por Nicole Oliveira | 09, nov, 2019 | Notícias |
As mudanças climáticas são uma realidade em todo mundo. As evidências crescem a cada dia e o futuro das próximas gerações corre sérios riscos. Debater o tema é fundamental, assim como agir no presente. Por isso, a prefeitura do Recife (PE) irá enviar à Câmara Municipal um projeto de lei que inclui das mudanças climáticas na grade curricular das escolas municipais.
“Quando a gente fala, parece um negócio muito longe da vida da gente. Mas a realidade é a seguinte: as chuvas torrenciais que têm acontecido, as inundações, o calor excessivo são as consequências das mudanças climáticas”, disse o prefeito da capital pernambucana, Geraldo Júlio.
Segundo ele, a proposta é que as mudanças climáticas sejam incorporadas formalmente à grade curricular para que, a cada semana, alunos das escolas públicas realizem algum tipo de atividade sobre o tema. “A gente já tem iniciativas nas escolas, mas a gente quer colocar em lei”, afirmou.
por Nicole Oliveira | 09, nov, 2019 | Notícias |
A única maneira de combater a contaminação com carvão é fechar todas as minas e usinas do mundo e desenvolver somente energias alternativas, afirma especialista norte-americano.
Buenos Aires, 26 de abril (Terramérica) – Os acidentes fatais em minas de carvão, como os ocorridos nos Estados Unidos e na China, causam comoção. Mas o médico norte-americano Alan Lockwood alertou que são muito mais as mortes pela contaminação derivada da exploração desse mineral. Com o apoio de estudos da organização Médicos para a Responsabilidade Social (filiada à Internacional Physicians for the Prevention of Nuclear War, ganhadora do Nobel da Paz em 1985), Lockwood afirma que o carvão provoca doenças cardíacas e respiratórias crônicas, danos cerebrais e câncer, que estão entre as cinco principais causas de mortes nos Estados Unidos.
Suas conclusões e as de outros especialistas foram divulgadas em novembro no informe O impacto do carvão sobre a saúde humana. Ali há o alerta sobre as doenças causadas pelo mineral, desde sua extração até a disposição final dos resíduos, passando pela queima para produzir eletricidade. Apesar dos danos à saúde e à atmosfera pela emissão de gases-estufa, a matriz energética mundial tem o carvão como primeira fonte. China, Estados Unidos, África do Sul, Polônia, Austrália e Israel, entre outros, produzem a maior parte de sua eletricidade com base neste mineral.
O Greenpeace Argentina, que protesta contra a construção de uma usina de carvão no Rio Turbio, sudoeste da província de Santa Cruz, convidou Lockwood para visitar Buenos Aires, ocasião em que conversou com o Terramérica.
Terramérica: Que impacto tem a produção de carvão na saúde humana?
Alan Lockwood: Dezenas de milhares de pessoas morrem por ano nos Estados Unidos e muitas outras sofrem doenças graves ou menores, como asma e afecções pulmonares obstrutivas crônicas e câncer de pulmão. Também ataques cardíacos, apoplexia ou redução da capacidade intelectual.
Terramérica: Estes impactos devem ser somados às doenças derivadas da mudança climática?
AL: Sim. O dióxido de carbono é o gás contaminante mais conhecido, mas há outros, como o metano, que também deriva desta atividade e que tem um efeito estufa 20 vezes mais potente do que o anterior. Isto aumenta as doenças associadas ao aumento da temperatura, como dengue, malária, diarréia provocada por inundações e pela contaminação da água, todos problemas de saúde ligados à mudança climática.
Terramérica: Quais as fases da produção de carvão que mais contaminam?
AL: A maior é a da queima. Mas desde que os trabalhadores o extraem da mina até as cinzas que vão parar em depósitos de lixo, todos são passos que têm impacto na saúde.
Terramérica: Quais substâncias tóxicas derivam da mineração e combustão do carvão?
AL: Principalmente dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio, mercúrio e materiais particulados, que são pequeníssimos, com 2,5 micrômetros ou menos. Além de materiais radioativos, como urânio e tório, que estão dentro do carvão e vão para a atmosfera. Alguns, inclusive, acabam nos lugares de eliminação das cinzas.
Terramérica: É preciso estar muito perto de uma mina ou de uma central para se contaminar?
AL: Não necessariamente. Claro, quanto mais perto de uma usina de carvão mais perigoso é. Porém, muitos destes contaminantes percorrem longas distâncias pelo ar até serem inalados, e também chegam por meio da água. O mercúrio, por exemplo, fica no ar, a chuva o leva para cursos fluviais, daí chegam aos peixes que logo serão nosso alimento. Não há como escapar do carvão.
Terramérica: Por que em seu informe não são mencionados os acidentes em minas como parte do impacto do carvão na saúde?
AL: Não aparecem por falta de espaço, salvo uma referência geral aos perigos da mineração. Mas agora estou escrevendo um livro para publicar dentro de dois anos e nele dedicarei um capítulo a esse assunto. Nos Estados Unidos, está muito presente nas notícias por causa do acidente em West Virginia (onde em março uma explosão matou 29 mineradores), mas na China são milhares os trabalhadores em minas de carvão que morrem por ano vítimas de acidentes.
Terramérica: Então, os acidentes devem ser considerados parte dos efeitos sanitários da mineração de carvão?
AL: Sim. Mas apesar desses terríveis acidentes, que são notícias de grande impacto, pior é a morte de 10 mil a 20 mil pessoas por ano nos Estados Unidos por doenças relacionadas ao carvão. E a imprensa nada fala sobre isto.
Terramérica: O que recomenda, então, para gerar energia? Fechar as minas e as centrais térmicas? Produzir de forma mais limpa?
AL: O que se deve fazer é desenvolver energias alternativas como solar, eólica, hidrelétrica e de marés, que não produzem dióxido de carbono, enxofre, dióxido de nitrogênio nem mercúrio. Assim se favorece o uso eficiente da eletricidade. É uma boa estratégia para criar bons empregos, fazer crescer a economia e cuidar do meio ambiente e da saúde.
Fonte: Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente