+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA aponta falhas e pede indeferimento do licenciamento da Usina Termelétrica São Paulo

Instituto protocola análise técnica no IBAMA em resposta a questionamentos do Ministério Público Federal e reforça inconsistências nos estudos apresentados pelo empreendedor

O Instituto Internacional ARAYARA protocolou, nesta terça-feira (26/08), uma análise técnica detalhada sobre o processo de licenciamento da Usina Termelétrica São Paulo (UTE-SP). O documento foi incluído no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do IBAMA em resposta ao Ofício nº 135/2025/Coert/CGTef/Dilic, que reuniu questionamentos apresentados pelo Ministério Público Federal (MPF) por meio da Recomendação nº 57/2024.

Elaborada pela engenheira ambiental e Analista Técnico-socioambiental da ARAYARA Daniela Barros, a análise reforça a posição do Instituto pelo indeferimento da licença prévia do empreendimento, considerado de alto risco ambiental, climático e social.

Falhas técnicas e omissões do empreendedor

De acordo com a avaliação da Arayara, a resposta protocolada pela Termoelétrica São Paulo Geração de Energia Ltda. não atende de forma satisfatória às recomendações do MPF nem às exigências técnicas do próprio IBAMA.

Segundo os pareceres do órgão ambiental, das 233 complementações solicitadas pelo IBAMA, apenas 53 foram atendidas integralmente. Outros 115 itens foram considerados não atendidos, 37 apenas parcialmente e 28 justificados sem respaldo técnico suficiente.

“Constatamos que 65% das exigências seguiram sem resposta adequada. O empreendedor não demonstra intenção de complementar os estudos exigidos, então solicitamos o indeferimento imediato da licença prévia”, afirma Daniela Barros.

Entre as principais falhas identificadas estão: ausência de modelagem de ozônio, deficiências na avaliação da qualidade do ar, lacunas na análise locacional, impactos subestimados, uso inadequado de recursos hídricos e abordagens insuficientes sobre os efeitos socioeconômicos.

Audiências públicas questionadas

Outro ponto central diz respeito às audiências públicas realizadas em Caçapava e São José dos Campos em julho de 2024. Os eventos foram marcados por forte mobilização social e acabaram suspensos.

Apesar disso, o empreendedor argumentou que os encontros foram válidos e suficientes para cumprir a legislação. O MPF, no entanto, exige que novas audiências sejam realizadas após a apresentação completa do EIA/RIMA e também em outros municípios diretamente impactados, como Taubaté, Tremembé, Monteiro Lobato, Santo Antônio do Pinhal e Pindamonhangaba.

Para a Arayara, validar audiências incompletas e baseadas em estudos ainda insuficientes compromete o direito da sociedade à participação qualificada e fere os princípios de transparência e controle social previstos no licenciamento ambiental.

Próximos passos

A ausência da Licença Prévia impede a empresa de participar do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP). O certame de 2025 foi suspenso, mas a regra segue válida para as próximas rodadas: caso o empreendimento não obtenha a licença ambiental até o próximo leilão, previsto para 2026, também ficará de fora do processo de habilitação. “Não se trata apenas de uma questão burocrática, mas de assegurar que projetos de grande impacto passem por uma avaliação rigorosa antes de avançarem. Essa exigência garante a segurança jurídica dos projetos energéticos, mas também protege o meio ambiente e a comunidade que está preocupada nos riscos e impactos ambientais deste empreendimento, especialmente com as suas emissões atmosféricas e os riscos à saúde pública ”, destaca o Pos Doutor em riscos ambientais e Diretor Presidente da ARAYARA Juliano Bueno.

Até o momento, o IBAMA ainda não se manifestou sobre a resposta da empresa e os documentos complementares entregues em julho. A expectativa é de que a análise técnica da Arayara seja considerada na decisão do órgão, reforçando a urgência de impedir retrocessos no licenciamento ambiental e garantir que a agenda energética brasileira esteja alinhada aos compromissos climáticos e à defesa das comunidades afetadas.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: STJ:audiência pública discute fracking e impactos ambientais na exploração de gás de xisto

Por Gabriela da Cunha Rio, 8/12/2025 – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará nesta quinta-feira, 11, a possibilidade de uso do fraturamento hidráulico (fracking) na exploração de óleo e gás de xisto, durante audiência pública convocada pela Primeira Seção sob relatoria do ministro Afrânio Vilela. No primeiro bloco, apresentarão argumentos o Ministério Público Federal, a Agência Nacional do Petróleo,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: After COP30, Brazilian oil continues its rush towards the global market

A decision to drill at the mouth of the Amazon drew criticism at the UN summit. But Brazil’s oil production still soars, as it hopes to consolidate its role as an exporter decision to approve oil exploration off the coast of Brazil weeks before the country hosted the COP30 climate conference signals the country’s intention to increasingly target the international market, despite

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil escolhe trilhar o mapa do caminho do carvão mineral

Enquanto defende no plano internacional a transição para longe dos combustíveis, o Brasil segue aprovando medidas que dão sobrevida à indústria do carvão mineral Segunda-feira, 24 de novembro, primeiro dia útil após o fim da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Dois dias depois de lançar ao mundo o mapa do caminho para longe dos combustíveis fósseis, o Brasil sancionou a Medida

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão expõe contradição da política energética e afasta Petrobras da transição justa

Oferta de áreas do pré-sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais e estrangeiras. Enquanto o mundo se prepara para

Leia Mais »