+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Coronavírus: “A vacina é a única solução para o controle da pandemia”

Mais de cem estudos já foram anunciados, mas cinco estão mais avançados; velocidade do processo é recorde

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, foi enfático, na semana passada, ao dizer que as pessoas, em todo o mundo, não terão vidas normais enquanto não for descoberta vacina que imunize contra a COVID-19. Nessa direção, foi iniciada corrida internacional para a descoberta científica que terá importante peso para a humanidade, incluindo a saúde e equilíbrio socioeconômico.

Desde o início da pandemia de Covid-19, mais de cem testes diferentes de vacinas contra o vírus causador da doença foram anunciados mundo afora — e pelo menos cinco dessas possíveis.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que três vacinas contra a COVID-19 estão em fase de testes clínicos. No entanto, na plataforma Clinical Trial, estão registradas sete. Além disso, pelo menos outras 70 estão sendo estudadas, segundo a entidade.

A base de dados em que são cadastrados os ensaios clínicos mais importantes em todo o mundo é hospedada pela Biblioteca de Medicina do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (National Institute of Health – NIH). Trata-se da plataforma clinicaltrial.org. De acordo com os dados públicos dessa plataforma, existem, na atualidade, em todo o mundo, sete vacinas contra a COVID-19 em fase de ensaio clínico, ou seja, em que já estão sendo realizados testes em seres humanos: na China (três), Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e uma sem  identificação da localidade no registro.

As vacinas que o Brasil está desenvolvendo ainda não chegaram em ensaio clínico. Os testes em humanos ocorrem depois que os protótipos vacinais em estudo apresentam eficácia in vitro e em modelo animal, quando estão prontos para ir para o ser humano”, explica Jordana.
A vacina é a melhor maneira de se proteger e lidar com infecções respiratórias, de acordo com o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estêvão Urbano.

“A principal solução para qualquer infecção viral que tenha poder de causar pandemias é a vacinação em massa. A população desenvolve anticorpos, inclusive com efeito rebanho, em que as vacinadas protegem as não vacinadas”, afirma. Com a vacinação, destaca o especialista, o sistema imune “aprende” a combater e eliminar o micro-organismo. “O vírus não encontra hospedeiro suscetível para ele se multiplicar e perpetuar a infecção. Então, uma vacina seria muito importante, embora pouco provável a curto prazo”, completa Estêvão.

O estudo mais avançado é a partir de uma droga originalmente usada na prevenção ao ebola. A pesquisa é liderada por empresa chinesa com o Instituto de Biotecnologia de Pequim e tem financiamento do Ministério de Ciência e Tecnologia do país asiático.

As bases das vacinas em teste são diferenciadas. Em um dos estudos, a vacina de mRNA é constituída por uma fita de ácido nucleico (RNA) que contém uma mensagem, ou seja, a informação para uma proteína do coronavírus Sars-CoV-2, chamada Spike. Um outro tipo de vacina envolve a aplicação de adenovírus, um vírus atenuado que não causa doença em humano. Uma das vacinas se baseia em um adenovírus modificado expressando a proteína Spike, o que se chama de quimera viral (híbrido de dois vírus). O adenovírus usado pode ser humano ou de chimpanzés.
Depois de entrar na fase de ensaios clínicos, os estudos podem levar ainda de dois a cinco anos para, enfim, as vacinas estarem disponíveis.

“As vacinas demoram muito para ser desenvolvidas, em espaço de anos. Para a vacina do ebola, por exemplo, foram cinco anos, o que é um tempo médio bom. Foi até rápido. Esforços mundiais estão em curso para encurtar o tempo de produção da vacina contra o Sars-CoV-2 para um a três anos”, afirma. A necessidade de tempo para realizar a pesquisa científica é fundamental. “As descobertas científicas precisam de muito tempo, muito planejamento e estratégia para que as vacinas funcionem da maneira que a gente quer. Às vezes, vai para estudo clínico e não funciona, apesar de in vitro ter dado muito certo”, explica Jordana.

Apesar de ser chamado de novo coronavírus, a vacina para o Sars-CoV-2 já poderia ter sido encaminhada. A pesquisadora lembra que já havia duas variantes do vírus circulando, os coronavírus Sars e o Mers. “O Sars causa a síndrome respiratória grave. Tivemos um surto na região asiática. O Mers tem taxa de letalidade de 40%. Se o Mers se espalhasse, a crise seria mais grave. No entanto, a transmissibilidade não se compara ao Sars-CoV-2”, diz Jordana. A pesquisadora afirma que o mundo precisa se preparar para vírus letais, investindo em pesquisa e desenvolvimento de vacinas e antivirais antes que as pandemias ocorram.  

Mesmo que se encontre um medicamento para tratamento, o fármaco não impede que a pessoa repasse a doença. “Os medicamentos não impedem o tamanho da epidemia só mitigam os efeitos causados na pessoa doente. A vacina é a única solução para o controle da pandemia”, argumenta.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Lobby compromete negociações sobre fim dos combustíveis fósseis

Posições nacionais contrárias ao mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis têm forte atuação de lobistas, avaliam especialistas. Uma questão se arrasta desde conferências do clima anteriores à COP30: a presença massiva de lobistas da indústria dos combustíveis fósseis. Belém recebeu mais de 1.600 deles, mostrou uma uma análise da coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO), um número maior que

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ‘Chance de crescer’ e ‘atrapalhava quem produz’: o que pensa a bancada do agro sobre o novo licenciamento ambiental

Medida Provisória que restabelece dispositivos vetados por Lula e amplia flexibilizações foi aprovada na Câmara na terça Os deputados Zé Vitor e Capitão Alberto Neto defendem o texto  Câmara Aprova MP que Flexibiliza Licenciamento Ambiental; Críticos Alertam para Riscos A Câmara aprovou a Medida Provisória que flexibiliza o licenciamento ambiental, restaurando trechos vetados por Lula. O Senado deve votar em

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: ‘O canto da sereia do lobby dos fósseis e os interesses políticos superaram a razão e a ciência climática’

Entrevista com Nicole Figueiredo Oliveira e Juliano Bueno | BRASIL A CIVICUS discute a cúpula climática COP30 com Juliano Bueno e Nicole Figueiredo Oliveira, diretor técnico e diretora executiva do Instituto Internacional Arayara, uma organização brasileira que trabalha pela distribuição justa e sustentável de recursos. Entre 10 e 22 de novembro, Belém sediou a COP30 no coração da Amazônia brasileira,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Licença Ambiental Especial passa no Senado e segue para sanção

O plenário do Senado Federal aprovou, em votação simbólica, a Medida Provisória 1.308/2025, que cria a licença ambiental especial (LAE) para empreendimentos considerados estratégicos pelos governos federal e estadual. A matéria segue para a sanção da Presidência da República. Em agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou 63 trechos do Projeto de Lei nº 2.159/2021, que institui a Lei Geral

Leia Mais »