+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Instalações fotovoltaicas ganham nova força na Europa

Até 2012, a energia fotovoltaica prosperava na União Europeia (UE), como tecnologia do futuro, com a Alemanha à frente. Mas aí a política pisou o freio, firmas abriram falência, dezenas de milhares perderam o emprego, e a China assumiu no lugar da Europa o papel de líder da indústria solar.

“Agora entramos numa era de expansão da energia solar, ela floresce na UE”, anuncia Walburga Hemetsberger, diretora-geral da associação patronal SolarPower Europe. “Em 2019 foi instalada mais energia solar do que qualquer outra tecnologia de produção de eletricidade.”

Atualmente, cerca de 5% da demanda energética da UE é coberta por instalações fotovoltaicas. Em 2018 elas totalizavam uma capacidade de 115 gigawatts, e em 2019 esta cresceu em 17 gigawatts, mais do que o dobro do ano anterior, indica uma análise de mercado da SolarPower Europe.

A razão principal para esse recente sucesso foi a queda dos preços das instalações fotovoltaicas: hoje os módulos custam um quarto do que custavam em 2010, implicando também uma redução dos custos da energia solar.

Para abastecimento próprio, em geral ela é a mais econômica: a eletricidade produzida por módulos fotovoltaicos instalados em telhados custa menos de um terço da fornecida pela rede. E a energia proveniente dos parques solares europeus custa, em geral, cerca da metade da produzida pelas novas usinas nucleares a gás ou a carvão.

Outra vantagem perante as fontes fósseis é que a energia solar provoca muito menos danos de longo prazo ao meio ambiente, clima e saúde, como mostrou um estudo do Departamento Federal do Meio Ambiente (UBA) da Alemanha, sobre os custos consequentes da produção de energia. A produzida com linhito, por exemplo, provocou danos no valor de 78 bilhões de euros em 2019.

Fontes de energia do futuro

Especialistas em clima e energia concordam que o sol e o vento serão as mais importantes fontes de energia no futuro. E a redução de custos prevista, graças a inovações e produção em massa, acelera sua difusão.

O economista solar Christian Breyer, da Universidade Lappenranta (LUT), na Finlândia, calcula que os custos solares se reduzirão à metade nos próximos 20 anos: “Por volta de 2040, teremos eletricidade de grandes instalações fotovoltaicas nas regiões ensolaradas do mundo a bem menos de 0,01 euro por quilowatt-hora.

Junto com cientistas do independente Energy Watch Group, a LUT calculou como seria o mais barato abastecimento energético não danoso ao clima, na Europa: até 2050 o continente poderia cobrir toda sua demanda com 62% de energia solar, 32% de eólica, 4% de hidráulica e 2% de biomassa.

Para tal, é necessária uma grande ampliação das capacidades fotovoltaicas. Os 132 gigawatts atualmente produzidos na Europa teriam que “ser elevados até cerca de 5.700 gigawatts”, explica o coautor do estudo Hans-Josef Fell, da Energy Watch Group. “O cenário confirma que uma reviravolta em direção a energias renováveis é possível, sem ser mais cara do que o sistema energético atual.”

Nos próximos anos serão construídas na Europa usinas fotovoltaicas com capacidade total de cerca de 100 gigawatts, e em condições ideais até 145 gigawatts.

“Política tem que agir mais rápido”

“A ampliação da energia solar é uma boa notícia. No entanto não passa de um primeiro passo na direção certa”, comenta Claudia Kemfert, especialista em economia energética do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW).

Segundo ela, “precisa acontecer bem mais, se a Europa pretende cumprir as metas climáticas de Paris”. E recomenda que se melhorem as condições de subvenção para a energia fotovoltaica e se eliminem as barreiras existentes: os “impostos solares” da Alemanha, arrecadados dos inquilinos pelo consumo da energia dos telhados solares, geram custos adicionais e burocracia, impedindo a expansão fotovoltaica. Além disso, “os subsídios fósseis e nucleares deve ser inteiramente eliminados”, defende Kemfert.

Hans-Josef Fell urge a uma reavaliação em todos os níveis, pois “a comunidade mundial tem que agir de modo fundamentalmente mais radical”. Para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais, seria necessário um acréscimo anual de 500 gigawatts de energia fotovoltaica à matriz da União Europeia, e “a comunidade terrestre deve encontrar até 2030 uma economia baseada em emissão zero de CO2”.

“A política tem que agir mais rápido”, apela Andreas Bett, diretor do Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar (ISE). Ele vê positivamente o Acordo Verde Europeu da nova Comissão da UE, mas “do ponto de vista da velocidade, não basta para cumprir a meta dos 2 ºC: ou seja, precisamos impulsionar a reconfiguração energética de forma muito mais agressiva”.

A expansão solar também deverá ser impulsionada pelo abandono da energia de carvão mineral, liberando grandes áreas de mineração para instalações fotovoltaicas. Junto aos telhados solares, assim se poderá substituir a capacidade elétrica de todas as usinas de carvão da UE, segundo uma análise do Centro de Pesquisa da Comissão Europeia.

Fonte: Deutsche Welle

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Organizações ambientais pressionam ANP por mais transparência e prazo em consulta pública sobre concessão de blocos de petróleo e gás

Nesta terça, 3/9, membros do Instituto Internacional Arayara, da Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS), do Observatório do Petróleo e Gás (OPG), Coalizão Energia Limpa e Fé, Paz e Clima participam da Audiência Pública, promovida pela Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que visa fazer uma análise sobre alteração de minutas dispostas para Consulta Pública Nº 02/2024

Leia Mais »

Carta Manifesto sobre derramamento de Petróleo é assinada por mais de 130 organizações e entregue ao MME

Transparência nos processos e indenizações às comunidades afetadas pelo derramamento de 2019 fazem parte dos pleitos apresentadas ao Secretário de Transição Energética,Thiago Barral Após uma semana de negociação com o Ministério de Minas e Energia, por meio da Assistência de Participação Social, representantes do Instituto Internacional Arayara, da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros

Leia Mais »

“Queremos justiça ambiental e reparação aos povos atingidos pelo derramamento de petróleo”, diz a coordenadora do Conselho Pastoral de Pescadores, Andrea Souza

Ato em memória dos 5 anos do maior crime ambiental na costa marítima brasileira reuniu ativistas na Esplanada dos Ministérios, exigindo a responsabilização dos culpados O Instituto Internacional Arayara, em parceria com o grupo Jovens pelo Clima, o GT-Mar (Grupo de Trabalho para Uso e Conservação Marinha), a Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros

Leia Mais »
Reunião CONFREM

Monitor Oceano é apresentado na reunião da CONFREM

A Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), realizou o Encontro de Planejamento e Articulação Interinstitucional, durante os dias 16 e 22 de agosto de 2024, em Brasília (DF). O evento tem o propósito de formular estratégias que assegurem o reconhecimento e a proteção dos territórios extrativistas tradicionais costeiros e marinhos. O Instituto Arayara participou ativamente

Leia Mais »