Por Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Rafael Oliveira, Agência Pública
Na zona leste de São Paulo, região mais populosa da maior cidade brasileira, um grupo de dez pacientes aguarda o teste da Covid-19. Todos foram atendidos em uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e fizeram o exame na semana passada, após apresentarem sintomas como tosse ou febre. O grupo, contudo, não está na lista de suspeitos de infecção pelo coronavírus. E a responsabilidade é do Ministério da Saúde.
A Agência Pública apurou que o Governo Federal demorou a obrigar todos os casos a serem notificados, deixando essas pessoas e centenas de outros casos suspeitos fora do radar — inclusive o caso do primeiro brasileiro a morrer por coronavírus, no dia 16 de março, na capital paulista.
“Discordo totalmente da postura do Ministério da Saúde. Todos os casos, desde quando se iniciou uma transmissão comunitária no Brasil, deveriam ter sido notificados”, afirmou à Agência Pública um profissional de saúde que trabalha na AMA, sob condição de anonimato.
O Ministério já havia emitido um alerta sobre a transmissão comunitária da Covid-19 em São Paulo em 13 de março, mas levou cerca de uma semana para atualizar o protocolo de notificações da doença — nesse período, o estado de São Paulo viu as cifras saltarem de 56 casos confirmados, no dia 13, para 286, no dia 19, e registrou quatro mortes pela doença.
A notificação sobre infecções por coronavírus já era obrigatória para toda a rede de saúde, pública ou particular, desde 2016 — mas apenas se o paciente desenvolvesse síndrome respiratória aguda grave. Esse critério já existia na lista de notificações do Ministério da Saúde por causa de outros vírus da família do corona, como o SARS-CoV, que gerou uma epidemia na China em 2002.
Com a chegada da pandemia ao Brasil, o Ministério da Saúde produziu uma ficha de notificação para casos suspeitos e prováveis de infecção pelo novo coronavírus. A ficha, contudo, só considerava casos suspeitos se, além dos sintomas, o paciente tivesse viajado ao exterior ou tido contato próximo com caso suspeito ou confirmado para a doença nos 14 dias anteriores.
Essa falha deixou de fora do sistema de notificação do Ministério todas as pessoas contagiadas pelo coronavírus comunitariamente e que não apresentassem sintomas graves. A transmissão comunitária significa que o vírus está disseminado dentro do país e os casos não se restringem a quem viajou para o exterior.
Foi esse o caso da primeira morte por coronavírus no Brasil, registrada no dia 16, de um homem de 62 anos com diabete e hipertensão e que não havia viajado ao exterior. Ele faleceu após apenas dois dias de internação na UTI do hospital privado Sancta Maggiore, na Zona Sul de São Paulo. Segundo matéria do Estadão, ele não havia entrado na lista de casos suspeitos. Os mesmo teria ocorrido com familiares que tiveram contato com o homem. Em reportagem do Buzzfeed, o secretário de saúde da capital criticou o protocolo do Ministério e afirmou que “a falta de notificação atrapalha o mapeamento dos casos da pandemia”.
“O grande problema do primeiro protocolo — e, além disso, a sua pouca utilidade agora, dada a transmissão sustentada dentro do país — era que precisava atender dois critérios para ser considerado caso. Foi por isso que podem ter sido perdidos casos suspeitos”, critica Carla Machado, professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que pesquisa epidemiologia e métodos quantitativos em saúde.
A Pública procurou o Ministério da Saúde que afirmou que, após o dia 19 de março, “com a declaração de transmissão comunitária toda síndrome respiratória será encarada como possível caso de Covid-19”. Desde a data, o ministério estabeleceu como obrigatória a notificação imediata em até 24 horas de casos suspeitos de coronavírus, incluindo a partir de sintomas leves, que são diagnosticados como síndrome gripal clinicamente, isto é, sem necessidade de exame de laboratório. Isso vale para rede pública ou privada, que deve informar os dados por telefone ou através dos sistemas que o ministério disponbiliza.
Plataforma do governo sobre coronavírus sai do ar
A postura errática do governo federal em relação à divulgação dos números vai além do protocolo de notificações. No dia 19 de março, o ministro Luiz Henrique Mandetta anunciou outra mudança: a plataforma IVIS, do ministério — que reunia e publicava dados nacionais e estaduais de mortes, casos confirmados, suspeitos e descartados da doença — estaria fora do ar por uma semana. Segundo Mandetta, o motivo foi o alto tráfego. Mas até hoje a plataforma segue sem funcionar.
O sistema havia recebido críticas pela desatualização em relação a dados divulgados pelas secretarias estaduais, com atualizações que chegavam a levar quase 24 horas. Em fevereiro, os dados eram atualizados pelo ministério ao meio dia. Em março, o governo passou a divulgar apenas no fim da tarde. Agora, com a plataforma fora do ar, casos informados pelas secretarias estaduais e prefeituras à noite são divulgados apenas no dia seguinte.
Pesquisadores divergem sobre divulgação dos dados
A transparência do Ministério da Saúde tem sido criticada por pesquisadores que tentam acompanhar e contabilizar os dados divulgados pelo governo.
Uma das críticas, feita por Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da Open Knowledge Brasil, é que o ministério não divulga dados desagregados, por exemplo, como número de casos por cidade, além de não documentar publicamente a metodologia de coleta dos dados.
“Os países que têm combatido com mais transparência tem sido mais bem sucedidos. Não precisa, claro, divulgar o nome das pessoas, nem defendemos isso, mas precisamos ter mais detalhes para saber como lidar melhor com a doença. Os repórteres têm tido muita dificuldade. Há iniciativas da sociedade civil de compilar os casos, mas há um limite, porque só conseguimos compilar aquilo que é divulgado”, comenta.
Além disso, o Governo Federal anunciou a decisão de não informar mais à população o número de casos suspeitos.
A decisão é criticada pelo professor Luiz Gustavo Bentim Góes, da plataforma científica Pasteur-USP, parceria da Universidade de São Paulo e do Instituto Pasteur. “Acredito que o governo está trabalhando com a possibilidade real da falta de insumos para diagnóstico. Não acredito que seja ideal pois não teremos mais uma ideia do potencial de infectados ou da rede de contatos dos infectado”, avalia.
Já para o professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, Marcos Boulos, a postura do governo de não divulgar suspeitos está correta. “É uma decisão adequada para o momento que nós estamos passando porque vai aumentar mesmo [a quantidade de casos suspeitos e confirmados]. A divulgação não ajuda”, pondera.
É semelhante a avaliação de Pedro Amaral, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): “faz sentido porque não há como controlar os casos suspeitos. Casos confirmados, óbitos e recuperados são as três variáveis que a gente vê mais frequentemente nos bancos de dados internacionais”, comenta.
Algumas secretarias seguem divulgando casos suspeitos; outras, não
A decisão do Ministério foi replicada pela Secretaria de Saúde de São Paulo, estado com maior número absoluto de casos confirmados e mortes pela Covid-19. A assessoria da pasta informou à Agência Pública que também deixaria de informar casos suspeitos. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que casos suspeitos estão sendo divulgados nos boletins diários.
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou que mantém divulgação de casos suspeitos. A de Minas Gerais também mantém a divulgação. A secretaria de Saúde da Bahia afirmou que irá notificar casos em investigação ao Ministério, mas no site do governo do estado há apenas casos confirmados. As do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina afirmaram que irão manter a publicação de casos suspeitos. A do Distrito Federal igualmente informa em seus boletins casos em investigação. A secretaria de Pernambuco não respondeu à reportagem.
Controvérsia no número de testes: de 32 mil para 22 milhões
Outro dado que tem mudado radicalmente de um dia para outro é o da quantidade de testes a serem realizados. No dia 17 de março, o Ministério da Saúde divulgou que havia comprado 30 mil kits de testes da Bio-Manguinhos/Fiocruz e previa a compra de mais 40 mil até o fim de abril. Dois dias depois, em coletiva, o Ministério afirmou ter realizado 17 mil, e que faria outros 10 mil mais até o fim da semana. A assessoria do Ministério chegou a informar à revista piauí que já haviam sido realizados 46 mil testes até 18 de março.
À Agência Pública, a assessoria afirmou que até o dia 19 de março havia distribuído 17,9 mil testes aos 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) e laboratórios de referência nacional. Segundo a pasta, o governo havia comprado 150 mil testes da Bio-Manguinhos/Fiocruz. À época, a assessoria informou que planejamento era de compra de aproximadamente de 2,5 milhões de testes da Bio-Manguinhos/Fiocruz e de mais 10 milhões, sem informar origem ou estimativa de data.
Já no dia 24 de março, o ministério da Saúde quase dobrou a cifra: agora, afirmas que 22,9 milhões de testes que serão distribuídos para diagnosticar o Covid-19 no Brasil. Segundo a pasta, até aquela data já haviam sido distribuídos 32,5 mil na rede pública.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que os países com epidemia de Covid-19 testem o maior número possível de pessoas. “A mensagem central é: testar, testar e testar. Você não consegue parar essa pandemia se não souber quem está infectado”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A fala chegou a ser rebatida pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. “Vamos manter a nossa posição, [que é] testar nos locais onde tiver transmissão comunitária os casos graves e [de pessoas] internadas. Me estranha muito a OMS recomendar dessa maneira uma vez que os insumos são insuficientes para testar todo mundo”, afirmou.
A postura tem apoio de especialistas como Pedro Amaral, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Quem deve ser priorizado são os casos graves. Para os demais, a política de autoisolamento deve ser muito convincente. O que que a gente deveria convencer a população: se você tem algum sintoma, ainda que leve, se você acha que pode estar com coronavírus, você tem que assumir que você está. Se você simplesmente aparece no hospital ou posto de saúde para fazer o teste com sintomas leves, você coloca em risco todas as outras pessoas que estão lá”, comenta.
Mas, atualmente, em contradição com declarações anteriores, o Ministério considera testar também casos de suspeitas de Covid-19 com sintomas leves. Segundo nota divulgada no dia 24, “um novo protocolo está sendo definido para testar os casos mais leves nos postos de saúde ou unidades volantes”. A nova prática poderia ser utilizada em cidades com mais de 500 mil habitantes.
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19).
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus.
O coronavírus é de fácil transmissão e pode se disseminar das seguintes formas:
Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos;
Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
O médico gaúcho de 37 anos, Dr. Gustavo, precisa da tua ajuda para combater o coronavírus e manter sua luta pela vida. Ele tem leucemia e tuberculose. Está no grupo de risco e, caso seja contaminado pelo coronavírus, terá poucas chances de sobreviver.
Faça sua parte, fique em casa e ajude o Dr. Gustavo e milhões de pessoas a terem a chance de seguirem vivendo.
Nas últimas semanas, a população e os governos de todo o mundo têm dedicado esforços para frear o rápido avanço da pandemia de Covid-19, que no momento em que este texto é publicado já matou mais de 17 mil pessoas e infectou ao menos 395 mil, em 169 países. Além de mortes, problemas econômicos e o colapso dos sistemas de saúde dos países afetados, o espalhamento da pandemia provocou pânico generalizado, fazendo as pessoas correrem para drogarias e supermercados, esgotando estoques de máscaras, álcool em gel e até papel higiênico. Além disso, a imposição de isolamento social, necessária para achatar a curva de transmissão do vírus, mudou radicalmente o cotidiano de milhões de pessoas ao redor do mundo, que se viram obrigadas a permanecer dentro de casa.
O comportamento das pessoas em pandemias, bem como o papel da psicologia na disseminação e na contenção de infecções, é o objeto de estudo de Steven Taylor, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Em dezembro de 2019, poucas semanas antes de o coronavírus começar a se espalhar e ganhar proporções pandêmicas, Taylor lançou o livro A psicologia da pandemia, resultado de dois anos de pesquisas sobre os grandes surtos que afetaram a humanidade em décadas e séculos passados.
“[O comportamento dos governantes] é extremamente importante por várias razões. Os líderes do governo precisam liderar pelo exemplo, precisam mostrar às pessoas quais são as coisas importantes que elas devem fazer”, afirma Taylor. Para ele, “se o público não confiar em seu líder ou não confiar nas autoridades de saúde, não fará o que elas dizem”.
Em entrevista exclusiva à Agência Pública, o pesquisador destacou a importância de estabelecer uma rotina e manter contato virtual com amigos e parentes para conseguir sobreviver ao período de isolamento social. “A história nos ensinou que as pessoas são resilientes, as pessoas são fortes. Nós não gostamos dessa situação, estamos estressados com essa pandemia, mas ela vai acabar e vamos passar por isso.”
O que é a psicologia da pandemia? E o que você tratou nos seus estudos e livro que diz respeito ao momento que vivemos com a Covid-19?
Bem, é uma grande área. Eu olhei para as pandemias quando comecei minha pesquisa, há dois anos. Eu percebi que a psicologia desempenha um grande papel na disseminação e na contenção de infecções, e no sofrimento emocional e no comportamento que as pessoas exibem. Isso é a psicologia da pandemia.
Há muitas coisas para aprender. O que estamos aprendendo com a pandemia atual é que as coisas que vemos agora são muitas das que vimos nas pandemias passadas: a ascensão do racismo, grande número de pessoas hipocondríacas que interpretam mal sintomas comuns e se dirigem para hospitais preocupadas com terem Covid-19. Vimos compras motivadas por pânico nas pandemias anteriores, como estamos vendo novamente. Mas também estamos vendo a ascensão da solidariedade das pessoas, se unindo, se apoiando e se ajudando mutuamente.
Pandemias não são as representadas nos filmes de Hollywood, com caos e tumultos.
Como lidar com o sofrimento emocional associado às pandemias?
Isso depende do que mais preocupa a pessoa. É importante entender a fonte de sua angústia. Algumas pessoas têm problemas emocionais preexistentes que as levam a ficar muito angustiadas com a pandemia, e esses problemas precisam ser resolvidos. Algumas pessoas estão passando muito tempo lendo informações assustadoras na mídia ou em redes sociais e obtendo desinformação. Para essas pessoas, pode ser melhor limitar a quantidade de notícias e posts em redes sociais que elas leem sobre a pandemia. Outras pessoas têm preocupações legítimas. Algumas têm sérias condições médicas que as colocam em risco em caso de infecção. Outras estão ansiosas porque sofrem dificuldades econômicas reais provocadas pelo distanciamento social.
O que há de semelhanças e de diferenças no comportamento das pessoas nesta pandemia em relação às anteriores?
O que estamos vendo hoje é muito semelhante ao que vimos nas pandemias anteriores. A ansiedade, o aumento do racismo, mas também da solidariedade, da ajuda mútua. O que torna esta diferente das anteriores é que é a primeira vez na história da humanidade que temos as redes sociais e a internet durante uma pandemia. Então, nesta pandemia, estamos todos conectados globalmente, e isso significa que a desinformação pode se espalhar muito mais rapidamente. Isso inclui informações úteis, mas também informações falsas que podem assustar as pessoas. Mas o que também torna essa pandemia diferente é que, como todos nós estamos conectados globalmente pela internet e pelas redes sociais, somos capazes de oferecer apoio uns aos outros, mesmo que estejamos socialmente isolados.
Há muito mais fluxo e velocidade de informação hoje do que na época de outras pandemias. De que forma isso influencia o comportamento das pessoas em um cenário como esse? O efeito é mais positivo ou negativo?
Isso pode influenciar o comportamento das pessoas de várias maneiras. Pode influenciá-las a estocar produtos por medo. Por exemplo, no início da pandemia, as pessoas de países onde não havia infecção estavam vendo reportagens sobre países infectados, então isso poderia aumentar a ansiedade das pessoas. Se você vê pessoas em um país estocando mantimentos, isso pode levar as pessoas de outro país a fazer o mesmo. Isso pode fazer o medo se espalhar.
Aqui no Brasil, apesar do aumento do número de casos, o presidente já chamou a pandemia de “fantasia” e “histeria”. Contra todas as recomendações, ele incentivou a realização de manifestações populares a seu favor, cumprimentou e tirou selfies com apoiadores. Qual a importância e de que forma o comportamento dos governantes pode influenciar a população em uma pandemia?
É extremamente importante por várias razões. Os líderes do governo precisam liderar pelo exemplo, precisam mostrar às pessoas quais são as coisas importantes que elas devem fazer. O líder do governo no Canadá, por exemplo, o primeiro-ministro Trudeau, está em autoisolamento, porque sua esposa foi infectada pela Covid-19. Ele está mostrando às pessoas o que se deve fazer: ao entrar em contato com alguém [infectado], você deve se isolar. Ele está liderando pelo exemplo. Isso é realmente importante, porque as pessoas buscam nos líderes inspiração e conselhos de como se comportar. Outra razão é a confiança pública. Se o público não confiar em seu líder ou não confiar nas autoridades de saúde, não fará o que elas dizem. Você pode garantir a confiança pública fornecendo informações precisas em tempo hábil, ser visto como confiável e transparente, além de reconhecer as incertezas.
Agora, se não se confia no governo, isso tem implicações realmente importantes. Foram realizadas pesquisas durante o surto de ebola na África e em Monróvia, na Libéria. Essa pesquisa mostrou que pessoas que não confiavam no governo não cumpriam o distanciamento social, e isso para o ebola, que é uma doença muito, muito séria. Isso mostra o quão importante é para o governo garantir que o público o veja como confiável.
Quais são os efeitos psicológicos do distanciamento social e de uma quarentena? Isso impacta mais as pessoas idosas?
Os idosos são uma preocupação porque eles sofrem com o isolamento social, muitos deles já estão sozinhos. E agora estão pedindo a eles que se isolem por meses. Isso aumenta a preocupação de que os idosos se sintam solitários ou deprimidos. Por isso é importante que todos nós ofereçamos ajuda às pessoas idosas de nossa comunidade, que ofereçamos qualquer apoio que eles precisarem.
Durante o surto de Sars, nós descobrimos que houve um aumento no número de suicídios entre os idosos em Hong Kong, que estavam preocupados em se tornar um fardo para a família ou outras pessoas. Esse é um problema realmente sério, nós devemos nos certificar de que os idosos recebam todo o apoio que quiserem ou precisarem.
Como manter a sanidade em tempos de pandemia? Como recuperar a sanidade quando ela acabar?
Essa é uma boa pergunta. Se você estiver em isolamento, é importante planejar o que vai fazer, ter uma estrutura durante o dia, organizar o seu tempo. É importante entrar em contato com familiares ou amigos por meio de redes sociais ou mensagens de texto. Também limite a quantidade de tempo que você gasta lendo conteúdo assustador nas redes sociais. Tenha cuidado com o que você lê.
As pessoas precisam se perguntar: “Essas histórias que estou lendo são verdadeiras ou falsas?”. As pessoas estão ficando muito boas em divulgar notícias falsas; portanto, tenha cuidado com as notícias alarmistas. Essa é uma questão importante.
Considerando o impacto na vida das pessoas, essa pandemia de Covid-19 tem precedentes?
Em algumas pandemias anteriores, a taxa de mortalidade foi muito maior. A pandemia de Covid-19 é séria, mas a gripe espanhola matou muito mais pessoas, assim como a peste bubônica. Portanto, sim, outras pandemias também tiveram enormes impactos.
Mas, no estilo de vida das pessoas, tem algum precedente?
Sim. Em pandemias anteriores, as pessoas também foram solicitadas a se isolar e houve um aumento do racismo em alguns lugares. Nós temos precedentes. A boa notícia é que os humanos sobreviveram a muitas pandemias no passado. Muitas, muitas outras mais sérias que esta, então vamos sobreviver. As pessoas costumam esquecer, mas é importante saber, perceber ou lembrar que os seres humanos são resilientes. Nenhum de nós gosta de ficar socialmente isolado, não gostamos do fato de não podermos continuar com nossa vida, achamos estressante, mas vamos sobreviver. Nós vamos lidar com isso. Assim como as pessoas no passado lidaram com pragas e outras pandemias.
Aqui no Brasil, assim como em outros lugares do mundo, as pessoas correram aos supermercados e farmácias e esgotaram os estoques de papel higiênico, máscaras e álcool em gel. Por que isso acontece?
Isso ocorre porque as pessoas estão assustadas. Elas estão com medo de escassez, de que haja desabastecimento, então as pessoas saem e compram demais. E outras pessoas ao redor veem essas pessoas assustadas comprando muitas coisas, e assim elas fazem o mesmo e o medo se espalha. Em Vancouver, estamos tendo excesso de compras motivadas pelo pânico, assim como no Brasil. Mas aqui [Vancouver] algumas pessoas estão estocando maconha e álcool. A maconha é legal aqui, então as pessoas estão estocando maconha. Pessoas que estão muito, muito assustadas e com medo de que a infraestrutura entre em colapso estão saindo, estocando comida etc.
Em um dos capítulos do seu livro você fala sobre um “retrato da próxima pandemia”. O que você previu certo? E o que não previu?
Primeiro, eu pensei que seria influenza, mas acabou sendo Sars-CoV-2, então não acertei isso. E quem preveria essa corrida atrás de papel higiênico? Mas todo o resto estava certo, previsto a partir de pesquisas sobre pandemias anteriores. A ascensão do racismo, a ansiedade antecipada, o medo crescente, a panic buying [o estoque de produtos], a corrida dos worried well [hipocondríacos] aos hospitais, preocupados com estarem doentes com a Covid-19, quando não estão. O aumento da solidariedade e do apoio social, e o fato de a maioria das pandemias no passado não ter se caracterizado por tumultos e conflitos sociais – embora isso tenha acontecido ocasionalmente, mas eram raros. E estamos vendo que desta vez também houve alguns saques, assaltos, roubos de bancos de alimentos etc. Mas isso tem sido relativamente raro. Nesta pandemia, assim como nas outras, tem havido um aumento das teorias da conspiração. Vimos isso em todas as outras pandemias, essa previsão também estava certa. Uma previsão que coloquei no livro, mas que espero que não se torne realidade é em relação às vacinas. Em pandemias passadas, muitas pessoas não foram se vacinar, mesmo que houvesse uma vacina. Minha preocupação é que isso também aconteça desta vez. A hesitação com vacinas é um grande problema, porque será difícil conter a propagação da infecção se as pessoas não forem vacinadas.
Você afirma em um artigo que passou a estudar o tema após ler com frequência que a próxima pandemia estava chegando. Por que essa previsão estava certa?
Porque as pandemias sempre estiveram por aí. Elas sempre ocorreram, várias por século, mas agora as pessoas têm tanta mobilidade, com viagens aéreas e outros, que isso facilita muito a disseminação de infecções. Os virologistas previam, por conta disso, que haveria outra pandemia em breve, nos próximos anos, e foi por isso que pensei que uma pandemia estava chegando. Eu [só] não pensei que chegaria tão cedo.
Que recado você daria aos brasileiros que estão, como outras pessoas no mundo, vivendo isolamento social e ansiosos com essa situação? O que a história ensina sobre o presente?
A história nos ensinou que as pessoas são resilientes, as pessoas são fortes. Nós não gostamos dessa situação, estamos estressados com essa pandemia, mas ela vai acabar e vamos passar por isso.
E podemos superá-la focando em como lidar com isso de maneira sensata. Precisamos nos isolar neste momento, mas não precisamos nos isolar socialmente, por isso precisamos manter contato e nos conectar com amigos e familiares. Isso vai passar, e vamos superar isso.
Colaboraram: Anna Beatriz Anjos, Bárbara D’Osualdo e Giulia Afiune.
Os danos à saúde causados às pessoas pela poluição do ar de longa data nas cidades provavelmente aumentarão a taxa de mortalidade por infecções por coronavírus, disseram especialistas. Sabe-se que o ar sujo causa danos nos pulmões e no coração e é responsável por pelo menos 8 milhões de mortes por ano. Esse dano à saúde subjacente significa que infecções respiratórias, como o coronavírus, podem muito bem ter um impacto mais sério nos moradores da cidade e nos expostos a vapores tóxicos do que em outros.
No entanto, medidas estritas de confinamento na China, onde o surto de coronavírus começou, e na Itália, o país mais afetado da Europa, levaram a quedas na poluição do ar, à medida que menos veículos são movidos e as emissões industriais caem. Um cálculo preliminar feito por um especialista norte-americano sugere que dezenas de milhares de mortes prematuras devido à poluição do ar podem ter sido evitadas pelo ar mais limpo da China, muito superior às 3.208 mortes por coronavírus.
Os especialistas enfatizaram, no entanto, que ninguém está reivindicando a pandemia pode ser vista como boa para a saúde e é muito cedo para estudos conclusivos. Eles disseram que, em particular, outros impactos indiretos do coronavírus na saúde, via perda de renda e falta de tratamento para outras doenças, também serão grandes.
Embora a poluição do ar urbano tenha diminuído nos países desenvolvidos, a compreensão dos danos generalizados que causa à saúde aumentou e o ar tóxico aumentou para níveis extremos nos países em desenvolvimento, como a Índia.
“Pacientes com doenças pulmonares e cardíacas crônicas causadas ou agravadas pela exposição prolongada à poluição do ar são menos capazes de combater infecções pulmonares e mais propensas a morrer. Provavelmente também é o caso do Covid-19 ”, disse Sara De Matteis, da Universidade de Cagliari, Itália, e membro do comitê de saúde ambiental da Sociedade Respiratória Europeia. “Ao reduzir os níveis de poluição do ar, podemos ajudar os mais vulneráveis na luta contra esta e qualquer possível pandemia futura”.
Há evidências de surtos anteriores de coronavírus de que aqueles expostos ao ar sujo correm mais risco de morrer. Os cientistas que analisaram o surto de coronavírus Sars na China em 2003 descobriram que pessoas infectadas que viviam em áreas com mais poluição do ar tinham duas vezes mais chances de morrer do que aquelas em locais menos poluídos.
Pesquisas sobre o surto de coronavírus Mers, vistas pela primeira vez na Arábia Saudita em 2012, mostraram que os fumantes de tabaco eram mais propensos a contrair a doença e mais propensos a morrer. Pesquisas iniciais sobre Covid-19 sugerem que fumantes e ex-fumantes são mais suscetíveis ao vírus. Mas uma diferença é que o Covid-19 parece ter uma taxa de mortalidade geral menor do que Sars ou Mers.
“Dado o que sabemos agora, é muito provável que as pessoas que estão expostas a mais poluição do ar e que estão fumando produtos de tabaco se saiam pior se infectadas com [Covid-19] do que aquelas que estão respirando um ar mais limpo e que não não fume ”, disse Aaron Bernstein, da Escola de Saúde Pública de Harvard TH Chan, ao Washington Post.
Reduções na poluição do ar foram registradas no norte da Itália, o centro do surto do país. A poluição do ar também caiu drasticamente em toda a China nas quatro semanas após 25 de janeiro, quando as regiões fecharam em resposta ao surto. O nível de PM2,5, pequenas partículas perigosas de poluição, caiu 25%, enquanto o dióxido de nitrogênio, produzido principalmente por veículos a diesel, caiu 40%.
A ligação entre esses poluentes e mortes precoces é bem conhecida e Marshall Burke, da Universidade de Stanford, nos EUA, usou os dados para estimar os impactos na mortalidade por poluição do ar. Os jovens e os idosos são os mais afetados pelo ar sujo e, usando premissas conservadoras, Burke calculou que o ar mais limpo pode ter evitado 1.400 mortes prematuras em crianças menores de cinco anos e 51.700 mortes prematuras em pessoas com mais de 70 anos.
“Parece claramente incorreto e imprudente concluir que as pandemias são boas para a saúde”, disse ele. “Mas o cálculo talvez seja um lembrete útil das conseqüências muitas vezes ocultas do status quo para a saúde, ou seja, os custos substanciais que nossa maneira atual de fazer as coisas implica em nossa saúde e meios de subsistência”.
Ele disse que os impactos indiretos do Covid-19 são provavelmente muito maiores do que os atualmente conhecidos. “Parece provável que quaisquer ‘benefícios’ da redução da poluição do ar sejam dominados pelos custos diretos e, principalmente, indiretos do vírus, como os efeitos na saúde da perda de renda e os custos de morbimortalidade dos Problemas de saúde ocultos que não são tratados.
Sascha Marschang, secretário-geral interino da Aliança Europeia de Saúde Pública, disse: “Quando a crise terminar, os formuladores de políticas devem acelerar as medidas para tirar veículos sujos das nossas estradas. A ciência nos diz que epidemias como o Covid-19 ocorrerão com frequência crescente. Portanto, limpar as ruas é um investimento básico para um futuro mais saudável. ”
Em quarentena há doze dias, os moradores de Veneza viram pela primeira vez em muitos anos as águas dos canais da cidade ficarem claras – e até golfinhos, cisnes e cardumes de peixes foram flagrados nadando por ali. Com fábricas paradas e trânsito quase inexistente, a Itália registrou considerável melhora qualidade do ar. Mas a nação não foi a única em que a natureza se beneficiou da pandemia de coronavírus: cientistas já registraram redução da poluição na China e nos Estados Unidos.
Estudos mostraram uma melhora de 21,5% na qualidade do ar na China, onde é comum os moradores da capital, Pequim, usarem máscaras para se proteger da poluição. Um pesquisador na Universidade Stanford calcula que, apesar das muitas vidas tiradas pela Covid-19, a paralisação das fábricas e do trânsito no país pode ter salvo entre 50.000 e 75.000 pessoas que poderiam morrer de forma prematura por causa da poluição. O pesquisador, Marshall Burke, porém, advertiu que seria “incorreto e imprudente” concluir que “pandemias são boas para a saúde” por causa disso.
O surto de coronavírus começou no final de dezembro em Wuhan, na China. Com uma propagação rápida para as cidades e regiões vizinhas, a doença levou ao total isolamento de dezesseis cidades. Ao menos 60 milhões de pessoas ficaram confinadas em toda a província de Hubei, da qual Wuhan é a capital.
Com as restrições, as operações industriais em toda a região foram suspensas. A proibição de que os chineses viajassem entre as cidades da província e para fora dela também diminuiu o fluxo de circulação de carros, ônibus, trens e aviões em todo o país.
Segundo o Centro de Pesquisa sobre Energia e Limpeza do Ar, cuja sede está localizada na Finlândia, todas as mudanças observadas na China levaram a uma redução de 25% nas emissões de dióxido de carbono durante quatro semanas entre o final de janeiro e meados de fevereiro, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
A organização aponta ainda que as operações industriais foram reduzidas de 15% a 40% em algumas regiões do país. Em alguns setores, o consumo de carvão mineral caiu 36%. O país é o atual campeão mundial dessas emissões.
Os satélites de monitoramento de poluição operados pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia (ESA) também observaram reduções drásticas na poluição do ar sobre a China durante duas semanas em fevereiro, quando a quarentena estava em vigor em várias províncias. Os satélites mediram as concentrações de dióxido de nitrogênio, que é liberado por carros, usinas e instalações industriais, de 1º a 20 de janeiro e novamente de 10 a 25 de fevereiro. A diferença entre os dois períodos é notável.
Os cientistas da Nasa disseram que reduções de emissões semelhantes foram observadas em outros países durante crise econômicas, mas que a queda na poluição do ar na China durante o período de quarentena foi especialmente rápida. “É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla para um evento específico”, disse Fei Liu, pesquisador de qualidade do ar da agência americana, em um comunicado.
A China teve até o momento quase 81.000 casos de Covid-19 e 3.248 mortes. O país registrou no domingo o primeiro caso de transmissão local em três dias – consequência dos mais de quarenta casos importados do exterior.
Itália
As concentrações de dióxido de nitrogênio na atmosfera da Itália também caíram de forma acentuada, assim como na China. Novos dados do satélite Copernicus Sentinel-5p da ESA mostram que, entre 1 de janeiro e 11 de março, a redução foi especialmente visível no norte do país, que foi particularmente afetado pelo surto de Covid-19.
“O declínio nas emissões de dióxido de nitrogênio sobre o norte da Itália é particularmente evidente”, disse Claus Zehner, gerente de missão da ESA Copernicus Sentinel-5P, em comunicado.
A inalação do dióxido de nitrogênio pode aumentar o risco de asma, irritação e inflamação dos pulmões. Embora o gás nocivo não seja considerado um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas, o estudo de sua concentração na atmosfera pode ajudar os cientistas a entender os outros gases de efeito estufa que aprisionam o calor e que impulsionam o aquecimento global.
Em Veneza, a imposição de uma quarentena obrigatória não reduziu apenas o trânsito de automóveis e aviões, mas também o de barcos pelos canais da cidade. Sem a grande circulação de gôndolas e vazia de turistas, as águas da famosa atração turística italiana ficaram mais claras e os moradores puderam ver peixes nadando nos canais pela primeira vez em muitos anos.
Alguns internautas compartilharam vídeos de golfinhos e cardumes nas águas em suas redes sociais. “Veneza não vê a água dos canais limpa há muito tempo”, escreveu um dos usuários.
A Itália tem 59.138 infecções e 5.476 mortes por coronavírus. O número de óbitos no país superou o registrado na China em seu pico de casos.
Nova York
Embora ainda seja cedo para avaliar o impacto das quarentenas nos Estados Unidos, dados coletados em Nova Yorknesta semana sugerem que a instrução do governo estadual para os moradores evitarem deslocamentos desnecessários e ficarem em casa já traz impacto significativo.
O trânsito automotivo na cidade caiu 35%, em comparação com o mesmo período do ano passado. As emissões de monóxido de carbono, principalmente de carros e caminhões, caíram cerca de 50% por alguns dias esta semana, de acordo com pesquisadores da Universidade de Columbia.
A pesquisa também apontou uma queda de 5% a 10% na concentração de gás carbônico e metano em Nova York. Os cientistas, contudo, alertaram que os níveis podem subir rapidamente assim que a situação se normalizar.
O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, decretou quarentena obrigatória por conta do coronavírus a partir desta sexta-feira, 20. Os dados coletados pela Columbia, contudo, avaliam apenas os dias anteriores à decisão.
Nova York registrou 3.954 casos de Covid-19, além de 26 mortes. Em todo os Estados Unidos são mais de 16.000 infecções e 213 óbitos.
Embora o coronavírus já tenha tirado muitas vidas, cientistas apontam que esse período pode oferecer ao mundo lições sobre como se preparar – e idealmente evitar – os impactos mais destrutivos das mudanças climáticas no planeta.
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