+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Concessão do Parque e da Floresta Nacional de Brasília sob contestação judicial

Instituto Internacional ARAYARA entra com ação para suspender o processo de concessão, apontando falhas graves, riscos socioambientais e ameaça ao acesso público e à segurança hídrica do DF

O Instituto Internacional ARAYARA protocolou, nesta quarta-feira (28), uma Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência na Justiça Federal do Distrito Federal. A ação requer a suspensão imediata do processo de concessão dos serviços de apoio à visitação no Parque Nacional de Brasília (PNB) e na Floresta Nacional de Brasília (Flona). 

A Ação Civil Pública movida pelo Instituto Internacional ARAYARA tem como fundamento uma série de falhas graves no processo de concessão conduzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Entre os principais problemas apontados estão a divulgação confusa e a deficiência do material informativo, reconhecidas pelo próprio ICMBio em resposta a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), sem que isso tenha resultado no adiamento das audiências públicas. 

A ação também destaca o desrespeito aos planos de manejo do Parque Nacional de Brasília (PNB) e da Floresta Nacional de Brasília (Flona), que não preveem o tipo de concessão proposta. Outro ponto crítico é o risco à segurança hídrica do Distrito Federal, uma vez que as unidades de conservação protegem nascentes responsáveis por até 70% do abastecimento da população. Além disso, a ausência de consulta prévia, livre e informada às comunidades tradicionais e povos originários da região viola a Convenção 169 da OIT. 

Por fim, a ação alerta para o risco de segregação socioeconômica e gentrificação ambiental, com a previsão de tarifas que podem excluir a população local mais vulnerável e comprometer o acesso ao lazer, à cultura e à educação ambiental.

João Carlos Machado, integrante do Movimento Caminhos do Planalto Central e do Fórum de Defesa das Águas, explica que o  projeto propõe a eliminação de gratuidades, descontos e da meia-entrada para estudantes, desrespeitando diretrizes da Portaria 256/2020. Além disso, o modelo privilegia interesses econômicos privados em detrimento do acesso público, com riscos de cobrança elevada por serviços como estacionamento, sem transparência sobre os valores. “A concessão pode promover exclusão social e elitização da visitação, afastando trabalhadores e moradores de baixa renda que atualmente são os principais usuários das áreas”, pontuou.

Direito de participação Social

O presidente do Instituto Internacional ARAYARA, Juliano Bueno de Araújo, afirma que o modelo de concessão proposto para o Parque Nacional e a Floresta Nacional de Brasília desrespeita a legislação ambiental vigente e falha em garantir a participação efetiva da sociedade na construção das soluções. “Trata-se de uma proposta que ameaça tanto o meio ambiente quanto os direitos fundamentais da população”, declara Araújo.

A petição protocolada pelo Instituto Internacional ARAYARA aponta graves falhas no processo de concessão do Parque Nacional e da Floresta Nacional de Brasília, incluindo desequilíbrios econômico-financeiros, ausência de diretrizes claras para a redistribuição de eventuais créditos de carbono e indícios de privatização indireta de áreas públicas. 

Diante dessas irregularidades, a organização solicita à Justiça a suspensão imediata das audiências públicas marcadas para os dias 28 e 29 de maio e 12 de junho, até que o processo seja adequadamente reformulado. “Queremos o cumprimento dos trâmites legais, com audiências verdadeiramente democráticas e a escuta qualificada dos povos e comunidades diretamente afetados”, reforça Araújo.

Além da suspensão, a organização também requer a nulidade do processo licitatório, diante do conjunto de ilegalidades apontadas, e a intimação do Ministério Público Federal para atuar como fiscal da lei. Segundo Araújo, a ação judicial integra o compromisso da ARAYARA em defesa do acesso justo e democrático aos bens naturais e da proteção das Unidades de Conservação brasileiras.

“Temos sérias preocupações quanto à lisura deste processo de concessão, especialmente considerando que o Parque Nacional cumpre uma função semelhante à de um parque municipal ou distrital”. Segundo Araújo, a privatização pode gerar um processo de gentrificação, restringindo o acesso e excluindo a população de menor renda do Distrito Federal, que historicamente utiliza esse espaço como área pública de lazer, convivência e bem-estar coletivo.

Foto: reprodução/ Creative Commons

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: “Fora Rei do Gás”: protesto derruba audiência de térmica em Brasília

Termo Norte planeja a construção e conexão da UTE Brasília, de 1.470 MW; organizações ambientais protestam contra empreendimento   BRASÍLIA — Com apitos, cartazes e gritos de “Fora Rei do Gás” e “Xô, Termo Norte”, organizações ambientais e da comunidade de Samambaia conseguiram impedir a realização da audiência pública para licenciamento ambiental da usina termelétrica Brasília, que deveria ocorrer na noite desta terça (17/6). O

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brazil auctions off several Amazon oil sites

Brazil auctioned off 34 of 172 potential oil blocks near the Amazon River, aiming to boost oil production in untapped regions ahead of the UN climate talks in the Amazon. Major companies like Chevron, ExxonMobil, and Petrobras secured high-potential offshore sites   Brasilandia: Brazil auctioned off several land and offshore potential oil sites near the Amazon River on Tuesday as it

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasile, aggiudicati 19 blocchi petroliferi nel Bacino amazzonico

Ministro Silveira brinda. Proteste di indigeni e ambientalisti. Le compagnie petrolifere Petrobras, ExxonMobil, Chevron e Cnpc si sono aggiudicate 19 blocchi per l’esplorazione di petrolio e gas in Brasile, nel bacino di Foz do Amazonas, al largo della foce del Rio delle Amazzoni, in un’asta indetta dall’Agenzia nazionale del petrolio. La società statale Petrobras ed ExxonMobil, in un consorzio al

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Exxon et Chevron acquièrent des blocs dans le bassin écologiquement sensible de Foz do Amazonas au Brésil

Exxon Mobil XOM.N et Chevron CVX.N ont fait mardi leurs premiers pas vers l’exploration pétrolière dans le bassin brésilien de Foz do Amazonas, en s’emparant de blocs offshore mis aux enchères par le pays dans cette région prometteuse mais sensible du point de vue de l’environnement.   Il s’agit de la première initiative récente d’entreprises autres que Petrobras PETR4.SA , le géant pétrolier public brésilien, dans

Leia Mais »