Não caia na falsa dicotomia de VIDA X ECONOMIA. A vida vem sempre em primeiro lugar. E os dados falam por si. Confie na ciência, na pesquisa e nos fatos. Fique em casa, salve vidas, preserve-se.
Estudos mostram que, em países desenvolvidos e áreas com mais investimento no Brasil, crises econômicas não resultam em mais mortes
Um dos argumentos para afrouxar imediatamente as medidas de confinamento impostas pela pandemia de coronavírus é que o aprofundamento de uma posterior recessão, conforme afirmou o presidente Jair Bolsonaro em uma transmissão via internet na quinta-feira (26), poderia levar a um número ainda maior de mortes do que o provocado pela doença.
Mas a evidência científica mostra que não existe vínculo direto entre crises econômicas e aumento na mortalidade mesmo quando terminam em disparada do desemprego. Nos países desenvolvidos, chega a ser o contrário: pesquisas demonstram que depressões resultam em queda na mortalidade, enquanto em países em desenvolvimento o impacto costuma variar conforme as condições de vida da população analisada. No Brasil, um estudo indica que a recessão verificada entre 2014 e 2016 foi nociva principalmente para homens negros, mas não em cidades onde havia bons níveis de investimento público em saúde e proteção social. Ou seja, quando os governos fazem o seu trabalho, ninguém precisa morrer.
Publicado em 2009, o artigo científico “Vida e Morte Durante a Grande Depressão” ganhou destaque na edição de setembro daquele ano na respeitada revista americana Science. O estudo elaborado por cientistas da Universidade de Michigan demonstrou que a megacrise de 1929 resultou em uma melhora nas condições de saúde no período imediatamente posterior de 1930 a 1933 nos Estados Unidos. Houve redução generalizada na mortalidade de homens, mulheres, brancos e não-brancos neste período, o que resultou em aumento médio de seis anos na expectativa de vida. Apenas os suicídios cresceram, mas, como responderam por menos de 2% do total de mortes, e todas as outras causas registraram queda, o resultado final foi mais tempo de vida.
Não foi um fenômeno isolado. Após a recessão de 2008, o cenário se repetiu em 27 países europeus analisados por outro estudo publicado há dois anos. A conclusão do pesquisador José Tapia Granados é que cada ponto percentual de desemprego resultou em redução de 0,5% na taxa de mortalidade dos europeus. Outro trabalho, centrado nos EUA e divulgado em 2017 pela universidade canadense McGill, encontrou a mesma relação entre aumento de desocupação e recuo no índice de mortes em áreas metropolitanas.
— A relação entre recessões e taxas de mortalidade mais baixas é tão forte quanto a evidência de que fumar faz mal à saúde — declarou Granados à revista científica Nature em janeiro do ano passado.
Ainda não está claro por que apertos econômicos muitas vezes poupam vidas. Uma das hipóteses é que períodos de prosperidade estimulem o consumo de álcool e tabaco, menos sono e mais estresse profissional, além de acidentes de trabalho e de transporte. Períodos de baixa econômica, em contraste, poderiam favorecer mais tempo para descansar, dormir, fazer atividade física e até cuidar de outras pessoas com saúde frágil.
Isso não quer dizer que crises sejam desejáveis. Estão associadas à deterioração na saúde mental e, em países em desenvolvimento como o Brasil, podem aumentar a mortalidade em populações mais vulneráveis pela falta de estruturas de apoio. Também há provas disso.
Um estudo publicado em novembro por pesquisadores brasileiros e estrangeiros na revista científica inglesa The Lancet revela que a crise econômica teve impacto negativo na saúde entre 2014 e 2016. A descoberta foi o oposto do verificado nos países desenvolvidos: cada ponto percentual a mais de desemprego resultou em um aumento de 0,5 na taxa de mortes por 100 mil habitantes.
Mas há um ponto fundamental nessa divergência, conforme explica o texto do trabalho: “em cidades com alto investimento em saúde e programas de proteção social, não foram observados aumentos significativos na mortalidade relacionada à recessão”. As principais vítimas da crise, nas regiões onde os governos não investiram o suficiente para criar uma rede de apoio, foram homens, negros ou pardos, e na faixa de 30 a 59 anos.
Como as recessões impactam a saúde
Países desenvolvidos
Após a depressão de 1929, nos EUA, expectativa de vida aumentou em seis anos
Na Europa e nos EUA, após recessão de 2008, cada ponto percentual de desemprego resultou em 0,5% menos mortalidade
Brasil
Na crise de 2014-2016, cada ponto percentual a mais de desemprego, em média, aumentou em 0,5 o número de mortes por 100 mil habitantes
Nos municípios onde havia bom investimento em saúde e proteção social, não houve aumento de mortalidade
A população branca, mulheres, adolescentes e idosos não sofreram impacto
O aumento de mortalidade se concentrou em homens, negros ou pardos, e na faixa de 30 a 59 anos
Os líderes da União Europeia concordaram que o plano de recuperação econômica do coronavírus do bloco deve atender ao seu objetivo de combater as mudanças climáticas.
Após uma videoconferência de seis horas, os 27 líderes da UE concordaram em coordenar um plano de recuperação econômica do coronavírus.
Embora os detalhes do plano em si ainda precisem ser elaborados, uma declaração disse que eles concordaram que deveria ser consistente com a “transição verde”, a frase que a UE usa para descrever o objetivo de reduzir as emissões que aquecem o planeta.
A comissão executiva da UE quer que seus 27 estados membros se inscrevam em uma cúpula em junho para planejar neutralizar todo o gás de efeito estufa do bloco até 2050. Até agora, a Polônia é o único ponto de destaque.
Investidores e grupos ambientais estão buscando garantias de que, como as conseqüências econômicas do coronavírus sugam financiamento e energia política, Bruxelas não perderá de vista seus objetivos de mudança climática.
A Polônia alertou que a pandemia tornará mais difíceis os objetivos climáticos da UE.
Uma coalizão global de mais de 300 grupos de campanhas de mudanças climáticas instou os governos na quinta-feira a usar qualquer pacote de resgate econômico de coronavírus para ajudar a acelerar a transição para um futuro de baixo carbono.
“As escolhas que estão sendo feitas agora moldarão nossa sociedade por anos, se não décadas,” disse May Boeve, diretor executivo do 350.org, um grupo de campanha climática global que se originou nos campus universitários dos EUA.
Com os governos despejando dinheiro na economia em níveis nunca vistos desde a Segunda Guerra Mundial, muitos políticos, economistas e ativistas dizem que as medidas devem ser usadas para acelerar a mudança do carvão, petróleo e gás que aquece o planeta.
A crise do coronavírus provou que os governos podem agir em resposta a uma crise – uma lição que eles devem usar para combater as mudanças climáticas, disse Andrew Parry, chefe de investimentos sustentáveis da Newton Investment Management.
“Embora a resposta imediata das autoridades tenha sido justamente limitar as conseqüências sociais da crise atual, é uma oportunidade para garantir um futuro mais saudável e resiliente para o meio ambiente que não deve ser desperdiçado.”
Médicos da Academia Americana de Oftalmologia (AAO, na sigla em inglês), na Califórnia, alertaram que um dos sintomas de coronavírus em algumas pessoas pode ser conjuntivite
Os especialistas se basearam em dados da China, segundo os quais um em 30 pacientes com COVID-19 foi diagnosticado com conjuntivite.
Outro estudo, citado pelos médicos americanos, diz que 19 de 1.099 (0,8%) pacientes com coronavírus na China também apresentaram conjuntivite. Os dados foram recolhidos em 30 hospitais de todo o país asiático.
Pesquisadores do Programa de Engenharia Biomédica (PEB) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) estão desenvolvendo um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa, de forma simples, rápida e barata, com recursos disponíveis no mercado nacional.
Desenvolvido no Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular (LEP), da Coppe/UFRJ, o equipamento poderá contribuir para suprir, emergencialmente, a crescente demanda dos hospitais por esses aparelhos, em decorrência da pandemia de COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
A estimativa é de que o Brasil necessitará, nas próximas semanas, de mais de 20 mil ventiladores pulmonares mecânicos para atender os casos que chegarão aos hospitais, principalmente os mais graves de falta de ar e dificuldades respiratórias. A produção atual de ventiladores por empresas brasileiras é da ordem de 2 mil por mês, e, mesmo com a produção acelerada, tais empresas não conseguirão atender à demanda.
A fim de reduzir essa lacuna, pesquisadores do LEP iniciaram uma campanha para obter financiamento e parcerias com empresas e instituições privadas e públicas. O objetivo é viabilizar a produção do protótipo, com rapidez e em larga escala. A iniciativa conta, agora, com a colaboração de pesquisadores de cinco programas de pós-graduação da Coppe/UFRJ, além de outras unidades da Universidade e de diversas instituições de pesquisa do país. Várias empresas de grande porte têm se prontificado a ajudar no desenvolvimento, distribuição e financiamento do projeto.
Segundo o professor Jurandir Nadal, chefe do LEP, a proposta é possibilitar a ventilação mecânica com diferentes concentrações de oxigênio e pressão compatíveis com pacientes que apresentem angústia respiratória. Ao mesmo tempo, válvulas de segurança protegem o paciente de pressão excessiva e filtros especiais evitam que o ar expirado espalhe coronavírus no ambiente e possa contaminar os profissionais de assistência intensiva.
Versão beta apontou sucesso
Uma versão preliminar do ventilador foi criada com recursos disponíveis no LEP – envolvendo o emprego de válvulas solenoides e outras – e apresentou um bom resultado em um modelo físico de pulmão configurado em condições semelhantes às de pacientes com insuficiência respiratória.No momento, adaptações vêm sendo feitas para a construção de um protótipo mais adequado à produção em escala industrial, o qual deverá ser testado em pacientes, até a próxima semana, de acordo com a aprovação de um comitê de ética em pesquisa com seres humanos.
“A exemplo do Reino Unido, que lançou um edital mundial para a submissão de propostas de ventiladores já existentes e aprovados para uso clínico (…), considero oportuno adotarmos um esforço coletivo semelhante, visando salvar vidas”, ressaltou Nadal.
Como funciona o ventilador
A ventilação mecânica é aplicada a pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sedados ou em coma induzido, por meio de um tubo inserido na traqueia. O ventilador proposto, classificado como ventilador de pressão, fornece uma mistura de ar rico em oxigênio com pressão suficiente para vencer a resistência do pulmão doente.
As válvulas oferecem ao paciente uma mistura de ar e oxigênio medicinais durante a inspiração. Na expiração, por conseguinte, elas são fechadas. O ventilador não deixa a pressão cair abaixo de um valor mínimo para evitar que as partes do pulmão que absorvem o oxigênio colapsem, prevenindo, portanto, lesões provocadas pela ventilação artificial. O ar expirado passa, então, por um filtro especial que retém as gotículas de água com vírus, mantendo a umidade do sistema respiratório.
“O ventilador pulmonar em desenvolvimento não pretende ser mais completo e versátil que os ventiladores de última geração disponíveis nas UTIs. Pelo contrário, é um recurso simples e seguro, porém emergencial, que deve ser utilizado somente quando não houver um equipamento padrão disponível, como pode acontecer em alguns locais durante a pandemia”, esclarece Nadal.
Hoje, os principais desafios dos pesquisadores para produzir esses equipamentos são as peças envolvidas. “Pelo fato de o ventilador ser usado continuamente por vários dias e invadir o corpo do paciente, essas peças precisam ser muito resistentes, esterilizáveis e feitas com material biocompatível, para não liberar gases tóxicos e atingir o paciente. Por isso, a confecção em plástico com impressoras 3D comuns não é uma solução viável. Imagine, por exemplo, uma pessoa que precisa ser ventilada por 23 dias, respirando 30 vezes por minuto. Nesse caso, todas as peças têm que suportar 1 milhão de ciclos respiratórios. Algumas partes móveis precisam ser substituídas, como os filtros – que são trocados diariamente. O monitor e os controles precisam de baterias, pois não podem falhar em casos de falta de energia elétrica, e nem todas as UTIs contam com geradores de reserva”, relata o professor.
Parcerias firmadas e em negociação: próximos passos
Uma rede de empresas está sendo montada para iniciar a produção imediata, após a aprovação dos testes com pacientes e adequação às normas de segurança. Uma empresa de grande porte, ou mais de uma, cuidará da produção do ventilador, mas algumas partes serão produzidas por vários fornecedores de forma distribuída.
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