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CRM estende contrato de carvão para Candiota 3 até 28 de fevereiro

CRM estende contrato de carvão para Candiota 3 até 28 de fevereiro

Ato em defesa da continuidade da usina foi realizado nesta segunda-feira (6)

 

Por Jefferson Klein – Jornal do Comércio 

Mesmo com a termelétrica Candiota 3 tendo sido desligada em 1º de janeiro, depois do término do seu acordo de comercialização de energia, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) formalizou a prorrogação do contrato de fornecimento de carvão para a usina por mais 60 dias, com validade de 31 de dezembro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025. Em média, a térmica gaúcha consome aproximadamente 1,5 milhão de toneladas ao ano do mineral.

Essa medida possibilita que se ganhe mais tempo para observar qual será o encaminhamento que será dado para Candiota 3. Em nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), pasta à qual a CRM é vinculada, ressalta que, “atualmente, o futuro das usinas termelétricas a carvão, incluindo a Candiota 3, está condicionado à sanção do Projeto de Lei (PL) aprovado em meados de dezembro de 2024, que regulamenta a exploração de energia eólica offshore (em alto-mar). Este PL prevê a extensão dos contratos das termelétricas a carvão até 2050, e a sanção está prevista para ocorrer até 10 de janeiro de 2025, pelo presidente Lula”.

O projeto em questão trata-se do PL 576 e a situação das térmicas foi inserida no texto – o chamado ‘jabuti’, quando um assunto é colocado em uma matéria que inicialmente não tinha relação com aquele tema. Existe a probabilidade do artigo 22, que interessa às térmicas a carvão, ser vetado por Lula, o que faria a discussão retornar ao Senado. Para demonstrar apoio à sanção sem vetos, centenas de pessoas fizeram uma manifestação nesta segunda-feira (6) na cidade de Candiota.

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Mineiros do município, Hermelindo Ferreira, considerou como positiva a ação. “Tivemos a participação dos trabalhadores e da comunidade também, que entenderam o problema que estamos passando”, enfatiza o dirigente. Ele acrescenta que a continuidade de Candiota 3 também é tema de reunião, em Porto Alegre, no Palácio Piratini, na tarde desta segunda-feira com o governador em exercício, Gabriel Souza. O objetivo é solicitar que Souza entre em contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que o PL 576 seja sancionado sem vetos.

Já o engenheiro ambiental do Instituto Internacional Arayara, John Fernando de Farias Wurdig, considera que manifestações como as feitas em Candiota vêm em um momento tardio para o contexto do panorama atual. “O que realmente precisava ter era uma articulação para uma transição ambiental, não tem condição de continuar operando. Segundo ele, se for sancionado o PL, com o apoio às termelétricas a carvão, o Brasil vai passar uma péssima imagem para o cenário internacional, em um ano que recebe a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP – que será realizada em novembro, na cidade de Belém, no Pará).

Arayara na mídia: As mega barragens brasileiras prometiam um futuro verde. Então veio a mudança climática

Arayara na mídia: As mega barragens brasileiras prometiam um futuro verde. Então veio a mudança climática

Matéria originalmente publicada em contextnews.com em 26/09/2024.
Por: André Cabette Fabio

Qual é o contexto?

O presidente Lula apostou alto em mega barragens nos anos 2000 para expandir a energia limpa. Agora, a mudança climática está prejudicando as ambições verdes do Brasil.

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  • • Mega barragens na Amazônia operam bem abaixo da capacidade devido à baixa nos níveis dos rios
  • • O baixo desempenho não é novidade, mas foi agravado pela seca recorde
  • • Brasil recorre a combustíveis fósseis poluentes e gás natural

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Santo Antônio é uma das três mega usinas hidrelétricas localizadas nas profundezas da exuberante floresta amazônica brasileira que já foram consideradas o futuro da produção de energia verde do país.

As megabarragens “a fio d’água” — cujas turbinas são movidas pelo fluxo natural dos rios e não pela água que cai de reservatórios imponentes — foram a aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um futuro verde quando assumiu o poder pela primeira vez, na década de 2000.

Santo Antônio, Jirau e Belo Monte foram construídas na floresta amazônica apesar da forte oposição de grupos ambientais e se tornaram uma das cinco maiores represas do país. Belo Monte, que começou a operar em 2016, tem a quarta maior capacidade do mundo.

Mas as megabarragens estão operando bem abaixo da capacidade, à medida que os níveis dos rios diminuem devido a uma seca recorde na Amazônia, destacando como as mudanças climáticas estão se tornando um desafio crescente para a ambição verde do Brasil.

“Ao contrário das antigas usinas hidrelétricas, o rio é quem manda. Se ficar muito seco, ele para de funcionar”, disse um guia que levou turistas pela represa de Santo Antônio no início deste ano.

Santo Antônio teve que desativar 43 de suas 50 turbinas no início de setembro, quando os níveis dos rios se aproximaram de uma mínima recorde devido à seca, tendo que fechar completamente pelo mesmo motivo por duas semanas em outubro de 2023.

As três megabarragens operaram com apenas uma fração de sua capacidade total em setembro, exacerbando uma tendência em que as empresas hidrelétricas têm consistentemente falhado em atingir a produção de “energia mínima garantida” estabelecida em seus contratos com o governo.

Localização das Hidrelétricas - Mapa por Andre Cabette Fabio - OpenMapTiles

Localização das Hidrelétricas – Mapa por Andre Cabette Fabio – OpenMapTiles

 

Santo Antônio só trabalhou com menos de 10% de sua capacidade nos primeiros 20 dias de setembro, Jirau com 5% e Belo Monte com menos de 3% de seu potencial total, de acordo com dados do governo. Em comparação, Santo Antônio e Jirau trabalharam com cerca do dobro da capacidade no período equivalente de 2021, um ano em que a Amazônia brasileira lutou contra chuvas pesadas.

Especialistas dizem que a situação provavelmente piorará à medida que as secas se tornarem mais regulares no futuro.

“Estudos indicam que períodos de seca severa se tornarão mais frequentes em todas as regiões do Brasil”, disse à Context a Norte Energia, empresa que opera Belo Monte.

Um relatório de 2015 encomendado pelo governo previu que o potencial energético dos fluxos naturais dos rios no Brasil cairá entre 7% e 30% até 2030.

O Ministério de Minas e Energia do Brasil recusou o pedido de comentário da Context.

 

Histórico de baixo desempenho

A energia hidrelétrica responde por 47% da capacidade energética do Brasil, tornando-se a pedra angular da ambição de Lula de transformar o país em um exportador líquido de energia verde ou, como ele mesmo disse, a ” Arábia Saudita da energia renovável em 10 anos “. A Arábia Saudita é a maior exportadora de petróleo bruto do mundo.

A aposta de Lula em barragens “a fio d’água” visava garantir energia barata e com menor impacto ao meio ambiente do que as barragens tradicionais que criam grandes reservatórios.

Mas o baixo desempenho das megabarragens da Amazônia não é novidade, o que coloca em questão a estratégia verde do governo, dizem especialistas.

Santo Antônio, Jirau e Belo Monte não entregaram a “energia mínima assegurada” prevista em contratos entre empresas hidrelétricas e o governo federal em nenhum ano desde que começaram a produzir na década de 2010, de acordo com a análise de dados da Context do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

A “energia mínima assegurada” refere-se à quantidade mínima de eletricidade que as usinas elétricas se comprometem a fornecer ao sistema elétrico nacional com base nos padrões históricos de fluxo dos rios.

Mas a história não tem sido muito indicativa dos níveis futuros dos rios, pois o clima vem mudando, disse Celio Bermann, professor do Instituto de Energia e Meio Ambiente da Universidade de São Paulo.

A Eletrobras, empresa que opera Santo Antônio, disse ao Context que a produção mínima de energia assegurada de Santo Antônio, de 2,31 Gigawatts, foi baseada em níveis históricos dos rios que “não refletiam as alterações extremas observadas nos últimos anos”.

À medida que os níveis dos rios caem, as empresas hidrelétricas são forçadas a comprar eletricidade de outros produtores no mercado à vista, muitas vezes com altos custos financeiros, para cumprir com suas obrigações contratuais.

Se o nível das águas não subir nos próximos anos, “essas usinas (da Amazônia) vão falir”, disse Mário Daher, consultor do setor energético.

Jirau tem uma produção mínima de energia assegurada de 2,1 Gigawatts, e Belo Monte, de 4,41 Gigawatts , segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica.

Alternativas?

À medida que a produção de eletricidade das megabarragens da Amazônia caiu, as autoridades recorreram a combustíveis fósseis poluentes e caros .

Atualmente, o governo está construindo 15 usinas adicionais movidas a gás, o que, segundo o Instituto Internacional Arayara, sem fins lucrativos, deve aumentar a capacidade de geração de gás natural do Brasil em pelo menos 30%, aumentando assim as emissões de carbono do país.

Enquanto isso, um relatório de agosto, coautorado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), uma organização sem fins lucrativos, propõe o uso de energia solar e eólica para ajudar a converter barragens hidrelétricas menores em “barragens hidrelétricas de armazenamento bombeado”.

A ideia é usar energia solar e eólica quando o tempo estiver ensolarado e ventoso para ajudar a encher reservatórios de água que mais tarde poderão ser usados ​​para gerar eletricidade quando o sol se põe e o vento diminui.

A eletricidade solar e eólica vem crescendo rapidamente nos últimos cinco anos no Brasil e agora responde por 29,4% da capacidade energética do país, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética.

A produção de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte também poderia ser impulsionada pela construção de mais barragens ao longo do rio, conforme planejado originalmente, disse Vinícius Oliveira da Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente, uma organização sem fins lucrativos.

Mas isso seria controverso dada a oposição às barragens originais e seu histórico decepcionante.

Ambientalistas dizem que a construção contribuiu para o desmatamento, a perda de biodiversidade e o deslocamento de dezenas de milhares de brasileiros.

“De que adiantou matar o rio, a floresta… e os animais?”, questionou Ana Barbosa, coordenadora do movimento Xingu Vivo, que se opõe a Belo Monte e outras barragens no rio Xingu.

“Você simplesmente coloca um monumento no meio do rio para que os homens possam dizer que foram capazes de construí-lo, mesmo que isso não produza nada além de sangue e desastre.”

O novo governo de Lula, no entanto, reacendeu as negociações com a Bolívia para construir uma nova megabarragem no rio Madeira, na fronteira entre os dois países, desde que ele retornou ao poder em 2023.

Isso seria benéfico para seu governo, pois ajudaria a aumentar a produção em Jirau e Santo Antônio, ambas localizadas no rio Madeira, enquanto o impacto ambiental deverá ser maior na Bolívia, de acordo com Oliveira da Silva.

“Parece ser o momento certo para fazer essa barragem acontecer”, disse ele.

(Reportagem de Andre Cabette Fabio; Edição de Jack Graham e Ana Nicolaci da Costa.)

Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras

Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras

Jean Paul Prates sai da Petrobras; entrada de Magda Chambriard também preocupa.

Prates, que prometeu ser “o último homem em pé” na busca até a última gota de petróleo, é substituído por uma também defensora fervorosa dos combustíveis fósseis.

A mudança já gerou instabilidade no mercado, com queda das ações da Petrobras e aumento das incertezas políticas e econômicas.

Publicada originalmente nA Folha de São Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu nesta terça-feira (14) o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que saiu acusando os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) de “regozijo” com sua saída.

Para seu lugar, Lula indicou a engenheira Magda Chambriard, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).

Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras. Crédito: Divulgação/ANP

Após a divulgação da decisão de Lula, os ADRs (recibos de ações brasileiras negociadas nos Estados Unidos) da Petrobras recuaram 5,65% nas negociações pós-mercado.

A decisão foi comunicada a Prates em reunião no fim da tarde, no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros da Casa Civil e de Minas e Energia, com quem Prates vinha tendo desentendimentos públicos desde o início de sua gestão.

Logo após o encontro, Prates mandou uma mensagem comunicando a demissão a assessores próximos. “Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco”, escreveu.

 

Segundo aliados do presidente, Lula consultou o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, na semana passada, sobre o nome de Magda para o comando da empresa.

A engenheira era citada para o cargo, mas conselheiros temiam que, por seu perfil técnico, repetisse o desempenho de Graças Foster. Ainda de acordo com pessoas próximas a Lula, Gabrielli ajudou a reduzir dúvidas do presidente.

A Petrobras confirmou a informação em nota divulgada à noite. No texto, afirma que recebeu de Prates solicitação para convocação do conselho de administração para “apreciar o encerramento antecipado de seu mandato”.

“Adicionalmente”, completa, o executivo “informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da Petrobras”.

Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Silveira à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula.

Defendida por Silveira e Costa, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.

Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.

Nesta terça, sem a presença de Prates, a direção da estatal participou de eventos com analistas de mercado e jornalistas para detalhar o resultado do primeiro trimestre de 2024, quando a empresa apresentou recuo de 38% no lucro, para R$ 23,7 bilhões.

Pelo resultado, a estatal anunciou o pagamento de R$ 13,4 bilhões em dividendos a seus acionistas.

Prates, que estava em Brasília, fez comentários sobre o resultado no X (antigo Twitter), às 12h58 desta terça-feira.

“Mais um trimestre promissor em nossa Petrobras! Obtivemos resultados financeiros consistentes, nossa dívida financeira atingiu o menor patamar desde 2010 e alcançamos um resultado operacional robusto”, escreveu.

“Nossos números mostram que estamos no caminho certo, em rota para cumprir tudo que estabelecemos no nosso Plano Estratégico 2024-28. E ninguém melhor do que nossa força de trabalho para relatar em vídeo alguns dos destaques desse período. Parabéns a todas e todos pelo resultado alcançado”, afirmou.

“Seguiremos juntos rumo a mais um ano incrível para nossa companhia!”, escreveu Prates.

Embora tenha conseguido “abrasileirar” o preço dos combustíveis, como prometeu Lula, o executivo vinha sendo questionado também pela demora em anunciar investimentos prometidos pelo presidente em expansão da capacidade de refino e estaleiros, por exemplo.

Começou a perder apoio também de sindicatos de petroleiros que fazem parte da base de Lula e, em outra frente, foi elogiado na última assembleia de acionistas pelo maior acionistas privado da estatal, o banqueiro José João Abdalla.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse em nota após a demissão que a troca de comando é mais um teste para a governança da companhia.

“O presidente Lula e seus aliados entenderam que era necessário um direcionamento mais assertivo, com maior ênfase em anúncios de investimentos e geração de empregos diretos pela Petrobras”, escreveu.

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) emitiu nota sobre a mudança de comando, na qual diz que respeita “a decisão soberana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja ela qual for em relação ao comando da Petrobras, agradece o relacionamento construtivo desenvolvido ao longo dos últimos anos com Jean Paul Prates à frente da maior empresa do país e deseja que a boa relação com uma futura gestão da estatal seja mantida, em favor do fortalecimento da Petrobras, do desenvolvimento do país e dos trabalhadores”.

A Petrobras está há meses no foco do mercado, que segue alerta para risco de interferência política.

Nesta terça, por exemplo, o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) e ex-assessor na ANP Adriano Pires criticou em evento os resultados do primeiro trimestre da petroleira e disse enxergar a companhia voltando para os mesmos problemas do passado.

Pires disse que preocupa o aumento dos investimentos da companhia, inclusive em refinarias, voltando a uma política do passado e deixando de focar no seu ramo principal, que é a exploração e produção de petróleo. “Não vai dar certo. Vai ser um horror outra vez”, afirmou.

“O governo olha para esse modelo de economia mista e acha que a Petrobras é do governo de plantão. O presidente Lula só falta passar para o Imposto de Renda dele a Petrobras. Porque ele acha que é dele. O Bolsonaro também achava”, disse durante painel no Tag Summit 2024, evento com investidores em São Paulo.

Pires chegou a ser indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a presidência da estatal, mas acabou abrindo mão do cargo por conflitos de interesse com sua atividade de consultor.