+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Nova Lei Ambiental do Paraná flexibiliza regras e preocupa ambientalistas

O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), está prestes a abrir uma perigosa brecha na legislação ambiental do estado. A recém-aprovada Lei de Licenciamento Ambiental (22.252/24) pode enfraquecer o controle sobre grandes empreendimentos e flexibilizar regras essenciais para a preservação do meio ambiente. A regulamentação da nova norma já está em consulta pública, provocando forte preocupação entre ambientalistas.

Essa é a primeira legislação específica a estabelecer diretrizes gerais para o licenciamento ambiental no estado do Paraná, substituindo um sistema considerado como fragmentado em decretos, portarias e resoluções de diferentes órgãos.

Flexibilização do licenciamento

O Instituto Internacional ARAYARA alerta para os impactos negativos da nova lei. “A proposta reduz drasticamente a participação de órgãos reguladores, como IBAMA e ICMBio, tornando seus pareceres meras sugestões, sem qualquer poder de veto sobre projetos potencialmente destrutivos”, afirma Juliano Bueno de Araújo, diretor técnico da instituição.

Segundo Araújo, a mudança permitirá que grandes empreendimentos sejam aprovados sem a devida supervisão de especialistas, aumentando o risco de abusos e danos irreversíveis ao meio ambiente. Outro ponto preocupante é a ampliação dos poderes do Instituto Água e Terra (IAT), que poderá ignorar pareceres técnicos de outros órgãos e flexibilizar exigências ambientais. “A nova norma também concede às empresas o direito de contestar e postergar obrigações ambientais sem critérios claros, favorecendo interesses econômicos em detrimento da preservação ecológica”, alerta Araújo.

Licenças automáticas e risco de fraudes

A legislação prevê a criação de modalidades diferenciadas de licenciamento, adaptadas ao potencial de impacto de cada atividade. Empreendimentos classificados como “de baixo risco ambiental” poderão obter a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), um processo simplificado, automatizado e informatizado.

“A criação da Licença Ambiental Simplificada (LAS) levanta preocupações. Essas novas modalidades podem permitir que determinados empreendimentos obtenham licenças automaticamente, sem uma avaliação aprofundada de impacto ambiental”, destaca a engenheira ambiental da ARAYARA, Daniela Barros.  De acordo com Barros, essa medida escancara as portas para fraudes e omissões, tornando o sistema vulnerável a interesses privados que podem devastar áreas de preservação sem qualquer penalização.

Com o objetivo de debater os aspectos críticos da regulamentação da Lei Estadual nº 22.252/2024, sancionada em 12 de dezembro de 2024 e com entrada em vigor prevista para 11 de abril de 2025, o Instituto Internacional ARAYARA enviou contribuições formais. A organização cobra a participação ativa da sociedade civil, do setor produtivo e dos órgãos de controle no processo de manifestação sobre a proposta de Decreto Regulamentador da norma, que estabelece diretrizes gerais para o licenciamento ambiental no Paraná.

Foto: reprodução/ creative commons

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: O povo contra a devastação: ato em Brasília reforça perigos do projeto de lei em tramitação no Congresso

PL que altera licenciamento deve ser votado esta semana na Câmara dos Deputados “Qual é o preço da reconstrução de uma cidade como é o caso de Maceió (AL) e de Mariana? Se não tivermos um licenciamento ambiental forte, vamos ter que reconstruir a destruição e tem perdas que não são reparáveis, porque as vidas humanas”. O alerta é de

Leia Mais »

Statement of Rejection of the Contract Between the Ministry of Mines and Energy (MME) and the Jorge Lacerda Thermal Power Complex

The International Institute ARAYARA and the National Front of Energy Consumers (FNCE) publicly express their strongest rejection of the approval of the draft Reserve Energy Contract for the Jorge Lacerda Thermal Power Complex (CER-CTJL), under the Just Energy Transition Program (TEJ), established by Law No. 14,299 of January 5, 2022. The contract, to be signed between Diamante Geração de Energia

Leia Mais »

Oficina em São Paulo discute transição energética e o futuro da Petrobras

Representantes do Observatório do Clima, do Grupo de Trabalho em Energia — entre eles o Instituto Internacional ARAYARA — participaram na última terça-feira (7/7) de uma oficina em São Paulo (SP) para avançar no estudo “Petrobras que Precisamos”. O encontro, realizado na sede da Ação Educativa, discutiu os caminhos para que a estatal assuma um papel de protagonismo na transição

Leia Mais »

Nota de Repúdio ao contrato entre o MME e o Complexo Termelétrico JORGE LACERDA

O Instituto Internacional ARAYARA e a Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) vêm a público manifestar seu mais veemente repúdio à aprovação da minuta do Contrato de Energia de Reserva do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CER-CTJL), no âmbito do Programa de Transição Energética Justa (TEJ), previsto na Lei nº 14.299, de 5 de janeiro de 2022. O contrato, a

Leia Mais »