+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Ambientalistas fazem ato no Planalto pelo veto do PL do licenciamento ambiental

Grupos chamam texto de “PL da Devastação” e citam efeitos danosos inclusive para produtores rurais e empresários a médio e longo prazo

Representantes de grupos ambientalistas promoveram um ato em frente ao Palácio do Planalto, na noite desta terça-feira (29/7), em defesa do veto presidencial do Projeto de Lei 2159/2021, que tramitou durante 20 anos no Congresso Nacional e foi aprovado no último dia 17 de julho na Câmara dos Deputados. O texto só depende de sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar lei.

O projeto que altera regras do licenciamento ambiental é chamado pelos grupos que participaram do ato de “PL da Devastação”. Eles afirmam que, se for sancionada por Lula, a nova lei poderia facilitar a exploração descontrolada de reservas naturais, em atividades relacionadas ao agronegócio ou à indústria extrativa. Veja vídeo do protesto:

Uma das principais polêmicas em torno do texto, que divide opiniões até mesmo entre governistas, é a facilitação que o projeto prevê para a extração de petróleo na Foz do Rio Amazonas. Defensores do projeto alegam que a exploração na margem equatorial pode acelerar o desenvolvimento econômico do país, inclusive a transição energética. Por outro lado, os opositores à proposta, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmam que as mudanças podem causar danos irreversíveis à biodiversidade na região.

O texto cria novos tipos de licenciamento para a exploração de terras, como a Licença Ambiental Especial (LAE), que pode ser usada para empreendimentos considerados estratégicos pelo governo federal e poderá ser concedida mesmo se a atividade ser uma possível causadora significativa de degradação do meio ambiente. O projeto também estabelece menos burocracia para a concessão de outros tipos de licença.

Na avaliação do gerente jurídico do Instituto Internacional Arayara, Lucas Kannoa, o projeto facilita a entrada de empresas estrangeiras no país e a falta de fiscalização em áreas estratégicas. “Esse PL não é fruto da vontade do povo brasileiro. Ele é fruto dos interesses econômicos de empresas que não são brasileiras. Aqui ainda é uma colônia que explora recursos. Então, aqueles que capitalizam esses recursos não estão aqui”, defende.

Para Raíssa Felippe, mobilizadora socioambiental do mesmo instituto, há uma contradição no discurso em defesa ao projeto. “Não é possível falar que estão fazendo uma transição energética, no sentido de retirar os fósseis, com fósseis”, disse a representante do movimento, que ainda citou possíveis impactos na margem equatorial, caso o projeto se concretize.

“A Foz do Amazonas é um lugar muito sensível, ambientalmente falando, tanto pela riqueza dos corais. É uma riqueza com uma biodiversidade muito concentrada nesta região, então não tem como falar de transição energética se ela não for justa, se ela não considerar todos os fatores ambientais que afetam, inclusive, as pessoas”, sustenta Raíssa.

Lula tem até o próximo dia 8 de agosto para decidir se veta, ou não, a proposta aprovada pelo Congresso. Nesta segunda-feira, durante evento de comemoração de um ano da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, em Brasília, a ministra Marina Silva disse que o presidente deve vetar trechos da proposta, apesar de não detalhar quais seriam esses pontos.

Além disso, a ministra disse que espera uma atitude mais enfática de Lula em relação a esse tema. “Não basta vetar. É preciso vetar e ter algo para colocar no lugar. Não está sendo vista apenas a questão do veto, mas como reparar adequadamente aquilo que porventura venha a ser mudado”, disse a ministra.

A consultora de Advocacy do Painel Mar, Letícia Camargo, que também participou do ato em frente ao Palácio do Planalto, afirma que a pauta ambiental é um compromisso de Lula desde o período eleitoral e pediu para que o presidente se sensibilize sobre o tema. “Então a gente acredita que ele vai fazer uma ponderação e vai promover um veto integral. É o mínimo que a gente espera, porque esse PL representa o maior retrocesso na legislação ambiental nos últimos 40 anos, pelo menos”, levanta.

Por Raphael Pati

Fonte: Correio Braziliense

Foto: reprodução/ Correio Braziliense/ Raphael Pati/CB/D.A Press

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Congresso vota Orçamento e avalia veto à Lei do Licenciamento Ambiental

Sessão conjunta desta quinta-feira (16/10) deve reacender debates sobre metas fiscais e o equilíbrio entre crescimento econômico e proteção ambiental O Congresso Nacional realiza nesta quinta-feira (16/10) uma sessão conjunta para votar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 e analisar o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Lei Geral do Licenciamento

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Licenciamento ambiental: Congresso se prepara para julgar vetos de Lula

Parlamentares tentam acordo sobre os 63 dispositivos barrados pelo Planalto na Lei nº 15.190/2025, enquanto frentes empresariais pressionam pela derrubada das restrições O Congresso deve analisar nesta quinta-feira o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Lei nº 15.190/2025), sancionada em agosto. O texto, originado do PL 2.159/2021, foi aprovado pelo Legislativo com

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Kolumne: Warum unser Geld ein unterschätzter Hebel für den Klimaschutz ist

Nicht nur Fliegen oder Fleischkonsum zählen: Auch die Wahl der Bank ist entscheidend fürs Klima. Eine neue Studie zeigt, wie stark Banken fossile Projekte finanzieren – und wie groß unser Einfluss ist. vom Recherche-Kollektiv Klima & Wandel: Elena Matera Die Klima- und Umwelt-Kolumne erscheint alle zwei Wochen – kritisch, nahbar, lösungsorientiert! Hier schreiben Elena Matera und Lisbeth Schröder im Wechsel. Ich zahle so gut

Leia Mais »

Relatório internacional aponta estatal argentina como principal destino de investimentos em combustíveis fósseis

Documento foi produzido pelas organizações ambientais Instituto Internacional Arayara e Urgewald, em parceria com as ONGs latinas Conexiones Climaticas, Amazon Watch e FARN Por: Avenida Comunicação O relatório Urgewald, divulgado no dia (29/09), traz dados inéditos sobre o financiamento da expansão de combustíveis fósseis na América Latina e no Caribe (ALC). O estudo, intitulado O Rastro do Dinheiro por Trás

Leia Mais »