+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: O povo contra a devastação: ato em Brasília reforça perigos do projeto de lei em tramitação no Congresso

PL que altera licenciamento deve ser votado esta semana na Câmara dos Deputados

“Qual é o preço da reconstrução de uma cidade como é o caso de Maceió (AL) e de Mariana? Se não tivermos um licenciamento ambiental forte, vamos ter que reconstruir a destruição e tem perdas que não são reparáveis, porque as vidas humanas”. O alerta é de Raiara Pires, secretária executiva do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, durante o ato em Brasília contra o Projeto de Lei nº 2.159/2021, conhecido como PL da Devastação.

Já aprovado no Senado Federal, o texto da proposta legislativa deve ser votado ainda nesta semana na Câmara dos Deputados. O ato em Brasília integrou uma agenda nacional de mobilizações contrárias ao PL da Devastação realizado em mais de 20 cidades do país. Na capital do país, a manifestação aconteceu no Eixão do Lazer, na região do Plano Piloto.

“Nosso objetivo é mostrar para a Câmara dos Deputados essa pressão da sociedade civil contra o PL da Devastação e conscientizar a população contra esse risco grave que estamos sofrendo”, observou Igor Gonçalves, do Movimento Salve Arie JK e Rio Melchior.

Em marcha pelo eixão – região da cidade que no domingo se transforma em espaço de cultura e lazer – diversas pessoas seguravam cartazes e palavras de ordem como: “presta atenção, somos o povo contra a devastação”.

Defendido pela bancada ruralista, o projeto altera as regras do licenciamento ambiental. Atualmente, todo empreendimento ou atividade potencialmente poluidora deve passar por uma série de estudos, incluindo a participação das comunidades afetadas, para obter a licença para a execução.

“Esse PL praticamente acaba com o licenciamento ambiental e viemos mostrar que a população está contrária a essa proposta, porque isso vai significar mais desastres, mais perigo para a saúde pública, fim da segurança territorial, poluição de rios, destruição de biomas e principalmente, violações de direitos de povos e comunidades tradicionais desse país”, analisou Letícia Camargo, consultora socioambiental e membro do Coletivo Subverta.

Caso seja aprovado na Câmara, territórios quilombolas e terras indígenas estarão sob ameaça, principalmente aqueles em processo de homologação ou titulação. “Esse projeto de lei vai impactar diretamente os territórios indígenas, principalmente aqueles que ainda não foram demarcados, pois estabelece a possibilidade de empreendimentos obterem o licenciamento, mesmo com territórios indígenas em processo de demarcação.”, ressaltou o coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) Ricardo Terena.

Na avaliação de Tânia Maria de Souza, presidenta da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional), a aprovação do PL vai fragilizar ainda mais o serviço de técnicos em todo os níveis, federal, estadual e municipal.

“Cada vez menos nós, técnicos, seremos ouvidos”, apontou a presidenta da Ascema, organização que representa servidores do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto de Conservação e Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio).

“Os servidores da área ambiental municipais e estaduais muitas vezes não conseguem trabalhar e com uma lei dessa eles vão ficar inclusive mais restritos, porque qualquer coisa vai servir e isso nos preocupa. É definitivamente um desmonte não só da área ambiental federal, mas de todo o sistema de meio ambiente e é um atraso nas conquistas sociais”, destacou Souza.

O PL da Devastação deve ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados. A proposta imediata da mobilização nacional é a retirada do PL da pauta. “Qualquer tempo é um ganho para nós, porque assim conseguimos dialogar com a população para que pessoas entendam da pauta, se apropriem dela e entendam como que o licenciamento e a flexibilização do licenciamento ambiental prejudicam as nossas vidas de forma concreta. Precisamos debater as questões ambientais no nível de proximidade ao nosso cotidiano e esse PL não é uma coisa distante”, avaliou a mobilizadora social do Instituto Arayara, Raissa Felipe.

Esta semana a Câmara dos Deputados deve discutir uma pauta com 42 itens, entre estas o PL da Devastação. As sessões no plenário da casa iniciam nesta segunda (14) e seguem até quinta (17).

 

Foto: reprodução/ Caína Castanha/BdF DF

Fonte: Brasil de Fato

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Ambientalistas protestam contra projeto de lei de desmonte do licenciamento ambiental em Santa Catarina

O ato em Florianópolis (SC) reuniu aproximadamente 200 manifestantes que exigem o veto integral do presidente Lula ao Projeto de Lei 2159/2021, também chamado de PL da devastação. Na manhã deste sábado (02/08), ativistas ambientais de Santa Catarina foram às ruas protestar contra o Projeto de Lei 2159/2021, chamado de “PL da Devastação”. Sob os gritos de “Veta tudo, Lula!”, 

Leia Mais »

Leilão A-5 de energia pode afetar comunidades indígenas e quilombolas e gerar altas emissões de gases de efeito estufa

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) marcou para 22 de agosto de 2025 o Leilão de Energia Nova “A-5”, destinado à contratação de hidrelétricas com início de operação previsto para 2030. O certame, que deve movimentar bilhões em investimentos, já desperta preocupações sobre impactos socioambientais, sobretudo para comunidades indígenas, quilombolas e ecossistemas amazônicos. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética

Leia Mais »

ARAYARA é citada em estudo científico da Nature sobre biodiversidade marinha na Foz do Amazonas

Um artigo científico recém-publicado apresentou o inventário mais completo já feito sobre a biodiversidade marinha na costa norte do Brasil — incluindo a Foz do Amazonas — e reforçou o alerta sobre as ameaças que a região enfrenta devido à pressão das atividades humanas, especialmente a exploração de petróleo e gás.    O estudo Biodiversity hotspots and threatened species under

Leia Mais »

Em entrevista ao podcast “Ambiente É o Meio”, diretora-executiva da Arayara destaca os prejuízos ambientais da exploração de petróleo e caminhos para a transição energética

Nicole Figueiredo de Oliveira destacou, no programa da Rádio USP, o poder político que tem a população para preservar o meio ambiente e incentivar o uso de fontes de energia renováveis Nicole Figueiredo de Oliveira,  diretora executiva do Instituto Internacional Arayara, foi entrevistada no podcast “Ambiente É o Meio”, da Rádio USP, apresentado pelo professor Marcelo Pereira e produzido pela

Leia Mais »