+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

 Leilão de Capacidade de 2025: UTE São Paulo ficará de fora, após despacho do IBAMA   

A Usina Termelétrica (UTE) São Paulo, empreendimento da Natural Energia, não  poderá participar do Leilão de Reserva de Capacidade de 2025, devido à ausência da Licença Prévia (LP), um dos requisitos para habilitação no certame. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), apontou que os estudos apresentados até o momento pela empresa não atenderam integralmente ao termo de referência exigido para o licenciamento ambiental.

O Leilão de Reserva de Capacidade visa ampliar a oferta de energia e garantir a continuidade do fornecimento de eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN). Os empreendimentos cadastrados têm como objetivo viabilizar a segurança e a estabilidade do fornecimento de energia, atendendo à demanda crescente.

No total, serão sete produtos, sendo que o primeiro tem entrega prevista já em 1º de setembro de 2025, cerca de dois meses depois da realização do certame, e envolve apenas termelétricas a gás natural existentes. Neste caso, os contratos terão duração de 7 anos.

 

 Falhas nos Estudos Ambientais

Engenheiro Ambiental da ARAYARA, Urias Neto, explicou que em despacho emitido em 6 de fevereiro de 2025, o IBAMA destacou que 65% das solicitações feitas à Natural Energia não foram integralmente atendidas, comprometendo a qualidade dos estudos ambientais. 

 

“Entre as principais lacunas identificadas estão a avaliação dos impactos socioeconômicos e a caracterização completa dos aspectos físicos do empreendimento. Além disso, houve forte manifestação pública contrária à instalação da usina no município de Caçapava-SP, no Vale do Paraíba”, destacou.

 

Os dados do IBAMA mostram que, das 233 complementações solicitadas ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), 115 não foram atendidas, 37 foram parcialmente atendidas e apenas 53 foram completamente atendidas. O órgão ambiental também recomendou a remarcação das audiências públicas, reforçando a necessidade de maior transparência e participação social no processo.

 

“Ainda que temporária, essa decisão representa uma vitória para o meio ambiente, para a comunidade local e para todo o Brasil. A construção da UTE-SP acarretaria no aumento dos custos para os consumidores de energia, além dos passivos ambientais e impactos para a saúde da população, alertou Juliano Araújo, diretor técnico da ARAYARA. 

 

Sem Tempo para Regularização

O prazo para cadastramento dos projetos no Leilão de Capacidade de Reserva de 2025 se encerra em 14 de fevereiro de 2025. Como a Natural Energia não conseguiu obter a Licença Prévia , o projeto da UTE São Paulo não poderá ser habilitado. A exigência da licença está estabelecida na Portaria MME nº 96/GM/MME/2025, que regula o certame sob responsabilidade da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

 

Impactos Ambientais e mobilização

Com uma potência projetada de 1,6 GW, a UTE São Paulo se destacaria como uma das maiores termelétricas do Brasil, utilizando gás natural para a geração de energia. De acordo com Neto, a escolha do local foi estratégica, em razão de sua proximidade com o Gasoduto Caraguatatuba–Taubaté e da infraestrutura já existente para o escoamento da eletricidade. Contudo, o projeto enfrenta desafios significativos, como restrições hídricas severas e um elevado risco de poluição atmosférica.

Estudos apontam que, se instalada, a usina poderia aumentar em quase 30 vezes as emissões de gases de efeito estufa do município de Caçapava-SP, atingindo até 6 milhões de toneladas de CO 2 equivalente. Além disso, a dispersão de poluentes atmosféricos na região do Vale do Paraíba poderia impactar diretamente a saúde da população e os ecossistemas locais.

Moradores e organizações da sociedade civil contestaram o projeto, com manifestações contrárias em audiências públicas realizadas em julho de 2024 e uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), na qual o Instituto Internacional ARAYARA participou como amicus curiae.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Fracking na mira da Justiça: STJ avalia suspensão de licitações da ANP por risco ambiental

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará um recurso especial sobre a exploração de gás de xisto por fraturamento hidráulico (fracking) na Bacia do Paraná. A ação civil pública, movida pelo Ministério Público Federal (MPF), questiona a Agência Nacional de Petróleo (ANP) por não apresentar estudos técnicos suficientes sobre os impactos ambientais antes de realizar licitações para a exploração do

Leia Mais »

ARAYARA na MÍdia: Aneel vê custo de até R$ 2,4 bi a consumidores após redução de vazão de Belo Monte

Empreendimento no rio Xingu começou a operar com vazão reduzida em janeiro, quando ocorreu uma queda em linhas que escoam a energia produzida pela usina A decisão do Ibama que determinou vazão reduzida para a usina hidrelétrica de Belo Monte poderá acarretar custos aos consumidores de energia elétrica entre R$1,2 bilhão a R$2 ,4 bilhões, segundo cálculos apresentados nesta terça-feira

Leia Mais »

Seminário Nacional do FMCJS define estratégias para enfrentar emergência climática em 2025

Durante três dias, o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) promoveu seu Seminário Nacional de forma virtual para debater desafios e estruturar ações para o ano de 2025. O evento, iniciado na noite de 11 de fevereiro, contou a participação de representantes de todos os biomas brasileiros, ativistas e lideranças socioambientais, indígenas e quilombolas, reforçando a diversidade de vozes

Leia Mais »