+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Mudanças climáticas impactarão produção de peixes e podem afetar economias

Com o aquecimento dos oceanos, os cardumes migram para águas mais frias, com objetivo de manter o ambiente térmico adequado e, em consequência disso, muitas nações que dependem de espécies comerciais de peixes na economia podem sofrer. É o que alerta um estudo publicado na revista Nature Sustainability, por pesquisadores das universidades de Delaware; da Califórnia, em Santa Bárbara, e Hokkaido. De acordo com o artigo, países localizados nos trópicos — especialmente os do noroeste da África — são especialmente vulneráveis a essa perda potencial de espécimes devido às mudanças climáticas. O estudo constatou que, atualmente, não existem intervenções políticas adequadas para ajudar a mitigar as possíveis perdas dos países afetados.

Kimberly Oremus, professora-assistente da Escola de Ciências e Políticas Marinhas da Faculdade de Terra, Oceano e Meio Ambiente da Universidade de Delaware, explica que, quando os pesquisadores analisaram acordos internacionais, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, não encontraram texto específico sobre o que acontece quando os peixes migram da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de um país, estabelecida para dar jurisdição nacional sobre um recurso pesqueiro. Isso significa que as nações podem estar vulneráveis a perdas econômicas.

Os pesquisadores usaram mudanças projetadas anteriormente na faixa de distribuição de 779 espécies comerciais de peixes para estimar o número das que saem da jurisdição nacional em cenários de emissões contrastantes até 2100. As nações tropicais, em particular, perdem a maior  quantidade, porque há poucos ou nenhum estoque para substituir as que partem. Em um cenário de emissões moderadas, a pesquisa mostrou que, até 2100, países dos trópicos poderão perder, em média, 7% das espécies que existiam em 2012.Continua depois da publicidade

“Prevê-se que os trópicos percam mais espécies do que outras regiões, porque os peixes geralmente têm uma faixa de temperatura na qual se sentem confortáveis. Se ficar muito quente, e não houver mais para onde ir, vão migrar para outros lugares”, diz Oremus. As ZEE do noroeste da África podem perder a maior percentagem de espécies, com uma redução de 6% a 25% prevista para 2050 e uma redução de 30% a 58% estimada para 2100 nos cenários moderado e mais grave, respectivamente.

Impacto

Embora a migração de cardumes seja inevitável, a cooperação internacional poderia aliviar o impacto em cada nação afetada, sustentam os pesquisadores. Além de examinar a perda de espécies, eles examinaram 127 acordos internacionais de pesca, analisando os grandes tratados regionais e também os bilaterais. Os cientistas descobriram que nenhum deles prepara os países para saídas de estoque, mudanças climáticas ou de faixa. “Descobrimos que não há um acordo de pesca explicitamente focado nessa questão”, afirma o coautor James Salzman, professor de direito ambiental da Escola Bren de Ciências e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. “Existe uma lacuna no direito internacional.”

A gestão tradicional da pesca pressupõe que os peixes são um recurso natural renovável e que, enquanto a sua área geográfica for estática, eles permanecerão abundantes na ausência de sobrepesca. Mas a migração a longo prazo de uma espécie para fora de um país devido à mudança climática significa que os estoques nem sempre serão renovados  no nível de uma determinada jurisdição, mesmo que permaneçam abundantes em escala internacional. Para o país que perde o estoque, isso cria um incentivo para adotarem medidas que garantam um estoque, antes de as espécies migrarem.

Oremus diz que os formuladores de políticas precisam pensar em como esses países poderiam ser compensados pela perda de estoques de peixes devido às mudanças climáticas, o que ajudará a impedir que as nações pratiquem a sobrepesca antes de os estoques saírem de suas ZEE. Os acordos internacionais sobre aquecimento global têm mecanismos para considerar a compensação por perdas, e essa via política pode funcionar melhor do que os tratados pontuais de pesca que a equipe de Oremus constatou não mencionarem a questão.

Fonte: Correio Braziliense

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Exploração na Foz do Amazonas enfrenta críticas por riscos ambientais, mas pode garantir reserva de petróleo para o País

Negado pela segunda vez pelo Ibama em outubro de 2024, o licenciamento ambiental de perfuração marítima no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, continua a ser foco de pressão política e econômica. A aceleração do processo é prioridade do governo Lula desde 2023, objetivo que ficou com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A Petrobras apresentou,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: O Brasil enfrenta neste momento a quinta onda de calor em 2025 e pelo menos as quatro anteriores tinham dedo das mudanças climáticas

Estudos de atribuição no Brasil confirmam o impacto das mudanças climáticas impulsionadas pelos combustíveis fósseis na intensidade e frequência de ondas de calor, secas e enchentes recentes. As emissões de gases de efeito estufa (GEE) da queima de combustíveis fósseis ficam atrás da agricultura e do desmatamento no Brasil, mas as empresas petrolíferas continuam a expandir a produção com apoio

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Mesmo fechada, Usina de Candiota III deve seguir recebendo subsídio de R$ 12 milhões mensais

Valor interessa diretamente ao governo estadual, responsável por vender carvão mineral para a usina por meio da CRM   Por: Luciano Velleda I Foto: Divulgação/Eduardo Tavares A Usina Termelétrica (UTE) de Candiota III encerrou seus contratos de comercialização de energia com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último dia 31 de dezembro de 2024. Desde então, a usina

Leia Mais »