+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Europa cria ‘selo verde’ para priorizar investimento em atividades sustentáveis

Europa cria ‘selo verde’ para priorizar investimento em atividades sustentáveis

O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta (18) novas regras para determinar se uma atividade econômica é ambientalmente sustentável. O “selo verde” será atribuído a empresas e projetos, e deve guiar investimentos públicos na União Europeia.

Outro objetivo é que qualquer investidor, pessoa física ou jurídica, saiba se seu dinheiro está sendo aplicado em atividades que colaboram para a preservação do ambiente ou a prejudicam.

A legislação estabelece cinco objetivos ambientais, e a atividade recebe o “selo verde” se contribuir para pelo menos um deles sem prejudicar significativamente nenhum dos outros.

Os objetivos que precisam ser atendidos são 1) redução das mudanças climáticas ou adaptação a elas, 2) uso sustentável e proteção dos recursos hídricos e marinhos, 3) transição para a economia circular (incluindo prevenção de resíduos), 4) prevenção e controle da poluição e 5) proteção e restauração da biodiversidade e dos ecossistemas.

A lei também pretende coibir o chamado “greenwashing”, prática de fornecer informações falsas sobre produtos ou atividades (como, por exemplo, afirmar que usa produtos reciclados, consome menos energia ou promove biodiversidade).

“Todos os produtos financeiros que afirmam ser sustentáveis terão que provar isso seguindo critérios rigorosos”, afirmou o relator do Comitê de Assuntos Econômicos, o eurodeputado pela Holanda Bas Eickhout, do Partido Verde.

Embora a lei entre em vigor assim que publicada, os critérios específicos para o primeiro objetivo devem estar prontos só no final deste ano, e os outros quatro, no final de 2021.

A legislação também vai permitir que a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE) defina que atividades são prejudiciais ao ambiente.

“A eliminação de investimentos nessas atividades é tão importante quanto o incentivo às consideradas sustentáveis”, disse Eickhout após a aprovação da lei. Pelo texto, a classificação de atividades daninhas deve ser feita até dezembro de 2021.

Embora as regras tenham sido propostas ao Parlamento em 2018, a pandemia de coronavírus deu impulso à pressão de ambientalistas para que ela se transformasse em lei.

Os eurodeputados aprovaram também uma resolução pedindo que os 560 bilhões de euros (cerca de R$ 3,25 trilhões) previstos para investimento na recuperação da crise do coronavírus tenham como prioridade atividades sustentáveis.

Além disso, a Comissão Europeia estima que o bloco precisa de cerca de 260 bilhões de euros por ano (cerca de R$ 1,51 trilhão anual) em investimentos extras para atingir suas metas climáticas e energéticas para 2030 (o objetivo final é ser neutra na liberação de gás-carbônico para a atmosfera até 2050).

Além da Comissão e do Parlamento, empresas financeiras apoiaram a ideia de priorizar o investimento em atividades ambientalmente responsáveis.

À agência Reuters, a chefe global de administração e políticas do BNP Paribas Asset Management, Helena Viñes Fiestas, disse que a reconstrução pós-pandemia não deve incentivar projetos poluidores.

“Acabará custando aos contribuintes o dobro do valor”, uma vez que eles precisariam ser substituídos no longo prazo, segundo ela.

Para a principal negociadora do Comitê de Meio Ambiente, a eurodeputada finlandesa Sirpa Pietikainen, do bloco de centro-direita liberal PPE, “a taxonomia do investimento sustentável é provavelmente o desenvolvimento mais importante para o setor financeiro desde a contabilidade. Será um divisor de águas na luta contra as mudanças climáticas”.

Atividades consideradas incompatíveis com a neutralidade climática, mas necessárias na transição passarão a receber o rótulo de “facilitadoras”.

A categoria foi criada para acomodar combustíveis como gás e energia nuclear, por exemplo -políticos ambientalistas se opunham a que o selo verde fosse dado à energia nuclear, ainda que ela não gere carbono.

Para receber o rótulo, porém, será preciso atingir o melhor padrão de seu setor de atuação no que se refere à emissão de carbono.

Segundo o comissário europeu responsável pelo sistema financeiro, Valdis Dombrovskis, o regulamento aprovado nesta quinta é o primeiro sistema de classificação de atividades econômicas ambientalmente sustentáveis no mundo e deve dar impulso a investimentos verdes.

A consultora e co-presidente do International Resource Panel (ligado à ONU) Izabella Teixeira acredita que a legislação europeia deve canalizar para atividades sustentáveis o dinheiro de grandes fundos interessados em associar sua atuação ao combate das alterações climáticas.

A ex-ministra do Meio Ambiente considera que a União Europeia foi ousada e deve, no médio prazo, influenciar outros países e blocos econômicos com os quais tem parceria comercial ou de investimentos.

O detalhamento dos critérios para obter o “selo verde” será feito por até 57 especialistas do setor público e privado, incluindo representantes da sociedade civil, universidades, institutos de pesquisa e associações empresariais. Farão parte também a Agência Europeia do Ambiente e o Banco Europeu de Investimento.

Fonte: Folha Press

Governadores renovam isenção de R$ 6 bi para agrotóxicos em meio à crise

Governadores renovam isenção de R$ 6 bi para agrotóxicos em meio à crise

Em meio a uma pandemia que gera demandas econômicas urgentes para os cofres públicos, governadores de todo o país decidiram prorrogar uma isenção fiscal que beneficia a venda de agrotóxicos. O acordo permite a desoneração de 30% a 60% do ICMS nas comercializações interestaduais de pesticidas e outros insumos agropecuários, o que significa que os governos estaduais deixam de arrecadar – e as empresas deixaram de pagar – mais de R$ 6,2 bilhões por ano, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Com esse valor, os estados poderiam comprar mais de 90 mil respiradores mecânicos, no valor de US$ 13 mil cada, como os que o Ministério da Saúde comprou no começo do mês. Ou, caso decidissem investir em testes rápidos, poderiam adquirir mais de 82 milhões de testes, no valor de R$ 75 cada.

A decisão de prorrogar o benefício até o final de 2020 foi publicada na edição de ontem (23 de abril) do Diário Oficial da União. Para ser renovada, a medida precisava ser aprovada por unanimidade entre todos os secretários de Fazenda dos 26 Estados e do Distrito Federal, o que ocorreu. A isenção é regulada por um convênio construído dentro do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

O desconto do ICMS é o principal item da “bolsa agrotóxico”, um pacote de benefícios que o agronegócio recebe do governo e que conta ainda com desonerações no PisPasep/Cofins, IPI e Imposto de Importação. Somadas, as isenções aos pesticidas superaram R$ 10 bilhões apenas em 2017, de acordo com o estudo da Abrasco feito com base nos dados do Censo Agropecuário, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Receita Federal e da legislação tributária federal e estadual.

A decisão foi tomada, ainda, sem o embasamento técnico necessário. Toda vez que os estados se reúnem para votar essa questão, um grupo técnico apresenta um estudo para avaliar se o convênio está realmente produzindo o efeito esperado. Esse trabalho é apresentado para os secretários de Fazenda antes da decisão ser tomada, coisa que não ocorreu esse ano. “Prorrogamos o convênio apenas por oito meses, por uma questão emergencial. A reunião que faria o estudo técnico foi suspensa devido ao momento que estamos vivendo”, diz Bruno Negris, diretor do Confaz.

Essa foi a vigésima vez que a isenção foi prorrogada. Há 23 anos em vigor, entra e sai governo e o benefício bilionário aos produtos agrotóxicos nunca foi derrubado. Segundo Negris, isso ocorre porque os governadores estão preocupados com o aspecto econômico, já que a maior justificativa da isenção é incentivar a produção agrícola. “O setor agrícola está presente em todos os estados. A visão foi sempre mais econômica, na busca por geração de emprego e segurar o homem no campo”, afirma.

Leia a reportagem na íntegra aqui.

Onde há proteção social, recessões não aumentam a mortalidade por impacto do coronavírus

Onde há proteção social, recessões não aumentam a mortalidade por impacto do coronavírus

Estudos mostram que, em países desenvolvidos e áreas com mais investimento no Brasil, crises econômicas não resultam em mais mortes

Um dos argumentos para afrouxar imediatamente as medidas de confinamento impostas pela pandemia de coronavírus é que o aprofundamento de uma posterior recessão, conforme afirmou o presidente Jair Bolsonaro em uma transmissão via internet na quinta-feira (26), poderia levar a um número ainda maior de mortes do que o provocado pela doença.

Mas a evidência científica mostra que não existe vínculo direto entre crises econômicas e aumento na mortalidade mesmo quando terminam em disparada do desemprego. Nos países desenvolvidos, chega a ser o contrário: pesquisas demonstram que depressões resultam em queda na mortalidade, enquanto em países em desenvolvimento o impacto costuma variar conforme as condições de vida da população analisada. No Brasil, um estudo indica que a recessão verificada entre 2014 e 2016 foi nociva principalmente para homens negros, mas não em cidades onde havia bons níveis de investimento público em saúde e proteção social. Ou seja, quando os governos fazem o seu trabalho, ninguém precisa morrer.

Veja mais notícias sobre o #Coronavírus: https://www.arayara.org/tag/coronavirus/

Publicado em 2009, o artigo científico “Vida e Morte Durante a Grande Depressão” ganhou destaque na edição de setembro daquele ano na respeitada revista americana Science. O estudo elaborado por cientistas da Universidade de Michigan demonstrou que a megacrise de 1929 resultou em uma melhora nas condições de saúde no período imediatamente posterior de 1930 a 1933 nos Estados Unidos. Houve redução generalizada na mortalidade de homens,  mulheres, brancos e não-brancos neste período, o que resultou em aumento médio de seis anos na expectativa de vida. Apenas os suicídios cresceram, mas, como responderam por menos de 2% do total de mortes, e todas as outras causas registraram queda, o resultado final foi mais tempo de vida.

Não foi um fenômeno isolado. Após a recessão de 2008, o cenário se repetiu em 27 países europeus analisados por outro estudo publicado há dois anos. A conclusão do pesquisador José Tapia Granados é que cada ponto percentual de desemprego resultou em redução de 0,5% na taxa de mortalidade dos europeus. Outro trabalho, centrado nos EUA e divulgado em 2017 pela universidade canadense McGill, encontrou a mesma relação entre aumento de desocupação e recuo no índice de mortes em áreas metropolitanas.

— A relação entre recessões e taxas de mortalidade mais baixas é tão forte quanto a evidência de que fumar faz mal à saúde — declarou Granados à revista científica Nature em janeiro do ano passado.

Ainda não está claro por que apertos econômicos muitas vezes poupam vidas. Uma das hipóteses é que períodos de prosperidade estimulem o consumo de álcool e tabaco, menos sono e mais estresse profissional, além de acidentes de trabalho e de transporte. Períodos de baixa econômica, em contraste, poderiam favorecer mais tempo para descansar, dormir, fazer atividade física e até cuidar de outras pessoas com saúde frágil.

Isso não quer dizer que crises sejam desejáveis. Estão associadas à deterioração na saúde mental e, em países em desenvolvimento como o Brasil, podem aumentar a mortalidade em populações mais vulneráveis pela falta de estruturas de apoio. Também há provas disso. 

Um estudo publicado em novembro por pesquisadores brasileiros e estrangeiros na revista científica inglesa The Lancet revela que a crise econômica teve impacto negativo na saúde entre 2014 e 2016. A descoberta foi o oposto do verificado nos países desenvolvidos: cada ponto percentual a mais de desemprego resultou em um aumento de 0,5 na taxa de mortes por 100 mil habitantes. 

Mas há um ponto fundamental nessa divergência, conforme explica o texto do trabalho: “em cidades com alto investimento em saúde e programas de proteção social, não foram observados aumentos significativos na mortalidade relacionada à recessão”.  As principais vítimas da crise, nas regiões onde os governos não investiram o suficiente para criar uma rede de apoio, foram homens, negros ou pardos, e na faixa de 30 a 59 anos.

Como as recessões impactam a saúde

Países desenvolvidos

  • Após a depressão de 1929, nos EUA, expectativa de vida aumentou em seis anos
  • Na Europa e nos EUA, após recessão de 2008, cada ponto percentual de desemprego resultou em 0,5% menos mortalidade

Brasil

  • Na crise de 2014-2016, cada ponto percentual a mais de desemprego, em média, aumentou em 0,5 o número de mortes por 100 mil habitantes
  • Nos municípios onde havia bom investimento em saúde e proteção social, não houve aumento de mortalidade
  • A população branca, mulheres, adolescentes e idosos não sofreram impacto
  • O aumento de mortalidade se concentrou em homens, negros ou pardos, e na faixa de 30 a 59 anos

Fonte: GaúchaZH

“A história nos ensinou que as pessoas são resilientes”, diz autor do livro A psicologia da pandemia

“A história nos ensinou que as pessoas são resilientes”, diz autor do livro A psicologia da pandemia

Por Rafael Oliveira, Agência Pública

Nas últimas semanas, a população e os governos de todo o mundo têm dedicado esforços para frear o rápido avanço da pandemia de Covid-19, que no momento em que este texto é publicado já matou mais de 17 mil pessoas e infectou ao menos 395 mil, em 169 países. Além de mortes, problemas econômicos e o colapso dos sistemas de saúde dos países afetados, o espalhamento da pandemia provocou pânico generalizado, fazendo as pessoas correrem para drogarias e supermercados, esgotando estoques de máscaras, álcool em gel e até papel higiênico. Além disso, a imposição de isolamento social, necessária para achatar a curva de transmissão do vírus, mudou radicalmente o cotidiano de milhões de pessoas ao redor do mundo, que se viram obrigadas a permanecer dentro de casa.

O comportamento das pessoas em pandemias, bem como o papel da psicologia na disseminação e na contenção de infecções, é o objeto de estudo de Steven Taylor, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Em dezembro de 2019, poucas semanas antes de o coronavírus começar a se espalhar e ganhar proporções pandêmicas, Taylor lançou o livro A psicologia da pandemia, resultado de dois anos de pesquisas sobre os grandes surtos que afetaram a humanidade em décadas e séculos passados.

“[O comportamento dos governantes] é extremamente importante por várias razões. Os líderes do governo precisam liderar pelo exemplo, precisam mostrar às pessoas quais são as coisas importantes que elas devem fazer”, afirma Taylor. Para ele, “se o público não confiar em seu líder ou não confiar nas autoridades de saúde, não fará o que elas dizem”.

Em entrevista exclusiva à Agência Pública, o pesquisador destacou a importância de estabelecer uma rotina e manter contato virtual com amigos e parentes para conseguir sobreviver ao período de isolamento social. “A história nos ensinou que as pessoas são resilientes, as pessoas são fortes. Nós não gostamos dessa situação, estamos estressados com essa pandemia, mas ela vai acabar e vamos passar por isso.”

O que é a psicologia da pandemia? E o que você tratou nos seus estudos e livro que diz respeito ao momento que vivemos com a Covid-19?

Bem, é uma grande área. Eu olhei para as pandemias quando comecei minha pesquisa, há dois anos. Eu percebi que a psicologia desempenha um grande papel na disseminação e na contenção de infecções, e no sofrimento emocional e no comportamento que as pessoas exibem. Isso é a psicologia da pandemia.

Há muitas coisas para aprender. O que estamos aprendendo com a pandemia atual é que as coisas que vemos agora são muitas das que vimos nas pandemias passadas: a ascensão do racismo, grande número de pessoas hipocondríacas que interpretam mal sintomas comuns e se dirigem para hospitais preocupadas com terem Covid-19. Vimos compras motivadas por pânico nas pandemias anteriores, como estamos vendo novamente. Mas também estamos vendo a ascensão da solidariedade das pessoas, se unindo, se apoiando e se ajudando mutuamente.

Pandemias não são as representadas nos filmes de Hollywood, com caos e tumultos.

Como lidar com o sofrimento emocional associado às pandemias?

Isso depende do que mais preocupa a pessoa. É importante entender a fonte de sua angústia. Algumas pessoas têm problemas emocionais preexistentes que as levam a ficar muito angustiadas com a pandemia, e esses problemas precisam ser resolvidos. Algumas pessoas estão passando muito tempo lendo informações assustadoras na mídia ou em redes sociais e obtendo desinformação. Para essas pessoas, pode ser melhor limitar a quantidade de notícias e posts em redes sociais que elas leem sobre a pandemia. Outras pessoas têm preocupações legítimas. Algumas têm sérias condições médicas que as colocam em risco em caso de infecção. Outras estão ansiosas porque sofrem dificuldades econômicas reais provocadas pelo distanciamento social.

O que há de semelhanças e de diferenças no comportamento das pessoas nesta pandemia em relação às anteriores?

O que estamos vendo hoje é muito semelhante ao que vimos nas pandemias anteriores. A ansiedade, o aumento do racismo, mas também da solidariedade, da ajuda mútua. O que torna esta diferente das anteriores é que é a primeira vez na história da humanidade que temos as redes sociais e a internet durante uma pandemia. Então, nesta pandemia, estamos todos conectados globalmente, e isso significa que a desinformação pode se espalhar muito mais rapidamente. Isso inclui informações úteis, mas também informações falsas que podem assustar as pessoas. Mas o que também torna essa pandemia diferente é que, como todos nós estamos conectados globalmente pela internet e pelas redes sociais, somos capazes de oferecer apoio uns aos outros, mesmo que estejamos socialmente isolados.

Há muito mais fluxo e velocidade de informação hoje do que na época de outras pandemias. De que forma isso influencia o comportamento das pessoas em um cenário como esse? O efeito é mais positivo ou negativo?

Isso pode influenciar o comportamento das pessoas de várias maneiras. Pode influenciá-las a estocar produtos por medo. Por exemplo, no início da pandemia, as pessoas de países onde não havia infecção estavam vendo reportagens sobre países infectados, então isso poderia aumentar a ansiedade das pessoas. Se você vê pessoas em um país estocando mantimentos, isso pode levar as pessoas de outro país a fazer o mesmo. Isso pode fazer o medo se espalhar.

Aqui no Brasil, apesar do aumento do número de casos, o presidente já chamou a pandemia de “fantasia” e “histeria”. Contra todas as recomendações, ele incentivou a realização de manifestações populares a seu favor, cumprimentou e tirou selfies com apoiadores. Qual a importância e de que forma o comportamento dos governantes pode influenciar a população em uma pandemia?

É extremamente importante por várias razões. Os líderes do governo precisam liderar pelo exemplo, precisam mostrar às pessoas quais são as coisas importantes que elas devem fazer. O líder do governo no Canadá, por exemplo, o primeiro-ministro Trudeau, está em autoisolamento, porque sua esposa foi infectada pela Covid-19. Ele está mostrando às pessoas o que se deve fazer: ao entrar em contato com alguém [infectado], você deve se isolar. Ele está liderando pelo exemplo. Isso é realmente importante, porque as pessoas buscam nos líderes inspiração e conselhos de como se comportar. Outra razão é a confiança pública. Se o público não confiar em seu líder ou não confiar nas autoridades de saúde, não fará o que elas dizem. Você pode garantir a confiança pública fornecendo informações precisas em tempo hábil, ser visto como confiável e transparente, além de reconhecer as incertezas.

Agora, se não se confia no governo, isso tem implicações realmente importantes. Foram realizadas pesquisas durante o surto de ebola na África e em Monróvia, na Libéria. Essa pesquisa mostrou que pessoas que não confiavam no governo não cumpriam o distanciamento social, e isso para o ebola, que é uma doença muito, muito séria. Isso mostra o quão importante é para o governo garantir que o público o veja como confiável.

Quais são os efeitos psicológicos do distanciamento social e de uma quarentena? Isso impacta mais as pessoas idosas?

Os idosos são uma preocupação porque eles sofrem com o isolamento social, muitos deles já estão sozinhos. E agora estão pedindo a eles que se isolem por meses. Isso aumenta a preocupação de que os idosos se sintam solitários ou deprimidos. Por isso é importante que todos nós ofereçamos ajuda às pessoas idosas de nossa comunidade, que ofereçamos qualquer apoio que eles precisarem.

Durante o surto de Sars, nós descobrimos que houve um aumento no número de suicídios entre os idosos em Hong Kong, que estavam preocupados em se tornar um fardo para a família ou outras pessoas. Esse é um problema realmente sério, nós devemos nos certificar de que os idosos recebam todo o apoio que quiserem ou precisarem.

Como manter a sanidade em tempos de pandemia? Como recuperar a sanidade quando ela acabar?

Essa é uma boa pergunta. Se você estiver em isolamento, é importante planejar o que vai fazer, ter uma estrutura durante o dia, organizar o seu tempo. É importante entrar em contato com familiares ou amigos por meio de redes sociais ou mensagens de texto. Também limite a quantidade de tempo que você gasta lendo conteúdo assustador nas redes sociais. Tenha cuidado com o que você lê.

As pessoas precisam se perguntar: “Essas histórias que estou lendo são verdadeiras ou falsas?”. As pessoas estão ficando muito boas em divulgar notícias falsas; portanto, tenha cuidado com as notícias alarmistas. Essa é uma questão importante.

Considerando o impacto na vida das pessoas, essa pandemia de Covid-19 tem precedentes?

Em algumas pandemias anteriores, a taxa de mortalidade foi muito maior. A pandemia de Covid-19 é séria, mas a gripe espanhola matou muito mais pessoas, assim como a peste bubônica. Portanto, sim, outras pandemias também tiveram enormes impactos.

Mas, no estilo de vida das pessoas, tem algum precedente?

Sim. Em pandemias anteriores, as pessoas também foram solicitadas a se isolar e houve um aumento do racismo em alguns lugares. Nós temos precedentes. A boa notícia é que os humanos sobreviveram a muitas pandemias no passado. Muitas, muitas outras mais sérias que esta, então vamos sobreviver. As pessoas costumam esquecer, mas é importante saber, perceber ou lembrar que os seres humanos são resilientes. Nenhum de nós gosta de ficar socialmente isolado, não gostamos do fato de não podermos continuar com nossa vida, achamos estressante, mas vamos sobreviver. Nós vamos lidar com isso. Assim como as pessoas no passado lidaram com pragas e outras pandemias.

Aqui no Brasil, assim como em outros lugares do mundo, as pessoas correram aos supermercados e farmácias e esgotaram os estoques de papel higiênico, máscaras e álcool em gel. Por que isso acontece?

Isso ocorre porque as pessoas estão assustadas. Elas estão com medo de escassez, de que haja desabastecimento, então as pessoas saem e compram demais. E outras pessoas ao redor veem essas pessoas assustadas comprando muitas coisas, e assim elas fazem o mesmo e o medo se espalha. Em Vancouver, estamos tendo excesso de compras motivadas pelo pânico, assim como no Brasil. Mas aqui [Vancouver] algumas pessoas estão estocando maconha e álcool. A maconha é legal aqui, então as pessoas estão estocando maconha. Pessoas que estão muito, muito assustadas e com medo de que a infraestrutura entre em colapso estão saindo, estocando comida etc.

Em um dos capítulos do seu livro você fala sobre um “retrato da próxima pandemia”. O que você previu certo? E o que não previu?

Primeiro, eu pensei que seria influenza, mas acabou sendo Sars-CoV-2, então não acertei isso. E quem preveria essa corrida atrás de papel higiênico? Mas todo o resto estava certo, previsto a partir de pesquisas sobre pandemias anteriores. A ascensão do racismo, a ansiedade antecipada, o medo crescente, a panic buying [o estoque de produtos], a corrida dos worried well [hipocondríacos] aos hospitais, preocupados com estarem doentes com a Covid-19, quando não estão. O aumento da solidariedade e do apoio social, e o fato de a maioria das pandemias no passado não ter se caracterizado por tumultos e conflitos sociais – embora isso tenha acontecido ocasionalmente, mas eram raros. E estamos vendo que desta vez também houve alguns saques, assaltos, roubos de bancos de alimentos etc. Mas isso tem sido relativamente raro. Nesta pandemia, assim como nas outras, tem havido um aumento das teorias da conspiração. Vimos isso em todas as outras pandemias, essa previsão também estava certa. Uma previsão que coloquei no livro, mas que espero que não se torne realidade é em relação às vacinas. Em pandemias passadas, muitas pessoas não foram se vacinar, mesmo que houvesse uma vacina. Minha preocupação é que isso também aconteça desta vez. A hesitação com vacinas é um grande problema, porque será difícil conter a propagação da infecção se as pessoas não forem vacinadas.

Você afirma em um artigo que passou a estudar o tema após ler com frequência que a próxima pandemia estava chegando. Por que essa previsão estava certa?

Porque as pandemias sempre estiveram por aí. Elas sempre ocorreram, várias por século, mas agora as pessoas têm tanta mobilidade, com viagens aéreas e outros, que isso facilita muito a disseminação de infecções. Os virologistas previam, por conta disso, que haveria outra pandemia em breve, nos próximos anos, e foi por isso que pensei que uma pandemia estava chegando. Eu [só] não pensei que chegaria tão cedo.

Que recado você daria aos brasileiros que estão, como outras pessoas no mundo, vivendo isolamento social e ansiosos com essa situação? O que a história ensina sobre o presente?

A história nos ensinou que as pessoas são resilientes, as pessoas são fortes. Nós não gostamos dessa situação, estamos estressados com essa pandemia, mas ela vai acabar e vamos passar por isso.

E podemos superá-la focando em como lidar com isso de maneira sensata. Precisamos nos isolar neste momento, mas não precisamos nos isolar socialmente, por isso precisamos manter contato e nos conectar com amigos e familiares. Isso vai passar, e vamos superar isso.

Colaboraram: Anna Beatriz Anjos, Bárbara D’Osualdo e Giulia Afiune.

A economia de baixo carbono e os bancos: qual a relação?

A economia de baixo carbono e os bancos: qual a relação?

A transição para uma economia de baixo carbono força os bancos a rever suas políticas de análise de crédito e alocação de recursos

Em março, o banco Santander adotou uma nova política de risco para a concessão de empréstimos empresariais. Companhias de médio e grande porte, com faturamento acima de 20 milhões de reais, terão sua vulnerabilidade a eventos climáticos extremos avaliada pela instituição financeira, que incluirá esses dados na nota de crédito do cliente. Por ano, o banco analisa cerca de 2.000 companhias com esse perfil. A norma pode afetar empresas que estejam localizadas em áreas com risco de alagamentos, por exemplo. Também dificulta quem depende de matérias-primas sensíveis às mudanças climáticas, como insumos agrícolas. Por outro lado, beneficia companhias que atuam na cadeia de baixa emissão de carbono. “Uma fabricante de pás para turbinas eólicas pode ser mais bem avaliada”, afirma Christopher Wells, chefe global de risco socioambiental do banco. “Essa é uma das maneiras que o banco tem para se proteger dos riscos da transição para uma economia de baixo carbono.”

Os temas associados ao clima vêm ganhando atenção especial dos bancos, especialmente depois de a pauta ter dominado as discussões no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, em janeiro deste ano. As mudanças climáticas passaram a ocupar um papel central no desenvolvimento das estratégias das instituições financeiras. “Essa agenda vem crescendo há cerca de três anos, mas, com certeza, Davos contribuiu muito para que o assunto passasse a ocupar o centro dos debates”, afirma Karine Bueno, chefe de sustentabilidade do Santander. “Não dá para ignorar.”

O que impulsiona essa nova mentalidade é a expectativa de uma grande transformação na economia mundial na próxima década, motivada pela necessidade de reduzir as emissões e atingir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, de manter o aumento da temperatura do planeta em 2 graus Celsius, até 2050, em relação aos níveis da era pré-industrial. Segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne 450 instituições financeiras de 70 países, cumprir essa meta exigirá que 95% da eletricidade mundial venha de fontes renováveis, 70% dos carros sejam neutros em emissões e haja uma redução de 80% na intensidade de carbono do setor de construção.

Viabilizar essas mudanças passa por uma realocação de recursos financeiros, o que trará problemas de financiamento para alguns setores. Um estudo da consultoria Oliver Wyman aponta que os riscos de não pagamento de dívidas associados a duas indústrias intensivas em emissão de carbono, as de geração de energia e de petróleo e gás, variam de 50 bilhões a 300 bilhões de dólares, globalmente. A estimativa leva em conta um cenário em que os países signatários do Acordo de Paris, incluindo o Brasil, estabeleçam uma taxa de 50 dólares por tonelada de carbono.

Nesse caso, os setores com maior emissão, como o de carvão mineral, teriam dificuldade de se financiar, aumentando a probabilidade de calote. Em outro relatório, o Fundo Monetário Internacional defendeu a criação de uma taxa global sobre o carbono. Sem essa medida, segundo o FMI, será impossível atingir as metas de redução de emissões determinadas em Paris. Na prática, se as emissões forem precificadas em 35 dólares por tonelada, a energia proveniente do carvão dobrará de preço. O FMI, no entanto, calcula que a tarifa ideal para conter o aquecimento global seja de 75 dólares por tonelada.

Essas estimativas levam os bancos a ser mais criteriosos na avaliação de determinados setores. No Bradesco, todo empréstimo corporativo é analisado com base em dez critérios socioambientais. Segundo Bruno Boetger, diretor executivo do banco, se a empresa solicitante se enquadrar em qualquer um dos aspectos de risco, ela passará por uma avaliação adicional de crédito, feita por uma equipe dedicada (a lista de requisitos não é pública, mas inclui, por exemplo, preocupações com tecnologias poluidoras e trabalho escravo). “É preciso proteger não somente os ativos mas também a imagem do banco”, afirma Boetger. Dependendo do risco encontrado, a aprovação da operação só é feita pela presidência da instituição. “A tendência é o banco aumentar essas exigências, principalmente depois de Davos”, diz o executivo.

Segundo a Oliver Wyman, no entanto, os bancos têm feito pouco para se proteger. “A indústria de serviços financeiros está subestimando os efeitos da mudança para uma economia verde”, diz o relatório. Isso vale tanto para os riscos quanto para as oportunidades. A expectativa é que a transição para uma economia de baixo carbono demande investimentos de 6 trilhões de dólares nos próximos anos. “Se parte disso se confirmar, as oportunidades para o setor financeiro chegam a 150 bilhões de dólares”, escreve a consultoria.

Para capturar essas oportunidades, os bancos buscam incentivar negócios de impacto positivo em áreas como energia limpa e mobilidade (leia entrevista ao lado). Até 2025, o Itaú se comprometeu a financiar no país 100 bilhões de reais em projetos desse tipo, o que inclui, além das duas áreas já citadas, o setor de saneamento. O banco está empenhado em criar um modelo mais preciso de avaliação das emissões.

Para isso, estabeleceu uma parceria com a 2 Degrees Institute, entidade sem fins lucrativos que desenvolve modelos para monitoramento e mitigação das emissões. O projeto deve começar em abril. “O ano de 2020 marca um ponto de virada para o mercado financeiro”, afirma Luciana Nicola, superintendente de sustenta­bilidade do Itaú. “Nos próximos cinco anos, o setor vai desenvolver os padrões de governança em relação às emissões, o que provocará ondas de mudanças em todas as indústrias.”

Para Beatriz Freitas, diretora executiva de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) do banco BTG Pactual, que faz parte do grupo que controla a EXAME, o desenvolvimento desse padrão de análise também deve forçar uma revisão nos portfólios de investimentos das instituições financeiras. “Os próprios investidores estão exigindo uma análise mais rigorosa de setores intensivos em carbono”, diz Freitas. “Antes, quando perguntavam se o banco fazia esse tipo de análise, a resposta era sim ou não. Hoje, querem detalhes.”

Essa preocupação está relacionada a uma perspectiva de perda de valor de diversos ativos, por causa da transição para a economia verde. Um estudo do Principles for Responsible Investment (PRI), entidade ligada à ONU que promove o investimento responsável, mostra que alguns setores podem sofrer perdas de valor de mercado de quase 40% nos próximos anos (veja quadro na pág. 62). “A pressão sobre investidores e instituições financeiras aumenta a cada ano”, afirma Marcelo Seraphim, representante do PRI no Brasil. “Temos uma década, a partir deste ano, para fazer a transição a uma economia de baixo carbono e cumprir a meta do Acordo de Paris. Isso vai exigir um reposicionamento de portfólio.”

Os investidores têm alocado cada vez mais recursos em ativos que provisionam um lastro positivo tanto para o planeta quanto para o bolso. De 2012 a 2018, o total de investimentos sustentáveis no mundo cresceu 109%, para 23 trilhões de dólares, enquanto os investimentos de impacto social tiveram um salto de 6.175%, atingindo 500 bilhões de dólares, de acordo com a organização não governamental Global Impact Investing Networking.

Os volumes se justificam pela rentabilidade vultosa. Segundo estimativa do Bank of America, cada dólar investido em títulos e ações de impacto ao longo de 20 anos resulta em 28,36 dólares, enquanto em investimentos tradicionais o retorno esperado é de apenas 14,3%. Não surpreende, portanto, que grandes bancos estejam atentos a essa tendência.

Com 1,4 trilhão de dólares sob gestão, o Credit Suisse tem a meta de alocar 100 bilhões de dólares até o fim do ano na carteira de investimentos ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança). “Anunciamos o objetivo em setembro de 2019 e estamos rapidamente migrando fundos tradicionais para a estrutura ESG”, afirma Marisa Drew, presidente do departamento de assessoria de impacto e finanças do Credit Suisse. Em entrevista exclusiva à EXAME,­ a executiva se mostra otimista com o ativismo de acionistas.

Há muitos anos fala-se em investimentos de impacto socioambiental, mas muita coisa não saiu do papel. Por que agora com o ESG seria diferente?

Porque estamos falando de investimentos bons e inteligentes. Veja o caso da Beyond Meat [fabricante americana de carne vegetal]: foi a primeira empresa a abrir o capital nesse espaço alternativo de proteí­nas e foi o IPO com melhor desempenho em 20 anos. Foi uma enorme criação de valor para as pes­soas­ que investiram na empresa. As novas queridinhas do Vale do Silício têm objetivo ambiental ou social, porque é isso que os investidores desejam, principalmente a geração millennium, que está apenas começando a investir.

Mas como ter certeza de que uma empresa se enquadra nos critérios ESG?

Existem várias iniciativas que classificam as empresas de acordo com as práticas ESG. Nesses rankings é possível ver quais delas têm uma boa classificação. Dito isso, os dados não são muito comparáveis. Se você estiver tentando comparar duas empresas diferentes, os relatórios não serão consistentes. Mas há grandes iniciativas em desenvolvimento, como o SASB [Sustainability Accounting Standards Board]. A organização está tentando criar métricas que são relevantes do ponto de vista do ESG e que se diferenciam por setor. Afinal, as demandas de uma empresa de petróleo e gás são muito distintas das de uma empresa de alimentos. Hoje, o SASB ainda é voluntário, mas está crescendo a cada dia. Entre as 200 empresas já inscritas estão gigantes como Coca-Cola e Kellogg, que, indiretamente, fazem pressão sobre as companhias que não ­estão cadastradas.

Há algo que possa acelerar esse processo?

Sim, caso se torne um requisito regulatório. Na União Europeia, está em estudo um regulamento que exigirá que os gestores demonstrem que levaram as demandas ESG em consideração na hora de alocar os recursos. Dois anos atrás, havia cerca de 25 trilhões de dólares investidos em ativos ESG. Tenho certeza de que esse número já é muito maior hoje.

Mesmo com maior interesse dos investidores por temas socioambientais, presidentes têm sido eleitos com discursos contrários ao meio ambiente. Como explicar essa dicotomia?

Muitos manifestantes da geração millennium não podem votar por não ter idade suficiente. Mas eles estão chegando lá. Não é à toa que, pela primeira vez na Suíça, o movimento do Partido Verde obteve grande parte dos votos. Acho que a voz do povo mudará as coisas. A pressão sobre os políticos os colocará em ação. Vejo que não existe um único regulador que não esteja preocupado com esse tema. Mais e mais presidentes estão falando sobre isso, seja Emmanuel Macron [França], seja Xi Jinping [China]. As pessoas estão vendo suas casas pegar fogo na Austrália ou a cidade ficar debaixo d’água. Não é algo que vai acontecer daqui a 20 anos. Está acontecendo agora.

Quais áreas chamam mais a atenção dos brasileiros no que se refere a investimentos ESG?

Como o Brasil tem uma agricultura forte, os olhares acabam se voltando para o tema de agricultura sustentável. Pegue o caso da plantação de cacau. Como se trata de uma commodity, os agricultores não ganham muito dinheiro, e a forma de plantá-lo é muitas vezes pouco sustentável. Até que uma empresa decidiu repensar essa lógica e aproveitar toda a fruta, incluindo a polpa, que é um alimento ótimo e de baixa caloria. Com isso, o valor da fruta subiu cinco vezes, aumentando a renda dos agricultores que agora a cultivam de forma sustentável. Os investidores brasileiros também estão focados na educação. A pessoa educada é, em geral, mais saudável, tem uma renda maior e cuida melhor do meio ambiente. Portanto, direta e indiretamente, a educação provoca um efeito positivo sobre as causas sociais e ambientais.

Fonte: Exame