O Instituto Internacional ARAYARA agora faz parte do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (CODUR) de Cornélio Procópio, no Paraná. A entidade, reconhecida por sua atuação na defesa ambiental, será representada pela ambientalista e professora Izabel Cristina Marson.
O CODUR reúne representantes do poder executivo, da sociedade civil e de diversas entidades, desempenhando um papel estratégico na organização e modernização das áreas urbana e rural do município. Segundo Marson, a participação da ARAYARA permitirá a construção de ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir o desenvolvimento sustentável.
Além da ARAYARA, o conselho contará com a participação de outros representantes da sociedade civil organizada, como Yassuo Curiaki, do Instituto Prevenir, e João Ataliba de Rezende Neto, da Associação dos Engenheiros Agrônomos.
Região de destaque e desafios ambientais
Cornélio Procópio já esteve no centro de debates ambientais. Localizado no Norte Pioneiro do Paraná, o município está a 97,3 quilômetros da Usina Termelétrica (UTE) Figueira, que opera há mais de seis décadas e acumula um histórico de graves problemas ambientais. Segundo o estudo “Usina Termelétrica Figueira: Impactos da Queima do Carvão Mineral em Figueira-PR”, a unidade é considerada um dos maiores casos de contaminação radioativa e tóxica já registrados no Brasil.
“O empreendimento representa sérios riscos para as comunidades próximas e para o meio ambiente, incluindo a contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas”, alerta Juliano Bueno de Araújo, diretor técnico da ARAYARA.
Pioneirismo contra o fracking
O município também se destaca por sua postura ambientalmente responsável. Em 2016, por iniciativa da sociedade civil organizada, o município proibiu a concessão de alvarás para o fracking, técnica de fraturamento hidráulico usada na extração de gás de xisto e altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde pública.
O Brasil possui a décima maior reserva de gás do mundo, mas a oposição ao fracking tem avançado significativamente. Desde 2016, a ARAYARA, por meio da Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS), lidera a campanha Não Fracking Brasil, que já resultou na sanção da primeira lei anti-fracking do país, no Paraná, em 2019, e na proibição da técnica em Santa Catarina no mesmo ano.
Mais recentemente, em dezembro de 2024, a Justiça Federal suspendeu a exploração de gás de xisto no Recôncavo Baiano, marcando um avanço na luta contra o fracking. Atualmente, a técnica já foi proibida por lei em 391 municípios e dois estados brasileiros devido aos seus graves impactos ambientais.
Araújo ressalta que a integração da ARAYARA ao CODUR representa um reforço significativo para Cornélio Procópio. “Apesar da vitória na luta contra o Fracking, a região Sul do Brasil enfrenta desafios cada vez maiores e catástrofes resultantes das mudanças climáticas, além dos impactos diretos e indiretos da cadeia carbonífera. Agora, estamos ainda mais próximos desta comunidade, prontos para contribuir ativamente com o desenvolvimento sustentável e com ações de mitigação e adaptação climática”, afirma.