+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

URGENTE | Leilão do Pré-Sal: ARAYARA cobra governança pública e popular e defesa da soberania energética e climática

O Instituto Internacional ARAYARA vem a público manifestar profunda preocupação com a atual estratégia da Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que insiste na entrega de seus ativos para acionistas privados e estrangeiros, em flagrante contradição com a emergência climática e a própria abundância de reservas nacionais já conhecidas. Esse contra senso é agravado diante da necessidade de que a transição energética seja sob governança pública e popular. Esta preocupação se intensifica diante do leilão marcado para esta quinta-feira (4), no qual a União, por meio da Pré‑Sal Petróleo S.A. (PPSA), pretende vender sua participação em jazidas estratégicas do pré-sal. O leilão acontece às 9h, na sede da B3 – a bolsa de valores de São Paulo, em São Paulo (SP).

Descobertas recentes de petróleo de “alta qualidade” em áreas consolidadas, como o pós-sal da Bacia de Campos e novas reservas no pré-sal da Bacia de Santos, demonstram que o Brasil possui reservas mais do que suficientes em bacias já operadas. Não existe, portanto, justificativa técnica ou estratégica para vender a participação estatal em jazidas do pré-sal.

Contradição climática e perda de soberania

Este posicionamento da Petrobras coloca o país na contramão dos compromissos internacionais e das evidências científicas. Globalmente, 73,2% de todos os Gases de Efeito Estufa (GEE) são provenientes da geração de energia, sendo que no Brasil, 53,3% da matriz ainda depende de combustíveis fósseis. Continuar expandindo a produção sem planejamento público e popular para abandonar os fósseis é um caminho de colapso, que ignora as metas de redução de emissões do IPCC e o Acordo de Paris.

O paradoxo se intensifica no debate sobre a soberania energética e a gestão do nosso capital. O Instituto ARAYARA reitera que a Petrobras, enquanto empresa estratégica para o desenvolvimento nacional, deve ser a protagonista da Transição Energética Justa (Princípio 2 da TEJ). No entanto, o que se observa é a insistência em explorar novas áreas de risco e, simultaneamente, a alienação de ativos estratégicos. O leilão de 4 de dezembro de 2025, promovido pela PPSA, para a venda da participação da União nas jazidas compartilhadas de Mero, Tupi e Atapu, é o exemplo mais recente e grave dessa política. Ao ceder o controle de campos promissores a empresas estrangeiras, o Brasil perpetua o modelo de colonialismo energético e mina a autonomia e a soberania nacional.

Transição Energética Justa (TEJ): o caminho inadiável

A Transição Energética Justa (TEJ) é definida como o processo de substituição da matriz energética fóssil por fontes renováveis, conduzido de forma participativa, responsável e universal. O objetivo é mitigar a emissão de gases de efeito estufa, garantindo que a modernização e a descarbonização respeitem os territórios, as demandas populares e os princípios de dignidade humana e bem-viver.

Para a ARAYARA, a entrega do petróleo para empresas privadas e, majoritariamente, estrangeiras é fundamentalmente incompatível com os requisitos da TEJ. Exige-se que a mudança da matriz energética não ocorra às custas do aumento da vulnerabilidade social, de conflitos territoriais e do aprofundamento do racismo ambiental contra povos tradicionais e comunidades vulneráveis.

O Instituto ARAYARA exige que a Petrobras:

  1. Abandone a Expansão Fóssil: O foco deve ser o descomissionamento faseado da exploração de petróleo e gás (Princípio 8 da TEJ), utilizando a segurança energética atual para financiar a infraestrutura de energias renováveis.
  2. Financie a Transição: Utilize a receita proveniente das reservas existentes para investir massivamente em tecnologias limpas e no desenvolvimento de um mercado de energia popular e descentralizado.
  3. Garanta a Justiça Social: A descarbonização não pode ser apenas uma meta técnica. Ela deve ser pautada pelo Princípio 5 da TEJ, que visa garantir o bem viver e combater o racismo ambiental, assegurando que o abastecimento energético chegue a todos em harmonia com os modos de vida das populações rurais, tradicionais e originárias.

O Instituto Internacional ARAYARA conclama o governo federal e a Petrobras a abandonarem o caminho da contradição climática e a retomarem o compromisso com a soberania nacional por meio de uma Transição Energética Justa, democrática e ecologicamente sustentável.

VEJA COMO FOI O LEILÃO (AO VIVO)

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Valuing Nature, Empowering Action – Interactive Training with the CSF Calculator Hub

Irina Cabrerizo Suaznábar | December 3, 2025 Pictures / Fotos: Oruê Brasileiro / Odaraê Filmes On November 20, 2025, during COP30, we hosted the workshop “Valuing Nature, Empowering Action: Interactive Training with the CSF Calculator Hub” at the ARAYARA, Amazon Climate Hub in Belém, Brazil. The session brought together people working in conservation for a hands-on exploration of socio-environmental and economic

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Bahia propõe reconhecer a natureza como sujeito de direito

Estado quer seguir tendência de ‘constitucionalismo ecológico’ adotado em outros países, como Equador e Bolívia Por Maristela Crispim A COP30 tornou-se palco de um movimento inédito vindo do Nordeste brasileiro. O deputado Marcelino Galo (PT-BA) apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Direitos da Natureza, iniciativa que pretende inserir no texto constitucional baiano o reconhecimento da natureza como sujeito

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brazil’s Congress defies Lula to push through “devastation bill” on COP30’s heels

NGOs say the new environmental licensing rules to fast-track mining, energy and infrastructure projects will sweep away existing safeguards, undermining the country’s climate pledges in Belém Brazil’s Congress has pushed through legislation to weaken environmental safeguards for mining, infrastructure and agricultural projects, overriding a partial presidential veto just days after the end of COP30 and setting the stage for a possible showdown

Leia Mais »

Leilão de áreas do Pré-Sal expõe contradição da política energética brasileira e afasta Petrobras da transição energética justa

Leilão de áreas do Pré-Sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira São Paulo, 04 de dezembro de 2025 – O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do Pré-Sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais

Leia Mais »