+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Soluções para os desafios climáticos no Norte Pioneiro do Paraná são debatidas em conferência 

A 1ª Conferência Livre Intermunicipal de Meio Ambiente de Sapopema, Figueira e Ibaiti ocorreu em 25 de janeiro, reunindo representantes da sociedade civil, do setor público e do meio empresarial para debater soluções locais e regionais diante dos desafios das mudanças climáticas.

O evento, promovido pelo Instituto ARAYARA, Observatório do Carvão Mineral e a ONG Fé, Paz e Clima, foi realizado integralmente de forma online e teve como tema central “Soluções locais e regionais para os desafios das mudanças climáticas: rumo a um futuro sustentável”.

Com um total de 34 participantes, a conferência contou com maior adesão de moradores de Ibaiti e Sapopema, mas não houve representação de Figueira, apesar de inscrições prévias. O encontro também atraiu interessados de diversas regiões do Brasil, ampliando a discussão sobre as questões ambientais.

A programação teve início com a apresentação dos eixos temáticos por Urias Neto e Daniela Barros, engenheiros ambientais da ARAYARA. Os temas abordados incluíram mitigação, adaptação e preparação para desastres, justiça climática, transformação ecológica, governança e educação ambiental. A exposição serviu como base para o debate entre os participantes, que trouxeram propostas concretas para suas respectivas comunidades.

A conferência integra etapas iniciais da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, oferecendo aos municípios a oportunidade de apresentar propostas e eleger delegados para levar suas demandas à instância nacional.

Problemas ambientais e propostas de solução

Durante a etapa de discussão, diversos desafios foram levantados, como a contaminação da água, infraestrutura inadequada para condições climáticas extremas e a presença de indústrias poluentes.

O diretor técnico da ARAYARA, Juliano Bueno de Araújo, destacou a crise da água em Ibaiti, Sapopema e Figueira, mencionando a contaminação por nitratos, agrotóxicos e coliformes fecais, além da falta de caixas d’agua adequadas em 30% das residências. Ele também alertou para a infraestrutura urbana deficiente, especialmente em relação às chuvas e às altas temperaturas que ultrapassam os 40ºC.

“Os telhados e bueiros são inadequados para lidar com a intensificação das chuvas, além de escolas e postos de saúde sem climatização adequada para suportar as temperaturas extremas. A adaptação dessas estruturas é urgente para garantir a saúde e o bem-estar da população”, declarou Araújo.”

Luciane Oliveira Sales da Silva, moradora de Ibaiti, relatou sua luta contra a instalação de uma usina de asfalto próxima a sua propriedade, denunciando os riscos de contaminação da água e os impactos à saúde de seu filho autista. “A usina está próxima à captação de água da Sanepar e representa um perigo para toda a cidade”, afirmou.

Outro ponto abordado foi a mineração, com ênfase nos impactos dos rejeitos tóxicos do carvão, como metais pesados e contaminantes radioativos. Como alternativa, foi sugerida a adoção de fontes renováveis de energia, como a solar, para substituir a dependência do carvão.

O evento também contou com a participação de Marcelo Ucha Vera Vargas, nome indígena Wera, representante da aldeia Takoa Mirim de Sapopema. Marcelo enfatizou a importância da preservação ambiental e da justiça climática, abordando a crescente pressão enfrentada pelos povos indígenas devido aos impactos e à degradação ambiental na região. Segundo ele, os povos indígenas têm sido cada vez mais afetados pelas mudanças climáticas, embora sejam os que menos contribuem para sua intensificação.

A conferência também discutiu a necessidade de recuperação de áreas degradadas e a implantação de hortas comunitárias e projetos de educação ambiental. Além disso, foi sugerida a criação de um inventário turístico para fomentar o turismo sustentável na região.

Representação na conferência nacional

Ao final do evento, foram eleitos os representantes que levarão as propostas da região à 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente. Juliano Bueno de Araújo foi escolhido como delegado titular, e Luciane Oliveira Sales da Silva como suplente. 

As propostas geradas durante a conferência estão disponíveis para consulta pública no portal Brasil Participativo: https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/cnma/f/130/meetings/1683.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: O Brasil enfrenta neste momento a quinta onda de calor em 2025 e pelo menos as quatro anteriores tinham dedo das mudanças climáticas

Estudos de atribuição no Brasil confirmam o impacto das mudanças climáticas impulsionadas pelos combustíveis fósseis na intensidade e frequência de ondas de calor, secas e enchentes recentes. As emissões de gases de efeito estufa (GEE) da queima de combustíveis fósseis ficam atrás da agricultura e do desmatamento no Brasil, mas as empresas petrolíferas continuam a expandir a produção com apoio

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Mesmo fechada, Usina de Candiota III deve seguir recebendo subsídio de R$ 12 milhões mensais

Valor interessa diretamente ao governo estadual, responsável por vender carvão mineral para a usina por meio da CRM   Por: Luciano Velleda I Foto: Divulgação/Eduardo Tavares A Usina Termelétrica (UTE) de Candiota III encerrou seus contratos de comercialização de energia com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último dia 31 de dezembro de 2024. Desde então, a usina

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Mesmo sem operar, Candiota 3 recebeu subsídio em janeiro

A Usina Termelétrica Candiota 3 recebeu cerca de R$ 12,7 milhões em subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em janeiro deste ano, mesmo sem operar, para a compra de combustível fóssil, informa o Instituto Arayara. O recurso é utilizado para a compra de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Na sexta-feira (21), a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura,

Leia Mais »