+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

“Estão nos atacando noite e dia. A Polícia Federal não chegou. Pedimos ajuda há cinco dias”, afirmam Yanomamis em Roraima

“Os bandidos e os garimpeiros estão nos atacando noite e dia. Não queremos viver desse jeito. A Polícia Federal até agora não chegou. Estamos pedindo há cinco dias ajuda para nos defender. Vocês, autoridades de Brasília, a Funai também, têm de olhar para nós”, pede em vídeo o líder indígena Timóteo Yanomami, na aldeia Palimiú, que fica a cerca de 230 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima.

Timóteo gravou na tarde desta quarta (19) um vídeo de um minuto e 36 segundos para o Instituto Arayara, em que relata a continuidade dos ataques à sua aldeia. Palimiú e outras localidades na terra Yanomai estão sob ataque de grupos armados desde 28 de abril.

A fala de Timóteo Yanomami foi editada no primeiro parágrafo para resumir o teor do apelo do líder indígena. No vídeo, ele aparece armado de arco e flecha, à frente de vários guerreiros, e à beira do rio Uraricoeira, que margeia Pailimiú.

Em 10 de maio, os ataques – de tiros de fuzil e metralhadora, como pode ser visto no vídeo abaixo – resultaram em um número ainda incerto de mortes entre indígenas e de membros dos grupos armados. Duas crianças indígenas apareceram mortas após os ataques.

O Instituto Arayara também recebeu áudios, atribuídos pelas lideranças yanomami a garimpeiros e membros de outros grupos armados, em que são relatados os resultados dos ataques aos indígenas (Ouça aqui, aqui e aqui), em que teriam sido empregados pelo menos 20 homens armados de fuzis e metralhadoras. Ouça abaixo:

Em um dos áudios, uma voz de homem adulto diz que pelo menos dois atacantes e oito índios teriam morrido em um dos ataques.

É ilegal o garimpo nas terras Yanomami. Informações dão conta que membros da facção criminosa paulista PCC estão infiltrados entre os garimpeiros e também teriam participado dos ataques aos indígenas, conforme informou a agência de notícias Amazônia Real.

No dia 11 de maio, agentes da Polícia Federal estiveram em Palimiú e chegaram a trocar tiros com os atacantes, mas desde então os policiais não voltaram ao local.

A reportagem do Instituto Arayara tentou contato com a Superintendência da PF entre 18 e 20 de maio, mas não recebeu qualquer in formação sobre ações de proteção aos Yanomami.

Fontes da PF informaram que o efetivo da força não respondeu à reportagem porque se encontrava na festividade de posse no novo superintendente do órgão no estado. O delegado José Roberto Peres assume nesta quinta (21) o lugar de Richard Murad Macedo, que estava no cargo desde maio de 2018.

Contactado, o Ministério Público Federal em Roraima também não se manifestou.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Organizações ambientais pressionam ANP por mais transparência e prazo em consulta pública sobre concessão de blocos de petróleo e gás

Nesta terça, 3/9, membros do Instituto Internacional Arayara, da Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS), do Observatório do Petróleo e Gás (OPG), Coalizão Energia Limpa e Fé, Paz e Clima participam da Audiência Pública, promovida pela Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que visa fazer uma análise sobre alteração de minutas dispostas para Consulta Pública Nº 02/2024

Leia Mais »

Carta Manifesto sobre derramamento de Petróleo é assinada por mais de 130 organizações e entregue ao MME

Transparência nos processos e indenizações às comunidades afetadas pelo derramamento de 2019 fazem parte dos pleitos apresentadas ao Secretário de Transição Energética,Thiago Barral Após uma semana de negociação com o Ministério de Minas e Energia, por meio da Assistência de Participação Social, representantes do Instituto Internacional Arayara, da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros

Leia Mais »

“Queremos justiça ambiental e reparação aos povos atingidos pelo derramamento de petróleo”, diz a coordenadora do Conselho Pastoral de Pescadores, Andrea Souza

Ato em memória dos 5 anos do maior crime ambiental na costa marítima brasileira reuniu ativistas na Esplanada dos Ministérios, exigindo a responsabilização dos culpados O Instituto Internacional Arayara, em parceria com o grupo Jovens pelo Clima, o GT-Mar (Grupo de Trabalho para Uso e Conservação Marinha), a Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros

Leia Mais »
Reunião CONFREM

Monitor Oceano é apresentado na reunião da CONFREM

A Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), realizou o Encontro de Planejamento e Articulação Interinstitucional, durante os dias 16 e 22 de agosto de 2024, em Brasília (DF). O evento tem o propósito de formular estratégias que assegurem o reconhecimento e a proteção dos territórios extrativistas tradicionais costeiros e marinhos. O Instituto Arayara participou ativamente

Leia Mais »