+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

MMA se manifesta sobre inconstitucionalidade da “Lei de Transição Energética Justa” em Nota Técnica enviada ao STF

Em uma análise técnica, o Ministério do Meio Ambiente expressou sérias preocupações em relação à Lei n. 14.299, conhecida por criar o controverso “Programa de Transição Energética Justa (TEJ)”. Enquanto essa lei tem o objetivo declarado em seu nome de promover a transição energética, especialistas do Ministério alertam que ela pode estar atuando de maneira contraditória, ao conceder subsídios ao carvão mineral de Santa Catarina, o que acaba comprometendo metas ambientais e acordos globais.

O Pano de Fundo:

 

A Lei nacional n. 14.299, datada de 5 de janeiro de 2022, ficou conhecida por instituir o “TEJ”, um programa que deveria ser voltado para promover uma mudança na matriz energética do país, mas não é bem assim. Ao se aprofundar na análise dessa lei, o Ministério do Meio Ambiente identificou que parte dos dispositivos dela beneficia a produção de energia a partir de carvão mineral, um recurso altamente poluente.

 

Uma Visão Crítica:

 

Os partidos políticos Rede Sustentabilidade, PSOL e PSB, juntamente com o Instituto ARAYARA, questionaram a constitucionalidade dos artigos 1º a 7º da referida lei através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF). A peça argumenta que os incentivos à produção de energia a partir de carvão mineral incluídas na lei podem prejudicar os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e atingir metas globais, como as definidas no Acordo de Paris, entre outros problemas.

 

O Alerta do Ministério:

 

Em uma análise técnica minuciosa, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)  expôs sua visão sobre a questão em resposta à ofício do STF. Foi destacado que a concessão de subsídios ao carvão mineral, através do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CTJL), pode estar em conflito com os princípios da administração pública (impessoalidade) e que a lei pode criar desequilíbrio na transição energética, favorecendo uma fonte de energia poluente em detrimento das renováveis.

 

Impactos nos Compromissos Globais:

 

Além das implicações internas, o MMA enfatizou que os dispositivos da lei podem contrariar compromissos globais, como o Acordo de Paris e o Pacto de Glasgow. Esses acordos internacionais, assinados pelo Brasil, buscam compromisso dos países a adotarem medidas urgentes para combater as mudanças climáticas, incluindo a redução das emissões de gases do efeito estufa. A promoção de energia proveniente do carvão mineral, um dos maiores emissores de carbono do mundo, não vai de encontro com esses objetivos, pelo contrário.

 

O Futuro em Jogo:

 

Enquanto a análise técnica do Ministério do Meio Ambiente não determina o resultado final da questão, ela lança luz sobre o delicado equilíbrio entre a limpeza da matriz energética e os interesses econômicos. A discussão em torno da Lei n. 14.299 coloca em foco a necessidade de ponderar cuidadosamente as políticas energéticas e ambientais do país, considerando os impactos a curto e longo prazo, para que seja instituído um programa real de transição energética justa. Essa lei federal, que é proveniente de uma lei estadual de Santa Catarina, teve em seu nascimento o objetivo claro de dar subsídios e sobrevida à exploração e queima de carvão mineral, que não consegue manter suas operações de lucro privado, sem atingir a conta de energia dos brasileiros.

 

Decisão nas Mãos do Supremo:

 

A análise e a decisão final da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 7.095 interposta caberá ao STF. O tribunal deve considerar não apenas os argumentos das partes envolvidas, mas também tais análises técnicas para basear-se.

 

Um Chamado à Ação:

 

À medida que a discussão sobre a Lei n. 14.299 se desenrola no Supremo Tribunal Federal, um apelo se faz ouvir: é hora de adotar medidas que direcionem o país para um caminho de energia limpa e sustentável. A adoção de fontes de energia renovável não apenas contribuirá para a preservação do meio ambiente, mas também trará benefícios econômicos, sociais e para a saúde de todos os brasileiros. Tudo isso precisa ser elaborado na forma de um programa de transição justa que não deixe ninguém para trás, solucionando, por exemplo, a questão da subsistência vindoura dos trabalhadores de áreas de exploração.

 

O Futuro Está em Nossas Mãos:

 

O debate em torno dessa lei nos lembra da responsabilidade coletiva, principalmente do legislativo e executivo, de moldar o futuro energético do país. O desafio de abandonar o carvão mineral é um passo essencial para um Brasil exemplar perante o mundo. A esperança para um futuro sustentável permanece viva, alimentando a busca por soluções que preservem recursos naturais importantes, como a água, e beneficiem as gerações futuras.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

“Xô Termelétrica”: audiência sobre UTE Brasília é suspensa após protestos e denúncias de irregularidades

Ato popular, falhas de segurança e ação judicial paralisam processo de licenciamento da termelétrica que ameaça o Rio Melchior e pode agravar a crise hídrica no DF. A audiência pública para apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, prevista para a última terça-feira (17), foi oficialmente suspensa pelo Instituto

Leia Mais »

NOTA DE REPÚDIO : jabutis da Lei das Eólicas Offshore

A Lei nº 15.097, de 10 de janeiro de 2025 que deveria disciplinar apenas sobre  o aproveitamento de potencial energético offshore no Brasil, hoje pode representar o maior retrocesso para a transição energética justa e sustentável em nosso país, caso o Veto nº 3/2025 (Marco Regulatório de Energia “Offshore”) seja integralmente derrubado no Senado Federal.  O Congresso incluiu a análise

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ONGs questionam emissões de carbono e falta de consulta a indígenas em oferta de 172 áreas para exploração

Organizações ambientalistas e representantes de povos indígenas protestaram no Brasil e na Alemanha contra o leilão de concessão de áreas para exploração e produção de petróleo realizado no Rio de Janeiro nesta terça-feira (17). Com o slogan “o leilão do juízo final”, o Instituto Internacional Arayara reuniu lideranças de povos que podem ser afetados pela exploração, seguindo estratégia que incluiu denúncia à

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Sob críticas, ANP leiloa 19 blocos de petróleo na foz do Amazonas por R$ 844 milhões

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concedeu, nesta terça-feira (17), a exploração de 19 blocos petroleiros na foz do rio Amazonas a dois consórcios empresariais, em um leilão criticado por ambientalistas, enquanto o Brasil se prepara para sediar, em novembro, a COP30, a conferência climática da ONU. Dezenove dos 47 blocos petroleiros localizados na bacia da

Leia Mais »