+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Novo Código Ambiental gaúcho “é omisso quanto às mudanças climáticas”

Em seminário promovido pela OAB/RS que debateu as perspectivas da legislação ambiental estadual e federal na manha desta segunda-feira, 14, em Porto Alegre, o advogado e engenheiro, Dr. Rubens Born, voluntário da 350.org e do Observatório do Carvão, foi enfático: “A proposta do novo Código Ambiental do Rio Grande do Sul é omisso quanto às mudanças climáticas. Na ONU, a ativista sueca Greta Thunberg questionou as autoridades sobre a ousadia de ignorarem as mudanças climáticas em suas decisões. Aqui precisamos reproduzir a questão: governador e parlamentares gaúchos, como vocês se atrevem a ignorar as mudanças climáticas?”. 

Mina de carvão
Um dos exemplos apresentados pelo voluntário da 350.org foi a Minha Guaíba. Segundo ele, “O novo código, além de omisso com relação a mudanças climáticas, é uma declaração para que minas de carvão se proliferem. Porém, é preciso ter a clareza que a proteção e a melhoria do meio ambiente é dever de todos os governantes. Nossa Constituição deixa isso claro”, afirmou. Ainda de acordo com Rubens Born, que deixou claro que a instalação da Mina Guaíba é um atentado contra o povo gaúcho,  “numa era de mudanças do clima cada vez mais graves, não faz sentido continuar explorando combustíveis fósseis. 

Com o título “Futuro do futuro”, o seminário abordou um tema fundamental: a participação e o controle social. Sobre isso, Born lembrou que o acesso à participação e o acesso à informação são parte do controle social. “Não se pode legislar sem ouvir a população ou ouvindo parte dos envolvidos. É preciso ouvir de fato e ampliar o controle social. O exercício do poder político e econômico deve ser permanentemente acompanhado – com direito à voz – pelo controle social”, defendeu Rubens Born.

A conta não fecha
Pelas leis vigentes, o componente risco precisa ser levado em consideração sempre na legislação. Mas, quando o poder público e os governantes optam pela omissão, um dado apresentado por Born precisa ser levado em consideração: a inação e/ou omissão do poder público pode gerar prejuízos da ordem de 20% do PIB; já a ação custaria de 1,5 a 2% do PIB. Ou seja, além do prejuízo ao meio ambiente, ao clima e à vida, a omissão custa caro aos cofres públicos.

Outro dado impactante apresentado por Rubens Born trata da geração de emprego. A produção da mesma quantidade de energia a partir de energias limpas ou de combustíveis fósseis é significante. A energia solar pode gerar de 30 mil a 100 mil empregos. Já a energia gerada a partir do carvão gera apenas 370. Por essa perspectiva, não vale a pena poder público optar pela exploração do carvão.

Ainda sobre as contas que não fecham, Born relatou que o Chile comprometeu-se a ser um país Carbono Neutro até 2050. “Para cumprir essa meta, o país vai importar gás xisto (fracking) da Argentina. Deixará todo o custo para os argentinos. É justo?”, questionou. A mesma correlação foi feita com a China e o Brasil. “Vamos mesmo produzir carvão no Rio Grande do Sul para ser exportado pela China? Vamos aceitar poluir nossas cidades enquanto a China limpa as suas às custas da nossa saúde?”, provocou.

O novo Código do Meio Ambiente tramita em regime de urgência na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Há um clamor da sociedade para que o governador retire o pedido de urgência e debata com a sociedade as mais de 480 mudanças propostas pelo Executivo. 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: STJ:audiência pública discute fracking e impactos ambientais na exploração de gás de xisto

Por Gabriela da Cunha Rio, 8/12/2025 – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará nesta quinta-feira, 11, a possibilidade de uso do fraturamento hidráulico (fracking) na exploração de óleo e gás de xisto, durante audiência pública convocada pela Primeira Seção sob relatoria do ministro Afrânio Vilela. No primeiro bloco, apresentarão argumentos o Ministério Público Federal, a Agência Nacional do Petróleo,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: After COP30, Brazilian oil continues its rush towards the global market

A decision to drill at the mouth of the Amazon drew criticism at the UN summit. But Brazil’s oil production still soars, as it hopes to consolidate its role as an exporter decision to approve oil exploration off the coast of Brazil weeks before the country hosted the COP30 climate conference signals the country’s intention to increasingly target the international market, despite

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil escolhe trilhar o mapa do caminho do carvão mineral

Enquanto defende no plano internacional a transição para longe dos combustíveis, o Brasil segue aprovando medidas que dão sobrevida à indústria do carvão mineral Segunda-feira, 24 de novembro, primeiro dia útil após o fim da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Dois dias depois de lançar ao mundo o mapa do caminho para longe dos combustíveis fósseis, o Brasil sancionou a Medida

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão expõe contradição da política energética e afasta Petrobras da transição justa

Oferta de áreas do pré-sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais e estrangeiras. Enquanto o mundo se prepara para

Leia Mais »