+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Falta de quórum impede andamento da CPI do Rio Melchior no DF pela terceira vez

A terceira reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a poluição do Rio Melchior, no Distrito Federal, foi cancelada nesta quinta-feira (24), mais uma vez por falta de quórum. Desde a primeira reunião a CPI não consegue ser realizada pelo não comparecimento de todos os deputados distritais.

A ausência de parlamentares, incluindo suplentes, gerou críticas por parte da presidenta da CPI, deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF), que anunciou que irá solicitar à presidência da Câmara Legislativa a substituição dos membros ausentes.

“Estamos aqui defendendo a população do DF, entretanto, nem os membros nem os suplentes estão comparecendo. Que indiquem outros! Isso aqui não é brincadeira, é dinheiro público e até o fim do dia iremos formalizar esse relato.”, afirmou Belmonte, ressaltando que o tempo perdido não poderá ser contabilizado no processo da comissão.

O deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF), também membro da CPI, criticou a ausência e questionou o posicionamento do governo local. “Qual o medo do GDF em relação a essa CPI? Será que é medo de desnudar processos de licenciamento da UTE Brasília, que não teve transparência? O esforço para esvaziar a reunião é evidente. O silêncio às vezes fala mais alto”, declarou.

A CPI tem como objetivo investigar a poluição do Rio Melchior desde 2020. Nas reuniões anteriores, os parlamentares aprovaram cinco requerimentos convocando autoridades de órgãos ambientais para prestar esclarecimentos.

 

O rio Melchior, que atravessa regiões como Samambaia, Ceilândia e Sol Nascente, deságua no Rio Santo Antônio do Descoberto e está classificado como classe 4 pelo Conselho de Recursos Hídricos do DF — o nível mais grave de contaminação, proibindo qualquer uso humano, como pesca, irrigação ou banho. 

A situação se agrava com o projeto da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, da empresa Termo Norte Energia, que pretende utilizar a água do Melchior para resfriamento de reatores e outras atividades. Segundo relatório do Instituto Internacional Arayara, a usina pode causar a perda de até 144 mil litros de água por dia.

John Wurdig, engenheiro ambiental e gerente de Transição Energética do Instituto Arayara, aponta resistência em incluir a UTE Brasília na pauta da CPI. “A CPI precisa apurar se os efluentes estão dentro da legalidade e identificar responsáveis pela poluição do passado e do presente, incluindo o futuro impacto da termelétrica”, alertou.

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa) já concedeu uma outorga prévia à Termo Norte, autorizando a captação de 30 litros por segundo do rio, 24 horas por dia. A decisão, baseada em dados de vazão de 2012, foi duramente criticada por organizações ambientais.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Global asset or frontier for extraction? COP30 is a reckoning for the Amazon

Governments of the Amazon are reaffirming their goals of pursuing green investment – all while expanding fossil fuel exploration and mining In November, the world will turn its attention to the Brazilian city of Belém, as it hosts the COP30 summit. In its thirtieth edition, the UN’s annual climate conference, which aims to accelerate international efforts to mitigate and adapt

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ONGs vão à Justiça contra licença da Petrobras na Foz do Amazonas

Um grupo de ONGs (Organizações Não Governamentais) entrou com pedido na Justiça na 4ª feira (22.out.2025) em que apontam possíveis ilegalidades e falhas técnicas no processo de licenciamento para perfurar o poço Morpho, no bloco FZA-M-059, na bacia da Margem Equatorial. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a licença de operação para a

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Entidades ambientalistas e sociais pedem na Justiça anulação da licença da Petrobras na Foz do Amazonas

As oito entidades ainda pediram uma liminar suspendendo imediatamente as atividades de perfuração, “sob risco de danos irreversíveis ao meio ambiente” Oito entidades ambientalistas e de movimentos indígena, quilombola e de pescadores informaram que entraram na quarta-feira (22) com uma ação na Justiça Federal do Pará contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Petrobras e

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Investimento de bilhões em projetos verdes no Nordeste reacende alerta por justiça socioambiental

Debate no Amazon Climate Hub expõe contradições e caminhos para uma transição energética justa   Durante a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, a Casa Arayara — Amazon Climate Hub, se consolida como um dos principais polos de mobilização e debate socioambiental fora das salas oficiais de negociação. No espaço, que funcionará como uma casa

Leia Mais »