Durante a sua participação no Programa Em Pauta, da Globo News, no dia 26/02, o jornalista André Trigueiro apontou os impactos da instalação da Usina Termoelétrica de Brasília.
Entenda o caso:
A construção da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, com capacidade de 1.470 MW e abastecida por gás natural, tem gerado preocupação entre ambientalistas e a população local. O empreendimento será implantado na Região Administrativa de Samambaia (DF), com infraestrutura se estendendo até o Recanto das Emas. No entanto, especialistas alertam para os impactos socioambientais e econômicos da iniciativa.
Impacto sobre os recursos hídricos
Segundo John Wurdig, gerente de Transição Energética do Instituto Internacional ARAYARA, a usina captarará 110 mil litros de água por hora do Rio Melchior, devolvendo 94% desse volume tratado. Ainda assim, mais de 144 mil litros de água serão perdidos diariamente, agravando a escassez hídrica na região, que já sofreu com a seca entre maio e outubro de 2024.
O Rio Melchior, classificado como Classe IV – a pior categoria de qualidade da água segundo a legislação brasileira -, já enfrenta poluição severa, sendo afetado por despejo de esgoto, resíduos industriais e atividades agropecuárias. Wurdig alerta que a captação de água para a usina pode comprometer ainda mais sua sobrevivência.
Desmatamento e impactos sociais
A UTE será instalada em uma área de 191,8 hectares da Fazenda Guariroba, dos quais 31,91 hectares de vegetação nativa do Cerrado serão suprimidos. Além disso, a Escola Classe Guariroba, que atende mais de 500 alunos, será removida para dar espaço ao empreendimento.
Dados defasados e qualidade do ar
A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA) concedeu a outorga prévia para uso da água com base em dados de 2012, ignorando a realidade hídrica atual. Além disso, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da usina identificou níveis alarmantes de arsênio nos sedimentos do Rio Melchior, um risco à saúde pública.
Estudos do Departamento de Geociências e Saúde Ambiental da ARAYARA indicam que toda a região do Plano Piloto e administrações regionais do DF serão afetadas pelos poluentes lançados pela queima do gás natural, aumentando a incidência de doenças respiratórias e sobrecarregando o sistema de saúde.
Resistência e Audiência Pública
Organizações como ARAYARA e o Movimento Salve o Rio Melchior têm se mobilizado contra a instalação da usina. O diretor técnico da ARAYARA, Juliano Bueno de Araújo, destaca que a UTE Brasília pode agravar a crise hídrica e intensificar desigualdades ambientais na região.
A audiência pública para debater o projeto está marcada para o dia 12 de março de 2025, às 18h, no auditório do SEST/SENAT, em Samambaia.
O EIA/RIMA da UTE Brasília está disponível em: https://ambientare.com.br/termonorte/