+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Entidades protestam contra volta de subsídios para bancar gasodutos

ARAYARA assina carta conjunta com 23 entidades ligadas ao setor de energia e meio ambiente

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um grupo de 23 entidades ligadas ao setor de energia e meio ambiente divulgaram uma carta em protesto pela tentativa do Congresso de reapresentar o Brasduto, o Fundo de Expansão dos Gasodutos de Transporte e de Escoamento da Produção.

Sua principal função é organizar a concessão de subsídios para a construção de uma malha de gasodutos dedicada a abastecer térmicas.

Na carta, as entidades afirmam que “emendas motivadas por interesses específicos e particulares determinam a criação do Brasduto por meio do projeto de lei de modernização do setor elétrico, o PL 414/2021”.

Segundo as entidades, o relatório sobre o projeto, a ser apresentado nos próximos dias pelo deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), vai incluir o Brasduto, prejudicando gravemente os princípios da proposta original.

Não seria a primeira vez que a proposta de criação do fundo pró-gasodutos acabaria inserida num projeto em tramitação. Também foi adicionada ao projeto que tratou do risco hidrológico na produção de energia, aprovado em 2020, mas terminou vetada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) após também sofrer muita oposição do setor de energia.

A regra aprovada, e depois derrubada, previa que 20% dos recursos conseguidos no pré-sal, destinados atualmente para educação e saúde, iriam para o fundo de implementação dos gasodutos. O FPE (Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal) e FPM (Fundo de Participação dos Municípios) receberiam outros 30%.

A previsão é que R$ 100 bilhões poderiam ser retirados da área social para bancar a nova infraestrutura de dutos.

Os defensores do Brasduto argumentam que a malha de dutos do Brasil precisa ser ampliada, como alternativa para gerar empregos e ampliar o desenvolvimento em regiões mais afastadas.

Os opositores, por sua vez, alegam que não faz sentido econômico criar uma malha de gasodutos com dinheiro público para abastecer térmicas longes dos centros consumidores, pois os gastos seriam superiores ao retorno, beneficiando apenas os grupos privados que têm negócios de gás em áreas pouco atraentes.

Como o nome indica, o projeto em tramitação propõe modernizar o setor para garantir energia mais barata, tanto para consumidores domésticos, quanto para indústria. Também tem como fundamento incentivar a energia limpa no contexto de mudanças climáticas e transição no mercado de energia para uma geração mais limpa.

Na avaliação das entidades, a aprovação da nova lei é urgente. No entanto, a inserção do Brasduto via jabuti, como é chamada uma emenda sem relação com o projeto original, vai na contramão do que se deseja, reforça a carta.

“O financiamento de gasodutos não guarda qualquer relação com o objeto do PL”, afirma do texto. “Solicitamos, portanto, a preservação das diretrizes de modernização do setor elétrico indicadas no texto original do relator, sem a inclusão de emenda parlamentar que preveja qualquer subsídio ao denominado Brasduto.”

Texto publicado dia 30/03/22 na Folha e Yahoo! Finanças

Trecho da carta faz apelo:

“A tão esperada modernização do setor precisa atender a pressupostos de justiça social e sustentabilidade, garantindo a redução do abismo social inaceitável em nosso país e a competitividade da energia. Estamos vivendo em um contexto de mudanças climáticas, e ignorar a urgência desse cenário nos coloca na contramão dos acordos globais firmados para mitigação de seus efeitos, diminuindo a competitividade de nossos produtos no contexto mundial. O Brasil pode liderar o movimento global de redução de emissões a partir da oferta de energia limpa e barata, fazendo isso por meio de uma estratégia de desenvolvimento nacional e de aumento da competitividade global dos produtos brasileiros.”

LISTA DE ENTIDADES SIGNATÁRIAS

Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE)

Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE)

Associação Alternativa Terrazul

Amigos da Terra – Amazônia Brasileira

Centro de Trabalho Indigenista (CTI)

Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen)

Climainfo

Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá)

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC)

Instituto Pólis

Instituto Clima e Sociedade (iCS)

Instituto Internacional Arayara

Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB)

Instituto de Energia e Meio Ambiente – (IEMA)

Instituto Escolhas

International Energy Initiative – IEI Brasil

Observatório do Clima (OC)

Projeto Hospitais Saudáveis (PHS)

Projeto Saúde e Alegria

Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)

WWF

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Copelmi: mineradora terá que prestar esclarecimentos sobre o impacto da Mina do Cerro nas comunidades indígenas da região

O Instituto Internacional Arayara protocolou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), na semana passada, um pedido formal de esclarecimentos sobre a ausência de detalhes cruciais sobre o componente indígena no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de mineração de carvão da Mina do Cerro, da mineradora Copelmi. O empreendimento, situado no município de

Leia Mais »

Comunidade e Câmara Municipal de Caçapava unidas contra a instalação da maior termelétrica de gás fóssil da América Latina

No dia 29 de outubro, a geógrafa e doutora Raquel Henrique, especialista em Planejamento Urbano e Regional, foi à Tribuna Livre da Câmara Municipal de Caçapava para atualizar a comunidade e os vereadores sobre o avanço da oposição à Usina Termelétrica São Paulo.  Proposta pela empresa Natural Energia, a usina  Termelétrica São Paulo de 1,74 GW, enfrentou forte resistência local

Leia Mais »

Sem margem para erro – Um novo pedido de esclarecimentos do Ibama atrasa a concessão de licença para a Petrobras perfurar poços na Foz do Amazonas

A uma semana de embarcar para Baku, no Azerbaijão, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP–29), o governo brasileiro lida, no âmbito interno, com o recrudescimento de uma polêmica que toca na principal ferida das discussões ambientais globais: a continuidade ou não da exploração de combustíveis fósseis em larga escala. No próximo ano, o Brasil será o anfitrião do

Leia Mais »