+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Por uma transição energética justa e sustentável

A crise climática exige a adoção de medidas de descarborização

Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) na Escócia, em 2021, a Declaração para uma Transição Energética Justa reconhece que nenhum segmento deve ser deixado para trás no processo de transformação para economias de emissão líquida zero. Aí vale destacar que há setores muito mais impactados no cenário de mudança: há setores, cidades, regiões que tem sua história cunhada na extração e na indústria de geração de energia ou de produtos que resultam na emissão de carbono e outros gases de efeito estufa (GEEs).

O documento reflete as Diretrizes para uma Transição Justa da OIT de 2015, que delineiam os passos necessários para economias e sociedades ambientalmente sustentáveis e bem administradas, trabalho decente para todas as pessoas, inclusão social e erradicação da pobreza.

Os signatários da declaração são Estados Unidos, Reino Unido, todos os 27 estados membros da UE, Noruega, Canadá e Nova Zelândia. Segue aos compromissos assumidos na Cúpula por mais de 40 países para abandonar o uso do carvão.

Esse empenho envolve uma série de medidas, entre elas:

• Apoiar trabalhadores, trabalhadoras, comunidades e regiões que são particularmente vulneráveis aos efeitos do abandono de economias intensivas em carbono.
• Promover o diálogo social e o engajamento entre governos, representantes de empregadores e trabalhadores e outros grupos afetados pela transição para economias verdes.
• Implementar estratégias econômicas que apoiem a energia limpa, promovam o crescimento econômico com eficiência de recursos, criem renda e empregos decentes e reduzam a pobreza e a desigualdade.
• Criar empregos decentes para as pessoas em suas áreas locais, juntamente com requalificação e treinamento e proteção social para as que necessitarem.
• Garantir que as cadeias de abastecimento existentes e novas criem trabalho decente para todas as pessoas, incluindo as mais marginalizadas, com respeito aos direitos humanos.

O futuro precisa de investimentos verdes

As comunidades fortemente vinculadas ao carvão, gás e do petróleo, é vital haver investimentos na diversificação da matriz energéticas, novas indústrias e empregos verdes.

Já as cidades, necessitam de incentivos e de governos que invistam em transporte com baixas emissões ou zero e energia limpa. É claro que o gerenciamento de resíduos sólidos também precisa se preocupar em reduzir sua pegada de carbono. A economia circular deve ser a meta de indústrias, comércio e serviços.

Nos processos industriais, a mudança para energias renováveis deve ser complementada com processos de eficiência energética, limpos e práticas socialmente justas. E aí também entra a relação com os trabalhadores, que envolve negociações coletivas e apoio para a requalificação e a recolocação.

Tudo isso, é claro, somente será possível se governos e tomadores de decisão perceberem a urgência dessa transição, que está intimamente relacionada ao tripé: mudanças climáticas, desigualdade crescente e inclusão social. A transição é uma oportunidade para que se vire a chave para a descarborização.

O que diz a OIT

Em 2015, a Organização Internacional do Trabalho já anunciara o que consideraria o conceito de transição energética justa:
“Bem gerenciadas, transições para economias ambiental e socialmente sustentáveis podem se tornar um forte motor de criação e atualização de empregos, justiça social e a erradicação da pobreza. Ecologização de todas as empresas e empregos introduzindo práticas mais eficientes em energia e recursos, evitando a poluição e gerenciando recursos naturais de forma sustentável leva à inovação, melhora resiliência e gera economia que impulsionam novos investimentos e emprego”.

Também em 2015, em uma cúpula histórica, todos os 193 estados membros da ONU firmaram um ambicioso compromisso estabelecido por meio dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, por exemplo. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram. Hoje, a febre é o ESG, sigla para Environment Social Governance, onde empresas monitoram e implementam sistemas para melhorar seu desempenho nas agendas socioambiental e de governança.

 

Foto destaque: Nuno Marques

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Relatório da REDESCA reforça a urgência de um plano estadual de transição energética no RS

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) realizou nesta quarta-feira uma audiência pública para debater os impactos da crise climática sob a ótica dos direitos humanos, com foco especial nas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024. O evento, transmitido ao vivo pelo canal do CNDH no YouTube, teve como destaque a apresentação do relatório da Relatoria

Leia Mais »

FNCE promove seminário sobre transição energética rumo à COP

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) realiza, no dia 14 de maio, das 9h às 13h, o seminário online e gratuito “Clima, sociedade e energia: oportunidades e desafios da transição energética no Brasil rumo à COP30”. O evento reunirá autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil para discutir caminhos e soluções para a transição energética brasileira. Entre os

Leia Mais »

Câmara dos Deputados promove seminário para debater impactos socioambientais da UTE Brasília

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizará, no próximo dia 13 de maio, às 10h, um seminário para discutir os impactos socioambientais da instalação da Usina Termelétrica de Brasília (UTE Brasília). O evento acontecerá no Plenário 2, Anexo II, da Câmara dos Deputados, com transmissão ao vivo, por meio do YouTube da Câmara. A

Leia Mais »

ARAYARA denuncia riscos da expansão fóssil na Amazônia durante a 5º Conferência Nacional do Meio Ambiente

Na tarde desta quinta-feira (7), a diretora executiva do Instituto Internacional ARAYARA, Nicole Figueiredo de Oliveira, ministrou a terceira atividade autogestionável promovida pela instituição durante a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Com o tema “A expansão da indústria fóssil com fins energéticos e os riscos climáticos em 2050”, o painel destacou os impactos crescentes da exploração de petróleo

Leia Mais »