+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Da Rio-92 à COP30: três décadas de promessas e a urgência de sair do papel

Em 1992, líderes de mais de 170 países se reuniram no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Cúpula da Terra ou, Eco-92. O encontro, que entrou para a história como Rio-92, marcou o primeiro esforço global de conscientização sobre os limites ambientais do planeta e resultou em acordos fundamentais, como a Agenda 21 e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Por: Avenida Comunicação

Pela convenção, todos os países presentes se comprometeram a implementar programas nacionais e/ou regionais com medidas para mitigar a mudança do clima e se adaptar a ela, elaborando levantamentos de emissões de gases de efeito estufa, entre outras obrigações comuns. Ainda pela Convenção, as nações desenvolvidas acordaram em transferir recursos tecnológicos e financeiros para países em situações mais vulneráveis, além de outras medidas. 

Foi a partir desse primeiro passo que nasceram as Conferências das Partes (COPs), encontros anuais para negociar soluções contra a crise climática.

De lá para cá, alguns momentos se destacaram. Em 1997, o Protocolo de Kyoto estabeleceu metas obrigatórias de redução de emissões para países desenvolvidos. Já em 2015, em Paris, quase 200 nações firmaram o compromisso de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, preferencialmente a 1,5°C. O Acordo de Paris é, até hoje, a principal referência do esforço multilateral.

Mas as promessas não caminharam na velocidade necessária. Em 2009, na COP15, em Copenhague, países ricos anunciaram que mobilizariam US$ 100 bilhões anuais até 2020 para apoiar os países em desenvolvimento. O valor só foi atingido, com atraso, em 2022. Enquanto isso, estimativas mostram que as necessidades de financiamento chegam a US$ 2,4 trilhões por ano até 2030.

As últimas conferências expuseram esse descompasso. Em Glasgow (COP26), em 2021, avançou a regulamentação do mercado de carbono, mas manteve-se a dependência de combustíveis fósseis. No Egito (COP27), em 2022, foi criado o fundo de perdas e danos, mas os critérios de aporte e distribuição ainda são incertos. Já em Dubai (COP28), em 2023, pela primeira vez um texto final reconheceu a necessidade de transição para longe dos combustíveis fósseis, sem, no entanto, definir cronogramas ou metas claras.

A COP30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, retoma esse fio histórico em um contexto mais crítico: o mundo já ultrapassou temporariamente a barreira de 1,5°C de aquecimento. Para o Instituto Internacional Arayara, que acompanha de perto o processo, a diferença agora está no caráter de urgência: não basta reconhecer a gravidade da crise, é preciso destravar recursos e implementar soluções que cheguem a quem mais precisa.

O Brasil, na presidência da COP, promete colocar o financiamento climático no centro das negociações. O desafio é garantir que a transição não reforce dependências fósseis ou tecnológicas, mas abra caminhos para energias limpas, justiça social e protagonismo das comunidades vulneráveis.

Mais de três décadas depois da Rio-92, a humanidade já não pode se dar ao luxo de apenas entender que o mundo está em risco. O tempo das promessas passou; o que está em jogo em Belém é a capacidade de transformar compromissos em realidade prática.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: STJ:audiência pública discute fracking e impactos ambientais na exploração de gás de xisto

Por Gabriela da Cunha Rio, 8/12/2025 – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará nesta quinta-feira, 11, a possibilidade de uso do fraturamento hidráulico (fracking) na exploração de óleo e gás de xisto, durante audiência pública convocada pela Primeira Seção sob relatoria do ministro Afrânio Vilela. No primeiro bloco, apresentarão argumentos o Ministério Público Federal, a Agência Nacional do Petróleo,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: After COP30, Brazilian oil continues its rush towards the global market

A decision to drill at the mouth of the Amazon drew criticism at the UN summit. But Brazil’s oil production still soars, as it hopes to consolidate its role as an exporter decision to approve oil exploration off the coast of Brazil weeks before the country hosted the COP30 climate conference signals the country’s intention to increasingly target the international market, despite

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil escolhe trilhar o mapa do caminho do carvão mineral

Enquanto defende no plano internacional a transição para longe dos combustíveis, o Brasil segue aprovando medidas que dão sobrevida à indústria do carvão mineral Segunda-feira, 24 de novembro, primeiro dia útil após o fim da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Dois dias depois de lançar ao mundo o mapa do caminho para longe dos combustíveis fósseis, o Brasil sancionou a Medida

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão expõe contradição da política energética e afasta Petrobras da transição justa

Oferta de áreas do pré-sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais e estrangeiras. Enquanto o mundo se prepara para

Leia Mais »