+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Impactos da instalação de termelétrica no DF são tema de audiência pública nesta sexta-feira (21)

A própria empresa responsável pelo projeto assume uma série de consequências negativas e propõe programas para mitigar

Usina ocupará 70,3 hectares da Fazenda Guariroba, em Samambaia, e impactará um total de 191,9 hectares, envolvendo a supressão de 31,9 hectares de vegetação nativa

Poluição atmosférica; agravamento da situação de corpos hídricos, a exemplo do Rio Melchior, e variados efeitos sociais, como o fechamento da Escola Classe Guariroba, estão entre as preocupações em torno do projeto de instalação da Usina Termelétrica Brasília (UTE Brasília), nas regiões administrativas de Samambaia e Recanto das Emas. O tema será discutido em audiência pública da Câmara Legislativa nesta sexta-feira (21/3), a partir das 19h, no auditório do Instituto Federal de Brasília (IFB) – Campus Ceilândia (QNN 26).

O debate foi proposto pelo deputado Gabriel Magno (PT), que nas últimas semanas abordou o assunto, algumas vezes, no plenário da Casa, alertando para os riscos do empreendimento. “Essa usina pode trazer uma série de impactos negativos sobre os recursos hídricos e sobre a saúde pública, devido ao comprometimento da qualidade de ar. A promessa de criação de empregos é ilegítima e irreal. O projeto é uma incoerência com a política climática brasileira”, defendeu em sessão da CLDF.

Assim como o distrital, outros parlamentares dos Legislativos local e federal têm manifestado preocupação com a possível instalação da termelétrica no DF e devem comparecer à audiência desta noite. Além disso, o debate vai contar com a participação de representantes do Instituto Internacional Arayara, que trabalha com educação ambiental e ativismo político pelo uso mais eficiente das matrizes energéticas; de integrantes do Movimento Salve o Rio Melchior, e outros ambientalistas e lideranças comunitárias.

Projeto da usina

A Usina Termelétrica Brasília é um empreendimento da empresa Termo Norte Energia e, de acordo com seu projeto, contará com três turbinas a gás, três caldeiras de recuperação, uma turbina a vapor e um condensador resfriado a ar. Essa estrutura – se for liberada pelo Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental da obra – ocupará 70,3 hectares da Fazenda Guariroba, em Samambaia, e impactará um total de 191,9 hectares, envolvendo a supressão de 31,9 hectares de vegetação nativa do Cerrado.

A usina está orçada em cerca de R$ 6,5 bilhões e deverá ser capaz de gerar 1.470 megawatts. Essa energia vai integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN) e deverá abastecer, segundo esclarece a própria Termo Norte Energia, em especial os submercados Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Hoje, a matriz energética do Distrito Federal é representada, notadamente, por energia de origem das hidrelétricas de Furnas e de Itaipu; ou seja, energias renováveis.

Como a unidade federativa não tem gás natural para suprir a demanda de uma usina termelétrica, o projeto da UTE Brasília vai demandar, ainda, a construção de um gasoduto.

A empresa responsável pelo projeto e implantação do empreendimento, a Termo Norte Energia, reconhece – conforme consta em sua página eletrônica, em “Perguntas Frequentes sobre a Usina Termoelétrica Brasília” – uma série de impactos negativos advindos da empreitada.

Além da geração de gases provenientes da queima de gás natural, principalmente o monóxido de carbono (CO) e o dióxido de nitrogênio (NO2), a usina “exigirá a remoção de cobertura vegetal nativa e exótica, com possível perda de espécies nativas, florestas e áreas de restinga em estágio inicial de sucessão”.

No documento de perguntas frequentes, a Termo Norte Energia elenca, também, outros impactos negativos da implantação da UTE. Os principais, segundo a empresa, são:

– Aumento dos níveis de iluminação na região de entorno, prejudicando as atividades de caça e reprodução da fauna;

– Perturbação da fauna local devido ao aumento dos níveis de ruído ambiental;

– Perda de indivíduos e de diversidade biológica em ambientes terrestres, em função da supressão de vegetação e da movimentação de solo para a instalação e operação da usina;

– Perda de indivíduos da fauna por atropelamentos, em razão do aumento do número de veículos, e choque de aves contra cabos, e

– Aumento da pressão de caça, pesca e tráfico de animais silvestres, em decorrência do aumento de pessoas na região.

Para prevenir e atenuar esses e outros impactos negativos, a empresa propõe 19 programas. Entre eles estão: recuperação de áreas degradadas, monitoramento da qualidade do ar e das águas, educação ambiental, e realocação de equipamento público (Escola Classe Guariroba).

Denise Caputo – Agência CLDF

Foto: reprodução

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA denuncia riscos da expansão fóssil na Amazônia durante a 5º Conferência Nacional do Meio Ambiente

Na tarde desta quinta-feira (7), a diretora executiva do Instituto Internacional ARAYARA, Nicole Figueiredo de Oliveira, ministrou a terceira atividade autogestionável promovida pela instituição durante a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Com o tema “A expansão da indústria fóssil com fins energéticos e os riscos climáticos em 2050”, o painel destacou os impactos crescentes da exploração de petróleo

Leia Mais »

Transição energética no RS ganha destaque em debate na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente

Segundo encontro temático promovido pelo Instituto Internacional ARAYARA na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA) abordou o tema: transição energética no Rio Grande do Sul. O evento aconteceu na noite de ontem (7/5), no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. O debate teve como foco a consulta pública do Plano Estadual de Transição Energética Justa e Sustentável

Leia Mais »

Conferência Nacional do Meio Ambiente é retomada após 11 anos, mas ausência de Lula escancara contradição entre discurso e prática climática do governo

Após mais de uma década de hiato, a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente começou nesta terça-feira (6), em Brasília, com o objetivo de reconstruir o diálogo entre sociedade civil e governo sobre políticas ambientais e enfrentamento da emergência climática. No entanto, o retorno do maior evento ambiental do país veio acompanhado de uma ausência notável: o presidente Luiz Inácio

Leia Mais »

ARAYARA participa de lançamento da Frente Ambientalista por Justiça Climática em São Paulo

Iniciativa reúne ativistas, coletivos e especialistas para fortalecer políticas públicas voltadas à crise climática Na noite da última quarta-feira (30), o Instituto Internacional ARAYARA participou do lançamento da Frente Ambientalista por Justiça Climática, realizado na Câmara Municipal de São Paulo. O evento reuniu organizações da sociedade civil, movimentos sociais, coletivos e especialistas ambientais com o objetivo de construir uma articulação

Leia Mais »