+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Gerente de Transição Energética do Instituto Internacional Arayara lembra momentos de desespero durante as enchentes que atingiram a região em 2024

“Era dia 29 de abril, eu estava na casa da minha vó, no município de Guaíba, e comecei a ficar muito impressionado com o volume de chuvas”, essa é a memória que o gerente de transição energética do Instituto Internacional Arayara, o técnico em Meio Ambiente e Engenharia Ambiental John Würdig, tem do início das enchentes no Rio Grande do Sul, que completam um ano nesta semana.

A quantidade alarmante de água precipitada no curto período de tempo em que John observou indicava que o cenário mudaria drasticamente nas próximas horas. No final daquela quarta-feira, mais de 470 municípios já haviam sido afetados pelas tempestades e impactado não só ele, mas milhares de pessoas pelo estado.

“Estava com um parente internado e minha família se revezava para cuidar da minha avó (Jacilda Würdig). No mesmo dia eu consegui voltar para a minha casa, em Barra do Ribeiro, que foi a maior sorte, porque em seguida começaram todas as inundações”, lembra.

Entre o final de abril e o início de maio de 2024, várias cidades chegaram a receber de 500 a 700 mm de chuva, o equivalente a um terço da média histórica de precipitação para um ano inteiro.

O município de Barra do Ribeiro é o último da bacia do lago Guaíba antes de encontrar a Lagoa dos Patos. Não é incomum que a região sofra com enchentes de dois pontos: a jusante, que ocorre no sentido de fluxo de água do rio, pela cheia, e inunda a orla, e a montante, que sobe o arroio Ribeiro, proveniente da chuva que vem da zona serrana.

“A gente começou a ver o rio subindo, a enchente vindo, a água descendo o arroio. Foi desesperador”, lembra.

Ele conta que precisou voltar para buscar a avó em Guaíba, que estava sem água e sem energia. Outros familiares também precisaram ser resgatados por meio de uma estrada vicinal. A esta altura, o acesso à capital, Porto Alegre, já estava bloqueado. Posteriormente, a cidade de Barra do Ribeiro teve o acesso ao gás afetado.

“Eu notei uma ausência da Defesa Civil. Houve uma atuação muito forte em conduzir as pessoas aos ginásios, mas não tínhamos boletins de alerta, monitoramento e informações sobre o quanto choveu”, relata John, que fundou o coletivo Centro Climático e Ambiental de Barra do Ribeiro para realizar um cercamento e monitoramento voluntário na cidade durante o período.

A iniciativa contou com a participação de mais de 50 pessoas e teve apoio do Instituto Internacional Arayara. A ação foi fundamental para a emissão de alertas independentes, que ajudaram a população a se situar em meio ao caos. Ele relata que houve inclusive a tentativa de fazer uma parceria com a prefeitura da cidade na época, mas a sugestão foi declinada pelo então prefeito. Procurada pela reportagem, até o momento desta publicação, a Defesa Civil ainda não havia se posicionado.

Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) após as enchentes mapeou cerca de 18 mil km² e identificou 16.862 movimentos de massa. Boa parte desta terra foi parar dentro dos rios, o que conferiu o aspecto da lama das enchentes.

Pai do ativista e engenheiro ambiental John Würdig, na época, Paulo Würdig tinha um barco de pesca, que foi utilizado para ajudar no resgate e monitoramento das casas no período das tragédias. Tempos antes das enchentes, ele tinha comprado um casarão antigo, de 1911, que ficava à beira do rio e foi completamente inundado.

“Todo mundo tinha muito medo de ser roubado, assaltado ou ter a casa depredada. Foram tempos muito difíceis, havia um clima de desconfiança enorme de todo mundo”, conta Paulo. “Gente bem de vida conseguiu se reerguer, difícil é ver a população que sofre com isso até hoje. Conheço pessoas que ainda estão sem ter onde morar”, completa.

O Instituto

O Instituto Internacional Arayara é a maior organização da América Latina no que tange à mitigação climática e ambiental, e atua especialmente em ações civis públicas ou processos judiciais para efetivar compromissos climáticos no Brasil.

Além da atuação efetiva no âmbito político e social, Arayara promove ações de proteção a ativistas climáticos, como é o caso do programa Defensores dos defensores, que presta assistência a ambientalistas climáticos no Brasil

Com atuação marcada por campanhas contra combustíveis fósseis e emissão de mais CO2, o Instituto tem como principais eixos de trabalho energia e clima, direitos humano, saúde, democracia, liberdade e segurança.

Fonte: Veja

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Brazil’s Congress defies Lula to push through “devastation bill” on COP30’s heels

NGOs say the new environmental licensing rules to fast-track mining, energy and infrastructure projects will sweep away existing safeguards, undermining the country’s climate pledges in Belém Brazil’s Congress has pushed through legislation to weaken environmental safeguards for mining, infrastructure and agricultural projects, overriding a partial presidential veto just days after the end of COP30 and setting the stage for a possible showdown

Leia Mais »

Leilão de áreas do Pré-Sal expõe contradição da política energética brasileira e afasta Petrobras da transição energética justa

Leilão de áreas do Pré-Sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira São Paulo, 04 de dezembro de 2025 – O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do Pré-Sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Licença especial acelera licenciamento para empreendimentos que vão do agro à exploração de petróleo na Amazônia

Por Fábio Bispo – InfoAmazônia Parte central de medida provisória aprovada pela Câmara nesta terça-feira (3), a nova Licença Ambiental Especial (LAE) prevê o prazo máximo de até 1 ano para licenciar projetos considerados ‘estratégicos’ pelo governo. Especialistas alertam para afrouxamento de regras para grandes projetos da agropecuária extensiva, mineração e exploração de petróleo. Um relatório redigido e alterado seis

Leia Mais »

Licenciamento especial vai à sanção e ONGs prometem judicializar

Organizações ambientais prometem judicialização de alterações no licenciamento de grandes projetos no Brasil Por Nayara Machado – Eixos NESTA EDIÇÃO. Senado aprova MP do licenciamento especial em votação simbólica. Texto vai à sanção. ONGs classificam mudanças na lei como retrocesso ambiental e prometem levar à Justiça. Em uma votação simbólica na tarde desta quarta (3/12), o Senado aprovou a conversão em

Leia Mais »