+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: ‘Chance de crescer’ e ‘atrapalhava quem produz’: o que pensa a bancada do agro sobre o novo licenciamento ambiental

Medida Provisória que restabelece dispositivos vetados por Lula e amplia flexibilizações foi aprovada na Câmara na terça
Os deputados Zé Vitor e Capitão Alberto Neto defendem o texto 

Câmara Aprova MP que Flexibiliza Licenciamento Ambiental; Críticos Alertam para Riscos

A Câmara aprovou a Medida Provisória que flexibiliza o licenciamento ambiental, restaurando trechos vetados por Lula. O Senado deve votar em breve. Defensores, como Zé Vitor, argumentam que a medida traz mais rigor e agilidade, essencial para o crescimento econômico. Críticos, incluindo ONGs, alertam para riscos ambientais e apontam inconstitucionalidades no texto, prometendo ações judiciais.

O Senado deve votar nesta quarta-feira a Medida Provisória (MP) com as regras da Licença Ambiental Especial (LAE), após aprovação na Câmara dos Deputados no dia anterior. Defendido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o relatório final mantém a estrutura da MP enviada pelo Executivo, mas reabre pontos da Lei Geral do Licenciamento e restaura trechos vetados pelo Planalto, seguindo o movimento do Congresso que, na semana passada, derrubou 56 dos 63 vetos presidenciais.Veja o que disseram os integrantes da FPA em defesa do texto:

Relator do texto na Câmara, o deputado federal Zé Vitor (PL-MG) disse ao GLOBO que as novas normas, criticadas por ONGs pela flexibilização de parâmetros de proteção, na verdade aumentariam o “rigor” sobre o tema.

— Não é desmonte porque o rigor inclusive agora é maior. Pela primeira vez estamos trazendo obrigatoriedade de análise de risco ambiental para empreendimentos com potencial maior de degradação. Todos os impactos ambientais precisam ser conhecidos para a licença ser emitida.

Para o deputado Zé Trovão (PL-SC), o texto traz “uma resposta concreta, moderna e necessária”:

— Discutir licenciamento ambiental é tratar de um tema fundamental para o desenvolvimento do país. Por anos convivemos com um arcabouço ultrapassado, que atrapalhava a vida de quem produz.

O deputado federal Coronel Assis (União-MT), por sua vez, aponta que a medida é “essencial para destravar o país”.

— Não é possível que produtores rurais esperem anos por autorizações. O relatório do deputado Zé Vitor simplifica o licenciamento de forma responsável e dá ao Brasil a chance de crescer com eficiência e equilíbrio.

Já o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) defende que o projeto “representa um avanço importante ao agilizar licenciamentos que podem transformar realidades”:

— A população indígena sofre com a dificuldade de acesso à saúde, à educação e a condições básicas de desenvolvimento. Este projeto não resolve tudo, mas representa um avanço importante ao agilizar licenciamentos que podem transformar realidades. Parabéns ao deputado Zé Vitor pelo trabalho. O Brasil importa 90% do potássio que consome, enquanto temos reservas a serem exploradas, assim como terras raras no sul do Amazonas. O Amazonas não é problema, o Amazonas é solução para o país.

ONGs criticam

Já institutos e ONGs ambientalistas prometem entrar na justiça contra pontos da nova lei.

— Com a nova lei, licenciar empreendimentos torna-se exceção no país e não regra — diz Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima. — O Congresso Nacional comete um atentado histórico contra a saúde e a segurança dos brasileiros, contra o clima e contra o nosso patrimônio natural.

Em maio, quando o projeto chegou ao Senado, foram identificadas seis inconstitucionalidades no texto pela liderança do governo: a União delegar a definição de atividades que devem ser licenciadas a estados e municípios; a transformação de Funai, Iphan, ICMBio, Fundação Palmares e Ministério da Saúde em órgãos apenas consultivos; o aumento de possibilidades de dispensa de licenciamento; a dispensa de licenciamento para atividades ou empreendimentos agrossilvipastoris (que integram atividades agrícolas, florestais e pecuárias); a LAC, que, conforme decisão do STF, só é constitucional para empreendimentos de pequeno impacto e baixo risco; e a renovação automática de licenças ambientais vencidas sem nova consulta aos órgãos ambientais competentes.

O Greenpeace Brasil divulgou nota criticando o que consideraou uma aprovação “a toque de caixa”. O instituto lembrou que o relatório final só foi apresentado na véspera da votação, impactando debates.

— A MP 1.308/25 foi feita para políticos e empresários lucrarem com grandes obras e sem que os estudos técnicos de impacto ambiental e o interesse público tenham sido resguardados. Prova disso, é a forma como o relatório foi aprovado na Comissão Mista: sem reuniões do colegiado, sem debate público, sem ouvir os parlamentares e sem tempo hábil para se garantir a qualidade da lei e o cumprimento das metas nacionais de emissão — afirma a especialista em Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Gabriela Nepomuceno.

O Instituto Arayara disse que “o Congresso enterrou de vez as medidas ambientais que protegem os biomas brasileiros”, e que a LAE institucionaliza a “interferência política sobre a análise técnica”. Segundo análise do instituto, a LAE romperia com “o modelo preventivo do licenciamento ambiental brasileiro”, que garante a avaliação de impactos antes das obras.

Fonte: O Globo

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Congresso enterra a legislação ambiental brasileira

Hoje, dia 2 de novembro de 2025, o Congresso Nacional abriu caminho para um modelo de licenças ambientais “especiais”, guiadas mais por pressão política do que por critérios técnicos e científicos. A Licença Ambiental Especial (LAE), criada pela Medida Provisória 1.308/2025, permite, a partir de agora, acelerar o licenciamento de empreendimentos definidos pelo governo como “estratégicos”. Com a aprovação da LAE, também

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Nova geração de ativistas do clima quer dar voz a quem não tem

A dificuldade de encontrar consenso em negociações, observada durante a COP30 e edições anteriores da conferência, coloca o peso da busca por soluções para frear o aquecimento global nas costas das jovens gerações de ativistas ambientais. Serão eles, que já nasceram com o DNA da conservação latente, que mais sentirão na pele os efeitos do agravamento das mudanças do clima.

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: La COP 30 fue una nueva victoria de la industria fósil, mientras la humanidad avanza hacia la barbarie climática

La COP 30 fue una victoria más para la industria fósil, lo cual no sorprende a quienes siguen estas conferencias. Pero, esta vez, fue aún más frustrante porque, al inicio de la conferencia, hubo menciones a un supuesto “mapa del camino” para reducir gradualmente la quema de combustibles fósiles en los próximos años. Sin embargo, ese “mapa del camino” resultó

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Lobby predomina e compromete negociações sobre fim dos combustíveis fósseis

Com 1.602 representantes credenciados, indústria teve papel crucial para a exclusão do “roadmap” fóssil do texto final da COP30 Uma questão antiga, mas cada vez mais presente nas conferências do clima, marcou a COP30 em Belém: a atuação intensa dos lobistas dos combustíveis fósseis. Enquanto representantes da sociedade civil e diversos países pressionavam para que a “transição para longe dos

Leia Mais »