatro décadas

Uma desaceleração econômica, o crescimento de energia renovável e o impacto do Covid-19 levaram à primeira redução ano a ano nas emissões de CO2 da Índia em quatro décadas. As emissões caíram cerca de 1% no ano fiscal encerrado em março de 2020, com o consumo de carvão diminuindo e o consumo de petróleo, nivelado.

O declínio nas emissões reflete os ventos contrários que já afetam a economia indiana desde o início de 2019 e aumentam a geração de energia renovável. Mas nossa análise dos dados oficiais indianos em todo o ano fiscal de 2019-20 do país mostra que a queda se acentuou em março, devido a medidas para combater a pandemia de coronavírus. As emissões de CO2 do país caíram cerca de 15% durante o mês de março e provavelmente caíram 30% em abril.

Assim como o impacto global da pandemia de CO2, as perspectivas de longo prazo para as emissões da Índia serão moldadas, em grau significativo, pela resposta do governo à crise. Essa resposta está começando a surgir – como descrito abaixo – e terá implicações importantes a longo prazo nas emissões de CO2 da Índia e na trajetória da qualidade do ar.

Carvão com impacto da demanda

Como o menor crescimento da demanda por energia e a concorrência de fontes renováveis ​​enfraqueceram a demanda por geração de energia térmica nos últimos 12 meses, a queda em março foi suficiente para empurrar o crescimento da geração para menos de zero no ano fiscal encerrado em março, a primeira vez que isso aconteceu em três décadas.

Na década anterior, a geração de energia térmica cresceu em média 7,5% ao ano. Como visto na figura abaixo, a queda dramática na demanda total de energia foi totalmente suportada pelos geradores à base de carvão, ampliando o impacto nas emissões.

A geração de energia a carvão caiu 15% em março e 31% nas três primeiras semanas de abril, com base em dados diários da rede nacional. Por outro lado, a geração de energia renovável (ER) aumentou 6,4% em março e teve uma ligeira queda de 1,4% nas três primeiras semanas de abril.

A queda na demanda total de carvão se estende além do setor de energia e é evidente nos dados sobre o suprimento de carvão. No ano fiscal encerrado em março, as vendas de carvão do principal produtor de carvão, Coal India Ltd, caíram 4,3%, enquanto as importações de carvão aumentaram 3,2%, implicando que as entregas totais de carvão caíram 2% e sinalizando a primeira queda anual do consumo em duas décadas.

A tendência se acentuou em março, com as vendas de carvão caindo 10%, enquanto as importações de carvão caíram 27,5% em março, o que significa que as entregas totais de carvão aos usuários finais caíram 15%, em linha com a redução na geração de energia.

Em março, a produção de carvão aumentou 6,5%, mesmo com as vendas caindo um valor recorde. Além disso, durante o ano inteiro, mais carvão foi extraído do que vendido, indicando que o motivo da queda foi do lado da demanda.

Demanda de petróleo: de fraca a negativa

Semelhante à demanda de eletricidade, o consumo de petróleo está diminuindo desde o início de 2019. Isso agora é agravado pelo impacto dramático das medidas de bloqueio do Covid-19 no consumo de petróleo no transporte. Durante o bloqueio nacional, o consumo de petróleo caiu 18% em março de 2020.

Como resultado da baixa demanda devido ao surto de coronavírus e do crescimento da demanda já mais lento no início do ano, o consumo durante o fiscal cresceu 0,2%, o mais lento em pelo menos 22 anos. O consumo de gás natural aumentou 5,5% nos primeiros 11 meses do ano fiscal, mas espera-se uma queda de 15 a 20% durante o bloqueio.

A produção de petróleo na Índia diminuiu 5,9% em comparação com o ano fiscal passado e uma queda de 5,2% foi observada na produção de gás natural durante o mesmo período. A produção da refinaria – em termos de petróleo bruto processado – também caiu 1,1% no último ano financeiro, em comparação com 2018-19.

A produção de aço bruto caiu 22,7% em março de 2020 em relação ao mês anterior e, cumulativamente, o exercício financeiro de 2019-20 registrou uma queda de 2,2% em relação ao ano passado, segundo dados do Ministério do Aço.

Emissões de CO2 caem 30% em abril

Usando os indicadores acima para o consumo de carvão, petróleo e gás, estimamos que as emissões de CO2 caíram 30 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2, 1,4%) no ano fiscal encerrado em março, no que provavelmente foi o primeiro declínio anual em quatro décadas.

Leia a reportagem completa aqui.

MP investiga demora na implantação de Política de Mudanças Climáticas

MP investiga demora na implantação de Política de Mudanças Climáticas

Na última segunda-feira (11/5), a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural (Prodema) instaurou um inquérito civil público (ICP) para apurar quais são as medidas tomadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para cumprir a Política de Mudanças Climáticas do DF. O prazo para a resposta ao Ministério Público é de 20 dias.

A ação tem o objetivo de  investigar a demora da implementação do Acordo de Paris, que visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa e proteger a saúde, o meio ambiente e os recursos hídricos da capital. A ICP visa também monitorar as normas federais, que incorporaram no Brasil as disposições internacionais. No DF, há uma legislação específica desde 2008, mas não está sendo cumprida. 

Segundo o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), é importante estabelecer medidas para o gerenciamento de resíduos sólidos, do uso e ocupação do solo, de contratação sustentável, das áreas protegidas e das unidades de conservação. Além disso, a demora para a implementação prejudica a população do DF porque dificulta o processo de diminuição de emissões de gás de efeito estufa.

A Secretaria de Meio Ambiente (SEMA/DF) deve esclarecer se a Câmara Técnica de Clima no Conselho de Meio Ambiente do DF (Conam) encontra-se em funcionamento, quais atividades desenvolve, a composição, a formação dos integrantes e se o grupo apreciou alguma questão. 

O Departamento de Trânsito do DF (Detran) precisa informar se há campanha educativa sobre a carona solidária, instituída pela Lei Distrital 5.051/2013. Caso exista, o MPDFT solicitada dados a respeito de campanhas e se há planejamento para implementar novos projetos sobre o assunto.

Também devem prestar esclarecimentos o Instituto Brasília Ambiental (Ibram); o Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos do DF; a Agência Reguladora de Água, Energia e Saneamento do DF (Adasa); a Companhia Energética de Brasília (CEB); e as secretarias de Transporte e Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e Habitação, Administração Pública e Fazenda.

Acordo internacional
A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei 12.187/2009, oficializa o compromisso voluntário do Brasil com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima e redução de emissões de gases de efeito estufa. Cada estado tem uma política para mudanças climáticas de acordo com as suas especificidades. 

Fonte: Correio Braziliense