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O declínio do fracking e as possibilidades da transição energética

Durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima da semana passada, o presidente americano Joe Biden anunciou a meta de reduzir a poluição dos gases de efeito estufa pela metade até 2030, em comparação ao ano de 2005.

O que se tem discutido é que os EUA não irão alcançar essa meta sem o estado da Pensilvânia, com um dos maiores números de poços de fracking. Agora, o estado tem a oportunidade de administrar o declínio dessa indústria de energia poluente, ao mesmo tempo em que investe em empregos sustentáveis ​​e bem remunerados.

Embora a queima de gás natural emita menos CO2 do que a queima de carvão ou petróleo, o gás natural libera uma alta quantidade de metano – que é cerca de oito vezes mais forte como gás de efeito estufa que o carbono, embora dure menos tempo. A Organização das Nações Unidas deve divulgar em breve um relatório declarando a urgência de cortar o metano para evitar os piores efeitos da mudança climática.

A produção de gás natural nos Estados Unidos foi responsável por 27% das emissões de metano da indústria só em 2018. O Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia identificou 8.500 poços de petróleo e gás abandonados e desconectados e estima aproximadamente 200.000 poços não documentados mais antigos, muitos dos quais podem estar vazando metano.

Vários estudos sugerem que os vazamentos de metano estão minando a capacidade do gás natural de contribuir de maneira significativa para a redução das emissões como um “combustível de transição”.

No entanto, a Pensilvânia continua a construir infraestrutura para a indústria de gás natural – seja por meio do vazamento do gasoduto Mariner East, novas licenças de fracking e plantas petroquímicas subsidiadas.

Desde 1990, a Pensilvânia perdeu 42 mil empregos na fabricação de metais e 12 mil na mineração de carvão – uma perda de 60% dos empregos nessas duas indústrias. O fracking, que era considerado um incentivo ao desenvolvimento econômico, criou muito menos empregos do que o prometido pela indústria, e esses empregos criados estão agora em risco.

Mas existe uma oportunidade aí. As duas ocupações que os projetos do Bureau of Labor Statistics – uma unidade do Departamento de Trabalho americano – vêem crescer mais rapidamente nos próximos anos são instaladores de painéis solares e técnicos em turbinas eólicas.

A Casa Branca está propondo investimentos que irão criar milhões de empregos no setor. Se a Pensilvânia fizer a transição dos subsídios aos combustíveis fósseis – que totalizam bilhões de dólares – em empregos para a transição energética, essa oportunidade deve crescer ainda mais rápido.

À medida que a crise climática se agrava, medidas mais fortes para reduzir rapidamente as emissões se tornarão necessáriass. Não só a Pensilvânia, mas o mundo, tem uma escolha: esperar o declínio do fracking e dos combustíveis fósseis – o que já é previsto e certo – ou administrá-lo, beneficiando os trabalhadores e o meio ambiente.

Biden já aderiu novamente ao Acordo de Paris e estabeleceu uma meta de atingir emissões líquidas zero até 2050.

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