Uma coisa notável sobre o COVID-19, a doença causada por coronavírus que tem se espalhado pelo mundo, é que ela induz condições graves e mortais em algumas pessoas, enquanto outras ficam apenas levemente doentes. Até agora, sabemos que idade avançada ou condições de saúde preexistentes colocam uma pessoa em maior risco de sintomas graves. Infelizmente, para muitas pessoas, o ar poluído que respiram todos os dias provavelmente já danificou seus pulmões e as tornou mais vulneráveis ao novo coronavírus.
Adivinhe qual é o principal fator de todas as doenças acima? Poluição do ar. E quem é mais provável de ser exposto à má qualidade do ar nos EUA? Famílias de baixa renda e comunidades de minorias étnicas. Quem tem maior probabilidade de morrer prematuramente devido à qualidade do ar reduzida? Os idosos. Hoje, os negros têm uma probabilidade três vezes maior de morrer de asma do que os brancos. Isso se torna 10 vezes mais provável para crianças negras. Os negros também sofrem as maiores taxas de mortalidade por doenças cardíacas.
É por isso que o surto de COVID-19 é uma questão de justiça ambiental, e a ex-administradora da Agência de Proteção Ambiental Gina McCarthy disse isso no Twitter na segunda-feira (16).
“Esta crise não é simplesmente uma questão de saúde pública. Está diretamente relacionada à equidade social e à justiça ambiental”, escreveu McCarthy. “Está diretamente relacionada à nossa luta por ar limpo, água potável, um ambiente saudável e comunidades saudáveis. #COVID19 está afetando todos nós — nossa saúde e nosso modo de vida, mas comunidades de baixa renda e comunidades de minorias étnicas podem enfrentar riscos adicionais.”
“A estimativa é que haverá taxas muito mais altas de infecção e morte em comunidades de baixa renda e ainda mais em comunidades de baixa renda de minorias étnicas.”
Até o momento, nenhuma pesquisa examinou a demografia das comunidades que observavam maiores incidências do coronavírus. Também não houve nenhuma pesquisa sobre como a má qualidade do ar poderia exacerbar os sintomas do vírus. A ironia do vírus ter começado na China, que tem uma das piores qualidades do ar do mundo, também foi observada por Stephanie Lovinsky-Desir, professora assistente de pediatria no Columbia Medical Center. Ela disse ao Gizmodo:
“É possível que uma das razões pelas quais o vírus tenha sido tão nocivo possa estar ligada a exposições ambientais como a poluição do ar”, disse Lovinsky-Desir.
Sabemos, porém, que a poluição do ar afeta o sistema imunológico respiratório quando partículas tóxicas entram e inflamam os pulmões. A má qualidade do ar mais o COVID-19 podem ser uma mistura mortal para as comunidades que já sofrem nas mãos de uma economia global que depende da queima de combustíveis fósseis tóxicos.
A recente suspensão das atividades diárias normais devido ao COVID-19 causou uma redução drástica na poluição do ar em toda a China e Itália, os dois países com o maior número de casos. No entanto, em situações normais e na ausência de uma crise global de saúde, veículos lançam toxinas no ar regularmente ao nosso redor, enquanto as refinarias e usinas que queimam combustíveis fósseis emitem ativamente material particulado e substâncias cancerígenas nos quintais de alguns selecionados.
“Se você está exposto à poluição, há um risco aumentado. Se houver um número desproporcional de norte-americanos de minorias raciais nessas áreas, então, por extensão, eles ficarão mais doentes, com certeza”, Rey Panettieri, médico do pulmão e vice-chanceler do Instituto de Medicina e Ciência Translacional da Universidade Rutgers, disse ao Gizmodo. “Populações vulneráveis – e eu uso isso em um sentido mais amplo — certamente são desproporcionalmente afetadas por todas as doenças e, com a natureza rápida da disseminação do vírus, acho que essas serão afetadas desproporcionalmente, então sim, estou preocupado.”
O resultado de toda essa poluição do ar, globalmente, é de 7 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Nos EUA, a poluição do ar tem aumentado pela primeira vez em uma década. (Obrigada, Donald Trump.)
As melhorias na qualidade do ar de 1999 a 2013 reduziram o número de mortes prematuras entre os idosos, resultando em US$ 24 bilhões por ano em economia, mas eles continuam sendo os que apresentam maior risco. A poluição do ar é tão mortal que os profissionais de saúde a chamam de pandemia, observando que os combustíveis fósseis são a principal fonte dessa morte e desespero em todo o mundo.
Agora, o COVID-19 provavelmente está aumentando ainda mais o risco de morte para essas comunidades.
“A estimativa é que haverá taxas muito mais altas de infecção e morte em comunidades de baixa renda e ainda mais em comunidades de baixa renda de minorias étnicas por causa de todas as condições pré-existentes — tanto médicas como sociais”, disse Mark Mitchell, um professor associado de mudança climática, energia e saúde ambiental da Universidade George Mason e presidente do Conselho Nacional de Associação Médica de Legislação Médica, ao Gizmodo.
É por isso que alguns organizadores comunitários em cidades que enfrentam taxas mais altas de poluição do ar devido à atividade da indústria estão fazendo todo o possível para se conectar com os locais e mantê-los informados sobre o vírus.
Em Richmond, Califórnia, sede da Refinaria Chevron Richmond, que foi alvo de críticas nos últimos anos por liberar gases tóxicos, a Rede Ambiental da Ásia e do Pacífico (APEN, na sigla em inglês) tenta fornecer aos membros informações vitais sobre como se proteger contra o vírus.
Muitos dos membros do grupo são idosos e muitos sofrem de asma ou câncer. Até agora, a organização não relatou nenhum caso confirmado de COVID-19. Como a APEN trabalha com asiáticos-americanos, também se preocupa especialmente com o aumento do preconceito racial e crimes de ódio, disse Megan Zapanta, diretora organizadora da rede em Richmond, ao Gizmodo. Por fim, os recursos de que essas comunidades precisam durante o período do COVID-19 — habitação estável, acesso à saúde, empregos seguros — são o que precisam sempre, independente da pandemia.
“Queremos realmente pensar em resiliência em todos os tipos de termos, onde não é apenas resiliência quando há um desastre ou pandemia gigante”, disse Zapanta. “Ou também resiliência quando há uma crise econômica, com todas essas coisas relacionadas, ou quando há uma crise imobiliária.”
O governo dos EUA tem um controle limitado sobre a disseminação do COVID-19. No entanto, a resposta do governo — melhorar a limpeza do transporte público e injetar mais de um trilhão de dólares no mercado — mostra o que é possível, haja uma pandemia ou não. A resposta ao coronavírus nos dá uma ideia do que o governo dos EUA está disposto a fazer quando entra no modo de emergência. A vergonha é que nossos líderes tenham que esperar pelo desastre para implementar essas políticas.
“Sabemos que agora temos a tecnologia para fechar essas instalações [poluentes] e mudar para energias renováveis mais limpas e parar essa exposição que afeta predominantemente comunidades de baixa renda e comunidades de minorias étnicas”, disse Mitchell. “E que isso terá efeito imediato na melhoria da saúde e ajudará a reduzir a suscetibilidade a outras doenças como o COVID-19.”
O governo federal pode optar por salvar vidas o ano todo, se também enfrentar essa pandemia de poluição do ar. Fazer isso pode salvar vidas em semanas. Comunidades mais saudáveis são sempre a resposta certa e estão melhor equipadas para sobreviver a esses tipos de desastres globais de saúde. Vamos começar por aí.
Por Profa. Dra. Olga Falceto Professora aposentada da Faculdade de Medicina da UFRGS Coordenadora de Ensino do Instituto da Família
Sou médica e professora universitária. Sou avó de 7 netos. Por eles e pelas outras crianças tenho extrema preocupação com as mudanças climáticas que já aumentaram em mais de um grau a temperatura média mundial. Em Porto Alegre nos últimos dez anos cada verão vimos sentindo uma novidade: o efeito de pequenos ciclones. Recém tivemos novamente essa experiência.
Já está bem estabelecido que temperaturas extremas afetam a saúde de forma intensa: aumentam as mortes de velhos e crianças, os suicídios e surtos, as brigas e a violência.
O impacto é ainda mais grave quando se examina a poluição do ar. O material particulado 2.5 (PM 2.5), tão pequeno que não pode ser visualizado, penetra nos pulmões e na corrente sanguínea e causa morte em populações mais sensíveis com risco pulmonar ou cardiovascular. Também causa doenças crônicas, inclusive câncer. Seu efeito está bem documentado com evidencias na literatura médica.
Poluição do ar e aumento da temperatura se combinam no chamado efeito estufa que aumenta o teor de CO2 e outros gases a ponto que, em países como a China, com frequência é necessário usar máscaras para sair à rua.
Poluição do ar e aumento da temperatura são resultado de fábricas, meios de transporte e mineração entre outros. Trazem também o envenenamento do solo e da água pelos químicos que eliminam.
Os países avançados já decidiram que em 50 anos ou menos só usarão energia limpa renovável. Mesmo a China está diminuindo todos os poluentes e em especial diminuindo o uso de carvão mineral que era fundamental em sua indústria.
E qual a consequência dessas decisões? Estão querendo transferir para nós essa produção, são grandes financiadores da Mina Guaíba que está querendo se instalar em Charqueadas e Eldorado do Sul.
Essa mina em seus 23 anos de exploração explodirá nosso solo com a potência de 2 bombas de Hiroshima. Serão muitas explosões por dia para extrair o carvão mineral. E para onde irá o pó, já que ela estará situada a apenas 16 km do centro de Porto Alegre?
Afora isso, a mineradora não detalhou no EIA-RIMA a composição do carvão mineral da área, sabidamente uma compactação ao longo dos tempos, de quase todos os elementos químicos da tabela periódica, inclusive os mais tóxicos e radioativos. Estes provavelmente serão lavados para dentro do rio Jacuí em uma de suas muitas inundações, afetando a nossa água do Lago Guaíba.
Também planejam esgotar o aquífero subjacente à área para chegar ao carvão e com isso acabarão com potencial reserva de água para Porto Alegre e prejudicarão toda a agricultura e pecuária ao redor. Além disso comprometerão a fauna e flora do Parque Estadual do Jacuí que serve de filtro natural de nossa água.
Todos esses fatores afetarão a saúde dos habitantes da região metropolitana de Porto Alegre, mas o mais agudo e diário é sem dúvida o nível de PM 2.5 no ar que já é de risco moderado em alguns dias conforme mostram os monitores de poluição do ar colocados em 5 unidades básicas de saúde da cidade pelo grupo Porto Ar Alegre.
As mudanças climáticas já estão prejudicando a saúde de crianças no mundo todo e vão determinar o bem-estar da próxima geração, a menos que o mundo cumpra as metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento a abaixo de 2 °C. O novo paradigma em saúde, a Saúde Planetária (para além da saúde pública e saúde global) chama a uma reestruturação radical de nossa forma de produzir e consumir. Está centrado na ideia de pensar global e agir localmente. A poluição do ar já existente em Porto Alegre e os riscos trazidos pela mina de carvão mineral Guaíba que quer se instalar aqui ao lado são dois importantes problemas a enfrentar. A saúde da região está em risco. E quem quererá morar na cidade coberta de pó escuro em que vamos nos transformar?
Santa Cruz do Sul, cidade que fica no centro do Rio Grande do Sul, a cerca de 150 km da Capital Porto Alegre, terá o primeiro Posto de Saúde Sustentável do Brasil. É o que promete o secretário de Saúde do município, Regis de Oliveira, sobre o espaço que terá 442,31 metros quadrados. Ele avisa, ainda, que este é o primeiro de seis postos sustentáveis que serão construídos na cidade de colonização alemã.
O posto terá um cisterna de 6 mil litros para coleta e armazenagem de água da chuva, que permitirá a utilização de recursos hídricos não-potáveis nas descargas dos vasos sanitários e também para regas nos canteiros e horta da unidade.
As lâmpadas usadas serão 100% de led e 70% do abastecimento elétrico do local será feito com energia renovável. Para isso, placas fotovoltaicas serão instaladas e garantirão quase a totalidade da energia consumida no local. “Além da questão ambiental, haverá economia aos cofres públicos, pois vamos gerar a energia que consumiremos”, explicou o secretário. “Não vejo como planejar a saúde das pessoas sem pensarmos no todo. Em um cenário de mudanças climáticas, aquecimento global, todos somos responsáveis. Por isso optamos pela energia limpa, por exemplo. O poder público deve ser indutor e catalisador dessas mudanças. Espero que nosso posto torne-se exemplo para todo o Brasil”, acrescentou Regis.
O local contará, também, com uma horta – ou farmácia verde – para cultivo de chás e plantas medicinais livres de agrotóxicos. Restos de alimentos legumes e vegetais se transformarão em adubo orgânico através de composteiras que também serão instaladas na unidade.
Em menos de um ano a população poderá conferir a novidade. Com investimento de pouco mais de R$ 1 milhão, a estrutura física completa por farmácia, salas de triagem, de recepção, de espera, de atividades coletivas, de agentes comunitários, de saúde, de vacinas, de administração, de procedimentos, de curativos e de observação; três consultórios médicos e um odontológico; central de material esterilizado simplificada; copa; quatro banheiros (dois acessíveis); depósito de material de limpeza; rouparia; varanda; e área de ambulância.
Preparando o futuro
Com os postos de saúde sustentáveis, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul quer dar o exemplo para as futuras gerações. “A sustentabilidade precisa deixar de ser discurso e ser prática. Nossos pequenos poderão viver isso na prática, com o posto sustentável. Terão aprendizados sobre ecologia e cuidados com o meio ambiente vivenciando”, destacou Regis de Oliveira Jr.
A única maneira de combater a contaminação com carvão é fechar todas as minas e usinas do mundo e desenvolver somente energias alternativas, afirma especialista norte-americano.
Buenos Aires, 26 de abril (Terramérica) – Os acidentes fatais em minas de carvão, como os ocorridos nos Estados Unidos e na China, causam comoção. Mas o médico norte-americano Alan Lockwood alertou que são muito mais as mortes pela contaminação derivada da exploração desse mineral. Com o apoio de estudos da organização Médicos para a Responsabilidade Social (filiada à Internacional Physicians for the Prevention of Nuclear War, ganhadora do Nobel da Paz em 1985), Lockwood afirma que o carvão provoca doenças cardíacas e respiratórias crônicas, danos cerebrais e câncer, que estão entre as cinco principais causas de mortes nos Estados Unidos.
Suas conclusões e as de outros especialistas foram divulgadas em novembro no informe O impacto do carvão sobre a saúde humana. Ali há o alerta sobre as doenças causadas pelo mineral, desde sua extração até a disposição final dos resíduos, passando pela queima para produzir eletricidade. Apesar dos danos à saúde e à atmosfera pela emissão de gases-estufa, a matriz energética mundial tem o carvão como primeira fonte. China, Estados Unidos, África do Sul, Polônia, Austrália e Israel, entre outros, produzem a maior parte de sua eletricidade com base neste mineral.
O Greenpeace Argentina, que protesta contra a construção de uma usina de carvão no Rio Turbio, sudoeste da província de Santa Cruz, convidou Lockwood para visitar Buenos Aires, ocasião em que conversou com o Terramérica.
Terramérica: Que impacto tem a produção de carvão na saúde humana?
Alan Lockwood: Dezenas de milhares de pessoas morrem por ano nos Estados Unidos e muitas outras sofrem doenças graves ou menores, como asma e afecções pulmonares obstrutivas crônicas e câncer de pulmão. Também ataques cardíacos, apoplexia ou redução da capacidade intelectual.
Terramérica: Estes impactos devem ser somados às doenças derivadas da mudança climática?
AL: Sim. O dióxido de carbono é o gás contaminante mais conhecido, mas há outros, como o metano, que também deriva desta atividade e que tem um efeito estufa 20 vezes mais potente do que o anterior. Isto aumenta as doenças associadas ao aumento da temperatura, como dengue, malária, diarréia provocada por inundações e pela contaminação da água, todos problemas de saúde ligados à mudança climática.
Terramérica: Quais as fases da produção de carvão que mais contaminam?
AL: A maior é a da queima. Mas desde que os trabalhadores o extraem da mina até as cinzas que vão parar em depósitos de lixo, todos são passos que têm impacto na saúde.
Terramérica: Quais substâncias tóxicas derivam da mineração e combustão do carvão?
AL: Principalmente dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio, mercúrio e materiais particulados, que são pequeníssimos, com 2,5 micrômetros ou menos. Além de materiais radioativos, como urânio e tório, que estão dentro do carvão e vão para a atmosfera. Alguns, inclusive, acabam nos lugares de eliminação das cinzas.
Terramérica: É preciso estar muito perto de uma mina ou de uma central para se contaminar?
AL: Não necessariamente. Claro, quanto mais perto de uma usina de carvão mais perigoso é. Porém, muitos destes contaminantes percorrem longas distâncias pelo ar até serem inalados, e também chegam por meio da água. O mercúrio, por exemplo, fica no ar, a chuva o leva para cursos fluviais, daí chegam aos peixes que logo serão nosso alimento. Não há como escapar do carvão.
Terramérica: Por que em seu informe não são mencionados os acidentes em minas como parte do impacto do carvão na saúde?
AL: Não aparecem por falta de espaço, salvo uma referência geral aos perigos da mineração. Mas agora estou escrevendo um livro para publicar dentro de dois anos e nele dedicarei um capítulo a esse assunto. Nos Estados Unidos, está muito presente nas notícias por causa do acidente em West Virginia (onde em março uma explosão matou 29 mineradores), mas na China são milhares os trabalhadores em minas de carvão que morrem por ano vítimas de acidentes.
Terramérica: Então, os acidentes devem ser considerados parte dos efeitos sanitários da mineração de carvão?
AL: Sim. Mas apesar desses terríveis acidentes, que são notícias de grande impacto, pior é a morte de 10 mil a 20 mil pessoas por ano nos Estados Unidos por doenças relacionadas ao carvão. E a imprensa nada fala sobre isto.
Terramérica: O que recomenda, então, para gerar energia? Fechar as minas e as centrais térmicas? Produzir de forma mais limpa?
AL: O que se deve fazer é desenvolver energias alternativas como solar, eólica, hidrelétrica e de marés, que não produzem dióxido de carbono, enxofre, dióxido de nitrogênio nem mercúrio. Assim se favorece o uso eficiente da eletricidade. É uma boa estratégia para criar bons empregos, fazer crescer a economia e cuidar do meio ambiente e da saúde.
Câncer, problemas respiratórios, alergias, contaminação por mercúrio, cádmio, arsênio, chumbo, tório e urano são alguns dos riscos
Muito tem sido falado sobre a possível implantação da Mina Guaíba, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, que atualmente está em processo de licenciamento ambiental. A Mina Guaíba tem muitos problemas, entre eles a falta de informação e diálogo com as comunidades envolvidas. Mas hoje escolhemos falar sobre os danos que esse projeto pode causar à saúde de mais de 4 milhões de gaúchos que vivem na região metropolitana de Porto Alegre. O carvão mata silenciosamente e as consequências de sua exploração podem durar por décadas e gerações.
Veja como o ciclo funciona: Ao minerar o carvão, é gerada uma nuvem gigante de poeira. As partículas tóxicas geradas nesse processo podem ficar por semanas no ar. Essas partículas são respiradas. Além disso, a poeira cai no chão e polui rios e plantações.
A poeira polui o capim. O capim é o alimento dos animais que, intoxicados, adoecem e morrem. Ou que, mesmo contaminados, acabam servindo de alimento para o homem. (Lembrar de falar do arroz)
A água poluída pouco se diferencia da água pura visualmente. Isso faz com que as pessoas continuem a usá-la para beber, cozinhar e tomar banho. Vale lembrar que, mesmo filtrada, a água contaminada não se livra dos elementos tóxicos.
As árvores absorvem os elementos tóxicos da água e da poeira. Em alguns casos, elas apodrecem. Em outros, geram frutos contaminados.
Os rejeitos líquidos são dispensados nas nascentes de rios e lagos, poluindo as fontes de água.
Os rejeitos sólidos, com ajuda das chuvas, são filtrados no subsolo. Poluem, assim, os lençóis freáticos (principais reservas de água do mundo), o solo e as plantações.
Todas as substâncias tóxicas geradas pela mineração do carvão entram na cadeia alimentar (micróbios, plantas, bichos herbívoros, bichos carnívoros). Os tóxicos vão se acumulando dentro deles. E a concentração desses tóxicos vai aumentando conforme avança a cadeia alimentar.
O último elo da cadeia alimentar é o ser humano. Ele pode ser contaminado pela poeira (quando respira), pela água (banho e alimentação), ao comer animais (peixes, gado, frango, etc) contaminados. Os elementos tóxicos vão se acumulando e gerando doenças graves que podem se manifestar rapidamente (doenças respiratórias e alergias, por exemplo) ou levar anos para se manifestar (silicose, por exemplo).
Quais são os elementos tóxicos liberados a partir da mineração do carvão? São muitas as substâncias cancerígenas e mutagênicas envolvidas nesse processo: Mercúrio, Cádmio, Arsênio, Chumbo, Tório, Urano, Radionuclídeos, entre outros.
O que esses elementos tóxicos causam? O mercúrio, por exemplo, mimetiza células nervosas. Toda criança que tenha pai ou mãe contaminados, terá problemas neurológicos, pois seu cérebro não conduzirá eletricidade. O arsênio, se introduz nas células causando câncer.
Os elementos tóxicos da mineração do carvão causam quais doenças?Asma, bronquite crônica, alergia de pele, danos no sistema nervoso, câncer de pele câncer de fígado, câncer de rins, câncer de pulmão, cirrose, insuficiência renal, problemas no estômago e no intestino, fibrose pulmonar, silicose, malformações fetais, complicações na gravidez e no parto, atraso no desenvolvimento físico e mental das crianças.
Como as pessoas entram em contato com esses elementos tóxicos? Pela respiração; comendo ou bebendo alimentos contaminados; por contato com a pele (exemplo: poeira ou objetos contaminados).
O que acontece com quem mora perto de uma mina de carvão? A poluição do ar é o principal problema. A silicose é uma doença muito comum entre os mineradores e as pessoas que moram perto às minas. A silicose é a acumulação de pó de sílica nos pulmões. Com o passar do tempo, esse pó vai petrificando os pulmões (fibrosa pulmonar) até que os órgãos deixam de funcionar. O risco de câncer de pulmão e de tuberculose em pessoas com silicose é altíssimo.
E o aquecimento global? A queima do carvão libera dióxido de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, que causam poluição na atmosfera, agravam o aquecimento global, aceleram as mudanças climáticas e contribuem para a ocorrência das chuvas ácidas. Essas chuvas provocam a acidificação do solo e da água que, por sua vez, provoca alterações na biodiversidade, como a corrosão de estruturas metálicas.
Para que serve uma mina de carvão, afinal de contas? Para nada que faça bem ao ser humano e ao planeta. O carvão é um combustível fóssil que deve ser deixado onde está desde a formação do planeta: debaixo da terra.
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