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Concentração de CO2 atinge novo pico

A concentração de CO2 na atmosfera atingiu um novo pico: em um ano, passou de 411,97 para 416,08 ppm. O Observatório de Mauna Loa registrou, para este mês de janeiro, uma concentração média de 413,40 ppm contra 410,83 registrada em janeiro do ano passado. O Observatório faz parte da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) norte-americana.

“Se a humanidade quiser preservar um planeta parecido com aquele no qual a civilização se desenvolveu e com o qual a vida na Terra está adaptada, evidências paleoclimáticas e as mudanças climáticas em curso sugerem que o CO2 precisa ser reduzido dos [níveis atuais] a um máximo de 350 ppm”, alertou o Dr. James Hansen, ex-diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais e um dos mais respeitados climatologistas do mundo.

Fonte: 350.org

Violações aos direitos humanos por parte da indústria fóssil crescem à medida que a crise climática se agrava, alerta 350.org

A crise climática está tornando ainda mais grave o já extenso e pesado conjunto de violações aos direitos humanos provocadas pela indústria de combustíveis fósseis, alerta um relatório divulgado nesta sexta-feira (07) pela 350.org.

Companhias de petróleo, gás e carvão são direta ou indiretamente responsáveis por alguns dos piores abusos aos direitos humanos cometidos por empresas, ao redor do mundo, nas últimas três décadas, como mostram os 10 casos mencionados pela publicação. 

Considerando apenas alguns casos importantes de violações, a indústria de combustíveis fósseis foi diretamente responsável por cerca de 45.000 mortes prematuras causadas por problemas de saúde, o despejo de mais de 18 bilhões de galões de substâncias tóxicas em rios e a abertura de mais de 1 milhão de hectares de terras indígenas anteriormente inacessíveis à especulação de terras, colonização e desmatamento. 

As violações foram cometidas tanto por empresas locais quanto por gigantes do setor, como Chevron-Texaco e Shell. Em alguns casos mencionados pelo relatório, companhias agiram em conjunto com governos ou grupos de segurança privada, de maneira ilegal ou pouco transparente. 

Os abusos incluem assassinato ou prisão arbitrária de líderes comunitários no México e na Nigéria, restrição ao direito de protesto nos Estados Unidos, remoção forçada de comunidades na Turquia, ameaças à segurança hídrica na Austrália, contaminação de rios e estoques de peixe em territórios indígenas da Amazônia equatoriana e contribuição para a morte prematura de milhares de pessoas, por causas respiratórias, no Quênia e em Bangladesh.

Com o agravamento da crise climática, os impactos ambientais e sociais negativos da ação das empresas de combustíveis fósseis em vários desses casos – e em outros similares – devem piorar, como explica Aaron Packard, gerente do programa Defensores do Clima da 350.org.

“A poluição e a contaminação frequentemente verificadas em atividades da indústria fóssil afetam principalmente as populações mais pobres, assim como a crise climática. Comunidades vulneráveis estão ficando duplamente expostas a perdas ou escassez de terras, estoques de peixes e água, por exemplo”, diz ele.

Além disso, o relatório destaca que tem se fortalecido o entendimento, entre organizações sociais e estudiosos dos Direitos Humanos, de que a própria expansão da produção de combustíveis fósseis é um ataque às milhões de famílias mais diretamente afetadas pela crise climática. Na Holanda, nas Filipinas e na França, já estão em andamento processos legais contra empresas do setor pelos danos coletivos causados por suas atividades.

“Mesmo diante das evidências científicas mais claras de que a queima de combustíveis fósseis está literalmente incendiando o planeta, esse setor continua a investir no mesmo velho modelo e, muitas vezes, a desinformar a sociedade sobre a crise climática e suas causas. Ao fazerem isso, as empresas estão ativamente desrespeitando o direito de populações inteiras a um meio ambiente saudável, à alimentação suficiente e de qualidade e a um cenário político e social de estabilidade”, diz Aaron Packard, da 350.org.

Nesse cenário, o relatório também destaca a necessidade de que governos locais e nacionais atuem para proteger os defensores climáticos, como são chamados os líderes comunitários que estão na linha de frente das mobilizações pelos direitos das famílias afetadas. Muitos deles são alvos de ameaças, agressões, tortura ou assassinato.

O relatório aponta como exemplo o caso de Samir Flores Soberanes, jornalista e líder de uma comunidade indígena Nahuátl, no México. Em fevereiro de 2019, ele foi assassinado em sua casa, depois de receber diversas ameaças por se opor publicamente à construção de um gasoduto e duas usinas termelétricas no território da comunidade.

“Muitos dos países onde essas violações são cometidas assinaram tratados internacionais que os obrigam a proteger indivíduos ameaçados, garantir o direito de protesto e respeitar as decisões das comunidades indígenas sobre seus territórios. Os mecanismos legais existem, mas precisam  ser cumpridos de fato”, diz Nicole Oliveira, diretora da 350.org na América Latina. 

Esse relatório é uma iniciativa do Programa de Defensores Climáticos do 350.org, que apoia indivíduos e comunidades que estão na linha de frente das mobilizações contra os abusos da indústria fóssil. O programa inclui ações para amplificar suas vozes e dar visibilidade às suas causas.

Países latino-americanos como Brasil, Colômbia e México estão entre os piores lugares do mundo para os defensores do clima e dos direitos humanos, como mostrou um relatório divulgado em janeiro pela Frontline Defenders.

Baixe aqui o relatório completo e as fotos para uso da imprensa.

Fonte: 350.org Brasil

CARVÃO AQUI NÃO
Diga não ao carvão! Assine nossa petição:
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“Neutralidade climática até 2050 é uma ilusão”

A prosperidade material de um país ainda está intimamente relacionada a seu consumo de energia. E, como cerca de 80% do fornecimento global de energia ainda se baseia em combustíveis fósseis, um alto nível de prosperidade, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), tende a ser associado ao alto consumo de energia per capita.

E essa situação continuará assim, explicou Eric Heymann, analista do Deutsche Bank para indústria, política climática e tráfego, em entrevista à DW. Ele é autor do estudo Reiches Land – hoher CO2-Ausstoss (País rico – alta emissão de CO2), que analisou os países do G20, em especial os Estados Unidos.

Ele frisa que, na situação atual, a neutralidade climática, como almeja a União Europeia até 2050, só poderá ser alcançada se houver uma mudança maciça nos hábitos de produção e consumo: “E isso seria difícil de alcançar politicamente nas democracias. Como podemos ver neste momento, estamos apenas no início do debate sobre os custos da proteção climática, e ele já está sendo explorado por certas forças políticas.”

DW: Por que a prosperidade ainda está tão intimamente ligada às emissões de dióxido de carbono de um país?

Eric Heymann: Via de regra, prosperidade implica consumirmos relativamente muita energia. E, em nível global, cerca de 80% do consumo de energia ainda é baseado em combustíveis fósseis. Nesse sentido, existe uma conexão direta entre o nível de prosperidade e as emissões de CO2.

Quais países foram focados em seu estudo?

Nós analisamos os países do G20 como um todo para determinar essa conexão e, nesse grupo, nós nos concentramos em alguns países como os Estados Unidos, a nação com o nível de bem-estar mais alto. Lá também as emissões estão acima da média. É verdade que os EUA fizeram progressos nos últimos anos, por exemplo, através de jazidas de gás não convencionais, como o gás de xisto, e a frota de veículos no país se tornou mais eficiente ao longo dos anos.

Ainda assim, os EUA ainda são uma economia com alta emissão CO2: os carros nas ruas ainda consomem mais combustível do que na Europa, e há uma atitude diferente em relação às viagens aéreas, já que voar lá é muito mais parte do dia a dia do que em outros países. Dessa forma, a participação relativamente pequena da indústria transformadora, de pouco mais de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, não é tão significativa nas emissões de CO2. Porém, isso é mais do que compensado devido ao alto consumo diário.

O senhor acaba de mencionar a participação da indústria que ainda é muito alta num país como Alemanha. O que isso significa para as emissões de CO2?

Talvez possamos fazer uma comparação direta com França ou Reino Unido. Na Alemanha, a participação da indústria transformadora no valor agregado bruto total ainda é superior a 21%. Na França e Reino Unido, ela é de apenas 10%, e essa é uma das razões por que temos emissões per capita significativamente mais altas na Alemanha do que no Reino Unido ou França. Mas essa é apenas uma razão.

Devido à alta participação da indústria na economia alemã, temos também um volume relativamente alto de tráfego de mercadorias. Ao contrário de França ou Reino Unido, temos uma estrutura econômica muito policêntrica: as indústrias não estão concentradas numa região, como Paris ou Londres, mas espalhadas por todo o país. Por causa da nossa própria fragmentação da indústria, temos um volume de tráfego muito grande. E – parece relativamente banal – uma necessidade de calefação maior do que nos países do sul da Europa.

Esses são fatores que implicam termos emissões de CO2 per capita elevadas. Além disso, o lignito, uma fonte de eletricidade com grande emissão de CO2, desempenha ainda um papel importante no setor elétrico alemão.

A Alemanha não é o único país com uma participação industrial elevada: isso também se aplica à China. Qual é a situação nesse país asiático?

A China registrou um forte crescimento das emissões per capita nos últimos anos. Isso se deve ao fato de o país ter se industrializado fortemente. Uma guinada importante foi a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), no fim de 2001. Desde então, aumentou acentuadamente o consumo de energia, e portanto das emissões de CO2, mas também a integração do país na cadeia de valor global.

Na China o carvão ainda tem uma participação elevada no consumo primário de energia. As energias renováveis também cresceram fortemente na China nos últimos anos, mas o carvão ainda domina. E devido a suas elevadas exportações, a China, em certo sentido, também exporta CO2 para outros países onde seus produtos são consumidos. As emissões per capita chinesas estão aproximadamente entre as da Alemanha e do Reino Unido. O país alcançou as emissões per capita dos países industrializados ocidentais, portanto a previsão é relativamente clara: ele continuará crescendo e, com isso, o consumo de energia.

Por mais negativa que essa mensagem seja para o clima, a China terá provavelmente que continuar dependendo do carvão. Pois somente com a expansão das energias renováveis, que progride fortemente no país, não será possível satisfazer a demanda energética.

Até que ponto é realista esperar que países mais desenvolvidos, como Alemanha ou EUA, possam compensar as emissões adicionais de CO2 da China e Índia, decorrentes da prosperidade crescente?

No Acordo de Paris, a China prometeu que suas emissões de CO2 iam atingir o pico por volta de 2030. Parece que ela conseguirá, pois ainda há um potencial relativamente grande de eficiência energética com a substituição de centrais ineficientes por outras melhores, mais eficientes.

Nesse aspecto a China já está relativamente avançada e atingiu um nível em que se pode argumentar que as emissões não precisarão aumentar por muito mais tempo, enquanto muitos outros países – onde a população é, em média, mais pobre – ainda têm que recuperar seu atraso. E onde grande parte do fornecimento de energia ainda provém de combustíveis fósseis, isso resulta em as emissões de CO2 seguirem crescendo, em nível global. É o que dizem as previsões da Agência Internacional de Energia (AIE).

As emissões de CO2, porém, não aumentarão mais tão acentuadamente quanto nos anos 2000 ou nos últimos 30 a 40 anos. O aumento é desacelerado devido ao avanço técnico, por uma maior eficiência e também por energias renováveis. Mas teremos que estar preparados para as emissões de CO2 continuarem aumentando, por enquanto.

A dependência mundial de combustíveis fósseis, de 80%, ainda é imensa. Mesmo na Alemanha, onde trabalhamos há 20 anos na transição energética, temos ainda uma dependência de combustíveis fósseis de quase 80% quando se trata de consumo primário de energia.

A respeito de neutralidade climática: quão realista é o objetivo da nova Comissão Europeia, sob a presidência de Ursula von der Leyen, de que a Europa atinja a neutralidade climática até 2050?

Na situação atual, a neutralidade climática não é possível sem uma mudança maciça nos hábitos de produção e consumo. E isso seria difícil de alcançar politicamente nas democracias. Como podemos ver neste momento, estamos apenas no início do debate sobre os custos da proteção climática, e ele já está sendo instrumentalizado por certas forças políticas. Nesse sentido, com as tecnologias disponíveis hoje e o atual nível de consumo, a neutralidade climática é uma ilusão.

Fonte: Deutsche Welle

Americanos acreditam que a mudança climática é a questão mais importante hoje

Mais da metade dos adultos norte-americanos (56%) afirma que a mudança climática é a questão mais importante que a sociedade enfrenta atualmente. Apesar disso, 4 em cada 10 afirmam que não fizeram nenhuma mudança no comportamento para ajudar a combater as mudanças climáticas. Os dados são de uma nova pesquisa da American Psychological Association, realizada on-line de 12 a 16 de dezembro de 2019.

Sete em cada 10 dizem desejam fazer algo para combater a emergência climática. Só que 51% não sabem por onde começar a agir. 

As pessoas estão tomando algumas medidas para combater as mudanças climáticas, com 6 em cada 10 dizendo que mudaram um comportamento para reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas. Quase três quartos (72%) dizem que estão muito ou um pouco motivados para fazer mudanças.

Entre aqueles que já fizeram mudanças de comportamento para reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas, quando perguntados por que não fizeram mais, 1 em cada 4 (26%) cita não ter recursos, como tempo, dinheiro ou habilidades. 

Mais de dois terços dos adultos (68%) dizem que têm pelo menos um pouco de “eco-ansiedade” (definida como qualquer ansiedade ou preocupação com a mudança climática e seus efeitos). Esses efeitos podem ter um impacto desproporcional nos adultos mais jovens do país; quase metade das pessoas entre 18 e 34 anos (47%) diz que o estresse que sente sobre as mudanças climáticas afeta suas vidas diárias.

“As implicações para a saúde, econômicas, políticas e ambientais das mudanças climáticas afetam a todos nós. As conseqüências para a nossa saúde mental são profundas”, disse Arthur C. Evans Jr., Ph.D., diretor executivo da APA. “Como as mudanças climáticas são criadas em grande parte pelo comportamento humano , os psicólogos continuam estudando maneiras pelas quais podemos encorajar as pessoas a fazer mudanças comportamentais – grandes e pequenas – para que coletivamente possamos ajudar nosso planeta”.

Pesquisas psicológicas nos mostram que, quando as pessoas aprendem e experimentam os impactos climáticos locais, sua compreensão dos efeitos das mudanças climáticas aumenta. Um quarto daqueles que ainda não fizeram uma mudança de comportamento para reduzir sua contribuição para a mudança climática afirmam ter sofrido impactos ambientais da mudança climática (por exemplo, desastres naturais , condições climáticas extremas) (25%) ou ter visto os impactos ambientais da mudança climática em seus países. comunidade (24%) os faria querer tentar reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas.

As mudanças de comportamento mais comuns que as pessoas já fizeram ou estão dispostas a fazer incluem: reduzir o desperdício, incluindo a reciclagem (89%); modernização do isolamento em suas casas (81%); limitar o uso de utilidades domésticas (79%); usar fontes de energia renováveis , como painéis solares ou comprar eletricidade de um fornecedor de energia renovável (78%); consumir menos em geral (77%); ou limitar as viagens aéreas (75%).

É menos provável que os adultos digam que mudaram ou estão dispostos a mudar os hábitos diários de transporte (por exemplo, carro compartilhado, dirigir um veículo elétrico ou híbrido, usar transporte público, caminhar ou andar de bicicleta) (67%) ou sua dieta (por exemplo, comer menos vermelho carne ou mudar para uma dieta vegetariana ou vegana) (62%).

A maioria (70%) também diz que já tem ou está disposto a tomar medidas, como trabalhar com sua comunidade para reduzir as emissões, por exemplo, instalando ciclovias, hospedando mercados de agricultores ou usando painéis solares comunitários . E quase 6 em 10 (57%) afirmam que já têm ou estão dispostos a escrever ou pressionar os funcionários eleitos sobre ações relacionadas às mudanças climáticas com uma proporção semelhante (57%) dizendo que já têm ou estão dispostos a ingressar em uma organização ou comitê ação de mudança climática.

As motivações mais comuns para mudanças de comportamento entre aqueles que tomaram medidas para reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas estão querendo preservar o planeta para as gerações futuras (52%), seguidas de notícias sobre as mudanças climáticas e seus impactos nas notícias (43%) .

Cada um de nós pode ajudar a combater as mudanças climáticas com pequenos hábitos diários. Não precisa de dinheiro, tempo ou grandes mudanças. Mas é preciso persistência e, mais importante ainda, convencer mais pessoas todos os dias a se rever seus hábitos também.

Com informações do Meio Ambiente Rio

Instalações fotovoltaicas ganham nova força na Europa

Instalações fotovoltaicas ganham nova força na Europa

Até 2012, a energia fotovoltaica prosperava na União Europeia (UE), como tecnologia do futuro, com a Alemanha à frente. Mas aí a política pisou o freio, firmas abriram falência, dezenas de milhares perderam o emprego, e a China assumiu no lugar da Europa o papel de líder da indústria solar.

“Agora entramos numa era de expansão da energia solar, ela floresce na UE”, anuncia Walburga Hemetsberger, diretora-geral da associação patronal SolarPower Europe. “Em 2019 foi instalada mais energia solar do que qualquer outra tecnologia de produção de eletricidade.”

Atualmente, cerca de 5% da demanda energética da UE é coberta por instalações fotovoltaicas. Em 2018 elas totalizavam uma capacidade de 115 gigawatts, e em 2019 esta cresceu em 17 gigawatts, mais do que o dobro do ano anterior, indica uma análise de mercado da SolarPower Europe.

A razão principal para esse recente sucesso foi a queda dos preços das instalações fotovoltaicas: hoje os módulos custam um quarto do que custavam em 2010, implicando também uma redução dos custos da energia solar.

Para abastecimento próprio, em geral ela é a mais econômica: a eletricidade produzida por módulos fotovoltaicos instalados em telhados custa menos de um terço da fornecida pela rede. E a energia proveniente dos parques solares europeus custa, em geral, cerca da metade da produzida pelas novas usinas nucleares a gás ou a carvão.

Outra vantagem perante as fontes fósseis é que a energia solar provoca muito menos danos de longo prazo ao meio ambiente, clima e saúde, como mostrou um estudo do Departamento Federal do Meio Ambiente (UBA) da Alemanha, sobre os custos consequentes da produção de energia. A produzida com linhito, por exemplo, provocou danos no valor de 78 bilhões de euros em 2019.

Fontes de energia do futuro

Especialistas em clima e energia concordam que o sol e o vento serão as mais importantes fontes de energia no futuro. E a redução de custos prevista, graças a inovações e produção em massa, acelera sua difusão.

O economista solar Christian Breyer, da Universidade Lappenranta (LUT), na Finlândia, calcula que os custos solares se reduzirão à metade nos próximos 20 anos: “Por volta de 2040, teremos eletricidade de grandes instalações fotovoltaicas nas regiões ensolaradas do mundo a bem menos de 0,01 euro por quilowatt-hora.

Junto com cientistas do independente Energy Watch Group, a LUT calculou como seria o mais barato abastecimento energético não danoso ao clima, na Europa: até 2050 o continente poderia cobrir toda sua demanda com 62% de energia solar, 32% de eólica, 4% de hidráulica e 2% de biomassa.

Para tal, é necessária uma grande ampliação das capacidades fotovoltaicas. Os 132 gigawatts atualmente produzidos na Europa teriam que “ser elevados até cerca de 5.700 gigawatts”, explica o coautor do estudo Hans-Josef Fell, da Energy Watch Group. “O cenário confirma que uma reviravolta em direção a energias renováveis é possível, sem ser mais cara do que o sistema energético atual.”

Nos próximos anos serão construídas na Europa usinas fotovoltaicas com capacidade total de cerca de 100 gigawatts, e em condições ideais até 145 gigawatts.

“Política tem que agir mais rápido”

“A ampliação da energia solar é uma boa notícia. No entanto não passa de um primeiro passo na direção certa”, comenta Claudia Kemfert, especialista em economia energética do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW).

Segundo ela, “precisa acontecer bem mais, se a Europa pretende cumprir as metas climáticas de Paris”. E recomenda que se melhorem as condições de subvenção para a energia fotovoltaica e se eliminem as barreiras existentes: os “impostos solares” da Alemanha, arrecadados dos inquilinos pelo consumo da energia dos telhados solares, geram custos adicionais e burocracia, impedindo a expansão fotovoltaica. Além disso, “os subsídios fósseis e nucleares deve ser inteiramente eliminados”, defende Kemfert.

Hans-Josef Fell urge a uma reavaliação em todos os níveis, pois “a comunidade mundial tem que agir de modo fundamentalmente mais radical”. Para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais, seria necessário um acréscimo anual de 500 gigawatts de energia fotovoltaica à matriz da União Europeia, e “a comunidade terrestre deve encontrar até 2030 uma economia baseada em emissão zero de CO2”.

“A política tem que agir mais rápido”, apela Andreas Bett, diretor do Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar (ISE). Ele vê positivamente o Acordo Verde Europeu da nova Comissão da UE, mas “do ponto de vista da velocidade, não basta para cumprir a meta dos 2 ºC: ou seja, precisamos impulsionar a reconfiguração energética de forma muito mais agressiva”.

A expansão solar também deverá ser impulsionada pelo abandono da energia de carvão mineral, liberando grandes áreas de mineração para instalações fotovoltaicas. Junto aos telhados solares, assim se poderá substituir a capacidade elétrica de todas as usinas de carvão da UE, segundo uma análise do Centro de Pesquisa da Comissão Europeia.

Fonte: Deutsche Welle

Poluição atmosférica afeta sistema reprodutor feminino, diz novo estudo

Pesquisadores do Instituto de Avanço da Biociência, em Grenoble, na França, publicaram um novo estudo na revista Environmental Pollution que relaciona a poluição do ar a uma diminuição na fertilidade feminina. Os testes foram feitos com amostras de urina de 184 mulheres em grandes cidades e o ciclo menstrual completo foi analisado. A equipe, então, associou os resultados aos níveis de exposição à poluição nos 30 dias que precederam o ciclo. O que eles observaram é que quanto mais a mulher estivesse exposta a partículas finas, mais durava a fase folicular, aquela que antecede a ovulação. Dessa forma, concluiu-se que a poluição atrapalha a ovulação fisiológica e isso pode causar riscos à fertilidade.

A fase folicular é aquela em que o corpo se prepara para ovular e há um aumento de hormônios nesse processo. Ela começa na menstruação e acaba na ovulação. “Em um ciclo de 26 a 28 dias, a mulher começa a ficar fértil no décimo dia, e no décido primeiro ou décimo segundo estará ovulando”, explica o médico Marcio Coslovsky, membro  da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. “Com a fase folicular mais longa, a ovulação não se dá no dia que deveria, e acontece apenas de três a seis dias depois. Na prática, a ovulação pode ser imperfeita e isso pode dessincronizar a capacidade receptiva do útero, o que aumenta a dificuldade para gravidez espontânea”, completa.

Para o especialista, o estudo comprova algo que os pesquisadores já suspeitavam: “Sempre soubemos que lugares muito poluídos favorecem a má formação de bebês, seja por inalação ou por ingestão de produtos tóxicos ou químicos. O  interessante é que o estudo mediu partículas no ar com produtos poluentes e conseguiu correlacionar com o ciclo menstrual de maneira satisfatória”.

Embora a pesquisa tenha se concentrado no sistema reprodutor feminino, já há estudos que avaliam a influência da poluição do ar na fertilidade masculina. “Nos homens podemos fazer uma ilação com o que já se sabe. Cigarro, maconha,  qualquer coisa inalável, qualquer coisa que passe para o sangue muito rápido, diminui a espermatogênese, que é a quantidade e mobilidade do espermatozoide. Esse estudo sobre a poluição aponta uma relação também com essa produção”, afirma Coslovsky

Fonte: O Globo