Ato em defesa da continuidade da usina foi realizado nesta segunda-feira (6)
Por Jefferson Klein – Jornal do Comércio
Mesmo com a termelétrica Candiota 3 tendo sido desligada em 1º de janeiro, depois do término do seu acordo de comercialização de energia, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) formalizou a prorrogação do contrato de fornecimento de carvão para a usina por mais 60 dias, com validade de 31 de dezembro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025. Em média, a térmica gaúcha consome aproximadamente 1,5 milhão de toneladas ao ano do mineral.
Essa medida possibilita que se ganhe mais tempo para observar qual será o encaminhamento que será dado para Candiota 3. Em nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), pasta à qual a CRM é vinculada, ressalta que, “atualmente, o futuro das usinas termelétricas a carvão, incluindo a Candiota 3, está condicionado à sanção do Projeto de Lei (PL) aprovado em meados de dezembro de 2024, que regulamenta a exploração de energia eólica offshore (em alto-mar). Este PL prevê a extensão dos contratos das termelétricas a carvão até 2050, e a sanção está prevista para ocorrer até 10 de janeiro de 2025, pelo presidente Lula”.
O projeto em questão trata-se do PL 576 e a situação das térmicas foi inserida no texto – o chamado ‘jabuti’, quando um assunto é colocado em uma matéria que inicialmente não tinha relação com aquele tema. Existe a probabilidade do artigo 22, que interessa às térmicas a carvão, ser vetado por Lula, o que faria a discussão retornar ao Senado. Para demonstrar apoio à sanção sem vetos, centenas de pessoas fizeram uma manifestação nesta segunda-feira (6) na cidade de Candiota.
O diretor de Comunicação do Sindicato dos Mineiros do município, Hermelindo Ferreira, considerou como positiva a ação. “Tivemos a participação dos trabalhadores e da comunidade também, que entenderam o problema que estamos passando”, enfatiza o dirigente. Ele acrescenta que a continuidade de Candiota 3 também é tema de reunião, em Porto Alegre, no Palácio Piratini, na tarde desta segunda-feira com o governador em exercício, Gabriel Souza. O objetivo é solicitar que Souza entre em contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que o PL 576 seja sancionado sem vetos.
Já o engenheiro ambiental do Instituto Internacional Arayara, John Fernando de Farias Wurdig, considera que manifestações como as feitas em Candiota vêm em um momento tardio para o contexto do panorama atual. “O que realmente precisava ter era uma articulação para uma transição ambiental, não tem condição de continuar operando. Segundo ele, se for sancionado o PL, com o apoio às termelétricas a carvão, o Brasil vai passar uma péssima imagem para o cenário internacional, em um ano que recebe a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP – que será realizada em novembro, na cidade de Belém, no Pará).