+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Decisão judicial suspende licença de operação da UTE Candiota III e reconhece estudos e atuação do Instituto Internacional ARAYARA

A 9ª Vara de Porto Alegre da Justiça Federal do Rio Grande do Sul proferiu decisão no processo nº 5001956-25.2024.8.13.0086 de autoria do Instituto Preservar, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) e Núcleo Amigos da Terra – Brasil, apensado à ação movida pelo Instituto Internacional ARAYARA no processo nº 5007143-39.2025.4.04.7110, o qual teve seu pedido de liminar deferido neste despacho que também reconheceu expressamente a relevância do conjunto de documentos, pesquisas e estudos técnicos apresentados pela ARAYARA. Além de mencionar nesta sentença a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n.º 7095, movida pela ARAYARA e partidos políticos, que tramita no Supremo Tribunal Federal, em face de dispositivos da Lei Federal n.º 14.299/202 que criou o Programa de Transição Energética Justa (TEJ) para a região carbonífera de Santa Catarina. 

Esta decisão reconheceu a omissão climática do poder público e determinou a suspensão de licenças de usinas e minas de carvão no RS, assim acolhendo os pedidos liminares que têm efeito direto sobre a UTE Candiota III, em uma vitória significativa para a sociedade civil organizada e para a luta contra os impactos socioambientais do carvão mineral no Brasil.

A decisão judicial determinou a suspensão da Licença de Operação da UTE Candiota III até o cumprimento integral de todas as condicionantes ambientais já estabelecidas pelo órgão ambiental competente e o atendimento aos padrões legais de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, impôs à ANEEL e à União Federal a obrigação de não expedir qualquer autorização de funcionamento comercial para a usina enquanto não houver a devida apresentação de licença ambiental válida. Também foi estabelecida obrigação de não-fazer à ÂMBAR, ou a qualquer sucessor do empreendimento, para que a UTE Candiota III não opere sem licença ambiental regular e sem todas as autorizações regulatórias exigidas pela legislação vigente.

Segundo a advogada Marina Dermmam, do escritório MDRR – advocacia e direitos humanos, “Essa sentença tem um caráter histórico porque encerra a era da omissão e estabelece que o Estado brasileiro está juridicamente obrigado a implementar medidas sérias de mitigação e adaptação climática. Ao determinar a suspensão das licenças e a elaboração de um plano de transição energética justa, a Justiça reafirma que o direito à vida, à saúde e ao meio ambiente equilibrado estão acima de interesses econômicos imediatos. É uma vitória da sociedade civil e um precedente que terá impacto em todo o país.”

O provimento liminar, alcança as ações em curso movidas pela ARAYARA e consolida os esforços da organização em articular pesquisa científica, análise técnica e litigância estratégica em defesa do meio ambiente, da saúde pública e da transição energética, conforme decisão do dia 28/07,  “Dada, por fim, a urgência para apreciação tutela liminar pleiteada nos autos da ACP 5007143-39.2025.4.04.7110, que será decidida de forma conjunta com a sentença de mérito no presente feito, pela continência acolhida, determino a expedição na data de hoje de mandado de intimação às Partes para fins de cumprimento dos prazos ora deferidos.” A decisão também reconhece o esforço conjunto de outras instituições e movimentos que, ao lado da ARAYARA, vêm atuando no campo jurídico e político para enfrentar as mudanças climáticas, combater os combustíveis fósseis e defender um modelo energético limpo, justo e sustentável.

Conforme o Diretor Presidente da ARAYARA, o Dr. Juliano Bueno de Araújo, esta decissão da Justiça Federal trata-se de um marco dentro da campanha global contra a atividade de exploração do carvão mineral no Brasil, conduzida pela ARAYARA e pelo Observatório do Carvão Mineral há mais duas décadas. Este resultado alcançado reforça a necessidade urgente de acelerar a transição energética justa no Brasil, reduzindo a dependência de fontes fósseis altamente poluentes e ampliando os investimentos em alternativas renováveis e socialmente inclusivas, como já apresentado pela ARAYARA no estudo UTE Candiota 2050 – O futuro insustentável da produção de energia elétrica a partir do carvão mineral subsidiado, disponível em: https://monitordocarvao.org/. Bueno finaliza que esta é a maior vitória que o Brasil está tendo em 2025 na pauta climática, particularmente por estarmos recebendo em novembro na cidade de Belém/PA a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também chamada de COP30. 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Brazil’s Congress defies Lula to push through “devastation bill” on COP30’s heels

NGOs say the new environmental licensing rules to fast-track mining, energy and infrastructure projects will sweep away existing safeguards, undermining the country’s climate pledges in Belém Brazil’s Congress has pushed through legislation to weaken environmental safeguards for mining, infrastructure and agricultural projects, overriding a partial presidential veto just days after the end of COP30 and setting the stage for a possible showdown

Leia Mais »

Leilão de áreas do Pré-Sal expõe contradição da política energética brasileira e afasta Petrobras da transição energética justa

Leilão de áreas do Pré-Sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira São Paulo, 04 de dezembro de 2025 – O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do Pré-Sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Licença especial acelera licenciamento para empreendimentos que vão do agro à exploração de petróleo na Amazônia

Por Fábio Bispo – InfoAmazônia Parte central de medida provisória aprovada pela Câmara nesta terça-feira (3), a nova Licença Ambiental Especial (LAE) prevê o prazo máximo de até 1 ano para licenciar projetos considerados ‘estratégicos’ pelo governo. Especialistas alertam para afrouxamento de regras para grandes projetos da agropecuária extensiva, mineração e exploração de petróleo. Um relatório redigido e alterado seis

Leia Mais »

Licenciamento especial vai à sanção e ONGs prometem judicializar

Organizações ambientais prometem judicialização de alterações no licenciamento de grandes projetos no Brasil Por Nayara Machado – Eixos NESTA EDIÇÃO. Senado aprova MP do licenciamento especial em votação simbólica. Texto vai à sanção. ONGs classificam mudanças na lei como retrocesso ambiental e prometem levar à Justiça. Em uma votação simbólica na tarde desta quarta (3/12), o Senado aprovou a conversão em

Leia Mais »