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ARAYARA na Mídia: Governo diz que menor intensidade de carbono da produção nacional justifica avanço na exploração

Petroleiras e a área energética do governo defendem que o Brasil deve abrir novas fronteiras exploratórias de petróleo porque tem uma produção de baixo carbono. Se o país parar de produzir, defendem, o mundo consumirá combustíveis mais poluentes de outras regiões.

Especialistas e indicadores internacionais consideram o petróleo brasileiro de média intensidade em carbono, ficando atrás apenas de alguns grandes produtores. Mas não é possível afirmar que novas fronteiras, como a margem equatorial, terão também essa vantagem.

A diretora-geral da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, explica que o indicador de intensidade de carbono na produção de petróleo calcula quanto uma empresa emite para extrair cada barril do subsolo, incluindo o uso de energia elétrica e combustíveis e queima ou liberação de gases do efeito estufa nas plataformas.

A IEA (Agência Internacional de Energia) inclui também outras etapas da cadeia, como o transporte do petróleo e as emissões do refino, que o transformará em combustíveis. Em todos os casos, divide-se o volume de emissões pelo número de barris produzidos (kgCO²eq/barril).

Os dados são informados pelas próprias empresas e publicados em relatórios GRI (Global Report Initiative), nos quais comunicam seus impactos em questões como as mudanças climáticas, os direitos humanos e a corrupção.

A Petrobras diz em nota que compara seus dados com indicadores consolidados por diversas consultorias especializadas, citando a IOGP (Associação Internacional dos Produtores de Petróleo e Gás) e a OGCI (Iniciativa Climática do Petróleo e Gás).

Nenhuma das duas publica dados por empresa. Com base em dados de 2023, a OGCI, por exemplo, via a média global em 17,91 kgCO²eq/barril. Em seu relatório GRI de 2023, a Petrobras reportou a intensidade de carbono em suas atividades de exploração e produção de 14,2 kgCO²eq/barril.

Documento publicado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em 2024 indica que a média nacional é de aproximadamente 16 kgCO²e/barril. Com base em dados da petroleira britânica BP, a EPE põe o Brasil na nona posição em uma lista de intensidade de carbono com 19 grandes produtores de petróleo.

Para a IEA, o Brasil aparece em quinto lugar de uma lista de 20 países produtores, com 82 kgCO²eq/barril. À frente, estão Noruega, Arábia Saudita, Kuait e Emirados Árabes Unidos. A primeira vem investindo em soluções para o problema há tempos; os outros têm grande produção em terra.

Especialistas explicam que a produção no mar, como a brasileira, tende a emitir mais, já que demanda mais transporte, mas os indicadores brasileiros são fortemente impactados pela elevada produtividade dos poços do pré-sal, que podem chegar a extrair 50 mil barris por dia.

“O indicador depende muito de produtividade, porque gasta-se o mesmo esforço para extrair um monte de petróleo. Se sai pouco petróleo, por barril acaba emitindo mais”, diz a diretora-geral da Coppe.

A Petrobras diz que a intensidade de carbono do pré-sal, por exemplo, fica em torno de 10 kgCO²eq/barril. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) aponta 11,9 kgCO²eq/barril na Bacia de Santos, onde estão os maiores campos do pré-sal.

Ainda assim, o indicador tem grande variação: primeira grande descoberta do pré-sal e maior produtora do país atualmente, o campo de Tupi tinha em 2023 nove plataformas: a menos poluente, com 9 kgCO²eq/barril; a mais poluente, com 30 kgCO²eq/barril.

A elevada produtividade garante ao pré-sal, portanto, indicadores de intensidade de carbono na produção de petróleo próximos aos da Noruega, quarto colocado na lista da BP.

O presidente do Instituto Arayara, Juliano Bueno de Araújo, pondera que não é possível afirmar que novas fronteiras terão intensidade energética semelhante ao pré-sal. Pelo contrário, em um primeiro momento a tendência é que a menor eficiência tenha impactos no indicador.

A eventual exploração da Bacia Foz do Amazonas, por exemplo, será feita a partir de uma base em Belém, a 830 quilômetros de distância do primeiro alvo da Petrobras na região, elevando gastos e emissões por embarcações de apoio à atividade.

A S&P Global Commodity Insights divulga indicadores de intensidade de carbono para tipos de petróleo produzidos ao longo do mundo, uma ferramenta que pode ajudar compradores a escolher por óleos com menos carbono.

Sua “tabela periódica” do petróleo põe o produzido no campo de Liza, na Guiana, no mesmo patamar de média intensidade do petróleo de Tupi, no pré-sal. Liza foi a primeira grande descoberta na margem equatorial do continente e é usada como exemplo para a defesa do poço na Foz do Amazonas

Fonte: Folha de SP

Foto reprodução: BRA06 – CAMPOS (BRASIL), 07/12/04.- Foto de archivo

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