+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Coronavírus expõe extrema pobreza e diferenças sociais no Brasil

Encarar e prevenir o coronavírus depende, muito, da prevenção e hábitos de higiene, como lavar as mãos. Evitar aglomerações e ficar isolado é outra medida essencial de combate ao novo vírus. Mas o Brasil tem 31,3 milhões de casas sem água encanada e 11,6 milhões vivem em casas ‘superlotadas’.

O que fazem essas pessoas para se proteger?

Há décadas a política brasileira, em todas as esferas de poder, discute o saneamento. Muito pouco é feito na prática. Além dos milhões de casos de doenças que acontecem ano após ano por falta de saneamento básico (o nome já diz: básico), agora o novo coronavírus aprofunda o medo das pessoas que vivem na pobreza e longe dos olhos do poder público há muito tempo.

Em todos os estados brasileiros as pessoas dizem: quebrar calçada e banheiro não dá voto. Pode até ser. Mas garante saúde, vida e dignidade. E quando enfrentamos um vírus como acontece hoje sem o básico, vemos o quanto estamos atrasados e como é profunda a desigualdade social no Brasil.

Não se trata de ser de esquerda ou de direita, afinal, todos dizem que “quebrar calçada não dá voto”… O problema persiste, resiste.

Dados divulgados pelo portal G1, extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovam:

  • 31,1 milhões de brasileiros (16% da população) não têm acesso a água fornecida por meio da rede geral de abastecimento; 
  • 74,2 milhões (37% da população) vivem em áreas sem coleta de esgoto
  • 5,8 milhões não têm banheiro em casa;
  • 11,6 milhões (5,6% da população) vivem em imóveis com mais de 3 moradores por dormitório, o que é considerado adensamento excessivo.

Outra pesquisa, a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2018, também do IBGE, mostra que o país tem 13,5 milhões de pessoas na pobreza extrema (vivendo com até R$ 145 por mês).

Já os números sobre o saneamento são de 2018 e foram divulgados no início de março pelo Instituto Trata Brasil, formado por empresas que atuam no setor de saneamento e proteção de recursos hídricos. Segundo o presidente-executivo do órgão, Édison Carlos, é possível afirmar que a situação continua a mesma da época em que os dados foram coletados.

“Como é que vai lavar as mãos se não tem água em casa?”, questiona o presidente do Trata Brasil.

Sem água tratada o tempo inteiro

Considerando dados do IBGE, dos cerca de 5,8 milhões de brasileiros que não têm banheiro em casa, 4,7 milhões são pretos ou pardos – e 4 milhões não têm sequer o ensino fundamental completo.

Levando-se em conta apenas a população que não tem banheiro em casa, 60% vive na Região Norte do país – são 3,5 milhões de pessoas nesta condição. No Nordeste, estão 1,9 milhão, no Sudeste cerca de 250 mil e no Sul 22 mil.

Hora de cobrar resultados

Se o coronavírus permitir, teremos eleições municipais em 2020. Pode ser um começo de virada de jogo. Eleger prefeitos e vereadores compromissados verdadeiramente com a saúde pública e o saneamento básico é o primeiro passo. De nada adianta pontes, viadutos e obras milionárias se não temos o básico. Não teremos nada se não tivermos o básico. Não teremos nem mesmo eleitores aptos e independentes para votar se a eles forem negados serviços básicos. É uma questão de dignidade e de fazer cumprir a lei.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Consórcio Santa Quitéria: aldeias temem contaminação por mina de urânio

Na tarde da última sexta-feira (6), a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) realizou uma audiência pública para discutir o Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas do Movimento Potigatapuia, composto pelas etnias Tabajara, Potiguara, Tubiba-Tapuia e Gavião. O debate, solicitado pelo deputado Renato Roseno (PSOL), aconteceu no Complexo de Comissões Técnicas da Alece, e

Leia Mais »

Future of LNG

technical brief THE FUTURE OF LNG IN BRAZIL DOWNLOAD here A mapping by ARAYARA identified 29 LNG terminals in different stages of development. Of these, 7 are already operational, and another 8 are undergoing environmental licensing. An alarming number: almost one-third of the planned terminals are in the Legal Amazon, a region already saturated with socio-environmental impacts. Study Highlights 1.

Leia Mais »