+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Especialistas apontam qual será o principal impasse das negociações da COP30, em Belém

China, EUA e Índia lideram emissões de gases do efeito estufa, enquanto países vulneráveis sofrem impactos desproporcionais da crise climática

A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro deste ano, deve ter como principal ponto de impasse os combustíveis fósseis. A previsão tem sido feita por especialistas que analisam a relação entre os países participantes e alertam que a falta de concordância sobre o tema poderá comprometer o consenso necessário para um acordo global. Enquanto algumas nações defendem e avançam em direção a uma transição energética, China, Estados Unidos e Índia ocupam, nesta ordem, as primeiras posições entre os maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) provenientes da queima de combustíveis fósseis.

Em 2022, os Estados Unidos registraram 6,28 bilhões de toneladas de GEE, ficando atrás apenas da China, com 12,67 bilhões de toneladas, segundo dados do Instituto Potsdam. Já em 2021, a Índia alcançou 2,79 bilhões de toneladas, superando sozinha as emissões conjuntas de todos os países da União Europeia, segundo dados do The Global Carbon Project.

Embora a maior parte das emissões esteja concentrada no Hemisfério Norte, são as comunidades vulneráveis que tendem a sofrer com impactos mais graves. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a África responde por apenas 3% das emissões globais. Mesmo assim, o continente aquece em um ritmo mais acelerado que a média mundial. O relatório projeta que, até 2030, cerca de 118 milhões de africanos poderão viver em extrema pobreza e expostos a secas, inundações e ondas severas de calor.

De acordo com a gerente de Relações Institucionais do Instituto Internacional Arayara, Sara Ribeiro, a postura desses Estados pode gerar conflitos decisivos nas minúcias da redação final dos compromissos da conferência. Quando não há acordo, temas cruciais, como a definição de redução de emissões do setor fóssil, ficam suspensos – como ocorreu, por exemplo, na COP29, última edição da conferência, sediada no Azerbaijão, que terminou sem um acordo de financiamento realista.

“É como se uma pessoa estivesse doente e optássemos apenas por aliviar os sintomas, em vez de buscar a cura. Quando falamos em adaptação às mudanças climáticas, estamos tratando de medidas paliativas, que podem trazer algum alívio, mas não resolvem a exponencialidade dos eventos extremos. A mitigação, por outro lado, é o caminho para atacar a raiz dessa doença: significa eliminar o ‘vírus’ das emissões, como as provenientes de combustíveis fósseis, em vez de simplesmente aprender a conviver com ele de forma mais ‘confortável’, pois quem tem acesso a esse conforto momentâneo são justamente os mais ricos. Sem esse esforço, os governos estarão condenando os mais vulneráveis aos efeitos mais graves da crise”, aponta Sara.

Além disso, existe ainda um risco crescente de que os recursos financeiros sejam usados para financiar tecnologias caras e centralizadas – investimentos que perpetuam a dependência de megaprojetos fósseis, como as usinas a gás, em detrimento de soluções energéticas comunitárias e sustentáveis.

“Não podemos falar em transição energética justa enquanto bilhões de dólares continuam sendo direcionados à expansão de infraestruturas fósseis. Precisamos redirecionar esse fluxo para energias limpas, com as devidas consultas e cocriação comunitária, gerando impactos positivos sobre populações vulneráveis”, afirma o diretor técnico da ONG e engenheiro doutor em Urgências e Emergências Ambientais, Juliano Bueno.

Fonte: Veja

Foto: Reprodução/iStockphoto/Veja

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Sob críticas de ambientalistas, Lula pede que ministérios elaborem ‘mapa do caminho’ nacional para transição energética

Medida que fala em ‘redução gradativa dos combustíveis fósseis’ vem em meio às repercussões sobre exploração na Margem Equatorial e três semanas após o fim da COP30, quando elaboração de documento semelhante para o mundo foi prometida pela presidência brasileira Por Lucas Altino e Luis Felipe Azevedo — Rio e Belém 08/12/2025 12h57 O presidente Lula determinou que ministérios elaborem,

Leia Mais »

POSICIONAMENTO: Não se financia solução ampliando o problema

O Instituto Internacional ARAYARA vê com profunda preocupação o fato de o despacho presidencial propor que a transição energética brasileira seja financiada justamente pelas receitas provenientes da exploração continuada de petróleo e gás. Trata-se de uma contradição estrutural: não é coerente — nem sustentável — financiar a superação dos combustíveis fósseis com a ampliação da sua própria extração. Essa lógica

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Congresso inclui em MP brecha para asfaltamento da BR-319, via na Amazônia que gerou bate-boca de senadores com Marina

A Licença Ambiental Especial (LAE), aprovada pelo Senado anteontem, contém uma brecha para a liberação da pavimentação da rodovia BR-319 em até 90 dias. A obra, que corta o coração da Amazônia, é apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao mesmo tempo em que é criticada por ambientalistas,

Leia Mais »

URGENTE | Leilão do Pré-Sal: ARAYARA cobra governança pública e popular e defesa da soberania energética e climática

O Instituto Internacional ARAYARA vem a público manifestar profunda preocupação com a atual estratégia da Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que insiste na entrega de seus ativos para acionistas privados e estrangeiros, em flagrante contradição com a emergência climática e a própria abundância de reservas nacionais já conhecidas. Esse contra senso é agravado diante da necessidade de que

Leia Mais »