O último dia 29 de janeiro, Dia de Luta e Resistência dos Povos Indígenas do Sul, marcou os 41 anos da morte do cacique Ângelo Kretã, uma das maiores lideranças indígenas do país.
Neste dia, inauguramos a sala Cacique Ângelo Kretã junto a sede Nacional da Fundação Arayara e do Instituto Internacional Arayara.
O Cacique Kretã nasceu e viveu na terra indígena de Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná, e lutou toda a sua vida pelos direitos dos indígenas e pela demarcação de terras.
Com a importância de sua liderança, foi eleito em 1976, em plena ditadura militar, o primeiro vereador indígena, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), se tornando um exemplo de luta nacional.
A Arayara defende o direito aos povos originários do Brasil, especialmente a demarcação de terras. Ângelo Kretã era uma voz que dava eco a todas as demandas indígenas com carisma e determinação.
Dentro deste compromisso, inauguramos a sala Ângelo Kretan e reforçamos, hoje, a parceria técnica entre nossa instituição, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul).
A morte prematura de Ângelo Kretã, em 1980, em um ‘acidente de carro’ em uma estrada dentro da aldeia – que hoje já se sabe ter sido um crime premeditado -, causou grande comoção. Sua memória persiste e inspira novas lideranças na luta pelos direitos dos povos indígenas.
Âgelo Kretã foi uma liderança indígena com projeção nacional e internacional no período da Ditadura e denunciou o roubo de suas terras no Paraná e no Mato Grosso.
É muito importante lembrar desses líderes que deram origem a toda essa luta e legado que temos hoje de buscar nossos direitos como povos indígenas. Homenagear o Ângelo, hoje, é homenagear todo o início da luta pela terra. Homenagear o dia de hoje é ressaltar a importância de lutar pela demarcação de terras, em um momento que o Estado Brasileiro nega terras a povos indígenas, mas vende essas terras a povos estrangeiros”, ressaltou Kretã, durante a inauguração da sala, ao lado do filho que nasceu no mesmo dia da morte de ngelo, 29 de janeiro.
Nós, da Arayara, continuamos reforçando essa luta e a importância de sermos parceiros na luta por justiça, social e ambiental.
Conheci Ângelo Kretã ainda novo e conversei tantas vezes com seu filho Kretã Kaigang, uma pessoa que vem atuando nas lutas contra os combustíveis fósseis, a transição da energia, e toda a mineração que acontece hoje, nos territórios indígenas e todo o território brasileiro. Ver os descendentes de Ângelo me dá a certeza de que essa luta sempre irá continuar”, reforça Juliano Bueno de Araújo, diretor do Instituto Arayara.
“No ano de 2021, temos uma agenda intensa para garantir a vida de todos nós, a existência das nossas florestas, da água, do direito ao alimento saudável, e aos direitos humanos. Nosso objetivo comum é dar continuidade a essa resistência e essa referência de que venceremos esses desafios”, conclui Juliano.