+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Peru declara emergência ambiental após derramamento de petróleo e reacende debate sobre exploração offshore na Amazônia

O governo do Peru declarou, no dia 26 de dezembro, emergência ambiental por 90 dias após um derramamento de petróleo pela estatal Petroperu no Oceano Pacífico, no norte do país. De acordo com fontes de notícias, o acidente, ocorrido em 21 de dezembro durante manobras de pré-embarque em um terminal da refinaria de Talara, afetou cerca de 10 mil m² de superfície marítima, sete praias e a vida selvagem local, segundo o órgão ambiental peruano OEFA.

A Petroperu informou que equipes de limpeza e monitoramento com drones foram enviadas à região, mas pescadores relataram prejuízos econômicos e danos irreparáveis à flora e fauna costeira. 

O Instituto Internacional ARAYARA destaca que este não é o primeiro, nem o segundo vazamento de petróleo registrado no Peru, evidenciando um histórico recorrente de incidentes significativos na região. Segundo o Monitor Amazônia Livre de Petróleo e Gás, o país possui 81 áreas sob operação da indústria fóssil, sendo 48 em fase de exploração ou produção, 30 em oferta, e 3 em estudo ou reservadas. Destas, 57% estão localizadas na Amazônia, totalizando 46 áreas comprometidas.

 

O mapa mostra blocos de exploração de petróleo do Peru dentro da região amazônica.

 

A ARAYARA chama a atenção também para os riscos associados à exploração de petróleo offshore na Margem Equatorial brasileira, incluindo a Foz do Amazonas, que tem sido alvo de intensos debates. “A indústria fóssil frequentemente afirma que acidentes são raros e facilmente gerenciáveis, mas a realidade demonstra o contrário. O Brasil possui um histórico significativo de desastres no mar, e minimizar esses riscos é extremamente perigoso”, alertou George Mendes, Coordenador Técnico de Geociências e Adaptação Climática.

Histórico de impactos no Brasil reacende preocupações

Em agosto de 2024, o Instituto Internacional ARAYARA e outras ONGs realizaram um ato simbólico em Brasília, marcando os cinco anos do maior derramamento de petróleo em extensão no Brasil. Na ocasião, foi entregue o Prêmio Óleo sobre Pesca ao secretário de Transição Energética, Thiago Barral, e discutido um manifesto assinado por mais de 130 organizações.

Além disso, representantes da ARAYARA participaram de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, onde solicitaram a criação de uma Comissão Especial para analisar o PL 131/2020. O projeto visa reconhecer os territórios das comunidades pesqueiras como patrimônio cultural e ambiental, reforçando a necessidade de proteção legislativa dessas áreas.

Em setembro de 2024, pescadores de Tatuamunha, em Alagoas, encontraram um barril de óleo contendo substâncias tóxicas como naftaleno na costa, reavivando o trauma do derramamento de 2019, que segue sem culpados ou indenização às comunidades afetadas. O barril foi encontrado na APA Costa dos Corais, território da Rede de Mulheres Pescadoras, trazendo novamente a ameaça de contaminação ambiental.

Juliano Bueno de Araújo, diretor técnico da ARAYARA, destacou a gravidade dos impactos da indústria de petróleo e gás, evidenciada por mais um desastre no Peru e pelos recorrentes episódios no Brasil. “É fundamental que governos e empresas priorizem a proteção ambiental, a transparência e a justiça para as comunidades afetadas, garantindo que tragédias como essas não se repitam.”

Araújo também reforçou a urgência de ações preventivas e fiscalização rigorosa. “Os novos episódios reforçam a necessidade de medidas eficazes. O vazamento de 2019 trouxe graves consequências para o turismo, a saúde pública e impactou diretamente a vida de 144 mil pescadores artesanais. Não podemos mais negligenciar o meio ambiente e as comunidades tradicionais,” afirmou.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: O Leilão de Reserva de Capacidade e a necessária reforma do setor elétrico brasileiro

O leilão é uma medida de caráter paliativo, resultado de uma série de desequilíbrios do setor que convive com o excesso de subsídios e benesses para vários segmentos Anton Schwyter é Economista, mestre e doutorando em Energia, gerente de Energia, Clima e Geociências do Instituto Internacional ARAYARA Com o objetivo de garantir a segurança do suprimento elétrico em momentos de

Leia Mais »

ARAYARA passa a integrar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Cornélio Procópio

O Instituto Internacional ARAYARA agora faz parte do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (CODUR) de Cornélio Procópio, no Paraná. A entidade, reconhecida por sua atuação na defesa ambiental, será representada pela ambientalista e professora Izabel Cristina Marson. O CODUR reúne representantes do poder executivo, da sociedade civil e de diversas entidades, desempenhando um papel estratégico na organização e

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Nicole Oliveira participa programa TVGGN 20 Horas

“O que foi prometido foi desmontado, e a verdade mais difícil de engolir é que Trump saiu do Acordo de Paris e promoveu agressivamente o petróleo. Agora, vemos no Brasil uma política semelhante, incentivando a expansão da indústria petrolífera, quando deveríamos descarbonizar a economia para conter o caos climático”, destacou a diretora executiva do Instituto Internacional ARAYARA, durante uma participação

Leia Mais »

ARAYARA NA MÍDIA I Após um mês desligada, futuro de usina Candiota 3 segue incerto

O destino da termelétrica a carvão Candiota 3, que interrompeu a operação no começo deste ano devido ao término do seu contrato de fornecimento de energia, continua indefinido. As opções colocadas na mesa atualmente para a prorrogação da vida útil da usina abrangem ações dentro do Congresso Nacional ou a realização de uma Medida Provisória (MP) pelo governo federal, porém não se descarta

Leia Mais »