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Dia Mundial da Água: Como a exploração de combustíveis fósseis ameaça nosso bem mais vital

Dia Mundial da Água. Dia de conscientizar, mobilizar, alertar e ressaltar a importância de proteger o bem mais precioso do planeta e que corre riscos de contaminação e escassez por todos os lados.

Dados da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde apontam que uma em cada três pessoas no mundo não possui acesso à água potável e três bilhões de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos de forma adequada.

Além disso, o mundo ainda enfrenta, diariamente, questões urgentes ligadas à contaminação e poluição dos recursos hídricos, ainda mais agravadas pela exploração de combustíveis fósseis e, consequentemente, as mudanças climáticas.

Não é nenhuma novidade que a exploração de combustíveis fósseis está diretamente ligada à contaminação da água por todo o mundo. O desenvolvimento de carvão, petróleo e gás representa inúmeras ameaças aos cursos de água e lençóis freáticos.

Derramamentos e vazamentos de óleo durante a extração ou transporte poluem as fontes de água potável e colocam em risco toda a água doce e ecossistemas oceânicos.

Vale lembrar que ainda nem se completaram dois anos do mega acidente petroleiro que atingiu mais de 2 mil quilômetros do litoral das regiões Nordeste e Sudeste, gerando prejuízos bilionários para a indústria do Turismo, a indústria da Pesca e ao Meio Ambiente.

Agora, enfrentamos um novo desafio. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) quer colocar em risco as águas que banham o Parque Nacional de Fernando de Noronha e outros santuários naturais para explorar petróleo e gás. Junte-se à nossa campanha e #SalveFernandodeNoronha.

Os perigos da exploração

Todas as operações de perfuração, fraturamento e mineração geram enormes volumes de águas residuais, que podem ser carregadas com metais pesados, materiais radioativos e outros poluentes.

As operações de mineração de carvão impactam o abastecimento de água, geralmente com efeitos de longa duração. A questão fundamental envolve a contaminação de rios, lagos e aquíferos próximos à mina de carvão – geralmente água altamente ácida contendo metais pesados ​​como arsênico, cobre e chumbo.

A maioria das cinzas de carvão ainda é armazenada em tanques ou fossos sem revestimento. Com o tempo, os metais pesados ​​nas cinzas podem escapar para os cursos d’água próximos e contaminar a água potável.

No Rio Grande do Sul, estamos lutando contra a instalação de uma mina de carvão que traz riscos graves de abastecimento e contaminação da água que abastece milhões de pessoas, além de uma série de danos ambientais que podem ser irreversíveis na região.

O licenciamento ambiental concedido para a Mina Guaíba não previu uma série de riscos e impactos na qualidade da água do Rio Jacuí, responsável por 86,3% da vazão média de aporte ao Lago Guaíba, ou seja, é o maior responsável pela quantidade de água. Participe da campanha.

O fracking – fraturamento hidráulico – e seus fluidos tóxicos também contaminam a água potável. Dentre os químicos estão benzeno, diesel, naftaleno, cloreto de benzilo, formaldeído, bário e chumbo.

Estes são só alguns dos problemas causados pelo fracking:

  • Declínio de água de lençóis freáticos
  • Altas concentrações de químicos nos lençóis freáticos devido a derramamentos de fluídos de fracking e químicos, e à injeção em poços
  • Injeção de fluídos de fracking diretamente nos lençóis freáticos
  • Despejo de fluído de fracking em águas de superfície
  • Despejo de fluído em lagoas não impermeabilizadas que levam à contaminação dos lençóis freáticos

As indústrias ainda armazenam resíduos de fracking em fossos a céu aberto ou poços subterrâneos que podem vazar ou transbordar para os cursos d’água e contaminar os aquíferos com poluentes ligados ao câncer, defeitos congênitos, danos neurológicos e muito mais.

A queima do petróleo, carvão e gás ainda é responsável pela alteração química básica do oceano, tornando-o mais ácido. Nossos mares absorvem até um quarto de todas as emissões de carbono causadas pelo homem. As mesmas emissões estão diretamente ligadas às mudanças climáticas que ameaçam o planeta.

Forte impacto das mudanças climáticas

Para quem não sabe, a água é o principal meio pelo qual sentiremos os efeitos das mudanças climáticas. A disponibilidade de água está se tornando menos previsível em muitos lugares, e o aumento da incidência de inundações ameaça destruir os pontos de água e instalações de saneamento, além de contaminar as fontes de água.

Em algumas regiões, as secas estão aumentando a escassez de água, afetando a saúde e a produtividade das pessoas. Garantir que todos tenham acesso a serviços sustentáveis ​​de água e saneamento é uma estratégia crítica de mitigação das mudanças climáticas para os próximos anos.

Já passou da hora de tratarmos as mudanças climáticas como pauta prioritária e urgente. Elas não esperam por consensos institucionais, afetam toda a vida do planeta e o nosso recurso mais vital, que é a água. Estamos falando de um futuro muito próximo em que se chega ao fim da vida como conhecemos hoje”, ressalta Nicole Oliveira, diretora do Instituto Internacional Arayara.

A Arayara é uma das organizações que fazem parte do Acordo de Glasgow, um compromisso de pessoas e organizações em todo o mundo com a tomada de medidas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma estratégica.

Conheça alguns dados importantes sobre o impacto das mudanças climáticas:

  • Os impactos das mudanças climáticas são mais sentidos por meio de mudanças nas condições hidrológicas, incluindo mudanças na dinâmica da neve e do gelo. (ONU, 2020)
  • As mudanças climáticas terão seu impacto mais direto na sobrevivência infantil por meio de três canais diretos: mudança no ambiente de doenças, maior insegurança alimentar e ameaças à água e ao saneamento. (UNICEF, 2019).
  • As mudanças climáticas devem aumentar o número de regiões com escassez de água e exacerbar a escassez em regiões já com escassez de água. (ONU, 2020)
  • Em 2050, o número de pessoas em risco de inundações aumentará de seu nível atual de 1,2 bilhão para 1,6 bilhão. Do início a meados da década de 2010, 1,9 bilhão de pessoas, ou 27% da população global, vivia em áreas com potencial de escassez de água. Em 2050, esse número aumentará para 2,7 a 3,2 bilhões de pessoas. (ONU, 2020)
  • Mais de um quinto das bacias do mundo experimentaram recentemente aumentos rápidos em sua área de água superficial indicativo de enchentes, um crescimento em reservatórios e terras recentemente inundadas; ou declínios rápidos na área de água superficial, indicando o esgotamento de lagos, reservatórios, pântanos, várzeas e corpos d’água sazonais. (UN-Water 2021)

O que se projeta é que temperaturas mais altas e condições climáticas mais extremas e menos previsíveis afetem a disponibilidade e distribuição da chuva, derretimento da neve, fluxos dos rios e lençóis freáticos, deteriorando ainda mais a qualidade da água.

Comunidades de baixa renda, que já são as mais vulneráveis ​​a quaisquer ameaças ao abastecimento de água, provavelmente serão as mais afetadas.

Prevêem-se mais inundações e secas severas. Mudanças na disponibilidade de água também afetarão a saúde e a segurança alimentar e já provaram desencadear a dinâmica dos refugiados e a instabilidade política.

Neste Dia Mundial da Água, reforçamos ainda mais a urgência de se tratar tantas pautas que são vitais para o planeta e a vida.

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