+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

O declínio do fracking e as possibilidades da transição energética

Durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima da semana passada, o presidente americano Joe Biden anunciou a meta de reduzir a poluição dos gases de efeito estufa pela metade até 2030, em comparação ao ano de 2005.

O que se tem discutido é que os EUA não irão alcançar essa meta sem o estado da Pensilvânia, com um dos maiores números de poços de fracking. Agora, o estado tem a oportunidade de administrar o declínio dessa indústria de energia poluente, ao mesmo tempo em que investe em empregos sustentáveis ​​e bem remunerados.

Embora a queima de gás natural emita menos CO2 do que a queima de carvão ou petróleo, o gás natural libera uma alta quantidade de metano – que é cerca de oito vezes mais forte como gás de efeito estufa que o carbono, embora dure menos tempo. A Organização das Nações Unidas deve divulgar em breve um relatório declarando a urgência de cortar o metano para evitar os piores efeitos da mudança climática.

A produção de gás natural nos Estados Unidos foi responsável por 27% das emissões de metano da indústria só em 2018. O Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia identificou 8.500 poços de petróleo e gás abandonados e desconectados e estima aproximadamente 200.000 poços não documentados mais antigos, muitos dos quais podem estar vazando metano.

Vários estudos sugerem que os vazamentos de metano estão minando a capacidade do gás natural de contribuir de maneira significativa para a redução das emissões como um “combustível de transição”.

No entanto, a Pensilvânia continua a construir infraestrutura para a indústria de gás natural – seja por meio do vazamento do gasoduto Mariner East, novas licenças de fracking e plantas petroquímicas subsidiadas.

Desde 1990, a Pensilvânia perdeu 42 mil empregos na fabricação de metais e 12 mil na mineração de carvão – uma perda de 60% dos empregos nessas duas indústrias. O fracking, que era considerado um incentivo ao desenvolvimento econômico, criou muito menos empregos do que o prometido pela indústria, e esses empregos criados estão agora em risco.

Mas existe uma oportunidade aí. As duas ocupações que os projetos do Bureau of Labor Statistics – uma unidade do Departamento de Trabalho americano – vêem crescer mais rapidamente nos próximos anos são instaladores de painéis solares e técnicos em turbinas eólicas.

A Casa Branca está propondo investimentos que irão criar milhões de empregos no setor. Se a Pensilvânia fizer a transição dos subsídios aos combustíveis fósseis – que totalizam bilhões de dólares – em empregos para a transição energética, essa oportunidade deve crescer ainda mais rápido.

À medida que a crise climática se agrava, medidas mais fortes para reduzir rapidamente as emissões se tornarão necessáriass. Não só a Pensilvânia, mas o mundo, tem uma escolha: esperar o declínio do fracking e dos combustíveis fósseis – o que já é previsto e certo – ou administrá-lo, beneficiando os trabalhadores e o meio ambiente.

Biden já aderiu novamente ao Acordo de Paris e estabeleceu uma meta de atingir emissões líquidas zero até 2050.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Copelmi: mineradora terá que prestar esclarecimentos sobre o impacto da Mina do Cerro nas comunidades indígenas da região

O Instituto Internacional Arayara protocolou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), na semana passada, um pedido formal de esclarecimentos sobre a ausência de detalhes cruciais sobre o componente indígena no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de mineração de carvão da Mina do Cerro, da mineradora Copelmi. O empreendimento, situado no município de

Leia Mais »

Comunidade e Câmara Municipal de Caçapava unidas contra a instalação da maior termelétrica de gás fóssil da América Latina

No dia 29 de outubro, a geógrafa e doutora Raquel Henrique, especialista em Planejamento Urbano e Regional, foi à Tribuna Livre da Câmara Municipal de Caçapava para atualizar a comunidade e os vereadores sobre o avanço da oposição à Usina Termelétrica São Paulo.  Proposta pela empresa Natural Energia, a usina  Termelétrica São Paulo de 1,74 GW, enfrentou forte resistência local

Leia Mais »

Sem margem para erro – Um novo pedido de esclarecimentos do Ibama atrasa a concessão de licença para a Petrobras perfurar poços na Foz do Amazonas

A uma semana de embarcar para Baku, no Azerbaijão, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP–29), o governo brasileiro lida, no âmbito interno, com o recrudescimento de uma polêmica que toca na principal ferida das discussões ambientais globais: a continuidade ou não da exploração de combustíveis fósseis em larga escala. No próximo ano, o Brasil será o anfitrião do

Leia Mais »

Mobilização por Rui Ogawa: um chamado à vida

Para contribuir com o tratamento de Rui, que foi diagnosticado com Linfoma não Hodking, um tipo de câncer raro, basta fazer a sua doação por meio da Vakinha Solidariedade para curar o Rui. A batalha é dele, mas a luta é de todos nós! Hoje, mais do que uma homenagem, fazemos um chamado à ação: é hora de nos unirmos

Leia Mais »