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Sul do Brasil enfrenta, além da pandemia, forte seca e reflexos na economia

Sul do Brasil enfrenta, além da pandemia, forte seca e reflexos na economia

A pandemia do novo coronavírus que tem matado milhares de pessoas em todo o mundo e deixado em quarentena mais de 1 bilhão de pessoas em todos os continentes não é o único grande problema a ser enfrentado no sul do Brasil. A seca que já dura meses (e não tem previsão de acabar) está se agravando e deixa um rastro de estragos na economia.

Consequência do recrudescimento das mudanças climáticas, a seca tem se acentuado nos três estados do sul do Brasil. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná vem enfrentando, desde agosto de 2019 um período de falta de chuva. A espera por uma mudança de cenário parece em vão: quando chove é pouco e não ajuda a mudar o cenário. E pior: as previsões para abril e maio estão longe de serem promissoras.

O atual período de seca é um dos mais rigorosos dos últimos anos. Fotos das Cataratas do Iguaçu mostram a dimensão da seca:

Nas Cataratas do Iguaçu, a vazão chegou a apenas 288 metros cúbicos às 8h do dia 31 de março. Ou seja, cinco vezes menos que a vazão normal, que fica perto de 1,5 mil metros cúbicos por segundo. Os dados são da Copel.

No Rio Grande do Sul, 229 municípios que decretaram situação de emergência. As perdas na agricultura estão aumentando mês a mês. Na agricultura, a Emater estima perdas de cerca de 20% da produção de frutas como uva, pêssego, maçã e figo. Na safra de milho o número aumenta para 35% e na de soja para 33% de perda.

Em situação econômica grave, o Estado do Rio Grande do Sul vem parcelando salários dos funcionários públicos há mais de 5 anos. Com a pandemia e as perdas econômicas decorrentes da falta de chuva, o cenário de caos tende a piorar.

Em março, no RS, a chuva foi de apenas 28 mm, ou seja, um quarto da média histórica.

Já em Santa Catarina, algumas regiões estão com a média de chuva está 550 mm abaixo da média histórica. Produção de leite, feijão e milhão sentem os impactos. Na pecuária acontece o mesmo.

Mudanças climáticas

Em comentário feito no programa Em Pauta, da Globo News, edição de 1 de abril de 2020, o jornalista Jorge Pontual alertou para outro enorme desafio que o mundo terá de enfrentar logo após o novo coronavírus: as mudanças climáticas.

Para Eduardo Assad, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a seca prolongada no Rio Grande do Sul está diretamente ligada ao aquecimento global. Como Assad, muitos cientistas acreditam origem da estiagem pode estar nas mudanças climáticas.

Juliano Bueno, diretor do Instituto Internacional Arayara e da 350.org faz um alerta. “Alguns líderes mundiais tentam negar as mudanças climáticas. Isso é tão grave quanto negar o novo coronavírus. A indústria fóssil é a principal causadora e aceleradora das mudanças climáticas. Cabe aos líderes mundiais impor um freio a essa indústria sob pena de ter milhões e milhões de pessoas como vítimas da sua inação. E isso é agora, é já. Não temos mais tempo a perder.”

Quando vamos abrir os olhos para esse problema que pode dizimar a vida no planeta Terra?

Coronavírus: O que as mudanças no estilo de vida podem significar para combater as mudanças climáticas?

Coronavírus: O que as mudanças no estilo de vida podem significar para combater as mudanças climáticas?

À medida que a pandemia de coronavírus continua a se espalhar pelo mundo, os governos estão tomando medidas drásticas para limitar o movimento de seus cidadãos e fortalecer economias chocadas.

O bloqueio mundial, que viu cerca de três bilhões de pessoas sob alguma forma de restrição, aterrou voos, esvaziou ônibus e trens e deixou carros particulares nas calçadas.

A queda resultante nas emissões de gases de efeito estufa, bem como na poluição do ar e da água, já está sendo notícia. Mas com a pandemia ainda a atingir o pico na maioria dos países, os impactos mais amplos para um mundo que tenta retardar as mudanças climáticas ainda estão longe de serem claros.

Aqui, a Carbon Brief pede aos cientistas, analistas e especialistas em políticas de várias disciplinas suas reflexões sobre como as mudanças no estilo de vida provocadas pela pandemia de Covid-19 podem afetar as emissões globais de CO2 a curto e longo prazo.

Líderes da UE concordam em considerar o clima no plano de recuperação de coronavírus

Líderes da UE concordam em considerar o clima no plano de recuperação de coronavírus


Os líderes da União Europeia concordaram que o plano de recuperação econômica do coronavírus do bloco deve atender ao seu objetivo de combater as mudanças climáticas.

Após uma videoconferência de seis horas, os 27 líderes da UE concordaram em coordenar um plano de recuperação econômica do coronavírus.

Embora os detalhes do plano em si ainda precisem ser elaborados, uma declaração disse que eles concordaram que deveria ser consistente com a “transição verde”, a frase que a UE usa para descrever o objetivo de reduzir as emissões que aquecem o planeta.

A comissão executiva da UE quer que seus 27 estados membros se inscrevam em uma cúpula em junho para planejar neutralizar todo o gás de efeito estufa do bloco até 2050. Até agora, a Polônia é o único ponto de destaque.

Investidores e grupos ambientais estão buscando garantias de que, como as conseqüências econômicas do coronavírus sugam financiamento e energia política, Bruxelas não perderá de vista seus objetivos de mudança climática.

A Polônia alertou que a pandemia tornará mais difíceis os objetivos climáticos da UE.

Veja mais notícias sobre o #Coronavírus: https://www.arayara.org/tag/coronavirus/

Uma coalizão global de mais de 300 grupos de campanhas de mudanças climáticas instou os governos na quinta-feira a usar qualquer pacote de resgate econômico de coronavírus para ajudar a acelerar a transição para um futuro de baixo carbono.

“As escolhas que estão sendo feitas agora moldarão nossa sociedade por anos, se não décadas,” disse May Boeve, diretor executivo do 350.org, um grupo de campanha climática global que se originou nos campus universitários dos EUA.

Com os governos despejando dinheiro na economia em níveis nunca vistos desde a Segunda Guerra Mundial, muitos políticos, economistas e ativistas dizem que as medidas devem ser usadas para acelerar a mudança do carvão, petróleo e gás que aquece o planeta.

A crise do coronavírus provou que os governos podem agir em resposta a uma crise – uma lição que eles devem usar para combater as mudanças climáticas, disse Andrew Parry, chefe de investimentos sustentáveis ​​da Newton Investment Management.

“Embora a resposta imediata das autoridades tenha sido justamente limitar as conseqüências sociais da crise atual, é uma oportunidade para garantir um futuro mais saudável e resiliente para o meio ambiente que não deve ser desperdiçado.”

Fonte: Reuters

Do desmatamento ao comércio de animais silvestres, crise climática contribui para o surgimento de pandemias

Do desmatamento ao comércio de animais silvestres, crise climática contribui para o surgimento de pandemias

O que o desmatamento tem a ver com a aceleração no ritmo das epidemias e pandemias, como a atual de coronavírus? Tudo. E quem diz isso não faz parte de nenhum grupo ecologista radical. A afirmação está, por exemplo, em artigo publicado pelo Fórum Econômico Mundial, entidade que reúne uma vez por ano os líderes empresariais e políticos do mundo em Davos (Suíça). Segundo pesquisa, 31% dos 12.012 surtos em todo mundo entre os anos de 1980 e 2013 estão ligados diretamente a ambientes que foram devastados.

O cálculo é que 65% das doenças que surgiram nas últimas quatro décadas sejam zoonoses. Animais silvestres, seja por caça, comércio ou perda de habitat, entraram em contato com o homem, passando doenças que antes estavam restritas à selva. Foi assim com o ébola, zika, Aids e agora com o coronavírus.

A origem mais aceita cientificamente é que o Covid-19 contaminou humanos a partir do mercado de Wuhan, na China, que comercializava animais (vivos ou mortos) como morcegos, cobras, civetas, entre outros animais silvestres. E essa é uma história que se repete. O surto de ébola de 2014 na África Ocidental se deu por contato com macacos. Já as mortes pelo nipah em Bangladesh, em 2004, aconteceram pela proximidade com fluídos de morcegos chamados de “raposas voadoras”. Esses dois vírus têm letalidade bem maior que o coronavírus e são classificados como “bombas-relógio” que também podem causar pandemias.

Por outro lado, o aquecimento global está derretendo geleiras que preservaram vírus antigos que estavam encapsulados e eram desconhecidos até agora. “Esses desequilíbrios e desregulações criam fenômenos que depois a ciência tem que se preocupar e correr para resolver”, afirma Ricardo Abramovay, professor sênior do Programa de Ciência Ambiental da USP.

A crise climática torna-se ainda mais urgente.

Fonte: RODRIGO BERTOLOTTODE ECOA, EM SÃO PAULO

O que o coronavírus pode nos ensinar no enfrentamento à crise climática?

O que o coronavírus pode nos ensinar no enfrentamento à crise climática?

Mesmo com ações negligentes por parte do governo federal e da população diante do avanço do coronavírus Covid-19, iniciativas globais e unilaterais frente ao cenário têm sido muito mais rápidas e eficazes do que aquelas em resposta à crise climática. Há cerca de 30 anos, a comunidade científica internacional busca coordenar esforços para reverter o aumento da temperatura média do planeta. A resposta coletiva à pandemia atual, por sua vez, pode trazer importantes lições para o enfrentamento das mudanças climáticas e demais desafios deste século.

Os coronavírus são um grupo de vírus comuns em humanos e responsáveis por até 30% dos resfriados comuns. Corona vem do latim “coroa”, pois sua superfície se parece com uma coroa quando observada em um microscópio eletrônico. O surto da Covid-19 começou na China no final de 2019 e alcançou o status de pandemia em 11 de março de 2020. Uma semana depois, casos confirmados da doença já passavam da marca de 200 mil no mundo, atingindo mais de 150 países. Embora 81% dos casos tenham sido leves, mais de 8 mil pessoas já morreram em decorrência de pneumonia severa que tem atingido, principalmente, pessoas com 80 anos ou mais.

Surtos como SARS, em 2003, e MERS, em 2012, resultaram juntos em menos de 2 mil mortes pelo mundo. A média global, contudo, oculta mais do que revela. Países como China e Coréia do Sul adotaram medidas restritivas que têm diminuído com sucesso a contagem de novos casos. Por outro lado, em países como Itália e Espanha, os números continuam subindo rapidamente.

O coronavírus tem transformado a vida cotidiana de maneira tão significativa que os efeitos são visíveis do espaço. Os satélites de monitoramento de poluição da NASA e da Agência Espacial Européia (ESA) detectaram reduções significativas de dióxido de nitrogênio (NO2) sobre a China. A partir do dia 23 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas começaram a bloquear Wuhan (local de origem do surto) e outras cidades da região a fim de reduzir a propagação da doença, o que resultou em reduções significativas na poluição do ar.

Em termos econômicos, tais medidas resultaram em reduções de 15% a 40% na produção dos principais setores industriais da China, comparados com o mesmo período do ano passado. Em conjunto, as reduções no consumo de carvão e petróleo na China indicam uma redução nas emissões de CO2 de 25% ou mais, o que equivale a cerca de 6% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) globais.

Medidas internacionais que visam reduzir a propagação da Covid-19 podem salvar mais vidas devido à redução da poluição do ar e da intensidade das mudanças climáticas do que complicações de saúde causadas pelo vírus. Estima-se que só na China, por esse motivo, já foi possível salvar vinte vezes mais o número de vidas do que as que foram perdidas pelo vírus até agora.

É incorreto e imprudente concluir que pandemias são benéficas para o clima ou para a própria saúde da humanidade, tendo em vista todo o sofrimento e demais consequências negativas de interrupção social e econômica. Contudo, tais estimativas funcionam como um lembrete dos custos ocultos, de curto e longo prazo, que envolvem o nosso modo de viver moderno.

Em vários países do mundo, à medida que o número de casos da Covid-19 cresce rapidamente, empresas têm autorizado funcionários a trabalharem de casa, há cancelamento de conferências internacionais e de aulas em escolas e universidades, bem como orientações de governos para evitar ambientes com aglomerações populacionais. Tais mudanças repentinas são impulsionadas pelo amplo reconhecimento de uma emergência.

A comunidade científica está oferecendo avisos claros sobre o que fazer, tanto diante da pandemia quanto da crise climática. Ambas as questões envolvem saúde pública, dado que mudanças no clima já estão causando escassez de comida e água, problemas migratórios e outros desastres naturais causados pela própria humanidade. Mudanças no clima também devem aumentar ainda mais o número de epidemias, sobretudo doenças infecciosas, como malária e dengue.

Além do seu alcance global, as crises compartilham também uma causa em comum: o consumo de alimentos de origem animal. No caso da crise climática, alimentos de origem animal, principalmente a carne de gado, apresentam elevada pegada de carbono e têm contribuído para elevar a concentração de GEE na atmosfera. Já o coronavírus tem como principal causa suspeita o consumo de animais silvestres nos mercados chineses. Repensar hábitos alimentares, passando pela redução e substituição de produtos de origem animal, será essencial para conter ambos tipos de crise..

De acordo com artigo recente publicado pela revista Nature, para limitar o aquecimento médio global em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, os países deverão cortar acima de 7% ao ano suas emissões a partir desse ano. Nas taxas atuais (antes do coronavírus), em 10 anos o mundo vai aquecer em média 1,5°C; em 25 anos, 2°C. Isso significa que governos, setor privado e comunidades deveriam trabalhar com um cenário de crise, empenhando quatro vezes mais esforços do que fizeram até o momento – ou três vezes mais rápido – para conseguir cumprir o Acordo de Paris.

Infelizmente, a sociedade parece ainda não estar preparada a choques de realidade como os incêndios na Austrália ou a pandemia da Covid-19. Estamos assistindo ao colapso de sistemas de saúde em muitos países devido a falta de leitos e capacidade de atendimento, o que tem aumentado a letalidade da pandemia. O mesmo pode acontecer com a intensificação das mudanças climáticas nos próximos anos. Resiliência, portanto, passa por uma reflexão sobre a capacidade das próximas gerações em responder mais rapidamente e minimizar danos.

O custo da prevenção sempre será menor do que os gastos oriundos da inação. E no estágio em que as duas crises se encontram, os esforços de prevenção devem ser acompanhados por medidas de adaptação ao impacto existente e projetado.

Se a comunidade internacional tivesse levado mais a sério os seus compromissos assumidos desde Paris em 2015, da mesma forma como para a Covid-19 nas últimas semanas — levando em conta o nível de urgência que a ciência diz ser necessário — provavelmente teríamos uma perspectiva futura drasticamente diferente.

Compreender que tipo de risco se enfrenta, seja como indivíduo, país, empresa ou mundo, é essencial para estarmos preparados para o antes, o durante e o depois em um momento de crise. A pandemia tem mostrado que conseguimos agir rapidamente, promovendo mudanças de comportamento e nas atividades econômicas, quando há interesse da sociedade e vontade política, ao mesmo tempo em que a ciência se esforça para encontrar uma solução. Que saibamos replicar a mesma fórmula para conter a crise climática enquanto ainda há tempo.

Fonte: UOL

*Cassia Moraes é mestre em administração pública e desenvolvimento pela Universidade de Columbia, CEO do Youth Climate Leaders (YCL) e coordenadora de redes e captação no Centro Brasil no Clima.
*Bruno Cunha é pós-doutorando e pesquisador associado do laboratório CENERGIA (PPE/COPPE/UFRJ), revisor especialista do IPCC e membro do conselho acadêmico do Youth Climate Leaders (YCL).

El cambio climático “es más mortal que el coronavirus”, recuerda y destaca la ONU

El cambio climático “es más mortal que el coronavirus”, recuerda y destaca la ONU

La preocupación y lucha contra el Covid-19 no deben esconder ni minimizar la importancia de la crisis climática, ha recordado el secretario general de la ONUAntónio Guterres, en la presentación del balance oficial del clima en 2019, en un acto celebrado el 10 de marzo en la sede de la ONU en Nueva York en el que también participó el secretario general de la Organización Meteorológica Mundia, Petteri Taalas.

En la portada de la página de la ONU en internet, el titular destacado hace referencia (en la actualización del martes 10 disponible también el miércoles 11 por la mañana) al informe climático de 2019 con un titular más que contundente: “El cambio climático es más mortal que el coronavirus”.

”Es importante que toda la atención que tiene que ponerse en la lucha contra esta enfermedad no distraiga de la necesidad de combatir el cambio climático, la desigualdad y el resto de problemas a los que se enfrenta el mundo”, señaló Guterres en la conferencia de prensa de presentación de este informe en la sede de la ONU en Nueva York.

El secretario general de Naciones Unidas subrayó que tanto el coronavirus como la crisis climática son “dos problemas muy serios” que requieren una respuesta “determinada”, pero que tienen una naturaleza muy distinta.

La enfermedad, subrayó, tendrá a priori un impacto temporal, mientras que la emergencia climática es una cuestión de largo plazo.

En ese sentido, pidió “no sobrestimar” la reducción de emisiones que según algunos estudios se está viendo como consecuencia del coronavirus, vinculadas a la menor actividad en lugares como China y a la reducción del tráfico aéreo.

”No vamos a combatir el cambio climático con un virus”, advirtió Guterres, que insistió en que los países deben continuar trabajando para avanzar hacia una economía menos contaminante y alcanzar los compromisos necesarios en la COP26, prevista para el próximo noviembre en Glasgow (Reino Unido).

El secretario general de la Organización Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, confirmó que en China se vio en enero una mejora de la calidad del aire como consecuencia del coronavirus, lo que muestra el impacto que la actividad humana tiene en el clima.

Taalas apuntó que la expansión del virus es “un drama”, pero insistió en que el impacto del cambio climático es de una “magnitud mucho mayor” para la humanidad.

El informe presentado este martes sobre el clima mundial en 2019, compilado por la Organización Meteorológica Mundial (OMM) y una amplia red de asociados, destaca las señales físicas que sobre el alcance del cambio climático, como el aumento del contenido calorífico de los océanos y de la tierra, la aceleración de la subida del nivel del mar y la fusión de los hielos.

En el documento se ponen de manifiesto los impactos de los fenómenos meteorológicos y climáticos en el desarrollo socioeconómico, la salud de las personas, las migraciones y desplazamientos, la seguridad alimentaria y los ecosistemas terrestres y marinos.

Los datos ahora oficiales de la OMM confirman los ya avanzados en una declaración provisional publicada con motivo de la celebración de la Conferencia de las Partes (COP) en la Convención Marco de las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático en diciembre de 2019 (ver en La Vanguardia )

Así, como se recordará, ha quedado establecido que 2019 fue el segundo año más cálido del que se tienen datos desde que se realizan mediciones instrumentales. El quinquenio 2015-2019 comprende los cinco años más cálidos de los que se tiene constancia, y el período de 2010 a 2019 ha sido el decenio más cálido jamás registrado. A partir de los años ochenta, cada nuevo decenio ha sido más cálido que todos los anteriores desde 1850.

El año 2019 terminó con una temperatura media mundial 1,1 °C por encima de los niveles preindustriales estimados, un valor superado únicamente por el récord de 2016, cuando un episodio muy intenso de El Niño agravó el aumento de la temperatura media mundial vinculado a la tendencia general al calentamiento.

Dónde queda el Acuerdo de París

“Actualmente estamos muy lejos de cumplir los objetivos del Acuerdo de París de limitar el aumento de la temperatura a 1,5 o 2 °C”, explica en el prólogo el Secretario General de las Naciones Unidas, António Guterres.

“En el presente informe se exponen los datos científicos más recientes y se evidencia la imperiosa necesidad de acometer una acción climática de gran alcance. Se recopilan datos de todos los ámbitos de la climatología y se enumeran las posibles repercusiones futuras del cambio climático, desde las consecuencias para la salud y la economía hasta el menoscabo de la seguridad alimentaria y el aumento de los desplazamientos”, añade el señor Guterres.

“Dado que las concentraciones de gases de efecto invernadero no dejan de aumentar, el calentamiento proseguirá. Según un reciente pronóstico decenal, es probable que en los próximos cinco años se produzca un nuevo récord de temperatura mundial anual. Es cuestión de tiempo”, dijo el Secretario General de la OMM.

“Acabamos de dejar atrás el mes de enero más cálido del que se tienen datos. En muchas partes del hemisferio norte se ha vivido un invierno excepcionalmente benigno. El humo y los contaminantes de los devastadores incendios de Australia se propagaron por todo el mundo y provocaron un pico en las concentraciones de CO2. Los récords de temperatura en la Antártida estuvieron acompañados de episodios de fusión de hielo a gran escala y de la fractura de un glaciar, hechos que incidirán en la subida del nivel del mar”, apuntó el señor Taalas.

“La temperatura es un indicador del cambio climático en curso. Las alteraciones en la distribución de las precipitaciones a escala mundial han tenido importantes repercusiones en diversos países. El nivel del mar sube a un ritmo cada vez mayor, en gran parte a causa de la expansión térmica del agua marina, así como también debido a la fusión de los mayores glaciares, como los de Groenlandia y la Antártida. Ello expone las zonas costeras y las islas a un mayor riesgo de inundaciones y puede provocar que sus zonas bajas queden sumergidas por las aguas”, dijo el señor Taalas.

Gases de efecto invernadero

En 2018, las fracciones molares de los gases de efecto invernadero alcanzaron nuevos valores máximos: las fracciones molares medias mundiales de dióxido de carbono (CO2) se situaron en 407,8 ± 0,1 partes por millón (ppm), las de metano (CH4), en 1 869 ± 2 partes por mil millones (ppmm), y las de óxido nitroso (N2O), en 331,1 ± 0,1 ppmm. Según datos preliminares, las concentraciones de gases de efecto invernadero siguieron aumentando en 2019.

Una proyección preliminar de las emisiones mundiales de CO2 derivadas de fuentes fósiles realizada con datos de los tres primeros trimestres de 2019 apunta a un incremento de las emisiones del 0,6 % en 2019 (valor comprendido en un intervalo de entre –0,2 y +1,5 %).

Océanos

Los océanos absorben más del 90 % del exceso de energía que se acumula en el sistema climático como consecuencia del aumento de las concentraciones de gases de efecto invernadero. En 2019, el contenido calorífico de los océanos a una profundidad de 2 km batió el récord anterior fijado en 2018.

El calentamiento de los océanos conlleva repercusiones generalizadas para el sistema climático y contribuye en más de un 30 % a la subida del nivel del mar a raíz de la expansión térmica del agua marina. Asimismo, altera las corrientes oceánicas e, indirectamente, modifica la trayectoria de las tormentas y provoca la fusión de las plataformas de hielo flotantes. Junto con la acidificación de los océanos y la desoxigenación de sus aguas, el calentamiento de los océanos puede entrañar cambios drásticos en los ecosistemas marinos.

En 2019, los océanos experimentaron, de media, prácticamente dos meses de temperaturas inusualmente cálidas. Por lo menos en el 84 % de las aguas oceánicas se experimentó al menos una ola de calor marina.

Acidificación de los océanos: en el decenio 2009-2018, los océanos absorbieron aproximadamente el 23 % de las emisiones anuales de CO2, amortiguando los efectos del cambio climático, pero con el consiguiente incremento de la acidez de sus aguas. La alteración del pH socaba la capacidad de calcificación de los organismos marinos —como mejillones, crustáceos y corales—, y ello afecta a la vida, al crecimiento y a la reproducción de la fauna y la flora marinas.

Desoxigenación de los océanos: tanto las observaciones como los resultados de los modelos indican la reducción de la concentración de oxígeno en las aguas litorales y en mar abierto, también en estuarios y en mares semicerrados. Desde mediados del siglo pasado, se estima que se ha producido una disminución de entre el 1 y el 2 % en el inventario de oxígeno oceánico en todo el mundo (entre 77 000 y 145 000 millones de toneladas).

Ecosistemas marinos: actualmente, la desoxigenación, junto con el calentamiento de los océanos y la acidificación de sus aguas, se considera una de las mayores amenazas para los ecosistemas oceánicos y el bienestar de las personas que dependen de ellos. Según las previsiones, con un calentamiento de 1,5 °C los arrecifes de coral ocuparían entre un 10 y un 30 % de su cobertura anterior, y ese porcentaje se reduciría a menos del 1 % si el calentamiento fuera de 2 °C.

El nivel del mar ha aumentado desde que empezaron a realizarse mediciones mediante altimetría por satélite (en 1993), pero el ritmo de subida de las aguas se ha acelerado en ese período, principalmente a causa de la fusión de los mantos de hielo de Groenlandia y la Antártida. En 2019, el nivel medio del mar a escala mundial alcanzó el valor más elevado del que se tienen datos.

Hielo

La constante y prolongada pérdida de hielo marino en el Ártico se confirmó en 2019. La extensión media mensual de septiembre (normalmente, el mes del año en el que la superficie de hielo registra su extensión mínima) fue la tercera más baja de la que se tiene constancia. Por su parte, la extensión mínima diaria registrada se situó al mismo nivel que el segundo valor más bajo del que se tienen datos.

Hasta 2016, la extensión del hielo marino en la Antártida había presentado un leve incremento a largo plazo. A finales de 2016 esa tendencia se interrumpió fruto de una repentina reducción en la superficie de hielo hasta niveles mínimos sin precedentes. Desde entonces, la extensión del hielo marino en la Antártida se ha mantenido en niveles relativamente bajos.

En los últimos 13 años, en Groenlandia se han registrado 9 de los 10 años con el menor balance de masa superficial de su manto de hielo. Y en 2019 se registró el séptimo valor más bajo del que se tienen datos. En cuanto al balance de masa total, Groenlandia ha perdido aproximadamente 260 Gt de hielo cada año en el período comprendido entre 2002 y 2016, y la reducción máxima se produjo en 2011/2012, cuando se perdió un máximo de 458 Gt. En 2019, la reducción del manto de hielo se fijó en 329 Gt, un valor muy por encima de la media.

Glaciares: Los resultados preliminares del Servicio Mundial de Vigilancia de los Glaciares indican que, por 32º año consecutivo, en 2018/2019 el balance de masa de los glaciares de referencia seleccionados fue negativo. Desde 2010 se han registrado ocho de los diez años con peores resultados en términos de balance de masa.

Impactos del cambio climático

En el informe se dedica una amplia sección a los impactos del tiempo y el clima en la salud de las personas, la seguridad alimentaria, las migraciones, los ecosistemas y la vida marina. Los datos expuestos se basan en las contribuciones de un amplio abanico de asociados de las Naciones Unidas (en la nota para los editores figura la lista completa de asociados).

Salud

La salud de las personas y los sistemas sanitarios pagan un precio cada vez más alto a causa de las condiciones de calor extremo.

En 2019, las altas temperaturas que se registraron en Australia, la India, el Japón y Europa batieron todos los récords y afectaron negativamente a la salud y el bienestar de la población. En el Japón, una intensa ola de calor provocó más de 100 víctimas mortales y 18 000 ingresos hospitalarios adicionales. En Francia, se registraron más de 20 000 visitas a urgencias para tratar dolencias relacionadas con el calor entre junio y mediados de septiembre, y durante dos importantes olas de calor veraniegas se produjeron 1 462 muertes adicionales en las regiones afectadas.

Changes in global vectorial capacity for dengue virus vectors

Cambios en la capacidad vectorial de los vectores de transmisión del virus del dengue a escala mundial, calculados mediante datos climáticos históricos.

Los cambios en las condiciones climáticas acaecidos desde 1950 facilitan la transmisión del virus del dengue a través de los mosquitos del género Aedes, con el consiguiente incremento del riesgo de contraer la enfermedad. En paralelo, la incidencia mundial del dengue se ha multiplicado drásticamente en los últimos decenios, y el riesgo de infección afecta a aproximadamente la mitad de la población mundial. En 2019 se produjo un gran aumento en la cantidad de casos de dengue en todo el mundo.

Seguridad alimentaria

La variabilidad del clima y los fenómenos meteorológicos extremos figuran entre los factores más importantes que han propiciado el reciente aumento del hambre en el mundo y son una de las causas principales de las graves crisis alimentarias. Tras una década de reducción constante, el hambre repunta: más de 820 millones de personas padecieron hambre en 2018. De los 33 países afectados por crisis alimentarias en 2018, en 26 de ellos la variabilidad climática y los fenómenos meteorológicos extremos fueron, junto con las perturbaciones económicas y las situaciones de conflicto, factores que agravaron la coyuntura imperante, mientras que en 12 de esos 26 países, los aspectos climáticos y meteorológicos señalados fueron la causa principal de la crisis. A la luz de esos datos, la comunidad internacional se enfrenta al colosal desafío de cumplir el objetivo Hambre cero de la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible.

La seguridad alimentaria se deterioró claramente en 2019 en algunos países del Cuerno de África a causa de los fenómenos climáticos extremos, los desplazamientos, las situaciones de conflicto y la violencia. A finales de 2019, se estima que aproximadamente 22,2 millones de personas (6,7 millones en Etiopía, 3,1 millones en Kenya, 2,1 millones en Somalia, 4,5 millones en Sudán del Sur y 5,8 millones en el Sudán) padecieron de un elevado nivel de inseguridad alimentaria, una cifra solo ligeramente inferior a la registrada durante la grave y prolongada sequía de 2016/2017.

Marzo y gran parte de abril fueron meses con condiciones extraordinariamente secas y, posteriormente, entre octubre y diciembre, se produjeron lluvias inusualmente intensas y crecidas. El episodio de precipitaciones excepcionalmente fuertes de finales de 2019 también fue un factor que favoreció la aparición de la grave plaga de langostas del desierto que afecta la región del Cuerno de África, la peor en más de 25 años, y la más grave en 70 años en Kenya. Todo apunta a que se propagará todavía más de aquí a junio de 2020 y constituirá una grave amenaza para la seguridad alimentaria.

Desplazamientos

Entre enero y junio de 2019 se contabilizaron más de 6,7 millones de nuevos desplazamientos internos debidos a desastres, entre los que cabe destacar fenómenos hidrometeorológicos

—como el ciclón Idai en el sureste de África, el ciclón Fani en Asia meridional o el huracán Dorian en el Caribe— e inundaciones —como las que tuvieron lugar en el Irán, Filipinas y Etiopía—. Según las previsiones, esa cifra aumentará desde los 17,2 millones de 2018 hasta quedar cerca de los 22 millones en 2019. De todos los peligros naturales, las crecidas y las tormentas fueron los que más desplazamientos propiciaron.

Fenómenos de fuerte impacto

‏Durante la temporada del monzón, que empezó tarde, pero concluyó con acumulados totales de precipitación superiores a la media a largo plazo, se produjeron más de 2 200 víctimas mortales a raíz de diversas inundaciones que tuvieron lugar en la India, Nepal, Bangladesh y Myanmar.

Entre julio de 2018 y junio de 2019, en el territorio contiguo de los Estados Unidos de América la precipitación media durante ese período de 12 meses fue la más alta jamás registrada (962 mm). En ese mismo país, las pérdidas económicas totales debidas a inundaciones en 2019 se estimaron en 20 000 millones de dólares.

En enero, algunas zonas de América del Sur se vieron afectadas por condiciones muy lluviosas. Se produjeron grandes inundaciones en el norte de la Argentina, el Uruguay y el sur del Brasil, y en los dos primeros países las pérdidas estimadas ascendieron a 2 500 millones de dólares.

Por su parte, la República Islámica del Irán se vio gravemente afectada por las inundaciones de fines de marzo y principios de abril. En octubre y principios de noviembre, importantes inundaciones castigaron muchas partes de África oriental que hasta entonces habían estado azotadas por la sequía.

Sequía

La sequía afectó a muchas partes del sureste asiático y a Australia, que experimentó el año más seco del que se tiene constancia, en parte como consecuencia de la intensa fase positiva del dipolo del océano Índico.

En la parte meridional de África, América Central y zonas de América del Sur los acumulados de precipitación fueron anormalmente bajos.

Olas de calor

Para Australia, el año acabó igual que empezó: con calor extremo. El verano de 2018/2019 fue el más cálido del que se tienen datos, y lo mismo se puede decir del mes de diciembre. El día más caluroso, promediado por zona, del que se tiene constancia en Australia fue el 18 de diciembre, cuando se alcanzaron 41,9 °C. Los siete días más calurosos jamás registrados en el país y nueve de los diez días más cálidos de los que se tienen datos se produjeron en 2019.

A finales de junio y finales de julio se produjeron dos grandes olas de calor en Europa. En Francia, el 28 de junio se estableció en Vérargues un récord nacional de 46,0 °C (1,9 °C por encima del récord anterior). También se fijaron nuevos récords nacionales en Alemania (42,6 °C), los Países Bajos (40,7 °C), Bélgica (41,8 °C), Luxemburgo (40,8 °C) y el Reino Unido (38,7 °C), y el calor se extendió hasta los países nórdicos, registrándose en Helsinki la temperatura más alta de la que se tiene constancia en esa ciudad (33,2 °C el 28 de julio).

Incendios forestales

La temporada de incendios forestales fue superior a la media en diversas regiones situadas en latitudes altas, como Siberia (Federación de Rusia) y Alaska (Estados Unidos), y se declararon fuegos en algunas partes del Ártico donde antes las llamas eran extremadamente infrecuentes.

La intensa sequía que azotó Indonesia y los países vecinos provocó la temporada de incendios más devastadora desde 2015. La cantidad de fuegos declarados en la región de la Amazonia brasileña solo estuvo ligeramente por encima de la media de diez años, pero en América del Sur se registró el número total de incendios más elevado desde el año 2010. En ese sentido cabe destacar Bolivia y Venezuela, dos de los países cuyas temporadas de incendios fueron particularmente virulentas.

En Australia, la temporada de incendios fue excepcionalmente larga e inclemente en la última parte de 2019, y se sucedieron grandes focos de llamas hasta bien entrado el mes de enero de 2020. A principios de 2020, se habían notificado 33 víctimas mortales y la destrucción de más de 2 000 viviendas, mientras que la superficie total calcinada en Nueva Gales del Sur y Victoria se había cifrado en aproximadamente 7 millones de hectáreas.

En general, las emisiones diarias totales de CO2 debidas a incendios forestales estuvieron cerca de la media del período 2003-2018, según el conjunto de datos del Sistema Mundial de Asimilación de Datos sobre Incendios (GFAS) del servicio de vigilancia atmosférica de Copernicus (SVAC) del Centro Europeo de Previsiones Meteorológicas a Plazo Medio (ECMWF). Los mayores incrementos con respecto a la media de 17 años que se registraron en los meses de julio, agosto, septiembre y finales de diciembre correspondieron al apogeo de los episodios de incendios en el Ártico, Siberia, Indonesia y Australia, respectivamente.

Ciclones tropicales

En 2019, la actividad en cuanto a ciclones tropicales estuvo por encima de la media en todo el mundo. En el hemisferio norte se produjeron 72 ciclones tropicales. Por su parte, la temporada 2018/2019 en el hemisferio sur también superó los registros medios, al formarse 27 ciclones.

El ciclón tropical Idai tocó tierra en Mozambique el 15 de marzo como uno de los sistemas más potentes jamás vistos en la costa este de África, provocando numerosas víctimas mortales y devastación generalizada. Idai contribuyó a la destrucción completa de cerca de 780 000 hectáreas de cultivos en Malawi, Mozambique y Zimbabwe, socavando todavía más una situación ya de por sí precaria en cuanto a seguridad alimentaria en la región. El ciclón también provocó el desplazamiento de por lo menos 50 905 personas en Zimbabwe, 53 237 en el sur de Malawi y 77 019 en Mozambique.

Uno de los ciclones tropicales más intensos del año fue Dorian, que tocó tierra en las Bahamas como huracán de categoría 5. La destrucción que ocasionó se vio agravada por su avance excepcionalmente lento, dado que permaneció prácticamente inmóvil durante unas 24 horas.

El tifón Hagibis llegó a tierra al oeste de Tokio el 12 de octubre, provocando graves inundaciones.

Fonte: La Vanguardia